terça-feira, março 18, 2025

Sobre o #Salmo22




 
Muitos dizem não acreditar no Evangelho, pois afirmam que Jesus jamais diria estas palavras: 

  • Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? As palavras do meu rugir estão longe de me salvar! (Salmo, 22: 2) (BJ)
É preciso estudar...
Trata-se de uma profecia cumprida em Suas palavras
Em Seu momento mais difícil na cruz, Jesus falou em aramaico, a linguagem comum de Seu tempo, citando o Salmo 22 - "Eloi, Eloi, lama sabachthani".
É importante notar que o Salmo 22 foi originalmente escrito em hebraico, embora o Novo Testamento cita Jesus como recitando a tradução aramaica.
O Salmo 22 foi escrito séculos antes da crucificação romana existir e detalhou aspectos específicos da morte de Jesus que mais tarde se desdobrariam no Calvário:
  • "Todos os que me veem zombar de mim; fazem-me a boca; balançam a cabeça" (versículo 7) – cumpre-se como os espectadores zombavam de Jesus na cruz.
  • "Ele confia no Senhor; livra-o dele; livra-o dele, porque deleita nele" (versículo 8) – ecoou nas provocações dos que estavam no Calvário.
  • "As minhas vestes dividem-se entre eles, e para as minhas vestes lançam sortes" (versículo 18) - cumpriram-se precisamente como os soldados romanos lançam sortes para as roupas de Jesus.
  • O hebraico antigo do versículo 16 diz "como um leão, minhas mãos e meu feet", וְרַגְלָי (e meus pés), embora algumas traduções iniciais traduzam isso de forma diferente, vendo nela uma conexão com a crucificação.
  • Notas de rodapé da Bíblia (BJ2) - 2002 - Bíblia de Jerusalém
  • Salmos 22 : 16 : seco está meu paladar,[z] como um caco, e minha língua colada ao maxilar; tu me colocas na poeira da morte.
  • [z]: "meu paladar": hikkî, conj.; "minha força": kohî, hebr.

Pensemos a respeito. Existem situações em nossas experiências provacionais, que só podemos enfrentá-las a sós.
Nestes momentos, procuramos consolo em alguém e este alguém não se faz presente. Buscamos um livro e a página cai em lição que nada tem a ver com a nossa situação.
Além de mostrar sua condição messiânica, talvez tenha sido esta a lição do Mestre.
Há situações que temos de enfrentar sozinhos.

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segunda-feira, fevereiro 24, 2025

Sabedoria de Tiago - Suportar a Provação com Paciência




Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.
Bem Aventurado é sinônimo de feliz. E conforme já dissemos em outro momento:
 … a felicidade promovida pelo Cristo, não é a felicidade que conhecemos, fugaz, momentânea, porque embasada em valores temporários. A felicidade a que se refere o Evangelho é definitiva, porque é conquistada pelos valores do Espírito.[1]
O homem; não está nominado porque é qualquer um que proceder conforme a orientação do evangelista.
O verbo suportar diz respeito a resistir às provações. Por si só não há grandes virtudes em suportar, pois mostra que ainda estamos vinculados à faixa da justiça, só suportamos porque não há outro modo, suportamos como consequência de uma ação menos feliz anterior, e que é impositivo da Lei sofrer as consequências.
Normalmente aquele que suporta, que tolera, ainda acha que o outro está errado, que ele está certo, portanto ele suporta o outro achando-se superior.
A virtude conforme a narrativa do apóstolo está em suportar com paciência, pois aí há uma ação construtiva no bem, há um ensinamento velado transmitido a todos mostrando a faixa espiritual que vibra aquele que pratica esta ação pacificadora, pois suportar com paciência é o mesmo que compreender seja a própria provação ou as pessoas por meio das quais ela vem.
Compreender é no mínimo enxergar o outro, saber de suas necessidades, saber qual a sua capacidade e agir com proveito em favor do crescimento tanto do outro quanto de si mesmo. E compreender a provação é saber avaliar a sua necessidade e desativar os pontos que geram sofrimento, contribuindo assim para a manutenção da harmonia.
Provação; no grego é peirasmos, uma palavra que pode ser traduzida tanto por provação quanto por tentação.
Em português há diferenças. Provação é o ato ou efeito de provar; prova, teste. É uma situação aflitiva ou de sofrimento que põe à prova a força moral. Tentação é o impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável; desejo veemente ou violento[2].
Dentro do contexto deste versículo achamos melhor a tradução da Bíblia de Jerusalém que usa provação ao invés de tentação como usa Almeida Corrigida. É que aqui o autor da epístola fala em suportar com paciência; denota um sofrimento que põe à prova a força moral da criatura. A tentação às vezes cumpre o mesmo papel, pôr à prova a força moral da criatura, porém no caso da tentação há uma ressonância na intimidade da criatura com o objeto de tentação, no caso da provação o elemento que prova pode simplesmente ser uma situação exterior. O Exemplo clássico desta colocação está na passagem em que Jesus é colocado no deserto para ser posto à prova pelo Adversário (Mateus, 4: 1 a 11; Marcos, 1: 12 e 13; Lucas, 4: 1 a 13). Alguns tradutores informam que Jesus teria sido "tentado" pelo Adversário, o que nós achamos mais correto dizer que Jesus foi provado pelo Adversário, pois em Jesus não há a menor chance de haver tentação por se tratar de um Espírito Puro, que segundo os Espíritos informam a Kardec, não sofre nenhuma influência da matéria, pois tem superioridade intelectual e moral absoluta.[3]
Porque, uma vez provado, continua Tiago, querendo dizer, tendo passado no teste com sucesso, tento mostrado que superou a dificuldade, o que significa o fim de um ciclo em relação àquela necessidade, receberá a coroa da vida. David Stern[4] traduz: "receberá como sua coroa a Vida…". Acho mais bonita esta tradução sendo esta vida a Vida Abundante prometida por Jesus, porém esta só acontecerá em nós no fim de um ciclo maior de vitória sobre as imperfeições. A carta escrita por Tiago nos fala deste momento também, mas atende-nos em cada vitória que alcançamos sobre a menor das provações.
A coroa é o símbolo do coroamento, é o emblema da vitória, e aqui ela significa a vitória sobre a provação que nada mais é do que o ato de vencer a imperfeição que fez necessária a prova. Como é coroamento é o fechamento de ciclo; para cada vitória sobre cada imperfeição a vida nos autoriza uma coroa, e quando atingirmos a vitória final sobre nossas imperfeições, o que chamamos de redenção, e que a Bíblia comumente chama de salvação, receberemos como coroa a Vida Abundante, Vida esta que foi o motivo da vinda até nós de Jesus, o Cristo de Deus.
…eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.[5]
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.[6]
…que o Senhor prometeu aos que o amam; A Vulgata neste verso substitui Senhor por Deus, o que leva alguns analistas a entender que o Senhor aqui é Deus. Não sabemos definir aqui o que pensava o autor da carta. Esta dificuldade acontece principalmente porque a teologia tradicional confundiu Jesus com Deus, no fundo, os dois são segundo esta a mesma pessoa.
A expressão coroa da vida só acontece no Novo Testamento, aqui em Tiago e no Apocalipse (2: 10). Pedro também fala sobre o mesmo tema (1 Pedro, 5: 4) como coroa da glória, Paulo (1 Coríntios, 9: 25) em coroa incorruptível, em todos estes textos, mesmo em Paulo que não é tão explícito, a promessa se refere a Jesus. A promessa só remonta Deus se interpretarmos colocações da Bíblia hebraica como a "árvore-da-vida" e a "terra prometida" como sendo sinônimos desta coroa da vida.
Para nós o mais importante não é saber se é Deus ou Jesus que promete, até porque o próprio Cristo disse que não trazia nada Dele, mais do Pai que O enviou. Ou seja, Jesus é o "Procurador" oficial de Deus no planeta Terra, sendo assim, em última instância a Promessa é de Deus.
O que conta aqui é como alcançá-la, e isto fica claro: aos que o amam.
Amar a Deus é o primeiro mandamento e o Deuteronômio nos ensina que é amar com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força.[7]; isto é tão complexo que para analisar todo este mandamento foi escrito o livro mais famoso da humanidade: a Bíblia, pois em verdade, esta gira toda em torno deste mitzvah dado a Moisés.
Jesus com a Sua pedagogia superior nos ensinou que amar a Deus é amar ao próximo, e amar como Ele Jesus nos amou.
Está é a síntese que nos instrumentaliza para a conquista desta coroa citada por vários enviados do Senhor e que Paulo com toda segurança afirmou ser a maior de todas as virtudes, o amor, que dinamizado é caridade.

Texto extraído do Livro "Sabedoria de Tiago" (lançamento): Disponível em: Instituto D'esperance (Editora Itapuã)

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Leia Também:





[1] O Sermão do Monte, cap. 1
[2] Para estes conceitos me vali do dicionário Houaiss.
[3] O Livro dos Espíritos, questão 112.
[4] Novo Testamento Judaico, pág. 241
[5] João, 10: 10
[6] Apocalipse, 2: 10
[7] Deuteronômio, 6: 5

segunda-feira, fevereiro 17, 2025

Reencarnação na Bíblia - Antigo Testamento




O objetivo deste estudo é analisar alguns textos do Antigo Testamento, identificando neles sugestões da Lei da Reencarnação. É importante notar que a palavra "reencarnação" não aparece na Bíblia, pois trata-se de um neologismo criado por Allan Kardec durante a Codificação do Espiritismo. Embora o conceito já existisse anteriormente, foi o Mestre Lionês quem popularizou o termo, conferindo-lhe uma conotação científica.
Nossos irmãos cristãos de outras denominações, tanto católicas quanto protestantes, afirmam que a Bíblia é um livro inspirado pelo Espírito Santo. Nós, espíritas, concordamos com essa afirmação, pois sabemos que a inspiração é um tipo de mediunidade (cf. O Livro dos Médiuns, Cap. XV, Item 182). Entendemos o Espírito Santo como a Plêiade do Espírito de Verdade, que trabalha sob a direção do próprio Jesus.
Assim, a Bíblia, como toda revelação divina, não tem limitação no tempo e no espaço. Seus conceitos podem e devem ser interpretados por nós hoje, utilizando as revelações que surgiram e ainda surgirão, auxiliando-nos em nosso processo evolutivo, desde que não nos afastemos das Leis Universais, que têm na moral e no amor seus pontos culminantes.
8 E falou Caim com o seu irmão Abel: e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.9 E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei: sou eu guardador do meu irmão?10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar me matará.15 O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse.16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden.17 E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e teve a Enoque: e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque. (Gênesis, 4: 8 a 17)
Não vamos aqui analisar versículo a versículo, isto fizemos em outro estudo[1]. Consideraremos apenas os versículos que mais diretamente podem ser interpretados como existência da reencarnação.
10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
Por Deus aqui devemos entender não o Criador, Inteligência Suprema. Caim não estabelece um diálogo com o próprio Deus, mas com o Deus que está em sua consciência (Cf. O Livro dos Espíritos questão 621). Trata-se daquela cobrança consciencial.
Sangue é vida. Quando Caim tirou a vida de seu irmão ele transgrediu a Lei. Seu débito é em primeiro lugar com a Lei.
Este clamor do sangue é a necessidade da recomposição consciencial. Por terra aqui não devemos entender o planeta, mas o plano operacional que o levará ao devido reajuste.
11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
Agora, representa a urgência da recomposição.
A maldição é uma reação da Lei. Ele fez um mal, transgrediu a Lei, é portanto maldito,  receberá suas consequências negativas. Paulo vai se reportar a esta maldição como "ira de Deus".
Desde a terra significando desde o momento em que transgrediu. Não temos como fugir da Lei.
...que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão. - Temos aqui uma metáfora poderosa que descreve a gravidade do ato de Caim. Fora desse contexto, poderíamos interpretar como uma expressão idiomática para descrever uma situação em que algo ou alguém está recebendo as consequências de uma ação violenta ou injusta.
Sobre receber da tua mão o sangue do teu irmão, ainda podemos afirmar que a mão denota que houve uma ação dele. A ação foi pensada, conforme depreendemos dos versículos anteriores:
5 Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.6 E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?7 Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás.
Portanto, o grau de responsabilidade é maior requerendo uma melhor recomposição.
12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
Quando lavrares a terra; no momento em que iniciar o processo de reajuste que pode ser numa próxima etapa encarnatória.
… não te dará mais a força; esta retirada da força representa as dificuldades e os impedimentos que terá por transgredir a Lei. O que pode ser alguma restrição física ou mesmo psíquica. Não se trata de castigo, mas de oportunidade de crescimento e aperfeiçoamento moral com algumas dificuldades. Todos estamos sujeitos a elas.
... fugitivo e vagabundo serás na terra.  O termo original quer dizer um errante e um fugitivo, condenado a vagar pela terra, sem rumo. Alienação e isolamento também podem estar em foco. Trata-se de uma consequência do ato negativo de Caim, causa e efeito.
Como dissemos o versículo sugere uma reencarnação. Este fugitivo pode representar uma reencarnação no sentido de que num novo corpo ficamos escondidos muitas vezes até mesmo dos inimigos. Ou ainda aquelas fugas psicológicas costumeiras em nossa vida quando adiamos o processo de reajuste.
Importa aqui ver que os verbos estão no futuro e na segunda pessoa, representando uma proposta do mundo espiritual para a reencarnação de Caim.
13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
Temos mais um lance do diálogo consciencial de Caim. Neste passo ele reconhece seu erro, todavia ainda se trata de remorso. É quando a consciência grita, mas ainda não há nenhuma proposta efetiva de renovação. Por isso ele diz que não pode ser perdoada sua falta.
14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar me matará.
A partir deste versículo podemos verificar uma sugestão mais efetiva de reencarnação. Entretanto, é preciso considerar que se trata de um ensinamento que vem através de uma alegoria, pois estes personagens, segundo nos mostra o espiritismo, não são personagens históricos. Trata-se de uma parábola do Antigo Testamento, como temos tantas outras.
Eis que hoje me lanças da face da terra; podemos considerar que neste instante de avaliação consciencial de Caim, ele está no plano espiritual. Assim, ser lançado fora da terra representa uma nova encarnação para que possa, devido ao reconhecimento de sua transgressão, recompor a consciência.
A expressão ser lançado pode sugerir uma reencarnação compulsória, onde o Espírito, devido a sua recalcitrância nos erros perde em parte seu direito de escolha. Não podemos esquecer que Caim representa aquele grupamento de Espíritos mais comprometidos que vieram deportados para a Terra quando esta iniciou o período de expiações e provas. Serve para todos nós, hoje, como alerta para nossas rebeldias.
... e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra; já cometamos estas expressões, resta aqui dizer apenas que se em versículo anterior o verbo estava na segunda pessoa, "serás", aqui ele está na primeira, "serei", indicando que ele mesmo assumiu a culpa e reencarna para reajustar-se,
... e será que todo aquele que me achar me matará. Causa e efeito; na consciência denegrida de Caim, ele teria que ser morto, assim, ele pensa que todo que o encontrar desejará assassiná-lo.
Este medo é muito comum em nosso meio, já que vivemos ainda em um mundo inferior. A consciência culpada sabe que precisa reajustar-se e teme que a correção seja dolorosa.
15 O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse
Senhor; aqui temos uma referência a Deus.
Na visão espírita entendemos Deus como a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas. O Eterno, Incriado, e inacessível à nossa compreensão.
Podemos também, em alguns momentos entender a Divindade expressando os Espíritos Cocriadores em plano maior, que são os Espíritos mais evoluídos, "agentes dedicados", com a missão de atuar na matéria (LE 536b).
Ou ainda, a própria Lei de Deus. Compreendendo, portanto, que em Sua Transcendência Deus é sempre maior do que A Lei, foi Ele que a Criou.
Neste diálogo podemos entender Deus como sendo a Lei. É nela que está escrito que não temos a procuração Dele para fazer Justiça; esta, pertence só a Ele. O pronome "qualquer" confirma isto, ou seja, qualquer um que quiser fazer justiça com as próprias mãos, será ainda mais responsabilizado.
E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse. Caim achava-se culpado. Devido ao seu estado consciencial tinha medo da justiça de Deus. Entretanto, a Lei tem implícita o componente "misericórdia". Nós não temos a capacidade de avaliar. O sinal colocado em Caim é fruto desta misericórdia. Ele pode ser uma anomalia física, ou mesmo psíquica, que leve quem o vê a ter compaixão, e assim não estabelecer a justiça por si mesmo.
Deus não deseja o sofrimento de ninguém, ele proporciona ao Espírito, sempre a melhor condição para ele evolua e volte a se reintegrar na Lei.
Se sofremos é por falta de entendimento e rebeldia. O dano é sempre nosso.
Assim, em vista de alguns impedimentos que temos, antes de nos tornar inconformados, devemos pensar, não será este "sinal de Caim" o melhor para nós no momento?
16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden.
Neste passo temos a efetivação do reencarne. Saiu da face do Senhor, simbolizando o projeto de Deus que estava se delineando no plano espiritual. Deixou o "mundo dos espíritos" e reencarnou.
...habitou a terra de Node, o sentido original do hebraico é peregrinação; errante ou exilado podem ser outros significados.
Podemos entender como nova terra, outro lugar. Ele mudou de ares, reencarnou em outro ambiente. A reencarnação pode se dar em outra cidade, país ou até mesmo planeta. De acordo com a necessidade do espírito.
...da banda do oriente do Éden. Embora o termo hebraico "qidmâh", que foi traduzido por oriente não seja diretamente sinônimo de "começo" ou "início", ele está relacionado ao conceito de algo que vem antes ou que é primordial, principalmente se o relacioná-lo com éden que nos remete a origem, início.
Assim, podemos depreender destas expressões que Caim teve uma oportunidade de recomeçar com fins de recomposição. É o que se dá em toda experiência reencarnatória que significa um perdão de Deus.
17 E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e teve a Enoque: e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque.
E conheceu Caim a sua mulher; literalmente quer dizer: coabitou Caim com sua mulher. No contexto bíblico, "conhecer" é um eufemismo para relações sexuais. Portanto, Caim teve relações com sua esposa.
Como já dissemos o objetivo deste nosso estudo é a tese reencarnacionista, assim, não vamos nos preocupar com outras propostas de interpretações.
Aqui é preciso compreender que se trata do Espírito de Caim, que pode ter inclusive outro nome. Ao analisar as genealogias do quinto capítulo deste livro Gênesis, vamos inclusive ver que o próprio Espírito de Caim aparece com outros nomes como Jarede e Lameque (Cf. Gn, 5: 12 a 28).
...ela concebeu, e teve a Enoque; Enoque é o primogênito de Caim. Ele vai representar o grupamento espiritual de Abel. Assim, é Abel que volta através da reencarnação.
Este evento é muito comum, Caim matou Abel. Em uma próxima existência ele, pela reencarnação, recebe Abel como filho, dando a ele uma nova oportunidade de vida, e deste modo recompondo sua consciência.
Em nosso livro "Haja Luz", ainda não publicado, mas que deve ser publicado em breve, comentamos mais detalhadamente este versículo e nossa tese sobre evolução e reencarnação.
Acesse o Link para Ler o comentário completo: #Reencarnação na #Bíblia - Caim e Abel

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[1] Livro "Haja Luz"

segunda-feira, fevereiro 10, 2025

Expressões Idiomáticas na Bíblia





As expressões idiomáticas são parte essencial de qualquer língua, carregando significados figurados que vão além das palavras literais. Na Bíblia, encontramos diversas expressões idiomáticas que, ao serem compreendidas, enriquecem nossa interpretação dos textos sagrados. Este estudo explora algumas dessas expressões, destacando seu contexto cultural e seu impacto na compreensão bíblica.
Expressões idiomáticas são frases específicas de uma língua, que apresentam sentido figurado.
Quando cada parte de uma expressão idiomática é traduzida para outra língua, essa expressão perde o seu sentido, porque ela não é formada por uma combinação de palavras com seu sentido literal.
As expressões idiomáticas, também chamadas de idiotismos, são usadas para nos expressarmos de forma mais cômica e persuasiva. A sua origem é cultural. Vejamos alguns exemplos em português:
a preço de banana: significa barato, fazendo referência ao preço acessível em que a banana é vendida no Brasil.
beijo de Judas: significa falsidade, fazendo referência ao fato de Judas ter dado um beijo a Jesus para o identificar aos soldados que o queriam prender.
agradar gregos e troianos: significa agradar grupos com interesses diferentes, fazendo referência à rivalidade histórica entre esses povos.
Nos idiomas bíblicos, hebraico, aramaico e grego temos muitas expressões idiomáticas. Quem lê a Bíblia precisa entender estas para poder compreender o sentido correto do texto. E os tradutores também precisam entendê-las para poder traduzi-las com exatidão.
Existem muitas expressões idiomáticas que têm origem na Bíblia e são usadas no cotidiano, mesmo por pessoas que não são ligadas a este livro, com isto, fica mais fácil entendê-las, pois a Bíblia influenciou muito a cultura e o idioma ao longo dos séculos.
  • Menina dos olhos: Refere-se a algo muito precioso e vem do Salmo 17:8, onde Davi pede a Deus para ser guardado como a menina dos olhos.
  • Num piscar de olhos: Usada para descrever algo que acontece muito rapidamente, essa expressão aparece em 1 Coríntios 15:52.
  • Pérolas aos porcos: Significa oferecer algo valioso a quem não tem condições de apreciar. Jesus usou essa expressão em Mateus 7:6.
    • Aqui podemos fazer uma comparação diferenciando esta expressão daquela que Jesus diz "dar coisas santas aos cães"! A expressão "pérolas aos porcos" geralmente significa oferecer algo valioso a quem não sabe apreciá-lo. Já "dar coisas santas aos cães" tem uma conotação semelhante, mas pode ser interpretada como dar algo sagrado ou importante a quem não tem a capacidade de entender ou valorizar. Há uma distinção sutil entre as duas: "pérolas aos porcos" para aqueles que têm conhecimento mas não o utilizam adequadamente, são recalcitrantes; "dar coisas santas aos cães" são aqueles que ainda estão no início de sua evolução e não têm o conhecimento necessário.
  • Cego guiando cego: Refere-se a seguir alguém que não tem conhecimento ou entendimento, mencionada por Jesus em Mateus 15:14.
  • Engolir sapo: Expressão usada para descrever a situação em que alguém precisa suportar algo desagradável sem reclamar. A origem dessa expressão está ligada a relatos bíblicos das pragas que atingiram o Egito no tempo de Moisés. Uma dessas pragas foi a infestação de rãs, que se tornaram um grande incômodo para os egípcios, inclusive aparecendo em seus pratos durante as refeições.
  • Comei as gorduras, bebei as doçuras: em Neemias 8:10 pode ser vista como uma expressão idiomática. No contexto bíblico, essa frase é um convite à celebração e à alegria. Neemias estava incentivando o povo a comemorar e a compartilhar suas bênçãos com os outros, especialmente com aqueles que não tinham nada preparado para si. A "gordura" e a "doçura" simbolizam os melhores e mais prazerosos alimentos disponíveis, representando a abundância e a generosidade. A mensagem central é que, em um dia consagrado ao Senhor, o povo deveria se alegrar e fortalecer-se na alegria do Senhor, compartilhando essa alegria com os necessitados.
Entretanto, existem outras expressões que podem, se não compreendidas, alterar o entendimento original.
"A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz; se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso." (Mateus 6:22-23)
Aqui, a expressão "olhos bons" deve ser interpretada como uma metáfora para generosidade e uma visão positiva da vida. Ter "olhos bons" significa ser uma pessoa generosa e altruísta, o que traz luz e positividade para toda a vida da pessoa. Por outro lado, "olhos maus" representam avareza e uma visão negativa, o que resulta em escuridão e negatividade.
Portanto, "olhos bons" não significa olhos que tenham uma boa capacidade física de ver, mas um olhar bom, baseado em bons sentimentos do coração.
Outra expressão importante de ser analisada é "cana agitada pelo vento" (Mateus 11:7). Jesus fala sobre João Batista. Ele pergunta às multidões: "O que fostes ver no deserto? Uma cana agitada pelo vento?". Esta é uma expressão que pode gerar controvérsia já que no deserto não tem "cana".  Faz-se necessário compreender que ela é usada para descrever algo ou alguém que é facilmente influenciado ou instável, uma pessoa volúvel.
No contexto bíblico, Jesus está destacando que João Batista não era uma pessoa fraca ou facilmente influenciável, mas alguém firme e resoluto em sua missão. É uma metáfora poderosa que nos lembra da importância de sermos firmes em nossas convicções.
  • "Aquele que não odiar pai e mãe não é digno de mim" (Lucas 14:26)
Essa frase de Jesus é considerada uma expressão idiomática. Quando Jesus diz esta frase ele não está incentivando o ódio literal. Na cultura judaica da época, o termo "odiar" era frequentemente usado em um sentido comparativo, significando "amar menos" ou "dar menos prioridade".
Jesus estava enfatizando a necessidade de colocar o compromisso com Ele acima de todos os outros relacionamentos e prioridades. Em outras palavras, o amor e a lealdade a Jesus devem ser tão grandes que, em comparação, todos os outros amores parecem menores.
  • "É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus" (Mateus 19:24).
Esta expressão é frequentemente interpretada de várias maneiras.
Alguns estudiosos sugerem que Jesus estava usando uma hipérbole, uma figura de linguagem que exagera para efeito dramático, para enfatizar a dificuldade dos ricos em se desapegar de suas posses materiais e seguir a Deus. Outros acreditam que "fundo de uma agulha" poderia se referir a uma pequena porta em Jerusalém, onde um camelo teria que se ajoelhar e ser descarregado para passar, simbolizando humildade e desprendimento.
A existência deste porta "fundo de uma agulha" em Jerusalém na época de Jesus é um tema de debate entre estudiosos. Não há evidências arqueológicas ou históricas concretas que confirmem a existência de tal porta com esse nome específico. A interpretação mais aceita é que Jesus estava usando uma hipérbole para ilustrar a dificuldade dos ricos em entrar no Reino de Deus devido ao apego às suas posses materiais.
Vejamos alguns exemplos nas Cartas de Paulo:
Muitas das passagens polêmicas nas cartas de Paulo podem ser mal interpretadas devido ao desconhecimento das expressões idiomáticas e do contexto cultural da época. Paulo frequentemente usava linguagem figurativa e expressões idiomáticas que eram bem compreendidas por seus contemporâneos, mas que podem ser confusas para leitores modernos.
Por exemplo, em 1 Coríntios 9:22, Paulo diz: "Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns." Aqui, ele não está sugerindo que comprometeria seus princípios, mas sim que se adaptava culturalmente para alcançar diferentes grupos de pessoas com a mensagem do Evangelho.
Outro exemplo é em Romanos 12:20, onde Paulo cita Provérbios 25:21-22: "Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça." Esta expressão idiomática significa que atos de bondade podem levar o inimigo ao arrependimento e à mudança de comportamento.
  • "Espinho na carne" (2 Coríntios 12:7): Paulo fala sobre um "espinho na carne" que o atormenta. Esta expressão é geralmente entendida como uma metáfora para uma dificuldade persistente ou um problema pessoal que ele enfrentava, embora o exato significado não seja claro.
  • "Vasos de ira" e "vasos de misericórdia" (Romanos 9:22-23): Paulo usa a metáfora dos vasos para falar sobre pessoas destinadas à ira ou à misericórdia de Deus. Esta linguagem figurativa pode ser difícil de entender sem considerar o contexto teológico e cultural. Hoje, à luz dos ensinamentos espíritas podemos entender a "ira" como sendo uma reação da Lei às nossas transgressões, e a "misericórdia", ao contrário, como uma manifestação do amor de Deus para aquele que ama, pois, segundo o próprio apóstolo, o amor é o cumprimento da Lei (Rm, 13: 10)
  • "Morrer é lucro" (Filipenses 1:21): Quando Paulo diz "para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro", ele está expressando sua profunda devoção a Cristo e a crença de que a morte o levaria a estar com Cristo, o que ele considerava um ganho. Temos aqui um contraste entre as questões espirituais, e as materiais, onde as primeiras são mais valorizadas pelo apóstolo por serem eternas.
  • "Cobrir a cabeça" (1 Coríntios 11:4-6): Paulo fala sobre homens e mulheres cobrindo a cabeça durante a oração ou profecia. Esta instrução está profundamente enraizada nas normas culturais e sociais da época, e pode ser mal compreendida se retirada desse contexto.
  • "Circuncisão do coração" (Romanos 2:29): Paulo usa a expressão "circuncisão do coração" para contrastar a circuncisão física com a transformação espiritual interna, enfatizando a importância da fé e da obediência a Deus.
Paulo escreveu em um tempo e cultura específicos, e suas palavras eram direcionadas a comunidades com entendimentos e práticas particulares.
Algumas passagens que parecem sugerir a inferioridade das mulheres, como 1 Coríntios 14:34-35 ("as mulheres devem ficar caladas nas igrejas"), podem ser entendidas de maneira diferente quando consideramos o contexto cultural e as normas sociais da época. Naquele tempo, era comum que as mulheres não tivessem acesso à educação formal, e a instrução de Paulo poderia estar relacionada à manutenção da ordem durante os cultos, em vez de uma declaração sobre a inferioridade das mulheres.
Sobre este assunto importa considerar que o índice de analfabetismo era bastante alto. Estima-se que a maioria da população do Império Romano era analfabeta, com taxas de alfabetização variando entre 5% e 20%, dependendo da região e do contexto social. A alfabetização era mais comum entre as classes altas e os cidadãos urbanos, enquanto a maioria das pessoas nas áreas rurais e das classes mais baixas não sabia ler nem escrever.
Entre as mulheres, os índices de analfabetismo na época de Paulo eram ainda mais altos. A educação formal era predominantemente reservada para os homens, especialmente aqueles de classes sociais mais altas. As mulheres, em geral, tinham menos acesso à educação e, portanto, a taxa de alfabetização entre elas era significativamente menor.
Essa disparidade na educação reflete as normas culturais e sociais da época, onde as responsabilidades das mulheres eram principalmente domésticas e familiares. Isso também ajuda a entender por que Paulo e outros líderes religiosos da época poderiam ter dado instruções específicas sobre o comportamento das mulheres nas assembleias religiosas, considerando o contexto de baixa alfabetização e as expectativas sociais.
Paulo também reconheceu e elogiou várias mulheres em suas cartas, como Priscila, Febe e Júnia, que desempenharam papéis significativos nas primeiras comunidades cristãs. Isso sugere que Paulo via as mulheres como colaboradoras valiosas no ministério.
Outras expressões:
Mateus, 10: 27
Em luz: Publicamente, para que todos saibam.
Pregai sobre os telhados: Expressão que significa "proclamar publicamente".
Mateus, 24: 31
Quatro ventos: refere-se aos quatro pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste). Como dizer "todas as direções, todo lugar"
Mateus 26:23
O que mete comigo a mão no prato: Na cultura judaica da época, compartilhar um prato era um sinal de intimidade e confiança. Portanto, essa expressão destaca a gravidade da traição de Judas, que, apesar de compartilhar momentos próximos e íntimos com Jesus, ainda assim o trairia.
Conclusão:
Compreender as expressões idiomáticas bíblicas é fundamental para uma interpretação precisa dos textos sagrados. Essas expressões refletem a riqueza cultural e linguística da época, oferecendo uma visão mais profunda da mensagem bíblica. Ao decifrá-las, podemos apreciar melhor a sabedoria e a beleza contidas nas Escrituras, enriquecendo nossa experiência espiritual e cultural.
Como temos dito, muitas vezes, expressões idiomáticas e figuras de linguagem podem ser mal compreendidas se não forem analisadas dentro de seu contexto original o que gera um prejuízo para o real entendimento.


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