Artigos e comentários a respeito da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus - O Blog do Evangelho Miudinho
quarta-feira, abril 21, 2010
Imortalidade da Alma e Vida Futura
sexta-feira, abril 02, 2010
Pluralidade dos Mundos Habitados e Plano Espiritual
Introdução
A Doutrina Espírita dá condição de ampliar em muito o
entendimento do ensinamento de Jesus, quando nos disse : “Na casa de
meu Pai há muitas moradas”[1].
É que, de acordo com a diversidade dos estados evolutivos da
alma, esta encontra morada física ou espiritual apropriada às suas condições.
Portanto, as “moradas da casa do Pai”, são os diferentes estados em
que se encontra o Espírito após o desenlace.
E como a Codificação também informa ser a nossa evolução
feita em vários mundos, e que o Universo é a reunião destes infinitos mundos,
essas moradas podem ser entendidas também como cada planeta que forma este
Universo, que é a Casa do Pai.
É por este prisma que procuramos estudar este tema,
mostrando a lógica do pensamento kardequiano.
Diferentes
Estados do Espírito Após o Desencarne
Se podemos dizer que há uma preocupação constante em todas
as criaturas, esta preocupação é com o futuro da alma após a morte física.
Em todos os tempos, desde que foi desenvolvido no homem a
faculdade do raciocínio, esta inquietação quanto ao seu vir a ser, é motivo de
muitas dissensões. Segundo algumas religiões, há um lugar para aqueles que
fizeram o bem, e outro para os que não o fizeram. Sendo que são eternos estes
ambientes, e localizam-se na parte superior e inferior da Terra. Outros de
nossos irmãos, entendem que após a morte, a alma fica aguardando o dia do
juízo, em que será decidido o seu futuro de acordo com a forma como viveu.
A Doutrina Espírita ensina que no instante do desencarne, a
alma volta ao plano espiritual, conservando sua individualidade, e que
normalmente não reencarna logo depois de haver se separado do corpo. Esse
estado do Espírito é chamado de erraticidade, isto é, estado do Espírito sem
corpo físico enquanto aguarda a próxima encarnação.
O ensino dos Espíritos tem mostrado ainda que há no Universo
inumeráveis mundos de constituição material ou menos material, e que de acordo
com a condição em que se encontra o Espírito, este é recebido.
“As alegrias e as percepções do Espírito não procedem do
meio que ele ocupa, mas de suas disposições pessoais e dos progressos realizados
(…)”[2]
Isto significa que o “céu” ou o “inferno” acham-se dentro daquele que o possui.
É que o Espírito envolvido por seu próprio magnetismo, cria para si um corpo
fluídico que irá captar a essência de seu estado psíquico e vibracional. Isto
significa que o “céu” ou o “inferno” acham-se dentro daquele que o possui. É
que o Espírito envolvido por seu próprio magnetismo, cria para si um corpo
fluídico que irá captar a essência de seu estado psíquico e vibracional.
Isso irá fazer com que as almas se agrupem de acordo com o grau de maior ou
menor pureza que tenham atingido, no mundo espiritual a situação do Espírito
está diretamente ligada à sua constituição fluídica, ou aliás, esta é que é
definida por aquela.
Por isso Jesus afirmou:
“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra
será ligado no céu (…)” [3]
Portanto, não é um tribunal que julga, mas sim o Espírito
que, conforme sua condição moral, determina a recompensa que receberá após o
desencarne. Isso resulta na formação de verdadeiras sociedades no plano
espiritual, cujo funcionamento é baseado na condição daqueles que as compõem.
Contrariamente ao que conhecíamos até então, a Codificação
Espírita informa-nos que a vida do Espírito evoluído não é ociosa, mas
extremamente ativa. O seu transporte é feito tendo por base sua condição
mental. Seu corpo é de tal forma rarefeito, que se torna invisível aos
Espíritos inferiores. Seus sentidos não são dados por órgãos materiais, mas por
todo o seu Ser, sendo suas percepções mais precisas e reais que a dos
encarnados ou mesmo dos desencarnados menos evoluídos.
Não têm necessidades alimentares ou de repouso, isto porque
a matéria não os influencia.
Os Espíritos mais atrasados, ao contrário, levam consigo
suas necessidades, seus vícios e suas preocupações. Não podendo abandonar seus
problemas devido à sua materialidade, participam da vida do homem comum
intrometendo em seus afazeres, e participando de seus prazeres. Suas paixões,
determinando seus desejos, são alimentadas pelo contato com os valores
transitórios, e devido à sua incapacidade de gerenciar tais sentimentos, sofrem
pesadas torturas que os atrasam ainda mais.
Concluindo, temos então:
A situação do Espírito após o desencarne é definida por ele
próprio quando encarnado.
Sua vivência, de acordo com os princípios evangélicos, o
liberta.
A valorização das coisas materiais acima de suas
necessidades o escraviza.
As coisas se dão desta forma, porque:
“a alma enquanto encarnada, condiciona-se a fatores
orgânicos que, por sua vez, estão sob o império de leis biológicas específicas.
Fora do corpo, outras são as leis e, por conseguinte, outros elementos de
equilíbrio e funcionamento.
Daí as naturais dificuldades com que, em novo mundo vibratório, bem diverso do
nosso, aqui no plano físico, lutamos todos nós ao trocarmos a densidade da
matéria (envoltório físico) pela fluidicidade dos planos espirituais.” [4]
Mundo Espiritual
Dentre as muitas revelações trazidas pelo Espiritismo, a
existência de um mundo dos Espíritos, merece de nossa parte um maior destaque.
O mundo das inteligências incorpóreas, apesar de
interpenetrar-se com o nosso (físico), é um mundo à parte. É vida em outra
dimensão, caracterizada por organização e constituição diferente de tudo o que
conhecemos por aqui.
Constitui-se na morada ou pousada dos Espíritos, formando
colônias ou comunidades de transição, onde se reúnem de forma homogênea
baseados em laços de afinidade. Afinidade caracterizada pela elevação moral dos
elementos ali vinculados.
Através das informações obtidas via mediúnica, notamos a
existência de várias esferas de vida no Mundo Maior, cada uma com sua vibração
característica, formando assim mundos diferenciados em muitas faixas de
elevação.
Alguns autores classificam várias delas denominando-as
como:
Abismo: Região de grandes sofrimentos, devido à
recalcitrância no violar as Leis Divinas.
No livro “Memórias de um Suicida”[5], recebido
mediunicamente por Ivonne do Amaral Pereira, o Espírito comunicante dá uma
ideia do que seja esta região, e dos padecimentos pelos quais passou, devido à
escolha que fez, usando o livre arbítrio e optando pelo autoextermínio.
Trevas: Esta é uma região do plano espiritual
que, como o próprio nome diz, é desprovida de qualquer luminosidade.
Os Espíritos vinculados a ela acham-se envolvidos por
vibrações malignas, e normalmente fazem o mal por prazer. O ponto que o
diferencia do abismo, muitas vezes não percebemos, mas como acreditamos que o
grau de culpa está diretamente ligado ao grau de conhecimento e de insistência
no erro, acreditamos que no abismo encontram-se Espíritos que têm mais
informações, e por isso mais culpados.
Como citação bibliográfica, o livro “Libertação”[6], de
André Luiz, mostra vários lances desta esfera.
Crosta Terrestre: A Terra é um mundo ainda
inferior habitado por Espíritos inferiores. Muitos desses Espíritos, quando
desencarnados, ficam ligados ao planeta em busca da satisfação de seus vícios e
apetites mais grosseiros, formando assim em volta do nosso orbe uma esfera
espiritual caracterizada por vibrações altamente deletérias.
O livro “Nas fronteiras da Loucura”, ditado pelo
Espírito Manoel Philomeno de Miranda, narra episódios passados durante o
período de carnaval, nos dando uma clara ideia dos acontecimentos espirituais
que envolvem nossa Terra, nesta ocasião.
Umbral: “É uma região espiritual que começa
na crosta terrestre, na qual se concentra tudo o que não tenha finalidade para
a vida superior. É região de esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de
zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das
ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de
uma existência terrena.” [7]
No livro Nosso Lar, ditado mediunicamente por
André Luiz, Lísias faz a seguinte afirmativa sobre o umbral:
É, portanto, uma região semitrevosa habitada por Espíritos
revoltados de toda espécie e envoltos por tendências e desejos inferiores.
Zonas de Transição: São colônias Espirituais
muitas vezes situadas no próprio Umbral. Funcionam como verdadeiros oásis nos
desertos. Espíritos ainda vinculados a problemas conscienciais, mas já
dignos de merecimentos são atendidos nestas colônias buscando refazimento com
vistas ao reajuste que se faz necessário.
Nosso Lar, é uma destas colônias, e é muito bem descrita na
obra de André Luiz, não só no livro de mesmo título, mas em toda série que o
segue.
Devido à importância desta colônia para o melhor
entendimento do que seja a vida no plano espiritual, citaremos parte do estudo
feito pelos Espíritos André Luiz e Lúcius, no livro Cidade no Além.
A cidade espiritual “Nosso Lar”, segundo
informação de André Luiz, foi fundada por portugueses desencarnados no Brasil,
no século XVI. Está localizada sobre o estado do Rio de Janeiro, entre as
cidades do Rio de Janeiro, Campos e Itaperuna.
Na época em que nosso Amigo Espiritual nos brindou com esta
magnífica obra, a cidade contava com cerca de um milhão de habitantes.
Sua administração é feita pela Governadoria, órgão central,
e está assessorada por seis ministérios, a saber: Ministério da Regeneração, do
Auxílio, da Comunicação, do Esclarecimento, da Elevação e da União Divina, que
atuam nas áreas definidas pelo próprio nome, sendo cada Ministério dirigido por
doze ministros.
Os trabalhadores de “Nosso Lar” moram sempre perto de seu
trabalho, de tal forma que quando um trabalhador é transferido de ministério, é
também transferido de residência.
Como se trata de uma colônia espiritual, a justiça se
manifesta em maior intensidade. Veja a questão da moeda. O bônus-hora é como se
fosse a moeda de “Nosso Lar”. Para cada hora trabalhada, o trabalhador
recebe um bônus, e é com o acúmulo de bônus que os bens são adquiridos.
Poderíamos aqui enumerar muitas outras características desta
colônia, mas o mais importante é sabermos que, do outro lado da vida, não
existe a ociosidade para aqueles que querem evoluir; que há uma hierarquia
espiritual que pela afinidade somos atraídos, e que, acima de tudo, a vida
continua.
Esferas Superiores: São regiões espirituais
caracterizadas pela felicidade e pelo trabalho em favor do próximo. Como consequência,
estas regiões são habitadas por Espíritos de grande elevação moral, ou seja, os
bons Espíritos e os Espíritos Superiores.
André Luiz em suas obras, muitas vezes fala de Espíritos
destas regiões, que foram visitar “Nosso Lar”, mas para que tal fato ocorresse,
tiveram que adensar o perispírito.
Esferas Resplandecentes: “Regiões espirituais
onde imperam a bondade, a confiança e a felicidade verdadeira”. No
livro Renúncia, ditado pelo Espírito Emmanuel ao médium Francisco
Cândido Xavier, assim é descrita a paragem espiritual a que estava vinculado o
Espírito Alcíone:
“Pouco depois, ei-la que aporta em portentosa esfera,
inconfundível em magnificência e grandeza. O espetáculo maravilhoso de suas
perspectivas excedia a tudo que pudesse caracterizar a beleza, no sentido
humano. A sagrada visão do conjunto permanecia muito além da famosa cidade dos
santos, idealizada pelos pensadores do Cristianismo. Três Sóis rutilantes
despejavam no solo arminhoso oceanos de luz mirífica, em cambiâncias inéditas,
como lampadários celestes acesos para edênico festim de gênios imortais. Primorosas
construções, engalanadas de flores indescritíveis, tomavam a forma de castelos
talhados em filigrana dourada, com irradiações de efeitos policromos. Seres
alados iam e vinham, obedecendo a objetivos santificados, num trabalho de
natureza superior, inacessível à compreensão dos terrícolas.”[9]
Referências Evangélicas - Existem muitas
referências evangélicas que tratam do tema que ora estudamos: “O Mundo
Espiritual.”
Além da já citada neste estudo, em que Jesus nos afirma que
“há muitas moradas na Casa do Pai”[10] gostaríamos
de citar a Carta de Paulo aos Efésios.
Nesta carta o apóstolo dos gentios usa a palavra grega “epouranios” por cinco
vezes. Alguns tradutores a traduzem como “céus”.
Céus em grego é “ouranos”. Em
Efésios temos “epouranos = epo + ouranos donde epi=
sobre + ouranos = céus, significando nos lugares
celestiais”[11]
Em cada vez que Paulo usa esta expressão ela tem um
significado podendo ser compreendida como morada de Deus e do Cristo, morada
dos Espíritos redimidos, dos seres angelicais de todas as ordens, etc.
Era uma crença do judaísmo a existência de vários céus. “A
palavra ‘Céus’ em hebraico é plural, Shamaim. Assim, é que Paulo
fala em II Coríntios, 12: 2 e 3 que foi arrebatado ao terceiro
Céu.”[12]
Até aí nada de novo, pois em todas estas situações a
teologia cristã vê “epouranios” como sinônimo de céus.
Todavia, em Efésios, 6: 12 Paulo fala em “seres espirituais malignos” que habitam
as “regiões celestiais” (epouranios). Ou seja, se
são “seres malignos” não podiam habitar os céus.
Portanto, podemos concluir que “epouranios” significa
o que hoje no vocabulário espírita entendemos como “mundo espiritual”, “plano
espiritual”; e como é sabido por todo aquele que estuda a Doutrina dos
Espíritos, conforme mostramos neste estudo, vários são os níveis deste “plano
espiritual”.
Como vemos, Paulo de Tarso e os judeus do tempo de Jesus já
sabiam da existência do mundo dos Espíritos e a Bíblia comprova em vários
pontos esta realidade.
Conclusão
“O ensino dos Espíritos sobre a vida de além-túmulo
faz-nos saber que no espaço não há lugar algum destinado à contemplação
estéril, à beatitude ociosa. Todas as regiões do espaço estão povoadas por Espíritos
laboriosos. Por toda parte, bandos, enxames de almas sobem, descem, agitam-se
no meio da luz ou na região das trevas.
Em certos pontos, vê-se grande número de ouvintes recebendo instruções de
Espíritos adiantados; em outros, formam-se grupos para festejarem os
recém-vindos. Aqui Espíritos combinam os fluidos, infundem-lhes mil formas, mil
coloridos maravilhosos, preparam-nos para os delicados fins a que foram
destinados pelos Espíritos superiores; ali ajuntamentos sombrios, perturbados,
reúnem-se ao redor dos globos e os acompanham em suas revoluções, influindo,
assim, inconscientemente, sobre os elementos atmosféricos.
Espíritos luminosos mais velozes que o relâmpago, rompem essas massas para
levarem socorro e consolação aos desgraçados que os imploram. Cada um tem o seu
papel e concorre para a grande obra, na medida de seu mérito e de seu
adiantamento. O Universo inteiro evolui. Como os mundos, os Espíritos
prosseguem seu curso eterno, arrastados para um estado superior, entregues
a ocupações diversas. Progressos a realizar, ciência a adquirir, dor a
sufocar, remorsos a aclamar, amor, expiação, devotamento, sacrifício, todas
essas coisas os estimulam, os aguilhoam, os precipitam na obra; e, nessa
imensidade sem limites, reinam incessantemente o movimento e a vida. A
imobilidade e a inação é o retrocesso. É a morte. Sob o impulso da Grande Lei,
seres e mundos, almas e sóis, tudo gravita e move-se na órbita gigantesca
traçada pela vontade divina.” [13]
Diferentes Categorias de Mundos Habitados
Quando questionamos a possibilidade de vida em outros
planetas, somos obrigados a raciocinar com a lógica e o bom senso.
Analisando os atos de um homem de bem, vemos que ele não
toma nenhuma atitude ao acaso, mas tudo o que faz é elaborado de acordo com os
seus princípios. Se assim age um simples homem de bem, como então agiria o
Criador em relação à sua própria obra? Seria fruto do acaso, ou haveria em
tudo, planejamento?
O bom senso nos mostra que o acaso não existe, e que a
criação foi e é obra de um rigoroso planejamento.
Se analisarmos o Universo só sob o ponto de vista de
existência da nossa galáxia, a Via Láctea, chegaremos à conclusão que só em
números de Sóis podemos contar aproximadamente 40 bilhões. E os planetas
relativos a esses sóis, quantos serão ao todo? E isto estamos falando só da
nossa galáxia, e se aventarmos às “bilhões” de galáxias? Por que então, o
Criador que nada fez ou faz ao acaso, iria criar tantos ambientes planetários?
Desta forma, chegamos à conclusão que seria menosprezar
demais a capacidade de Deus, se supuséssemos somente a nossa minúscula Terra
habitada.
É raciocinando desta maneira, que a Doutrina Espírita pode
afirmar serem todos os globos que se movem no espaço, habitados. [14]
“É a mesma a constituição física dos diferentes globos?” Kardec fez
esta pergunta aos Espíritos, ao que eles nos responderam:
“Não; de modo algum se assemelham.” [15]
E, é fácil de entender o porquê. Se somos Espíritos, cada
qual no seu estágio evolutivo, não temos todos as mesmas necessidades. Se não
as temos iguais, logicamente vivemos em ambientes diferentes. Assim sendo,
os mundos são diferentes, porque diferentes são os que os habitam
Devido à infinidade de mundos, não podemos classificá-los
quanto à sua evolução de uma maneira absoluta, mas Kardec oferece uma divisão,
que nos permite entender melhor o assunto:
Mundos Primitivos - São os mundos
destinados aos Espíritos em sua infância, ou seja, no início de sua evolução.
“Os seres que os habitam são, de alguma sorte,
rudimentares: eles têm a forma humana, mas sem nenhuma beleza; seus instintos
não são temperados por nenhum sentimento de delicadeza ou de benevolência, nem
pelas noções do justo e do injusto(…)” [16]
A justiça, conforme a conhecemos hoje, não faz parte do
entendimento deles, o que impera é a lei do mais forte.
Além da falta de desenvolvimento moral, temos como nenhum o
desenvolvimento científico e intelectual.
Mundos de Expiações e Provas - Nestes
mundos a característica básica é ainda o predomínio do mal sobre o bem. A
superioridade da inteligência de alguns homens mostra que este não é um mundo
primitivo. Mas essa inteligência é muitas vezes usada como forma de dominação e
de desvirtuamento.
As qualidades inatas são provas que estes Espíritos já
viveram antes, realizando muitas vezes em outros mundos, seu progresso. Mas são
ainda bastante imperfeitos, e por isso estão sujeitos a provas e expiações,
como forma de atingir a meta desejada: a perfeição.
A Terra, como sabemos, é um destes planetas de provas e
expiações. É conforme o dizer de Emmanuel, “uma abençoada escola, onde se
regenera o Espírito culpado e onde ele se prepara, demandando glorioso porvir.”[17]
Mas a Misericórdia Divina não desampara seus filhos.
Periodicamente reencarnam nesses mundos, missionários do bem, Espíritos
encarregados de vivenciar a moral em toda sua plenitude como forma de fixar o
bem na intimidade das criaturas.
Mundos Regenerados - Os mundos regenerados
servem de transição entre os inferiores e os superiores. Nesses mundos os
Espíritos reencarnantes, apesar de acentuados progressos, ainda se acham
sujeitos a provas, mas sem as angústias das expiações. Sendo o homem ainda
materializado, essas provas vão trabalhando nele a desmaterialização que se faz
necessária para entrada em mundos mais evoluídos.
Há nestes mundos, por parte de sua Humanidade, o desejo da
prática do bem. Livre que está dos Espíritos ligados ao mal, o homem acha-se
desanuviado, e o clima psíquico é bem tranquilo.
“Contemplai, pois, à noite, à hora do repouso e da prece,
a abóbada azulada e, das inúmeras esferas que brilham sobre as vossas cabeças,
indagai de vós mesmos quais as que conduzem a Deus e pedi-lhe que um mundo
regenerador vos abra seu seio, após a expiação na Terra.”
Santo Agostinho [18]
Mundos Superiores - Nesses mundos, as
condições de vida moral e material são bens diversas às da Terra. O corpo não é
material como o nosso. O “Modus Vivendi” dos Espíritos ali vinculados
faz com que eles não estejam sujeitos nem às doenças, nem às deteriorações da
matéria.
A infância nestes mundos é menor ou quase nula; a vida é proporcionalmente
mais longa, a morte já não causa medo, e a linguagem é feita pela transmissão
do pensamento. “O homem não procura elevar-se acima do homem, mas acima de si
mesmo, aperfeiçoando-se.”[19]
O melhor é saber que viver num destes mundos não é
privilégio dos eleitos, mas destino de todos nós, assim que nos purificarmos
pelo trabalho e serviço ao próximo. Vivenciando, deste modo, aquele mandamento
de Jesus, quando disse:
“Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos
outros; como eu vos amei a vós.”[20]
Final dos Tempos – Visão Espírita
Há por parte de grande parcela da Humanidade, incluindo a
classe dos espíritas, a preocupação com as previsões catastróficas baseadas nos
textos bíblicos e em próprias comunicações espíritas, sob o fim do mundo.
O que diz a Doutrina Espírita sobre isto? A Humanidade corre
o risco de desaparecer da Terra? O mundo em que vivemos desaparecerá? E o juízo
final? E a volta de Jesus, como se dará?
Os Espíritos são claros: Antes dizíamos: aproximam-se
os tempos, agora dizemos: Os tempos são chegados.
Kardec, no livro “Obras Póstumas”, transcreve algumas
comunicações dos Espíritos, em que eles falam deste assunto, e eles são claros
em dizer que tudo o que está nos Evangelhos terá de cumprir-se, e já está se
cumprindo. O que temos de ter é discernimento para tirarmos o espírito da letra
na interpretação dos textos sagrados.
Como já dissemos anteriormente, toda a Criação Divina segue
um programa pré-estabelecido, e as Leis de Deus consequentemente não serão
subvertidas.
Não haverá fim do mundo material, pelo menos por agora, como
muitos têm anunciado, o que acontecerá é o fim de uma era, de uma etapa do
processo evolutivo. O que se prepara é o fim do mundo amoral, aquele em que os
interesses mundanos vêm à frente dos interesses definitivos do Espírito.
Essa mudança não será brusca, e nem acontecerá no ano dois
mil e doze, ela já está acontecendo e continuará ainda por muitos anos. O
processo é gradual como toda transformação da Natureza, não haverá cataclismos
nem revoluções capazes de exterminar a Criação Divina. Haverá uma transformação
que conduzirá a Terra, de mundo
de provas e expiações, a mundo de regeneração, mas estas não
serão simplesmente transformações externas, mas sim no interior dos próprios
homens. A luta no campo das ideias, nos conflitos do relacionamento
interpessoal, criará uma nova ética baseada na Verdadeira Moral, e esta será a
tônica do novo mundo. O que fará haver mais ou menos dor, é a própria conduta
do homem diante das mudanças que se fazem necessárias, ou seja, será
diretamente proporcional à sua aceitação ou à sua rebeldia.
Mas podemos perguntar, como se fará a substituição desta
geração por outra mais virtuosa?
Para que haja felicidade na Terra, é preciso que os
Espíritos que a habitam sejam afinados com o Bem, portanto, é preciso que
aconteça uma limpeza em nosso orbe, ou seja, que os Espíritos recalcitrantes no
mal sejam levados para outros mundos que se acham mais atrasados em
relação ao nosso, onde expiarão seus erros e aprenderão com o “suor do seu
rosto”, a não mais transgredir às Leis Divinas.
Entretanto, esse transporte não será via discos voadores ou
planeta chupão, como muitos apregoam, eles serão transportados por meios
espirituais e de forma natural.
Só para ilustrar, lembremos de que isto já aconteceu com
relação à Terra, no entanto, ela, no momento, estava em condição de receptora
destes espíritos, conforme narra Emmanuel:
“Há muitos milênios um dos orbes da Capela, que guarda
afinidades com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus
extraordinários ciclos evolutivos. (…)
(…) Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução
geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios
de piedade e virtudes, mas uma ação de saneamento geral os alijaria daquela
humanidade (…)
As grandes comunidades espirituais, diretoras do Cosmos, deliberaram, então,
localizar aquelas entidades, que se tornaram pertinazes no crime, aqui na Terra
longínqua, onde aprenderiam a realizar, na dor e nos trabalhos penosos do seu
ambiente, as grandes conquistas do coração (…)” [21]
Desta forma, podemos afirmar que o tempo é de tranquilidade
e de construção de um novo Ser baseado nos ensinamentos evangélicos. O juízo
final não é acontecimento de um dia, mas de todos os instantes em que se faz
necessário o autoconhecimento, e a elaboração por nós mesmos do caminho a
seguir.
Não nos inquietemos, devemos sempre lembrar de que neste
planeta há governo, e que este condutor não é ninguém mais nem menos que Jesus,
o Cristo de Deus.