Ora, há diversidade
de dons, mas o Espírito é o mesmo.
Podemos
dizer com toda segurança que este capítulo 12 desta epístola é um
estudo perfeito sobre a mediunidade.
Ora, há
diversidade de dons, podemos ver aqui os
vários estados evolucionais em que se encontram os Espíritos; não
há entre eles dois em uma idêntica posição, sejam encarnados ou
desencarnados; há diversidade entre as conquistas de cada um. Por
isso a imensa diferença existente na compreensão de um mesmo texto,
o que faz surgir várias religiões com a mesma origem; ou a
variedade de reações individuais em que os seres se manifestam, às
vezes, diante de um mesmo acontecimento. Há
diversidade de dons.
Não é por outro motivo
que a psicologia hodierna destaca e dá grande importância a questão
da alteridade. Somos distintos, desta forma a maneira de tratar cada
qual deve ser também diferente.
Porém o
que salta aos olhos com muita clareza é o entendimento do apóstolo
sobre a questão da mediunidade, estudo esse que só veio a ser
realizado com competência científica dezenove séculos mais tarde,
por Kardec e seus seguidores.
Por pouco
Paulo não afirmara “há diversos tipos de mediunidade” como
mostra-nos o Codificador em O Livro dos
Médiuns em vários capítulos desta
magistral obra.
Se há
diversos tipos de manifestações mediúnicas e vamos no decorrer
destas linhas falar um pouco sobre algumas delas, mesmo que de forma
simples e superficial, não podemos deixar de destacar o médium que
podemos ser, cada um de acordo com as suas características, em
nossos relacionamentos pessoais no dia a dia de nossa existência.
Médium em
seu sentido geral é o que está no meio, o intermediário. No
sentido espírita é o intermediário entre os Espíritos
desencarnados e o homem. Pelo simples fato de sermos influenciados
pelos Espíritos somos médiuns, e isso acontece a todos,
indistintamente.
Assim, há
muitos modos de exercermos nossa mediunidade nas atitudes
corriqueiras de nossa vida. Podemos ser médiuns:
Não é
preciso estar em uma mesa mediúnica para levarmos consolo ou ajudar
os Espíritos:
Podemos
atender ao convite da caridade em um simples compartilhar de
alimentos.
Também
assim o faremos através de um sorriso ou de uma atenção dada a um
marginalizado pela sociedade.
Do
mesmo modo realizaremos se, atendendo ao chamado da consciência,
nos desculparmos com os outros diante de um erro.
Há
diversidade de dons, e inúmeras são as
formas deles se manifestarem.
Mas o
Espírito é o mesmo. Se for feita uma
análise apressada pode parecer que este versículo admite que só um
Espírito se comunique por via mediúnica. Não é isso que o
apóstolo quer dizer, ele mesmo sabia por experiência própria que
bons e maus Espíritos podem se manifestar; para confirmar tal fato
vejamos o livro de Atos dos Apóstolos no capítulo 19, onde temos:
E, impondo-lhes
Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas
e profetizavam.
Respondendo,
porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus e bem sei quem é
Paulo; mas vós, quem sois?
Assim,
fica claro, como explica o autor de O Livro
dos Médiuns que há grande diversidade
também entre os Espíritos:
O progresso dos
Espíritos faz-se gradualmente e, algumas vezes, com muita lentidão.
Entre eles alguns há que, por seu grau de aperfeiçoamento, veem as
coisas sob um ponto de vista mais justo do que quando estavam
encarnados; outros, pelo contrário, conservam ainda as mesmas
paixões, os mesmos preconceitos e erros, até que o tempo e novas
provas os venham esclarecer. Notai bem que o que digo é fruto da
experiência, colhido no que eles nos dizem em suas comunicações.
É, pois, um princípio elementar do Espiritismo que existem
Espíritos de todos os graus de inteligência e moralidade.
Mas o
Espírito é o mesmo. Então o que queria o
fundador da igreja de Corinto dizer com esta expressão?
Já
dissemos anteriormente que Paulo escreveu esta carta, motivado pela
dissensão que estava acontecendo entre os coríntios, e a pedido de
alguns cristãos locais buscava orientá-los para uma melhor conduta
moral.
Vejamos o
que escreve ele em capítulo anterior:
…porque ainda sois carnais,
pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois,
porventura, carnais e não andais segundo os homens?
Porque, dizendo
um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu, de Apolo; porventura, não sois
carnais?
Pois quem é
Paulo e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e
conforme o que o Senhor deu a cada um?
Eu plantei, Apolo regou; mas
Deus deu o crescimento.
Pelo que nem o que planta é
alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento.
Ora, o que
planta e o que rega são um; mas cada um receberá o seu galardão,
segundo o seu trabalho.
Porque nós
somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de
Deus.
E logo
após continua:
Portanto,
ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso: seja Paulo, seja
Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o
presente, seja o futuro, tudo é vosso, e vós, de Cristo, e Cristo,
de Deus.
Assim,
quando diz que o Espírito é o mesmo,
não está o redator da epístola a falar do Espírito comunicante,
pouco importa qual é o seu nome, e sim do Espírito que dirige o
trabalho em planos mais elevados, que no caso do planeta Terra é o
Cristo Jesus que assim faz em nome de Deus o Criador de todas as
coisas.
É muito
comum em nossas casas espíritas avaliar uma mensagem espiritual pelo
nome do Espírito comunicante, e assim a aprovamos ou não dependo de
quem ditou. Grande o erro em que incorremos segundo o que diz Paulo e
também Kardec. É preciso que entendamos que na base de todo
trabalho para o bem está o Cristo, ele é o Espírito que coordena
toda movimentação em favor da implantação do Reino de Deus na
Terra, assim, avaliemos o conteúdo do que nos traz o médium, se for
bom divulguemos, se não, saibamos de forma cristã rechaçar. Não
importa para nós quem foi que ditou, acima de Emmanuel, André Luiz,
Kardec, ou quem quer que seja, está Jesus que em nome de Deus
trabalha, e é a Este a que devemos servir, pois ao Pai é a quem
devemos glorificar, e sobre ele também podemos afirmar:
Mas o
Espírito é o mesmo.