segunda-feira, dezembro 04, 2023

O Sermão Profético de Jesus - Parábola das Dez Virgens 1ª Parte






A Parábola das Dez Virgens 

Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 

E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. 

As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. 

Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. 

E, tardando o esposo, tosquenejaram todas e adormeceram. 

Mas, à meia-noite, ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo! Saí-lhe ao encontro! 

Então, todas aquelas virgens se levantaram e prepararam as suas lâmpadas. 

E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. 

Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós; ide, antes, aos que o vendem e comprai-o para vós. 

E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. 

E, depois, chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, senhor, abre-nos a porta! 

E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. 

Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir.[1] 

Então, o Reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. 

Então, o reino dos céus… - O Reino dos Céus é o Reino de Deus; a harmonia, o equilíbrio, a saúde perfeita que vige na intimidade daquele que já vivencia as Leis do Criador em toda plenitude; é um estado de alma superior. 

Jesus veio até nós com o objetivo maior de nos indicar o caminho para o Pai, ensinando-nos a estabelecer este Reino em nós mesmos, a partir das nossas ações embasadas na moral superior do Evangelho. 

Desde o princípio dos tempos temos tido dificuldades de compreender a realidade deste Reino, pois, apesar de termos vindo de Deus, ainda não O vivenciamos por experiência própria, tendo sido mais fácil compreender quando a nós é falado dos estados inferiores de sintonia, pois a estes estamos mais acostumados em nossa experiência milenar. 

Devido a esta incompreensão é que o Excelente Mestre várias vezes se refere ao Reino dos Céus procurando compará-lo com algo conhecido, visando assim simplificar seu entendimento, nos aproximando dele com naturalidade. Pois conforme Ele mesmo nos alertou: 

… o Reino de Deus está entre vós[2]

…será semelhante a dez virgens… - A palavra virgem no contexto da época designa moça que ainda não casou. Podemos entendê-la dentro de nosso estudo atual como sem pecado, pura. 

Ora, como já dissemos, para estar neste estado de espírito caracterizado como Reino dos Céus, é necessário que estejamos ajustados à Lei do Eterno, isto é, sem pecado; ou ainda, que nos façamos virgens.  

Entretanto, se esta é uma das necessidades, não é a única, como veremos mais adiante. 

…que, tomando as suas lâmpadas… - Lâmpada é o aparelho destinado a iluminar; não é a luz em si, mas o instrumento através do qual ela se manifesta. 

Se entendermos a Luz como a Manifestação Divina, fácil é nos entender, em um determinado momento, como sendo lâmpadas pelas quais Ele pode se manifestar. Porém, se na Parábola nos identificamos com as virgens, as lâmpadas são os instrumentos com que operamos para que o Divino se exteriorize através de nós. É importante notar a importância do pronome aqui usado: suas. Designando, a de cada um, o particular. 

 

…saíram ao encontro do esposo. – O esposo sendo aquele que teoricamente nos completa, que trás a felicidade, é aqui, aquilo que falta par nos fazer integral, uno com a Lei. Este momento do encontro com o esposo, é aquele que deixamos de atuar na dualidade para retornarmos à Unidade do Reino; é o silêncio de que nos falavam os cristão gnósticos, ou a união das polaridades; o perfeito equilíbrio entre a razão e o sentimento. 

Quando fizerdes do dois um e quando fizerdes o interior como o exterior, o exterior como o interior, o acima como o embaixo e quando fizerdes do macho e da fêmea uma só coisa, de forma que o macho não seja mais macho nem a fêmea seja mais fêmea, e quando formardes olhos em lugar de um olho, uma mão em lugar de uma mão, um pé em lugar de um pé e uma imagem em lugar de uma imagem, então, entrareis (no Reino).[3] 

E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. 

E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas. - O número dez, que é o número de virgens constante nesta parábola, segundo a conceituação cabalística, é o número de todos os conhecimentos humanos. Significa conhecimento amplo, total, porém humano. 

Se não fosse a atuação da Misericórdia do Criador, ao utilizarmos nosso livre arbítrio, com base em nosso saber puramente humano, teríamos 50% de chance de acertar e 50% de errar, sendo provável que deste modo, não houvesse evolução, pois erraríamos e acertaríamos na mesma proporção. Entretanto, a Lei, que é Misericórdia, sempre nos impulsiona para frente; apesar das idas e vindas, o saldo é sempre positivo, pois só nos é permitido errar até determinado ponto em que não há comprometimento da evolução. 

Somos assim, seres com grande alternância entre o bem e o mal, o bonito e o feio, a prudência e a loucura. 

Esta divisão de cinco prudentes e cinco loucas, ou néscias, é a representação da possibilidade humana de erros e acertos na mesma proporção, ou a dissociação da unidade na dualidade, onde cada unidade é metade de outra unidade mais completa. 

A prudência é assim, o antípodas da loucura. O Prudente é aquele que age com moderação, buscando evitar tudo o que acredita ser fonte de erro ou dano.[4] 

Jesus já nos alertara no Sermão do Monte que esta é uma virtude característica do cidadão do Reino, e que sua vivência está diretamente ligada à prática do que Ele ensinou. 

Portanto, ser prudente é estar em comunhão com Deus através da vivência de Suas Leis, é atuar dentro das possibilidades de cada um, pois a Lei só pede que a vivencie de acordo com o que se conhece dela. 

Muitos podem questionar se só aquele que tem Jesus como guia é candidato a esta qualidade moral, se assim for, como fica aquela grande parcela da Humanidade que ainda não O reconhece como tal? 

Torna-se importante lembrar, e o próprio Jesus já nos afirmava, que a doutrina que Ele trazia não era Dele e sim do Pai que O enviara; portanto, qualquer que for o Mensageiro de Deus, no ocidente ou no oriente, tem o poder de religar o homem a seu Criador, apesar de particularmente crermos que entre todos, Jesus foi o maior, o que mais perfeitamente representou o Eterno entre nós, é o Plenipotenciário Divino.

Louco é o que age contrário à razão ou ao bom senso; é o insensato. 

Jesus diz que este é o que escuta a Palavra, porém não age de acordo com ela. 

Havia, portanto, cinco prudentes, e cinco loucas. E nós, ora somos sensatos, ora néscios. 

Senhor, tem misericórdia de meu filho, que é lunático e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo e, muitas vezes, na água…[5] 


As loucas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. 

As loucas … - As loucas representam a nossa postura de invigilância, é o momento em que verbalizamos uma coisa e fazemos outra; sabemos que o espiritual é o mais importante, todavia, priorizamos o material; a dificuldade, que temos devido à oportunidade malbaratada, entendemos como solução de muitas questões, entretanto, quando ela chega, maldizemos tudo, até mesmo a atuação do Criador. 

…tomando as suas lâmpadas… - O Verbo "tomar", no gerúndio, tomando, diz-nos da necessidade de agirmos, isto é, de nos ajustarmos ao dinamismo da Vida. 

Suas lâmpadas, como já dissemos, é a lâmpada de cada um, ou seja, o recurso que cada qual têm de manifestar em si a Luz que tem por fonte a própria Divindade. 

…não levaram azeite consigo. – A lâmpada por si mesma é neutra, ela pode ficar acesa ou apagada, depende de a acendermos ou não. O mesmo pode se dar com as nossas possibilidades individuais, podemos usá-las desenvolvendo-as, ou desprezá-las atrofiando-as. 

O azeite era o combustível que proporcionava à lâmpada ficar acesa. Esta, que era também chamada de lanterna ou archote, era uma vasilha que produzia um clarão através da queima de um líquido inflamável que no caso era o azeite

Deste modo, o azeite sugere tudo aquilo que, de uma forma ou de outra, possibilita que a nossa luz íntima brilhe acima de todas as coisas. 

Se a paciência é a lâmpada que permite iluminar aquele que nos ofende, a compreensão é o azeite que a alimenta. 

Se o recurso material bem usado clareia aquele que carece, o desprendimento é o óleo que o possibilita. 

Estas, a que este versículo se refere, eram loucas, pois não levaram azeite consigo, isto é, em si. 

Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. 

Mas as prudentes… - A conjunção mas, designando uma posição antagônica ao desenvolvimento anterior, pois estas eram prudentes, agiam evitando o erro, atuavam de acordo com as suas possibilidades. 

Lembram aqueles instantes em que já conseguimos ser coerentes com a ciência que esposamos. Estes momentos já existem em nós, é preciso desenvolve-los. 

…levaram azeite em suas vasilhas… - O azeite existe para todos, a Vida nos proporciona todos os recursos de que necessitamos, cabe a nós capacitarmos a recebê-los aumentando as nossas vasilhas, isto é, trabalhando as virtudes que funcionarão como o estoque de combustível que, queimando a si próprio permite se ilumine os outros. 

…com as suas lâmpadas. – A lâmpada para funcionar tem que ter o combustível que alimente a chama. Se para a lâmpada moderna o mecanismo é outro, é também necessário que esteja ligada a uma fonte de energia. Do mesmo modo, para que brilhe a luz íntima da criatura exaltada pelo Cristo no belíssimo Sermão do Monte, necessário se faz a vinculação desta com a Energia Suprema, que outra não é que a Vontade Soberana do Criador; assim, se quisermos ser como aquelas que se fizeram prudentes, associemo-nos ao Justo Poder pela aceitação e pelo cumprimento de Seus Sábios Desígnios.


Texto extraído do livro O Sermão Profético

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[1] Mateus, 25: 1 a 13 

[2] Lucas, 17: 21 

[3] Evangelho de Tomé, Logion 22 

[4] Dicionário Aurélio 

[5] Mateus, 17: 15 

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