#EstudoBíblico
Marcos 5:
²⁴ E foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o
apertava.
²⁵ E certa mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de
sangue,
²⁶ E que havia padecido muito com muitos médicos, e
despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior;
²⁷ Ouvindo falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão,
e tocou no seu vestido.
²⁸ Porque dizia: Se tão somente tocar nos seus vestidos,
sararei.
²⁹ E logo se lhe secou a fonte do seu sangue; e sentiu no seu
corpo estar já curada daquele mal.
²⁴ E foi com ele, e
seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
Muitos seguem Jesus. Atualmente, estima-se que haja cerca de 2,2 bilhões de
cristãos no mundo, tornando o cristianismo a maior religião do planeta.
Entretanto, podemos segui-lo
basicamente de duas maneiras:
- De
perto
- De
longe
Seguir Jesus de perto, significa viver de acordo com
seus ensinamentos e exemplo de vida. Isso envolve amor, compaixão, perdão e
obediência aos princípios cristãos.
Na prática, seguir Jesus não se resume a frequentar uma
igreja, mas sim a uma jornada diária de transformação pessoal, buscando
refletir o caráter de Cristo em atitudes e escolhas. Isso inclui servir ao
próximo, agir com humildade e manter uma vida de oração e estudo do Evangelho.
Ser um discípulo de Cristo significa moldar a vida conforme
seus ensinamentos, enfrentando desafios e resistências, mas sempre com fé e
perseverança.
Seguir Jesus de longe, é o símbolo uma fé mais tímida
ou hesitante, geralmente significa manter uma certa distância da fé e dos
ensinamentos de Cristo. Isso pode ocorrer por diversos motivos, como falta de
compromisso, distrações da vida cotidiana ou até mesmo receio de assumir
publicamente a identidade cristã.
Algumas consequências desse distanciamento incluem:
- Perda
da comunhão com Deus – A pessoa pode deixar de orar, de estudar com
afinco as questões espirituais, participar da vida de sua comunidade de
forma positiva.
- Mornidão
espiritual – A fé se torna menos ativa, e a pessoa pode perder o
entusiasmo e a dedicação aos princípios cristãos.
- Improdutividade
espiritual – A pessoa pode deixar de exercer seus dons e talentos na
obra de Deus, tornando-se espiritualmente estéril.
- Negação
de Cristo – Em alguns casos, o distanciamento pode levar a atitudes
que contradizem os ensinamentos de Jesus, chegando até a negar sua fé por
vergonha ou medo.
A história de Pedro, que seguiu Jesus de longe durante seu
julgamento, é um exemplo clássico desse conceito. No entanto, ele teve a
oportunidade de se arrepender e fortalecer sua fé posteriormente.
A Mulher Hemorroíssa teria vindo de Cesareia de Filipe,
conforme apontado por Amélia Rodrigues[1] e confirmado por Champlin.
Ela sofria há 12 anos com um fluxo de sangue e, por conta
disso, era considerada impura na sociedade da época. Inicialmente, ela seguia
Jesus de longe, talvez por medo ou por sua condição social. No entanto, sua fé
a impulsionou a se aproximar e tocar a orla das vestes de Cristo, acreditando
que isso bastaria para sua cura.
Esse gesto simboliza uma mudança espiritual de alguém que
observa à distância para alguém que se entrega completamente à fé. Após ser
curada, Jesus reconhece sua atitude e declara: "Filha, a tua fé te
salvou; vai em paz e sê curada do teu mal" (Marcos 5:34).
²⁵ E certa mulher, que havia doze anos tinha um fluxo de sangue,
No contexto judaico da época de Jesus, o fluxo de sangue era considerado uma condição de impureza ritual, conforme as leis descritas em Levítico 15. Mulheres que sofriam de hemorragias prolongadas eram vistas como impuras e, por isso, enfrentavam isolamento social e religioso.
Essa impureza significava que a mulher não podia participar
de cerimônias religiosas nem tocar em outras pessoas, pois qualquer contato
tornava os outros ritualmente impuros. Isso explica por que a mulher
hemorroíssa de Marcos 5:25-34 se aproximou de Jesus com discrição, acreditando
que, ao tocar sua veste, poderia ser curada sem chamar atenção.
A cura dessa mulher não foi apenas física, mas também social
e espiritual, pois Jesus não apenas restaurou sua saúde, mas também a
reintegrou à comunidade, reconhecendo sua fé publicamente. Esse episódio
demonstra a compaixão de Cristo e sua disposição de quebrar barreiras sociais e
religiosas para restaurar vidas.
O sangue é símbolo da vida, e perdê-lo significa a
perda de vida em sentido espiritual e fisicamente, a diminuição da vitalidade.
Durante doze anos, essa mulher enfrentava uma perda contínua
de vida, algo que pode ser compreendido não apenas no âmbito físico, mas também
no espiritual. Sua situação pode simbolizar diferentes formas de
enfraquecimento da existência, por motivos como:
Vícios, que escravizam e impedem a verdadeira
libertação da alma.
Uso irresponsável da sexualidade, que pode resultar
na perda do propósito e da integridade pessoal.
Apego excessivo às coisas materiais, que afasta a
pessoa do essencial e do verdadeiro significado da vida.
O período de doze anos possui um significado
simbólico mais amplo, indo além da ideia de provas e expiações. Representa um ciclo
completo de amadurecimento espiritual, no qual o espírito
atravessa desafios que não apenas purificam, mas também promovem aprendizado,
fortalecimento da fé e preparação para uma nova fase evolutiva. Essa jornada
não é apenas uma etapa de sofrimento, mas um tempo necessário para consolidar
virtudes, aprofundar a compreensão da própria existência e
alcançar a verdadeira cura, não apenas física, mas principalmente moral e
espiritual.
²⁶ E que havia padecido muito com muitos médicos, e despendido tudo quanto tinha, nada lhe aproveitando isso, antes indo a pior;
Este versículo mostra-nos um reflexo do sofrimento diante das limitações da medicina humana e da busca incessante pela cura. A mulher hemorroíssa, ao gastar todos os seus recursos com médicos sem obter melhora, representa aqueles que enfrentam provações e desafios que não podem ser resolvidos apenas por meios materiais.
O Espiritismo enfatiza que as doenças podem ter origens
físicas, emocionais e espirituais, muitas vezes ligadas a processos de expiação
e aprendizado. A mulher, ao esgotar todas as possibilidades médicas, encontra
em Jesus a verdadeira cura, que não se limita ao corpo, mas também à alma. Sua
fé e determinação demonstram que a cura espiritual ocorre quando há entrega e
confiança na ação divina.
Além disso, essa passagem pode simbolizar a necessidade de
buscar a renovação interior, pois muitas vezes o sofrimento persiste até que a
pessoa compreenda sua causa mais profunda e se abra para a transformação
espiritual.
Ela padeceu intensamente e procurou ajuda em muitos
médicos, isto mostra-nos um aspecto positivo: Ela buscava solução, mesmo
que inicialmente nos lugares errados. Quando buscamos no caminho errado, a
solução não surge. Seu sofrimento foi imensurável, mas nele sua fé foi sendo
forjada, preparada pela dor para algo maior.
Em matéria de evolução do Espírito este sofrimento de doze
anos pode significar várias reencarnações ou o tempo necessário para o ajuste
aos desígnios de Deus.
Ouvindo falar de Jesus – No hebraico e no aramaico, o
verbo "ouvir" carrega um significado que vai além da simples
captação de sons. No hebraico bíblico, a palavra "Shema" (שְׁמַע)
não apenas indica a audição, mas também envolve atenção, obediência e
internalização daquilo que é escutado. Esse conceito é fundamental na tradição
judaica, como no Shema Israel ("Ouve, ó Israel"), que não
apenas convida o povo a ouvir, mas a viver e agir de acordo com o ensinamento
recebido.
No aramaico, a ideia de ouvir também se relaciona à escuta
ativa, capaz de gerar uma verdadeira transformação interior. Esse entendimento
se conecta ao conceito grego ἀκούω
(akouō), usado nos Evangelhos para expressar a escuta que transcende o som
e implica compreensão e resposta consciente. No Novo Testamento, akouō
frequentemente significa não apenas ouvir, mas assimilar e reagir ao chamado
divino, como fez a mulher hemorroíssa ao saber de Jesus e decidir tocá-lo,
demonstrando sua fé ativa.
Essa visão reforça que ouvir espiritualmente não é um
ato passivo, mas um movimento interno que leva à mudança, à busca pela verdade
e à transformação da alma.
No contexto do Evangelho, quando a mulher hemorroíssa "ouve
falar de Jesus", isso não significa apenas que ela recebeu uma
informação, mas que ela compreendeu, acreditou e agiu com base no que ouviu.
Esse tipo de "escuta" é essencial na espiritualidade, pois ouvir a
mensagem de Cristo implica fé e mudança de vida.
E neste contexto que Paulo diz: "A fé vem pelo ouvir e ouvir a
palavra de Deus" (Romanos 10:17).
Ela ouviu falar de Jesus e compreendeu que estava perdendo
vida. Jesus, o "Verbo que se fez carne" (João 1:14), veio para que
tivéssemos vida em abundância (João 10:10).
... veio por detrás, entre a multidão - A expressão
"veio por detrás, entre a multidão" pode ser interpretada
espiritualmente como um gesto de humildade e busca sincera pela transformação.
No contexto espírita, essa passagem se relaciona com a questão 625 de O Livro
dos Espíritos, onde os Espíritos afirmam que Jesus é o guia e modelo mais
perfeito para a humanidade.
Ao se aproximar de Jesus por trás, a mulher
hemorroíssa demonstra respeito e discrição, reconhecendo sua própria
fragilidade e colocando Cristo à sua frente como referência. Esse ato
pode simbolizar a jornada de muitos espíritos que, ao longo de suas
encarnações, buscam a luz e a renovação espiritual, abandonando padrões antigos
e se entregando à orientação divina.
Além disso, a multidão pode representar os desafios,
obstáculos e imperfeições que muitas vezes dificultam a aproximação da verdade
espiritual. No entanto, a mulher persevera, demonstrando fé ativa, que é
essencial para a verdadeira cura e evolução.
...e tocou no seu vestido. - Ela tocou na orla de sua
veste (Lucas 8:44)
A mulher hemorroíssa tocou na orla da veste de Jesus, e esse
gesto simboliza fé além do dogma. Ela sabia que o poder não estava no tecido,
mas na presença viva de Cristo. Esse episódio ecoa a experiência de Pedro, cuja
sombra curava (Atos 5:15), mostrando que a espiritualidade transcende elementos
físicos quando há fé verdadeira.
Apesar das proibições impostas pela legislação levítica
sobre o contato com impuros, sua fé rompeu essa barreira:
- Impureza
Ritual: Segundo Levítico 15:25-27, a hemorragia tornava a mulher
ritualmente impura, impedindo-a de participar da vida religiosa e social.
Qualquer toque transmitia essa impureza a outros, aumentando seu
isolamento.
- Marginalização
Social: A exclusão não era apenas espiritual, mas também humana e
emocional. Vivendo à margem, sem apoio ou dignidade, sua condição
representava um profundo sofrimento.
Porém, Jesus rompeu paradigmas. Ao curá-la, Ele demonstrou
que aderir a Ele nos eleva acima de qualquer restrição humana, revelando que a
verdadeira pureza vem do coração transformado.
Apoiado nessa verdade, encontramos nas Escrituras
ensinamentos que reforçam essa ideia:
- "O
amor cobre a multidão de pecados." (1 Pedro 4:8)
- "A
fé opera pelo amor." (Gálatas 5:6)
- "Contra
essas coisas não há lei." (Gálatas 5:23)
Em Mateus 5:20, Jesus ensina:
"Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e
fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus."
Note a expressão "de modo nenhum"; seguir regras
sem avançar para a verdadeira justiça espiritual não é suficiente. A mulher
hemorroíssa avançou além das limitações da Lei, por isso foi curada e salva.
Sua fé, impulsionada pelo amor, foi maior do que qualquer dogma.
Como ensina O Evangelho Segundo o Espiritismo, "Fora da
caridade não há salvação" (Cap. XV). Não basta observar normas; é preciso
vivê-las com entrega e transformação interior.
²⁸Porque dizia: Se tão somente tocar nos seus vestidos, sararei.
Da Teoria à Ação
·
"Ouvindo"
(versículo 27) – Representa o plano conceitual, a compreensão de quem é Jesus.
- "Porque
dizia" (versículo 28) – Reflete o plano operacional, a fé em ação.
A mulher hemorroíssa não apenas
ouviu falar de Cristo, mas internalizou a verdade de que Ele tinha o poder de
curá-la. Sua crença foi ativa e não meramente teórica: ela transformou a fé em
gesto concreto ao tocar na veste do Mestre.
Lembranças de nossos primeiros
preceptores
1. A Fé como Caminho de Libertação
Honório abreu enfatizava que a fé é um processo de libertação espiritual. A
mulher hemorroíssa, ao buscar Jesus, transcendeu as barreiras impostas pela
sociedade e sua própria condição física. Sua fé foi o instrumento que a
conectou ao poder divino, mostrando que a verdadeira cura começa na alma antes
de se manifestar no corpo.
- O
Sofrimento como Ferramenta de Evolução
Tanto Honório quanto José Damasceno Sobral destacam o sofrimento como meio de aprendizado e evolução espiritual. Os 12 anos de hemorragia podem ser compreendidos como um período de expiação e preparação para um encontro transformador com Jesus. Esse sofrimento forjou nela uma fé madura, resiliente e determinada. - A
Inclusão no Reino de Deus
Sobral ressalta que Jesus sempre acolheu os marginalizados, como a mulher hemorroíssa. Ao chamá-la de "filha", Ele não apenas curou sua enfermidade, mas restaurou sua dignidade e posição na comunidade. Esse gesto reflete o princípio fundamental do Reino de Deus: amor e compaixão acima das convenções humanas. - Ação
e Fé
Honório enfatiza que a fé verdadeira exige ação. A mulher não apenas acreditou, mas tomou a iniciativa de tocar na veste de Jesus, enfrentando normas sociais e religiosas. Esse gesto simboliza a coragem de buscar transformação, independentemente dos obstáculos impostos pelas circunstâncias.
Essa passagem nos convida a agir com fé, não apenas
acreditar passivamente. A verdadeira conexão com o divino ocorre quando nossa
crença se traduz em movimento, rompendo barreiras e alcançando a verdadeira
cura espiritual.
Segundo a visão espírita, a doença pode estar ligada a
processos de expiação e aprendizado, sendo um reflexo de desafios morais e
espirituais que o espírito carrega ao longo de suas encarnações. Os 12 anos de
sofrimento podem simbolizar um período necessário para o amadurecimento da fé e
da consciência.
Ao tocar na veste de Jesus, sua fé ativa permitiu que a cura
ocorresse de maneira imediata, demonstrando que a verdadeira libertação
acontece quando há entrega e confiança na ação divina. Esse episódio reforça a
ideia de que a cura espiritual precede a cura física, pois a transformação
interior é o que realmente restaura o equilíbrio do ser.
Além disso, a sensação de estar curada no próprio corpo
representa a reconexão com a vida, a retomada da dignidade e a reintegração ao
convívio social, algo que Jesus sempre promoveu ao acolher os marginalizados.
A expressão "tua fé te salvou" (Marcos, 5: 34)
usada por Jesus reforça que a mulher hemorroíssa não apenas recebeu a cura
física, mas experimentou uma libertação completa, incluindo os aspectos morais,
espirituais e cármicos de sua jornada.
No contexto espírita, a salvação significa mais do que
livrar-se de um sofrimento passageiro. Representa a quebra dos processos
provacionais e expiatórios, indicando que aquela alma, ao atingir um novo nível
de compreensão e fé ativa, transcendeu suas dificuldades e se colocou em
harmonia com as leis divinas.
Seu sofrimento de 12 anos pode simbolizar um ciclo de
aprendizado necessário para que sua transformação ocorresse. E quando sua fé se
manifestou não apenas como crença, mas como ação, tocando a veste de Jesus, ela
encontrou sua verdadeira cura e libertação.
Cristo reconheceu essa evolução espiritual e a incluiu no
Reino de Deus ao chamá-la de "filha", restaurando sua dignidade e
mostrando que a entrega sincera à fé e ao amor supera qualquer limitação
humana.
[1]
As primícias do reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo
Pereira Franco, ed. Sabedoria.
Nesta obra, inspirada pelo desejo sincero de servir aos ideais Cristãos em nossas vidas, encontraremos a oportunidade de estudar O Evangelho de Jesus diretamente do Novo Testamento, alicerçado na Doutrina dos Espíritos, de uma maneira simples, clara e objetiva. Utilizando-se de uma metodologia fácil, e transparente, o autor teve o carinho de colocar principalmente o sentido moral e espiritual do Evangelho ao alcance de todos. Conjugou referências de vários Evangelistas. Enriqueceu as narrativas com expressivos textos de Emmanuel e André Luiz. E ao interpretar os versículos, analisando palavras e expressões isoladas à luz do Consolador Prometido, nos aproximou ainda mais do sentido espiritual existente nas 'Entrelinhas' do Evangelho. Revelando-nos a essência moral dos ensinos do MESTRE, deixa-nos claramente a certeza, de que vivendo o Evangelho plenamente em nossas vidas, teremos assimilado os ensinamentos do Divino Terapeuta da Humanidade. bit.ly |
A Parábola das Dez Virgens . Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. espiritismoeevangelho.blogspot.com |
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