terça-feira, novembro 28, 2023

Apocalipse: A Volta de Jesus Nas Nuvens

 


 Em nosso post anterior, comentando sobre o Sermão Profético de Jesus comentamos sobre a vinda de Jesus nas nuvens (Mateus, 24: 30). 

Neste atual comentamos o mesmo evento com base no texto do Apocalipse para aprofundarmos nosso estudo.

Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém! (Apocalipse, 1: 7)

 Este versículo contém Daniel, 7: 13, Zacarias, 12: 10 e 14. Podemos dizer que de forma sintética este é o tema do Apocalipse, a segunda vinda de Jesus.

Ainda vamos comentar mais sobre esta segunda vinda, mas é preciso que se compreenda que ela não será uma vinda física do Senhor como a literalidade do Evangelho nos propõe. A volta de Jesus se dará no plano de redenção pessoal. Jesus veio e trouxe-nos os instrumentos de nossa libertação, ele voltará em nós pela utilização devida destes instrumentos. É lógico que quando isto acontecer no plano da individualidade nós vamos nos encontrar pessoalmente com ele, e será em grande estilo e glória este encontro, é o que depreendemos de vários encontros com ele que tiveram discípulos fiéis seus como vimos várias vezes na literatura espírita. A ressurreição definitiva será espiritual e nada nos faz crer que ela será coletiva num mesmo momento para todos.

Vários Espíritos já realizaram esta segunda vinda do Cristo em si, nós também a realizaremos, e todos realizarão; quando?

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.[1]

Interessante notar que ao responder a Simão Pedro num diálogo após sua ressurreição narrado no último capítulo do Evangelho de João, quando questionado sobre o discípulo amado que o seguia naquela ocasião, Jesus disse:

Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.[2]

João, que era este a quem Simão Pedro se referia é o autor do Apocalipse, ele foi o único dos apóstolos que sobreviveu até os últimos anos do primeiro século, e foi quem nos trouxe esta Revelação, que de certa forma podemos dizer, é Jesus voltando através de Sua mensagem, que é justamente essa, a da necessidade de vivenciarmos o Evangelho para assim desativarmos de nós a necessidade de sofrermos os impactos da Lei. O final deste texto nos fala sobre a Jerusalém Celestial e sobre o estabelecimento da ordem com a volta de Jesus.

Não será, de certa forma, o Apocalipse, ao invés de uma tragédia, como muitos têm visto, uma volta de Jesus? E quando João o recebeu? Após testemunhar o Evangelho por longos anos a ponto de ser exilado da ilha de Patmos por desafiar o mundo e seus valores transitórios. Patmos foi para João, como que sua crucificação, um coroamento de sua missão, pela qual Jesus pôde voltar através deste Apocalipse que ora estudamos.

Portanto, esta vinda é relativa, ela acontecerá, não temos dúvida, mas só será definitiva quando for em nossos corações renovados.

Eis que vem com as nuvens; nuvens definindo algo do Alto. Jesus se manifesta sempre num plano de ordem superior. Para muitos uma nuvem pode significar o frescor, o alívio de um sol muito quente; para outros uma chuva promissora para sua lavoura; outros, entretanto, a verão como uma tragédia, pois ela pode ser também prenunciadora de uma chuva que destrua seus bens e até mesmo suas conquistas de anos.

Todavia, a mensagem do Evangelho é esta mesmo, quem disse que ele é sempre alegria? Aliás, deveria ser, mesmo na tristeza transitória. Muitas vezes, é nas grandes perdas que nos encontramos com Deus e o realizamos em nossa vida.

Assim, amar, nem sempre é só perdoar, nem sempre é só fazer caridade. Como um juiz deve se manifestar, ou manifestar amor, diante de um réu culpado, que assassinou, por exemplo? Não é condenando-o? Amor também tem suas expressões de justiça.

Jesus virá sim com as nuvens, do Alto, mas às vezes tão rarefeito que nem o perceberemos. Estejamos atentos…

…e todo olho o verá; trata-se de um olho que tem capacidade de ver para além do físico, uma visão transcendente, uma compreensão superior.

Como é que Jesus se manifesta? Através daqueles que O vivem. Muitos podem falar de Jesus, lerem o Evangelho em voz alta, e não comunicarem a sublime mensagem da Boa Nova; não O veremos através destes. Entretanto, mesmo se desvinculado de qualquer escola religiosa alguém viver a mensagem do amor, ela é vista por todos.

…não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.[3]

Temos um exemplo claro disto através de nosso querido Chico Xavier. Ele foi sempre a manifestação viva do Evangelho, não o estamos endeusando, ele não era perfeito, mas fez sempre mais do que podia em favor do Cristo e de sua autoiluminação. Ele recebeu pessoas diversas, das mais variadas religiões, todos que com ele estiveram, independente de crença foram claros, “há nele algo especial”. Para aqueles que foram mais atentos, a vida nunca mais foi a mesma. Ele não é unanimidade, nem poderia ser em nosso mundo, todavia, todos os respeitam, ninguém há que consiga dele falar mal se estiver em seu juízo perfeito, mesmo que discorde de suas convicções religiosas.

Todo olho o viu, viu Jesus através do Chico. Muitos mudaram sua realidade mental.

Assim será com todos quando definitivamente vivermos a essência da mensagem cristã, mesmo se através de outras escolas religiosas, pois podemos dizer o mesmo de uma Madre Tereza de Calcutá, de um Gandhi, ou de outros discípulos do Senhor.

E todo olho o verá…

…até os mesmos que o traspassaram; diz respeito aos que não compreenderam a Mensagem da Cruz.

Mas sempre chega o momento de iluminação e da compreensão, mesmo que longe no tempo.

O testemunho é a melhor maneira de convencer alguém de uma realidade. Dissemos do Chico, quantos através de sua vida operante no Bem não se convenceram da necessidade evangélica?

Entretanto, existe um tempo de amadurecimento. Só quando há uma ressonância no íntimo a criatura vê e enxerga.

No primeiro momento somos acusadores, infringimos a ordem, não compreendemos a mensagem de amor. Entretanto, a vida através de seus processos dolorosos, das perdas, seja dos valores do mundo, ou entes queridos, despertam a nossa realidade espiritual.

Lembrando novamente do Chico, quantos o acusaram, entretanto, depois da perda de uma alma amada, puderam através justamente dele encontrar a paz e a harmonia interior. Falsidade? Não, despertamento espiritual. Isto é mais do que o olho físico pode ver.

Ele acontece, na maioria das vezes, quando de nossas fraquezas em relação às coisas do mundo. Nestes momentos, até os mesmos que trespassaram Jesus vão O reconhecer como definitivo libertador de suas consciências.

…e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém! Àquele tempo o povo hebreu era divido em tribos, eram as doze tribos de Israel. Estas tribos representavam a totalidade do que eles tinham como “povo de Deus”.

O número doze tem, dentro da simbologia, este caráter de universalidade, assim, devemos abrir este entendimento e ver aqui toda humanidade. Quando no sétimo capítulo surge o número dos assinalados, os cento e quarenta e quatro mil, trata-se de mais uma equação do doze projetando assim, ao infinito este número.

Portanto, toda tribo expressa toda humanidade cristã e não cristã, pois em verdade, somos todos cristãos já que somos governados pelo Cristo, basta aceitar esta direção.

Se lamentarão; expressa um pesar por uma perda, no contexto original esta palavra expressa um bater no peito com aflição, com tristeza, pela morte de alguém. Significa aquela perda de tempo por não ter aceitado o Cristo antes, pelo tanto que deixamos de fazer.

Percebemos através da literatura mediúnica que este é um sentimento comum dos Espíritos quando desencarnam e tomam consciência da realidade da vida essencial, sempre veem que perderam tempo, por mais que fizeram é pouco diante da Verdade Universal do Bem e da necessidade de colaborar.

 

Texto extraído do livro Segredos do Apocalipse

Disponível em papel e E-book:

https://www.institutodesperance.com.br/

Amazon.com/claudiofajardo

 



[1] Mateus, 24: 36

[2] João, 21: 22

[3] Mateus, 5: 14


quinta-feira, novembro 23, 2023

O Sermão Profético de Jesus - O Sol Escurecerá...






E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. (Mateus, 24: 29 e 30)



E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. 

E, logo depois… - Esta expressão define para nós que em se tratando de acontecimentos dentro do andamento natural da Lei, tudo tem a sua a hora, existe uma sequência a ser cumprida sem ferir a ordem geral que tudo rege. 

…da aflição daqueles dias… - Daqueles dias exprime, como temos dito, estes momentos de transição necessários a passarmos de uma fase a outra. São dias difíceis tanto no particular quanto no geral. Se existem obstáculos a serem vencidos pela individualidade, o mesmo podemos dizer da coletividade; originando, deste modo, guerras, calamidades e doenças generalizadas que tanto nos incomodam. 

Entretanto, se tais situações são geradoras da aflição predita por Jesus, muito maior é a que sentimos no campo íntimo, por já possuirmos o discernimento espiritual sem todavia, alterarmos nossa conduta para melhor como se faz necessário; é o que poderíamos chamar de angústia gerada pelo "complexo de Moisés", que é aquele sentimento de ver a "Terra Prometida", sem no entanto poder adentrá-la. Ou seja, nós muitas vezes sabemos o que fazer, sem entretanto realizarmos deste modo; temos o sentimento do Reino, sem, todavia, lá nos situarmos como posição conquistada. Esta dualidade em que nos situamos, nos causa profundo desconforto, sendo deste modo, a causa desta angustia das nações de que nos fala Lucas, porque qual a origem do todo, senão o que vai na intimidade das partes? 

… o sol escurecerá… - O sol, como elemento mantenedor de nosso sistema planetário, podemos entendê-lo como a própria Luz Divina. Então, como compreender que ele escurecerá, se a Luz vinda de Deus não se apaga nunca? 

É que devemos entender a vinda do Filho do homem como o momento da ressurreição[1] da própria criatura, e não podemos esquecer que a esta antecede a crucificação. O escurecimento do sol, é justamente este instante de martírio íntimo, em que nem mesmo o auxílio espiritual parece nos socorrer, é aquele momento em que procuramos ajuda num amigo, e ele não se encontra, procuramos por uma página consoladora e mensagem que cai é outra completamente diferente do que estamos querendo; nos alertando assim, para a necessidade de vencermos aquele momento com recursos próprios. O amparo do Alto existe, mas é como se houvesse um hiato, para que possa ser avaliado as nossas possibilidades. Foi para nos ensinar que este momento seria necessário, que Ele o Maior entre todos os educadores, disse: 

Eli, Eli, lemá sabactâni, isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?[2] 

…e a lua não dará a sua luz… - A lua não tem luz própria, a luminosidade que ela manifesta é originária do sol, assim, podemos simbolizá-la, como aqueles valores que possuímos ainda não devidamente acolhidos em nossa intimidade como conquista definitiva; deste modo, para que eles se manifestem é necessário um contato maior com o grupo que nos apoia ou com a nossa Consciência Profunda; quando falta a luminosidade do sol íntimo, a nossa lua, também não dará a sua luz. É o momento da fé vacilante, é como se faltasse aquele piso que nos dá a devida segurança. 

…e as estrelas cairão do céu… - As estrelas são justamente aqueles recursos que falamos anteriormente, com os quais temos de contar nestes instantes aflitivos, é a luz própria, ou dizendo de outro modo, as virtudes conquistadas. Num primeiro momento podemos pensar que elas também falharão, pois fala-nos o Senhor que elas cairão do céu. Mas é questão de interpretação, elas cairão do céu, quer dizer que naquele momento, elas não vão iluminar a coletividade, vão atender é às nossas necessidades mais íntimas; estrelas serão sempre estrelas, não há perda ou retrocesso na Economia da Vida. A queda das estrelas do céu, quer justamente dizer que elas vão sair do plano simplesmente contemplativo, para o operacional, será a dinamização dos recursos que já possuímos, no sentido de construirmos a própria segurança. 

…e as potências dos céus serão abaladas. – Se tudo isto se dará no campo íntimo, haverá logicamente, e como dissemos em outra parte, um reflexo no coletivo. As potências dos céus são justamente aqueles Espíritos encarnados ou desencarnados já afinados com os valores espirituais, e que trabalham na Seara do Cristo para a implantação do Evangelho no coração das criaturas; ou ainda, representam a própria Mensagem do Eterno que sempre esteve presente no seio de todos os povos. Quando Jesus diz que elas serão abaladas, não fala de um abalo em si mesma, pois o que é de Deus, não sofre oscilações; fala-nos de um abalo de fora para dentro, o que é natural, de uma descrença que pode acontecer, de uma supremacia dos valores do mundo sobre os valores do Cristo. É o que deixa-nos nas entrelinhas a mensagem da morte de Jesus; por dois dias a terra, representando o poder transitório ficou em cima do Cristo – são os dois milênios de domínio das trevas -; para no terceiro dia – terceiro milênio – haver a Ressurreição, e as Potências do Céus, que representam a Verdade de Deus, ficarem acima da terra, ou, reinarem na Terra como um planeta Governado e Dirigido pelo Cristo de Deus. 

Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. 

Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem… - Após estes momentos de dores e de angústias, onde todos serão testados, tanto individual como coletivamente, informa-nos o Senhor que, então, isto é, como consequência do amadurecimento gerado por estes acontecimentos, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem. Esta é uma manifestação da misericórdia divina, e do andamento natural da Lei; quando finda o tempo necessário ao aprendizado, inicia uma nova fase, baseada nos valores conquistados. 

O sinal do Filho do homem aparecerá no céu, ou seja, através de nossa vinculação com um estado de espírito superior. O Cristo existiu desde sempre em nós, e também em todas as manifestações do nosso orbe…  

Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.[3] 

Entretanto, devido à nossa sintonia inferior não O percebemos… 

…estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu.[4] 

Ele aparecerá no céu. Este é um prenúncio de que está a terminar nossos ciclos de resgate, pois conforme nos diz Jesus segundo as anotações de Lucas, está próxima a nossa redenção.[5] Ou segundo os dizeres do converso de Damasco: 

Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus… 

…na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.[6] 

…e todas as tribos da terra se lamentarão… - As nações e os povos antigos eram subdivididos em tribos. O uso desta expressão aqui significa que todos se lamentarão; a mais intima das células da sociedade se lastimará diante do grande acontecimento que será o reencontro com o Filho do homem. Este lamento se dá, porque por mais que realizemos em favor do progresso espiritual, a Misericórdia do Criador é ainda maior, e veremos neste encontro conosco mesmo, que poderíamos ter feito mais. Tal situação é muito comum de se dar no regresso do Espírito ao plano espiritual após uma oportunidade reencarnatória. No momento em que ele se vê diante de si, e de suas realizações, o primeiro sentimento que tem, é o de que perdeu oportunidades; sendo que alguns ainda afirmam que nem mesmo o maior dos fracassos no plano da matéria é mais doloroso do que a vergonha que se sente por ter, em vários momentos, se estacionado, ou simplesmente deixar de ter feito o Bem. 

Se isto se dá no final de uma simples etapa encarnatória diante da grandeza da Vida Espiritual, o que não se dará no final de um ciclo maior, em que o Espírito muitas vezes se vê diante da oportunidade de uma promoção a um Mundo mais elevado em matéria de espiritualidade? 

…e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu… - A nuvem é o cenário normal da manifestação dos Espíritos representantes de Deus ou do Filho do homem, conforme vemos em Daniel, no Apocalipse, e em outros livros tanto do Velho como do Novo Testamento: 

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele.[7] 

Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém![8] 

Disse, pois, o Senhor a Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está sobre a arca, para que não morra; porque eu apareço na nuvem sobre o propiciatório.[9] 

Esse vir sobre as nuvens, quer justamente dizer-nos do caráter espiritual que terá esta manifestação, virá do Alto, em uma, e de uma vibração elevada, superior a tudo o que conhecemos neste mundo transitório. Este momento de Unificação Plena com o Criador é Único, Deus é espírito, e só espiritualmente podemos compreendê-Lo. 

…com poder e grande glória. – Ter poder é ter possibilidade, autorização, força, para realizar algo. Nada dá mais poder do que a Autoridade conquistada pela vivência do que se conhece, a glória é justamente esta conquista. 

A Lei Divina é o regulamento que tudo dirige, tanto no micro quanto no macrocosmo; tanto no mundo físico, quanto no espiritual. Estar em acordo com esta Regulamentação, é estar Uno com o Pai, é ter em si o Verdadeiro Poder, o único que realmente dá segurança e força para qualquer realização. 

Quando deste modo, realizamos em nós a edificação estruturada na Verdade Universal, adquirimos este Poder, e a Glória será tão grande que nada será capaz de impedir a nossa total e definitiva vitória sobre o mundo e todas as suas imperfeições. 

Não é outro o sentido das Palavras Daquele que assim tendo feito, pôde declarar-Se com a Suprema Autoridade, ser o Pão da Vida: 

E, naquele dia, nada me perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.[10] 



[1] Adotamos aqui a idéia de ressurreição como ressurgir para a Vida, e não como ressurreição de corpos, que segundo algumas crenças se dará no dia do juízo final. 

[2] Mateus, 27: 46 

[3] João, 1: 3 

[4] João, 1: 10 

[5] Conforme Lucas, 21: 28 

[6] Romanos, 8: 19 e 21 

[7] Daniel, 7: 13 

[8] Apocalipse, 1: 7 

[9] Levítico, 16: 2 

[10] João, 16: 23 


Texto extraído do Livro O Sermão Profético

Disponível em:

Instituto Desperance

Amazon Cláudio Fajardo



Apocalipse - Mitos e Verdades com Haroldo Dutra Dias

 



 

segunda-feira, novembro 13, 2023

Bíblia Espírita

                                                                               
 
 
 
 

Em nossos estudos temos falado que a Bíblia é o livro mais importante que já foi editado em todos os tempos.

Recentemente fomos arguidos se achamos que a Bíblia é mais importante do que a Codificação Espírita. Ao que respondemos com muita consciência, que não, pelo simples motivo de que, em nosso entendimento, a Codificação Espírita faz parte da Bíblia.

Como assim? Podem perguntar alguns…

Para responder esta questão temos de lançar mão de alguns dados históricos a respeito da formação da Bíblia.

Não pretendemos aqui fazer nenhum estudo aprofundado sobre o assunto, apenas registrar algumas informações para que possamos melhor responder a esta questão.

 

Bíblia

 

Os textos da Bíblia surgiram ao longo de vários séculos, em lugares e tempos diferentes, através de diversos autores. O livro de Hebreus, confirma isto. (Hb, 1: 1)

Os relatos mais antigos datam entre 1500 e 1200 a.C através de registros que habitualmente eram orais.

Podemos dizer mesmo que os primeiros escritos surgiram durante o exílio da Babilônia e depois dele pelos judeus remanescentes em Judá, que uniram tradições orais e litúrgicas formando assim os primeiros manuscritos.

Entretanto, mesmo estes textos não mostravam a Bíblia como ela é hoje. Alguns estudiosos afirmam que a configuração do que chamamos de Antigo Testamento só se deu após o ano 70 d.C..

Este livro que chamamos Antigo Testamento, era conhecido como Bíblia Hebraica ou Judaica.

 

Entre o III e o I século a.C quando os judeus estavam sobre o domínio dos Ptolomeus, para atender ao desejo e à necessidade dos helenistas a Bíblia Hebraica foi traduzida para o grego originando assim, o que conhecemos hoje como Septuaginta ou Bíblia dos LXX.

É preciso considerar que esta não foi apenas uma tradução, mas a Septuaginta fez várias alterações na Bíblia Hebraica, entre elas a mudança de títulos de vários livros, a ordem dos mesmos, inclusive incluindo livros que originariamente foram escritos em grego e que não estavam na versão hebraica. Além de que alguns rabinos apontavam erro em várias expressões traduzidas. Todavia, as comunidades cristas dos primeiros séculos aceitaram naturalmente a Bíblia grega e fizeram dela sua Escritura, talvez porque os autores do Novo Testamento ao citarem o Antigo Testamento usam-na quase sempre o que demonstra que Jesus e seus apóstolos a usavam para suas reflexões como Escritura confiável.

Assim, mais tarde, quando a tradição cristã agregou à Escritura antiga a sua Escritura, ou seja, o Novo Testamento ao Antigo Testamento, ela usou a Septuaginta e a ela acrescentou os livros canônicos do Novo Testamento criando assim a Bíblia Cristã, formada pelo Antigo e Novo Testamento.

 

No século XVI, com o movimento reformista que deu origem à reforma protestante, os cristãos reformistas aboliram de sua Bíblia os livros do Antigo Testamento que não faziam parte da Bíblia Hebraica, dando assim origem a outra Bíblia Cristã que seria adotada por todas escolas protestantes, com sessenta e seis livros, ou seja, sete a menos que a Bíblia Cristã de origem católica.

 

Concluindo o que dissemos até agora vimos então que temos assim, pelo menos quatro Escrituras oficiais, formando deste modo, quatro Bíblias diferentes, isto é, a Bíblia Hebraica, a Bíblia Grega, A Bíblia Cristã Católica e a Bíblia Cristã Protestante, isto sem falar da Bíblia Samaritana, dos Targuns aramaicos entre outras que são menos conhecidas do público leigo.

 

 

Doutrina Espírita

No Século XIX, quando do Advento do Espiritismo, os Espíritos mostraram a Kardec que a Revelação Espírita não era uma revelação que fazia da Doutrina Espírita apenas mais uma religião ou filosofia. E sim que fazia parte de um projeto de Deus de três revelações que estavam interligadas entre si.

Se as Revelações (as três) eram de Deus, elas teriam que ser uniformes e sem contradições, pois Deus é imutável e a verdade não pode estar em coisas que se contradizem.

Santo Agostinho, o bispo de Hipona, disse: "O Novo Testamento está oculto no Antigo e o Antigo está revelado no Novo". Do mesmo modo podemos afirmar sem nenhuma dúvida que a Doutrina Espírita está oculta no Antigo e no Novo Testamento, e que ambos estão revelados na Doutrina Espírita.

Nossos irmãos católicos e protestantes têm a Bíblia como livro inspirado e de autoria espiritual do Espírito Santo. Na Bíblia Espírito Santo e Espírito de Verdade são expressões sinônimas, e todos os espíritas sabem que a autoria espiritual da Codificação Espírita é o Espírito de Verdade, ou seja, o mesmo autor espiritual da Bíblia.

Podemos assim considerar que a Doutrina Espírita como 3a Revelação tem como obras básicas cinco livros: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e a Gênese.

A 1ª Revelação, atribuída pelos Espíritos a Moisés, tem também cinco livros básicos: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio.

Se analisarmos bem esta também é a configuração da 2ª Revelação. São quatro Evangelhos, Mateus, Marcos, Lucas e João, e temos o Apocalipse como a quinta obra básica, pois o Apocalipse também é Evangelho já que ele termina com a "Boa Notícia" da Nova Jerusalém e a Volta de Jesus através do Novo Céu e da Nova Terra como transformação moral da humanidade da Terra.

Portanto, coincidência ou não, e nós particularmente achamos que não é coincidência, a 1a Revelação inicia-se com "Gênesis" e a última, a 3a, termina com "A Gênese". E se analisarmos que o conteúdo moral delas é o mesmo vamos perceber que a identidade de Seu Autor espiritual é a mesma.

Como síntese do que temos dito até então, podemos afirmar que se o judaísmo mais tradicional tem na Bíblia Hebraica sua Escritura, se o Judaísmo Helenista tem na Septuaginta a sua Bíblia, e se há uma Bíblia Cristã Católica, e uma Bíblia Cristã Protestante, por que não pode haver também uma Bíblia Espírita como Escritura confiável da Doutrina Espírita? Nós também somos cristãos e temos o mesmo ideal de redenção através da vivência evangélica. Se a Bíblia tradicional é considerada por nossos irmãos, como Palavra de Deus, o mesmo podemos dizer, assim, de nossa Bíblia, que tem nos livros de Moisés e nas outras complementares do Antigo Testamento o 1º Testamento; nos Evangelhos e nas outras obras complementares do Novo Testamento, o 2º Testamento; e na Codificação Espírita e nas obras complementares de Kardec e de Francisco Cândido Xavier o 3º Testamento.

Espero assim ter respondido à questão a nós dirigida conforme narramos no início deste texto.

 

 
 

quarta-feira, novembro 08, 2023

Sermão Profético - a Segunda Vinda de Jesus

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Como falamos anteriormente a parousia - palavra grega que quer dizer presença – significando a 2ª vinda de Jesus se dará no fim, que neste verso representa o fim de um ciclo evolutivo, 

A doutrina espírita nos mostra que será o fim do ciclo de provas e expiações para a entrada num novo ciclo, o do mundo regenerado. 

Portanto, quando falamos em 2ª vinda de Jesus estamos falando do Mundo Regenerado. Sigamos com nossos comentários: 

 

 

 

E este evangelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim. (Mateus, 24: 14)

E este evangelho do Reino… - A palavra Evangelho vem do grego euangélion, que quer dizer boa nova, ou boa notícia. Ao dizer, este evangelho do Reino, Jesus falava da Doutrina que Ele ensinava; portanto, do mesmo modo que não podemos confundir o mapa com o território, ou a partitura com a música, não podemos entender por Evangelho, o livro, e sim o conteúdo do livro, ou ainda, a essência da mensagem. Esta mensagem é a do Amor Universal, não importa vestido de qual religião está, em qual tradução ou língua. 

Toda vez que referirmos a uma moral coerente com a mensagem do Sermão do Monte, é deste Evangelho do Reino que estamos falando. 

…será pregado em todo o mundo… - Será pregado ou proclamado a todas as pessoas, isto é, Jesus será reconhecido por todos e a Sua missão será finalmente entendida. Hoje, apenas uma parcela da humanidade conhece Jesus, mas haverá um momento em que todos O terão como Guia e Modelo. 

No plano íntimo isto se dará quando definitivamente acolhermos em nosso interior, como verdade, a mansa e revolucionária Notícia trazida pelo Meigo Rabi da Galileia. Aí, todo o nosso mundo íntimo estará renovado, e como consequência, o exterior também modificará, e para melhor. 

… em testemunho a todas as gentes…- Aqui, Jesus dá-nos a forma correta de divulgar o Seu Evangelho: em testemunho a todas as gentes, ou seja, testemunhando o que se prega, vivenciando a mensagem libertadora, simplesmente sendo coerente. E para que ele seja "pregado em todo o mundo", a vivência tem de ser com todas as gentes, sem acepção de pessoas, de credos ou de cor. Não é só, sermos cristãos com aqueles que comungam nossos ideais não, é principalmente praticar a caridade com os que nos são desafetos, com os que pensam diferente, com aqueles que de nós mais exigem. 

Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?[1] 

…e então virá o fim. – Todos os acontecimentos estão dentro da Ordem Natural, sendo assim, tudo tem o seu tempo; começo, meio e fim. O fim só vem quando é chegado a hora, ou, depois do começo e do meio. 

Anteriormente analisamos a expressão fim do mundo, conforme anotado pelo evangelista no versículo três deste capítulo, como sendo fim de um tempo, ou de um ciclo. Este tempo só chegará ao seu final quando já tiver cumprido o seu papel diante da vida, tudo acontece desta forma. Ora, o objetivo da Vida é nos impulsionar para adiante; despertar de nosso interior, o espiritual que lá existe. Ao dizer que o fim se dará quando o Evangelho for pregado em todo o mundo, Jesus quer justamente dizer, que só quando estivermos amadurecidos o suficiente, e vivenciando plenamente Seus Ensinamentos, é que seremos promovidos a uma nova etapa, então virá o fim, não do mundo, mas do nosso mundo ainda egoísta, mesquinho e pessoal. 

 

Texto extraído do Livro O Sermão Profético

Disponível em

https://www.institutodesperance.com.br/ ou 

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Lembremos as palavras de Emmanuel: A maior Caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua própria divulgação.


[1] Mateus, 5: 46