segunda-feira, maio 26, 2025

A Mulher Hemorroíssa, Uma Exegese Espírita: Entre a Dor e a Redenção



#EstudoBíblico


Marcos 5:

 

²⁴ E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.

²⁵ E certa mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de sangue,

²⁶ E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior;

²⁷ Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou no seu vestido.

²⁸ Porque dizia: Se tão somente tocar nos seus vestidos, sararei.

²⁹ E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. 


²⁴ E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.


Muitos seguem Jesus. Atualmente, estima-se que haja cerca de 2,2 bilhões de cristãos no mundo, tornando o cristianismo a maior religião do planeta. Entretanto, podemos segui-lo

basicamente de duas maneiras:

  • De perto
  • De longe

Seguir Jesus de perto, significa viver de acordo com seus ensinamentos e exemplo de vida. Isso envolve amor, compaixão, perdão e obediência aos princípios cristãos.

Na prática, seguir Jesus não se resume a frequentar uma igreja, mas sim a uma jornada diária de transformação pessoal, buscando refletir o caráter de Cristo em atitudes e escolhas. Isso inclui servir ao próximo, agir com humildade e manter uma vida de oração e estudo do Evangelho.

Ser um discípulo de Cristo significa moldar a vida conforme seus ensinamentos, enfrentando desafios e resistências, mas sempre com fé e perseverança.

Seguir Jesus de longe, é o símbolo uma fé mais tímida ou hesitante, geralmente significa manter uma certa distância da fé e dos ensinamentos de Cristo. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como falta de compromisso, distrações da vida cotidiana ou até mesmo receio de assumir publicamente a identidade cristã.

Algumas consequências desse distanciamento incluem:

  • Perda da comunhão com Deus – A pessoa pode deixar de orar, de estudar com afinco as questões espirituais, participar da vida de sua comunidade de forma positiva.
  • Mornidão espiritual – A fé se torna menos ativa, e a pessoa pode perder o entusiasmo e a dedicação aos princípios cristãos.
  • Improdutividade espiritual – A pessoa pode deixar de exercer seus dons e talentos na obra de Deus, tornando-se espiritualmente estéril.
  • Negação de Cristo – Em alguns casos, o distanciamento pode levar a atitudes que contradizem os ensinamentos de Jesus, chegando até a negar sua fé por vergonha ou medo.

A história de Pedro, que seguiu Jesus de longe durante seu julgamento, é um exemplo clássico desse conceito. No entanto, ele teve a oportunidade de se arrepender e fortalecer sua fé posteriormente.

A Mulher Hemorroíssa teria vindo de Cesareia de Filipe, conforme apontado por Amélia Rodrigues[1] e confirmado por Champlin.

Ela sofria há 12 anos com um fluxo de sangue e, por conta disso, era considerada impura na sociedade da época. Inicialmente, ela seguia Jesus de longe, talvez por medo ou por sua condição social. No entanto, sua fé a impulsionou a se aproximar e tocar a orla das vestes de Cristo, acreditando que isso bastaria para sua cura.

Esse gesto simboliza uma mudança espiritual de alguém que observa à distância para alguém que se entrega completamente à fé. Após ser curada, Jesus reconhece sua atitude e declara: "Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada do teu mal" (Marcos 5:34).

²⁵ E certa mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de sangue,

 No contexto judaico da época de Jesus, o fluxo de sangue era considerado uma condição de impureza ritual, conforme as leis descritas em Levítico 15. Mulheres que sofriam de hemorragias prolongadas eram vistas como impuras e, por isso, enfrentavam isolamento social e religioso.

Essa impureza significava que a mulher não podia participar de cerimônias religiosas nem tocar em outras pessoas, pois qualquer contato tornava os outros ritualmente impuros. Isso explica por que a mulher hemorroíssa de Marcos 5:25-34 se aproximou de Jesus com discrição, acreditando que, ao tocar sua veste, poderia ser curada sem chamar atenção.

A cura dessa mulher não foi apenas física, mas também social e espiritual, pois Jesus não apenas restaurou sua saúde, mas também a reintegrou à comunidade, reconhecendo sua fé publicamente. Esse episódio demonstra a compaixão de Cristo e sua disposição de quebrar barreiras sociais e religiosas para restaurar vidas.

O sangue é símbolo da vida, e perdê-lo significa a perda de vida em sentido espiritual e fisicamente, a diminuição da vitalidade.

Durante doze anos, essa mulher enfrentava uma perda contínua de vida, algo que pode ser compreendido não apenas no âmbito físico, mas também no espiritual. Sua situação pode simbolizar diferentes formas de enfraquecimento da existência, por motivos como:

Vícios, que escravizam e impedem a verdadeira libertação da alma.

Uso irresponsável da sexualidade, que pode resultar na perda do propósito e da integridade pessoal.

Apego excessivo às coisas materiais, que afasta a pessoa do essencial e do verdadeiro significado da vida.

O período de doze anos possui um significado simbólico mais amplo, indo além da ideia de provas e expiações. Representa um ciclo completo de amadurecimento espiritual, no qual o espírito atravessa desafios que não apenas purificam, mas também promovem aprendizado, fortalecimento da fé e preparação para uma nova fase evolutiva. Essa jornada não é apenas uma etapa de sofrimento, mas um tempo necessário para consolidar virtudes, aprofundar a compreensão da própria existência e alcançar a verdadeira cura, não apenas física, mas principalmente moral e espiritual.

 ²⁶ E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior;

Este versículo mostra-nos um reflexo do sofrimento diante das limitações da medicina humana e da busca incessante pela cura. A mulher hemorroíssa, ao gastar todos os seus recursos com médicos sem obter melhora, representa aqueles que enfrentam provações e desafios que não podem ser resolvidos apenas por meios materiais.

O Espiritismo enfatiza que as doenças podem ter origens físicas, emocionais e espirituais, muitas vezes ligadas a processos de expiação e aprendizado. A mulher, ao esgotar todas as possibilidades médicas, encontra em Jesus a verdadeira cura, que não se limita ao corpo, mas também à alma. Sua fé e determinação demonstram que a cura espiritual ocorre quando há entrega e confiança na ação divina.

Além disso, essa passagem pode simbolizar a necessidade de buscar a renovação interior, pois muitas vezes o sofrimento persiste até que a pessoa compreenda sua causa mais profunda e se abra para a transformação espiritual.

Ela padeceu intensamente e procurou ajuda em muitos médicos, isto mostra-nos um aspecto positivo: Ela buscava solução, mesmo que inicialmente nos lugares errados. Quando buscamos no caminho errado, a solução não surge. Seu sofrimento foi imensurável, mas nele sua fé foi sendo forjada, preparada pela dor para algo maior.

Em matéria de evolução do Espírito este sofrimento de doze anos pode significar várias reencarnações ou o tempo necessário para o ajuste aos desígnios de Deus.

 ²⁷ Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou no seu vestido.

Ouvindo falar de Jesus – No hebraico e no aramaico, o verbo "ouvir" carrega um significado que vai além da simples captação de sons. No hebraico bíblico, a palavra "Shema" (שְׁמַע) não apenas indica a audição, mas também envolve atenção, obediência e internalização daquilo que é escutado. Esse conceito é fundamental na tradição judaica, como no Shema Israel ("Ouve, ó Israel"), que não apenas convida o povo a ouvir, mas a viver e agir de acordo com o ensinamento recebido.

No aramaico, a ideia de ouvir também se relaciona à escuta ativa, capaz de gerar uma verdadeira transformação interior. Esse entendimento se conecta ao conceito grego κούω (akouō), usado nos Evangelhos para expressar a escuta que transcende o som e implica compreensão e resposta consciente. No Novo Testamento, akouō frequentemente significa não apenas ouvir, mas assimilar e reagir ao chamado divino, como fez a mulher hemorroíssa ao saber de Jesus e decidir tocá-lo, demonstrando sua fé ativa.

Essa visão reforça que ouvir espiritualmente não é um ato passivo, mas um movimento interno que leva à mudança, à busca pela verdade e à transformação da alma.

No contexto do Evangelho, quando a mulher hemorroíssa "ouve falar de Jesus", isso não significa apenas que ela recebeu uma informação, mas que ela compreendeu, acreditou e agiu com base no que ouviu. Esse tipo de "escuta" é essencial na espiritualidade, pois ouvir a mensagem de Cristo implica fé e mudança de vida.

E neste contexto que Paulo diz:  "A fé vem pelo ouvir e ouvir a palavra de Deus" (Romanos 10:17).

Ela ouviu falar de Jesus e compreendeu que estava perdendo vida. Jesus, o "Verbo que se fez carne" (João 1:14), veio para que tivéssemos vida em abundância (João 10:10).

... veio por detrás, entre a multidão - A expressão "veio por detrás, entre a multidão" pode ser interpretada espiritualmente como um gesto de humildade e busca sincera pela transformação. No contexto espírita, essa passagem se relaciona com a questão 625 de O Livro dos Espíritos, onde os Espíritos afirmam que Jesus é o guia e modelo mais perfeito para a humanidade.

Ao se aproximar de Jesus por trás, a mulher hemorroíssa demonstra respeito e discrição, reconhecendo sua própria fragilidade e colocando Cristo à sua frente como referência. Esse ato pode simbolizar a jornada de muitos espíritos que, ao longo de suas encarnações, buscam a luz e a renovação espiritual, abandonando padrões antigos e se entregando à orientação divina.

Além disso, a multidão pode representar os desafios, obstáculos e imperfeições que muitas vezes dificultam a aproximação da verdade espiritual. No entanto, a mulher persevera, demonstrando fé ativa, que é essencial para a verdadeira cura e evolução.

...e tocou no seu vestido. - Ela tocou na orla de sua veste (Lucas 8:44)

A mulher hemorroíssa tocou na orla da veste de Jesus, e esse gesto simboliza fé além do dogma. Ela sabia que o poder não estava no tecido, mas na presença viva de Cristo. Esse episódio ecoa a experiência de Pedro, cuja sombra curava (Atos 5:15), mostrando que a espiritualidade transcende elementos físicos quando há fé verdadeira.

Apesar das proibições impostas pela legislação levítica sobre o contato com impuros, sua fé rompeu essa barreira:

  • Impureza Ritual: Segundo Levítico 15:25-27, a hemorragia tornava a mulher ritualmente impura, impedindo-a de participar da vida religiosa e social. Qualquer toque transmitia essa impureza a outros, aumentando seu isolamento.
  • Marginalização Social: A exclusão não era apenas espiritual, mas também humana e emocional. Vivendo à margem, sem apoio ou dignidade, sua condição representava um profundo sofrimento.

Porém, Jesus rompeu paradigmas. Ao curá-la, Ele demonstrou que aderir a Ele nos eleva acima de qualquer restrição humana, revelando que a verdadeira pureza vem do coração transformado.

Apoiado nessa verdade, encontramos nas Escrituras ensinamentos que reforçam essa ideia:

  • "O amor cobre a multidão de pecados." (1 Pedro 4:8)
  • "A fé opera pelo amor." (Gálatas 5:6)
  • "Contra essas coisas não há lei." (Gálatas 5:23)

Em Mateus 5:20, Jesus ensina:
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus."

Note a expressão "de modo nenhum"; seguir regras sem avançar para a verdadeira justiça espiritual não é suficiente. A mulher hemorroíssa avançou além das limitações da Lei, por isso foi curada e salva. Sua fé, impulsionada pelo amor, foi maior do que qualquer dogma.

Como ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo, "Fora da caridade não há salvação" (Cap. XV). Não basta observar normas; é preciso vivê-las com entrega e transformação interior.

 ²⁸Porque dizia: Se tão somente tocar nos seus vestidos, sararei.

 Da Teoria à Ação

·         "Ouvindo" (versículo 27) – Representa o plano conceitual, a compreensão de quem é Jesus.

  • "Porque dizia" (versículo 28) – Reflete o plano operacional, a fé em ação.

A mulher hemorroíssa não apenas ouviu falar de Cristo, mas internalizou a verdade de que Ele tinha o poder de curá-la. Sua crença foi ativa e não meramente teórica: ela transformou a fé em gesto concreto ao tocar na veste do Mestre.

Lembranças de nossos primeiros preceptores

1.      A Fé como Caminho de Libertação
Honório abreu enfatizava que a fé é um processo de libertação espiritual. A mulher hemorroíssa, ao buscar Jesus, transcendeu as barreiras impostas pela sociedade e sua própria condição física. Sua fé foi o instrumento que a conectou ao poder divino, mostrando que a verdadeira cura começa na alma antes de se manifestar no corpo.

  1. O Sofrimento como Ferramenta de Evolução
    Tanto Honório quanto José Damasceno Sobral destacam o sofrimento como meio de aprendizado e evolução espiritual. Os 12 anos de hemorragia podem ser compreendidos como um período de expiação e preparação para um encontro transformador com Jesus. Esse sofrimento forjou nela uma fé madura, resiliente e determinada.
  2. A Inclusão no Reino de Deus
    Sobral ressalta que Jesus sempre acolheu os marginalizados, como a mulher hemorroíssa. Ao chamá-la de "filha", Ele não apenas curou sua enfermidade, mas restaurou sua dignidade e posição na comunidade. Esse gesto reflete o princípio fundamental do Reino de Deus: amor e compaixão acima das convenções humanas.
  3. Ação e Fé
    Honório enfatiza que a fé verdadeira exige ação. A mulher não apenas acreditou, mas tomou a iniciativa de tocar na veste de Jesus, enfrentando normas sociais e religiosas. Esse gesto simboliza a coragem de buscar transformação, independentemente dos obstáculos impostos pelas circunstâncias.

Essa passagem nos convida a agir com fé, não apenas acreditar passivamente. A verdadeira conexão com o divino ocorre quando nossa crença se traduz em movimento, rompendo barreiras e alcançando a verdadeira cura espiritual.

 ²⁹ E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu corpo estar já curada daquele mal. 

 No contexto de uma moral espírita, Marcos 5:29 pode ser interpretado como um momento de cura integral, que vai além da dimensão física. A mulher hemorroíssa não apenas teve sua enfermidade cessada, mas também experimentou uma transformação espiritual profunda.

Segundo a visão espírita, a doença pode estar ligada a processos de expiação e aprendizado, sendo um reflexo de desafios morais e espirituais que o espírito carrega ao longo de suas encarnações. Os 12 anos de sofrimento podem simbolizar um período necessário para o amadurecimento da fé e da consciência.

Ao tocar na veste de Jesus, sua fé ativa permitiu que a cura ocorresse de maneira imediata, demonstrando que a verdadeira libertação acontece quando há entrega e confiança na ação divina. Esse episódio reforça a ideia de que a cura espiritual precede a cura física, pois a transformação interior é o que realmente restaura o equilíbrio do ser.

Além disso, a sensação de estar curada no próprio corpo representa a reconexão com a vida, a retomada da dignidade e a reintegração ao convívio social, algo que Jesus sempre promoveu ao acolher os marginalizados.

A expressão "tua fé te salvou" (Marcos, 5: 34) usada por Jesus reforça que a mulher hemorroíssa não apenas recebeu a cura física, mas experimentou uma libertação completa, incluindo os aspectos morais, espirituais e cármicos de sua jornada.

No contexto espírita, a salvação significa mais do que livrar-se de um sofrimento passageiro. Representa a quebra dos processos provacionais e expiatórios, indicando que aquela alma, ao atingir um novo nível de compreensão e fé ativa, transcendeu suas dificuldades e se colocou em harmonia com as leis divinas.

Seu sofrimento de 12 anos pode simbolizar um ciclo de aprendizado necessário para que sua transformação ocorresse. E quando sua fé se manifestou não apenas como crença, mas como ação, tocando a veste de Jesus, ela encontrou sua verdadeira cura e libertação.

Cristo reconheceu essa evolução espiritual e a incluiu no Reino de Deus ao chamá-la de "filha", restaurando sua dignidade e mostrando que a entrega sincera à fé e ao amor supera qualquer limitação humana.

Continua... acesse o link ao lado: Espiritismo e Evangelho: A Mulher Hemorroíssa - Final


#MulherHemorroíssa #ExegeseEspirita #EvangelhoSegundoOEspiritismo 

[1] As primícias do reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Sabedoria.



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terça-feira, maio 20, 2025

Magnificat




#Magnificat #EstudoBíblico

Em se tratando de um estudo sobre Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, o Magnificat, merece um capítulo à parte, é um dos mais belos textos de todo Novo Testamento. Só Lucas entre os evangelistas, e numa entrevista pessoal com a mulher de José, teria a capacidade de registrar para a posteridade tão belo poema, e que prova tudo o que dissemos anteriormente: grande era a espiritualidade inteligente e equilibrada desta que sem a menor dúvida é a nossa Senhora.

Imagino a beleza da cena, aquela que é a mãe de todos os que sofrem, cantando este lindo poema para o médico amigo de Paulo. Ela deve ter dito de cor, pois o sabia de coração, e ele, que à época não tinha celular nem gravador de voz, deve ter tido dificuldade para anotar, pois deve ter se emocionado ao extremo, talvez ela tenha repetido para ele várias vezes:

Minha alma engrandece o Senhor, e meu espírito exulta em Deus em meu Salvador, porque olhou para a humilde posição de sua serva.

Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada, pois o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor.

Seu nome é santo e sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem.

Agiu com a força de seu braço. Dispersou os homens de coração orgulhoso.

Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou.

Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias.

Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia – conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência para sempre![1]

Não pretendemos neste momento estudar minuciosamente estes versos, mas não podemos deixar de destacar a cultura espiritual de Maria.

Ela abre o texto falando de sua comunhão com Deus de uma forma que só Jesus falará mais tarde. Coloca-se em sua digna posição de serva e assim se faz grande, engrandecendo o Senhor através de sua vivência em harmonia com Ele.

Ela faz uma síntese do Antigo Testamento, mostrando seu perfeito conhecimento de toda Escritura.

Sintetiza também a religião das boas obras e a Lei de Deus que alimenta aquele que se faz dependente Dele, e despede os que se acham ricos e que têm as mãos ociosas.

Dissemos no parágrafo anterior que ela faz uma síntese magistral do Antigo Testamento. O Magnificat tem dez versículos, nestes ela faz quinze citações do Antigo Testamento os harmonizando com profunda sabedoria.

Só quem conhecia e bem as Escrituras, e tinha uma espiritualidade superior poderia construir esta oração. A seguir vamos destacar cada versículo e as citações a que se referem no texto da Bíblia Hebraica.

  1. Minha alma engrandece o Senhor,

O meu coração exulta ao SENHOR (I Samuel, 2: 1)

  1. E meu espírito exulta em Deus em meu Salvador,

Regozijar-me-ei muito no SENHOR, a minha alma se alegrará no meu Deus; porque me vestiu de roupas de salvação, (Isaías, 61: 10)

Todavia eu me alegrarei no SENHOR; exultarei no Deus da minha salvação. (Habacuc, 3: 18)

  1. Porque olhou para a humilde posição de sua serva. Sim! Doravante as gerações todas me chamarão de bem-aventurada,

SENHOR dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres um filho varão, ao SENHOR o darei por todos os dias da sua vida, e sobre a sua cabeça não passará navalha. (I Samuel, 1: 11)

Então disse Lia: Para minha ventura; porque as filhas me terão por bem-aventurada; e chamou-lhe Aser. (Genesis 30:13)

  1. Pois o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. Seu nome é santo

Redenção enviou ao seu povo; ordenou a sua aliança para sempre; santo e tremendo é o seu nome. (Salmo, 111:9)

  1. E sua misericórdia perdura de geração em geração, para aqueles que o temem.

Mas a misericórdia do SENHOR é desde a eternidade e até a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos; (Salmo, 103: 17)

  1. Agiu com a força de seu braço. Dispersou os homens de coração orgulhoso.

Tu quebraste a Raabe como se fora ferida de morte; espalhaste os teus inimigos com o teu braço forte. (Salmo, 89:10)

  1. Depôs poderosos de seus tronos, e a humildes exaltou.

Aos sacerdotes, leva-os despojados do seu cargo e aos poderosos transtorna. (Jó, 12: 19)

  1. Cumulou de bens a famintos e despediu ricos de mãos vazias.

Pois fartou a alma sedenta, e encheu de bens a alma faminta. (Salmo, 107: 9)

  1. Socorreu Israel, seu servo, lembrado de sua misericórdia

Porém tu, ó Israel, servo meu, tu Jacó, a quem elegi descendência de Abraão, meu amigo; tu a quem tomei desde os fins da terra, e te chamei dentre os seus mais excelentes, e te disse: Tu és o meu servo, a ti escolhi e nunca te rejeitei. (Isaías 41:8-9  8)

Lembrou-se da sua benignidade e da sua verdade para com a casa de Israel; todas as extremidades da terra viram a salvação do nosso Deus. (Salmo, 98:3)

  1. – Conforme prometera a nossos pais – em favor de Abraão e de sua descendência para sempre!

E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra. (Gênesis 12:3)

Porque toda esta terra que vês, te hei de dar a ti, e à tua descendência, para sempre. (Genesis 13:15)

E em tua descendência serão benditas todas as nações da terra; porquanto obedeceste à minha voz. (Genesis 22:18)

É importante imaginar como foi a cena em que tal evento ocorreu.

Narra-nos Lucas que após Maria receber o aviso através do anjo, a respeito de sua concepção, que diga-se de passagem era um aviso mediúnico, e não fica nenhuma dúvida quanto a isso, ela se dirigiu a uma cidade de Judá para fazer uma visita a sua prima Isabel.

Esta cidade foi identificada segundo uma tradição do século V como sendo Ain Karim, e situava-se a aproximadamente 6 Km de Jerusalém.

 A viagem de Nazaré a Ain Karim, segundo alguns autores, se fazia em quatro ou cinco dias. Como? Provavelmente no lombo de um animal. Era, portanto, uma viagem através de uma estrada ruim, cansativa, principalmente para quem estava nas primeiras semanas de gravidez. Maria devia ter a esta época algo em torno de 14 anos. Ela deve ter chegado à casa de sua prima, extenuada.

Diz o Evangelista que ao entrar na casa de Zacarias, saudou Isabel[2]; Isabel, ouviu a saudação e exclamou o que no futuro viria a ser uma conhecida prece: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre![3]. E após ouvir a prima, Maria profere o belíssimo poema-oração a que estamos nos referindo. Ou seja, ela teve a capacidade de fazer a genial síntese, o poema magnífico, em uma condição de extremo cansaço, em condições físicas precárias; mesmo assim ela se manifestou em profunda harmonia espiritual.

Nós quando estamos cansados perdemos a criatividade e até mesmo a capacidade de pensar com inteligência, queremos repor as energias e só depois realizar algo que exija um trabalho mais elaborado.

Voltemos à nossa questão inicial, era Maria culta ou iletrada? Não sabemos, porém, podemos com certeza dizer: "era sábia", e uma sabedoria de profunda significação espiritual.

 

#MariadeNazaré #EstudoEvangélico #Magnificat #CláudioFajardo


[1] Lucas, 1: 46 a 55

[2] Lucas, 1: 40

[3] Idem, Ibidem, 42



Texto extraído do E Book:


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Leia também (clique nos links ao lado): Maria de Nazaré a Educadora de Jesus;   Maria de Nazaré, Quem Foi?      



terça-feira, maio 13, 2025

O Pensamento de Honório Abreu - Breve comentário sobre Deus e os Mandamentos

#EstudoEspírita



 


Honório Abreu aborda Deus como a força suprema que rege o universo, mas enfatiza que a compreensão da divindade ainda é limitada pela nossa percepção humana. Ele sugere que, embora o sentimento instintivo da ideia de Deus seja inato, a conexão real com a divindade exige trabalho interior, evolução moral e prática do bem.
Principais pontos sobre Deus na visão de Honório Abreu:
  1. Deus como princípio irradiador do amor
    • Honório explica que Deus é a fonte do amor, e que esse amor se manifesta por meio dos espíritos que operam no universo. Ele diferencia a emissão divina, que é estática e filosófica, da prática do amor, que é dinâmica e se concretiza na ação dos espíritos.
  2. A relação entre Deus e os espíritos
    • Ele sugere que os espíritos são extensões da divindade, e que a evolução espiritual consiste em aproximar-se cada vez mais da essência divina. Jesus, por exemplo, teria sido um espírito que viveu 100% do amor, tornando-se um modelo para a humanidade.
  3. A busca pela compreensão de Deus
    • Honório menciona, numa citação de uma frase de Leão Zállio, que, no estágio atual da humanidade, ainda há muitos órfãos do Pai, ou seja, pessoas que reconhecem Deus intelectualmente, mas não conseguem sentir sua presença de forma profunda. Ele enfatiza que a verdadeira conexão com Deus ocorre por meio da prática da caridade e do amor ao próximo.
  4. A evolução espiritual como caminho para Deus
    • Segundo Honório, a humanidade precisa transcender o orgulho e a vaidade intelectual para realmente compreender Deus. Ele sugere que não basta apenas conhecer as leis divinas, mas sim vivenciá-las na prática, por meio da transformação interior.
  5. O concerto divino e a promessa de evolução
  • Ele interpreta o concerto estabelecido por Deus com Noé como uma garantia de que a humanidade não será destruída, mas sim educada e conduzida à regeneração. Esse concerto representa a presença constante de Deus, que guia os espíritos para o progresso, mesmo em meio às dificuldades.
Honório Abreu vê Deus como a inteligência suprema e o amor absoluto, mas destaca que a verdadeira compreensão da divindade só ocorre por meio da vivência espiritual. Ele sugere que a evolução moral e a prática do bem são os caminhos para sentir Deus de forma plena, indo além da simples crença intelectual.
 A citação de Leão Zállio — "Admitimos Deus, falamos dele, mas há muitos órfãos do Pai." — reflete a ideia de que, embora muitas pessoas afirmem acreditar em Deus, essa crença nem sempre se traduz em uma vivência espiritual autêntica. Isso se alinha com a observação de que a maioria da população acredita em Deus, mas vive como se Ele não existisse, ou seja, sem integrar essa fé em suas atitudes, escolhas e valores diários.
A Conexão entre Crença e Vivência Espiritual
Honório Abreu sugere que a verdadeira conexão com Deus não ocorre apenas por meio da aceitação intelectual, mas sim pela prática do bem, pela transformação interior e pela vivência dos princípios espirituais. Muitas pessoas reconhecem a existência de Deus, mas não ajustam suas vidas a essa realidade, mantendo-se presas a valores materiais, egoísmo e preocupações mundanas.
Essa desconexão pode ocorrer por diversos motivos:
  • Falta de aprofundamento espiritual: A crença em Deus pode ser superficial, sem reflexão sobre seu papel na vida.
  • Influência cultural e social: muitas pessoas seguem tradições religiosas sem realmente internalizar seus ensinamentos.
  • Medo da entrega espiritual: viver de acordo com princípios divinos exige mudanças e renúncias que nem todos estão dispostos a fazer.
  • Materialismo e imediatismo:  foco excessivo nas preocupações do mundo físico pode afastar a consciência da presença divina.
O Chamado à Consciência Espiritual
Honório enfatiza que a fé verdadeira não é apenas acreditar, mas viver de acordo com essa crença. Ele sugere que o despertar espiritual ocorre quando o indivíduo percebe que Deus não é apenas uma ideia distante, mas uma presença ativa em sua vida. Esse despertar pode acontecer por meio de desafios, reflexões ou experiências que levam a pessoa a buscar um sentido mais profundo para sua existência.
Conclusão
A frase de Leão Zállio e a observação sobre como muitos vivem sua fé confirmam que a crença em Deus, por si só, não é suficiente para uma vida espiritual plena. É necessário integrar essa fé na prática diária, cultivando valores como amor, compaixão, justiça e evolução moral.
 
Sobre os Mandamentos
 
Honório Abreu interpreta os Dez Mandamentos como um sistema de orientação espiritual, estruturado em sete mandamentos negativos e três positivos, refletindo a evolução moral da humanidade. Segundo sua visão, essa divisão representa um processo de aprendizado, no qual os mandamentos negativos funcionam como bloqueios de impulsos primitivos, enquanto os positivos indicam diretrizes para o crescimento consciente.
Os Sete Mandamentos Negativos
Honório explica que os mandamentos negativos—como "não matar", "não furtar" e "não dar falso testemunho"—atuam como freios para os instintos inferiores, impedindo que a humanidade perpetue comportamentos destrutivos. Esses mandamentos refletem o carma negativo, ou seja, os desafios que os espíritos enfrentam na reencarnação para corrigir erros do passado. Eles funcionam como antídotos, evitando que os problemas se reacendam e permitindo que o espírito avance para um estágio mais elevado.
Os Três Mandamentos Positivos
Os mandamentos positivos—"amar a Deus", "guardar o sábado" e "honrar pai e mãe"—representam reservas potenciais para a evolução espiritual. Honório sugere que esses mandamentos são ativos, ou seja, exigem ação consciente para serem cumpridos. Eles definem a sistemática da evolução, permitindo que o indivíduo transcenda os bloqueios impostos pelos mandamentos negativos e alcance um nível mais elevado de compreensão e conexão com Deus.
A Relação com a Evolução Setenária
Honório também relaciona essa estrutura com a equação do sete, onde os sete mandamentos negativos representam a fase de contenção e reajuste, enquanto os três positivos indicam a expansão e a sublimação da consciência. Ele sugere que, para alcançar um estado de plenitude espiritual, é necessário primeiro superar os desafios impostos pelos mandamentos negativos, para então dinamizar os positivos e operar com maior liberdade e amor.
Honório vê os Dez Mandamentos como um guia para a transformação espiritual, onde os sete primeiros ajudam a corrigir falhas e impulsos, e os três últimos indicam o caminho para a verdadeira conexão com Deus e com o próximo. Essa estrutura reflete a jornada evolutiva da humanidade, mostrando que a moralidade não é apenas uma imposição, mas um processo de amadurecimento e conscientização.
Podemos ver ainda os três mandamentos positivos como diretrizes para o crescimento consciente; "guardar o sábado" pode ser entendido como um convite à reflexão e à conexão espiritual. Nesta abordagem, esse mandamento não se limita a um dia específico da semana, mas representa um estado de consciência, no qual o indivíduo se dedica à renovação interior, à busca da espiritualidade e ao equilíbrio entre trabalho e descanso.
Se considerarmos a evolução setenária, o sábado pode simbolizar um período de transição, no qual o espírito se prepara para um novo estágio de aprendizado. Assim, "guardar o sábado" pode ser interpretado como um compromisso com a própria evolução, permitindo que o indivíduo se desligue das preocupações materiais e se volte para valores mais elevados.
 #DezMandamentos #Evangelho #InterpretaçãoBíblica #HonórioAbreu #EvoluçãoEspiritual #AmorADeus

Referencia Bibliográfica:
ABREU, Honório Onofre. Estudando o Gênesis. Belo Horizonte: [Reuniões no Grupo Emmanuel 162 e 163], 1999.

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Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra e pesou-lhe em seu coração. (Gênesis, 6: 6) Então arrependeu-se o Senhor de haver feito o homem sobre a terra; jamais este versículo pode ser interpretado literalmente. É a própria literatura judaica que comenta: E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem para que ...
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sexta-feira, maio 09, 2025

Jesus Cristo é o Mesmo




 Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; ele o será para a eternidade! (Hebreus, 13: 8)
#CartaAosHebreus #EstudoBíblico #VisãoEspírita #Cristianismo #Fé #AplicaçãoPrática
Esta Carta aos Hebreus é um grande desafio para todos nós adeptos de qualquer filosofia religiosa.
Se em alguns versículos desafia protestantes, noutros, católicos; este particularmente incomoda a nós espíritas., pois ao lê-lo superficialmente as expressões parecem dizer que Jesus foi sempre o que é, não passando pelo processo evolutivo a que todos somos submetidos.
Portanto, é preciso analisar melhor.
Jesus, de acordo com nossos conhecimentos atuais, evoluiu. Sua genealogia se confunde na poeira dos sóis que rolam no Infinito.[1]
Deste modo, entendemos que os mundos físicos em que Jesus evoluiu se perderam na poeira dos sóis que rolam no Infinito
Assim, compreendemos que este verso nos fala da condição messiânica de Jesus.
Ele pode ser lido assim: "Jesus, o Cristo (os hebreus entendiam Jesus, o messias), é o mesmo ontem e hoje." Onde o "ontem" e o "hoje" são relativos (toda noção de tempo é relativa).
Trocando em miúdos: depois que alcançou a condição de um "Messias Divino" Ele não mudou e não mudará; Ele o será para a eternidade.
Esta análise é coerente com o que o autor de Hebreus diz em toda Carta.
Todos os personagens tidos como "heróis", apresentados no Antigo Testamento, e mesmo aqueles que a religião tem como "santos" posteriores ao Novo Testamento, são modelos transitórios, têm uma santidade relativa. Só Jesus, o Messias, é o "Sacerdote que se assentou à direita do trono da majestade nos céus." (Hebreus, 8: 1); Só Ele é Sacerdote segundo a ordem de Melquisedeque. (Hebreus, 5: 6, citando Salmo, 110: 4).
Não vos deixeis enganar por doutrinas ecléticas e estranhas. Porque é bom que o coração seja fortificado pela graça e não por alimentos, os quais nunca foram de proveito para aqueles que disso fazem uma questão de observância. (Hebreus, 13: 9)
Podemos didaticamente dividir este versículo em três partes. A primeira e a terceira dizendo o que não devemos fazer, a segunda é a orientação do autor para a nossa prática.
Não vos deixeis enganar por doutrinas ecléticas e estranhas. Era um perigo que os leitores originais desta carta corriam. Eles estavam acostumados com um judaísmo legalista; Jesus veio trazendo uma nova conceituação em que o homem interior era o mais importante. Houve uma abertura do entendimento e como consequência uma liberdade maior.
Aí que estava o perigo, esta liberdade favorecia o surgimento de doutrinas ecléticas e estranhas que nada tinham a ver com a mensagem original do Evangelho.
O mesmo ocorre conosco hoje. A doutrina espírita abriu para todos nós, um leque muito amplo de informações e pesquisas. Isso é bom, mas devemos ter cuidado para não nos desviarmos do que é mais importante, nem cairmos num espiritualismo barato que não transforma o Ser, só adiando e enfeitando a proposta de transformação da criatura.
Porque é bom que o coração seja fortificado pela graça...; o coração é o símbolo do homem interior, do ser essencial. Esse deve ser o foco de nossa experiência encarnatória, a transformação do coração, dos sentimentos, proporcionando, desta forma, a cura integral, interior. Para tal faz-se necessário sermos fortificados, confirmados, pela graça.
Aqui o autor faz uma distinção entre a fé legalista, caracterizada pela necessidade de dogmas, ritos, etc. e a fé cristã autêntica, que deve ser racional e libertadora de consciências, ou seja, a verdadeira graça divina proporcionada a todos por meio de Cristo.
… e não por alimentos, os quais nunca foram de proveito para aqueles que disso fazem uma questão de observância. Nesta que chamamos de terceira parte do versículo, o autor vem reafirmar, recapitulando, o perigo do legalismo religioso.
Ele usa os alimentos que eram de grande importância para se referir ao sistema religioso da época que era, como dissemos, legalista.
Hoje podemos ver todo sistema de cerimônias que marcam os diversos modelos religiosos atuais implícitos no mesmo símbolo, confirmando a atualidade da observação do evangelista. Este modelo nunca foi de proveito para aqueles que disso fazem uma questão de observância.
Desculpem a repetição, mas só a verdadeira transformação moral do homem interior leva a promoção e libertação do Espírito. Já estamos maduros o suficiente em intelecto e ciência para esta compreensão, cabendo a cada um de nós dar o passo definitivo para o conhecimento da verdade que deixa de ser simplesmente intelectual para tornar-se operacional, testemunhal.
Podemos parafrasear o Cristo buscando a essência da mensagem:
"experimenteis a verdade, e a verdade vos libertará"

Extraído do Livro "Aos Hebreus" (ainda não publicado)

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[1] Emmanuel em A Caminho da Luz Capítulo III