Conceito e Histórico
Mediunidade é a faculdade de intermediar o plano físico e o plano espiritual. É uma faculdade orgânica, e não constitui patrimônio especial de grupos nem privilégio de castas.[1]
O Médium é aquele que serve de instrumento entre os dois planos da vida.
De modo geral, podemos afirmar que todos somos médiuns, porque pelo simples fato de sofrermos influência de Espíritos, já estamos exercendo nossa mediunidade. De maneira mais específica, quanto à acentuação da faculdade, podemos salientar que a mediunidade é faculdade de poucos.
Em todos os tempos, a mediunidade revelou ao homem a existência do plano espiritual, por isso é vero afirmar que o fenômeno mediúnico não nasceu com o Espiritismo, e sim que existe desde as mais remotas eras da vida humana no planeta. Temos notícias das comunicações mediúnicas desde o homem primitivo caracterizando o mediunismo, passando por vários povos até atingir o rigor científico do século XIX.
As musas não eram senão a personificação alegórica dos Espíritos protetores das ciências e das artes, como, os deuses Lares e Penates simbolizavam os Espíritos protetores da família. Os feiticeiros, magos, adivinhos, e posteriormente oráculos, pítons e taumaturgos, eram todos médiuns mesmo que usando outras designações.
O profetismo em Israel tem sua origem em Moisés. No Velho Testamento, encontramos várias passagens em que o grande legislador conversa com Deus. É lógico que a conversa não é com o Criador, mas com um Espírito mensageiro de Deus. Porque Deus não entra em contato direto com os homens, mas para tal faz uso de Espíritos superiores que funcionam como intermediários entre Ele o os Espíritos de nosso nível evolutivo.
Para ilustrar, transcrevemos abaixo uma passagem do livro “Êxodo”, em que tal fato acontece:
“E apareceu-lhe o anjo do Senhor em uma chama de fogo no meio duma sarça. Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia; pelo que disse: Agora me virarei para lá e verei esta maravilha, e porque a sarça não se queima.
E vendo o Senhor que ele se virara para ver, chamou-o do meio da sarça, e disse: Moisés, Moisés! Respondeu ele: Eis-me aqui.
Notamos que no princípio o narrador bíblico diz ser o “anjo do Senhor”, e depois o próprio Deus.
Essas confusões acontecem devido à falta de informação a respeito do tema. Informação que só a Doutrina Espírita, com o seu estudo sistematizado, pôde oferecer.
Moisés é um médium espetacular. Em muitos momentos ele vê, em outros ele ouve, e até fenômenos de efeitos físicos ele realiza com muita naturalidade.
É muito comum ouvir de irmãos nossos de outras religiões, a afirmação de que o Espiritismo encontra-se em erro diante de Deus, porque Moisés proibiu o exercício da mediunidade. Vejamos a citação bíblica a que eles se referem:
“Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te dá, não aprenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos.
Não se achará no meio de ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro, nem encantador, nem quem consulte um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz estas coisas é abominável ao Senhor, e é por causa destas abominações que o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti
Perfeito serás para com o Senhor teu Deus.
Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém, quanto a ti, o Senhor teu Deus não te permitiu tal coisa.”[3]
Em primeiro lugar, gostaríamos de dizer que se Moisés proibiu, é porque a mediunidade existe; ninguém proíbe algo que inexiste. Depois, podemos afirmar que o que Moisés proibiu o Espiritismo também condena, que é o mau uso desta faculdade.[4]
Quanto à mediunidade em si, ele mesmo, Moisés, deu várias provas de que a aprovava. Vejamos a seguinte passagem do livro “Números”:
“Mas no arraial ficaram dois homens; chamava-se um Eldade, e o outro Medade; e repousou sobre eles o espírito, porquanto estavam entre os inscritos, ainda que não saíram para irem à tenda; e profetizavam no arraial.
Correu, pois um moço, e o anunciou a Moisés, dizendo: Eldade e Medade profetizaram no arraial.
Então Josué, filho de Num, servidor de Moisés, um de seus mancebos escolhidos, respondeu e disse: Meu Senhor Moisés, proíbe-lho
Moisés, porém, disse-lhe: Tens tu ciúmes por mim? Oxalá que do povo do Senhor todos fossem profetas, que o Senhor pusesse o seu espírito sobre eles!” [5]
Desta forma, fica claro que Moisés não só não proíbe a mediunidade, como até dela faz uso.
Mas a mediunidade chega ao seu ápice com Jesus, porque o Mestre não foi um médium comum, mas o “Excelso Médium de Deus”. Por seu intermédio, toda a Lei Divina se fez visível, e o seu grau de sintonia com o Pai era tal, que Ele mesmo nos afirmou: “Eu e o Pai somos um”.[6]
O Cristianismo, desde a Ressurreição até o Concílio de Nicéia, fez uso constante da Mediunidade. Através deste concílio realizado no ano 325 de nossa era, na cidade de Constantinopla, foi condenado o uso da mediunidade e outros pontos mantidos pelos primeiros cristãos, dando início à desagregação e à decomposição do Cristianismo em suas legítimas bases. A mediunidade marcou profundamente o “Movimento de Jesus” desde o dia de Pentecostes.
Na Idade Média, época de obscurantismo, os médiuns são perseguidos e maltratados como feiticeiros. Temos como exemplo a excepcional Médium Joana D’Arc, que em todos os lugares era inspirada por seres invisíveis, escutava suas vozes, e por eles deixava-se dirigir, tornando-se assim a “Heróica Virgem de Domremy”.
Podemos citar ainda como expoentes significativos da mediunidade, Dante Alighieri, que sob influência espiritual escreveu “A Divina Comédia”, Goethe e sua obra mediúnica “O Fausto”, e mais tarde, os já conhecidos dos espíritas, Emmanuel Swedenborg, Andrew Jackson Davis, Eusápia Paladino, entre outros.
Este breve relato mostra assim que a mediunidade é imanente no próprio homem.
Talvez por isso, o Cristo, em toda a sua sabedoria, afirma ao apóstolo Pedro:
“Bem aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. Pois eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja (...)”[7]
Quanto aos tipos, a mediunidade pode ser classificada em:
Mediunidade de efeitos físicos e mediunidade de efeitos inteligentes.
Mediunidade de Efeitos Físicos
É aquela em que a ação dos Espíritos produz efeitos na matéria. Estes fenômenos sensibilizam diretamente os órgãos dos sentidos dos observadores. Por isto, esses fenômenos são também chamados de materiais ou objetivos.
Podemos classificá-los desta maneira:
- Sonoros: Vão desde os simples “raps”(pancadas secas) até os estrondos, passando pelos fenômenos em que é produzida música, sem haver instrumentos no local. Quando podemos formar com estes efeitos sonoros uma linguagem através de códigos, temos a tiptologia que, por sua vez, pode ser:
- Interior: Pancadas produzidas no interior do objeto, sem movimento externo.
- Bascular: Com movimento de objeto para dar as pancadas, por exemplo, mesa que bate com um dos pés.
- Alfabética: Quando as pancadas produzidas mostram a letra desejada do alfabeto.
- Sematologia: Quando as luzes, os sons ou o movimento dos objetos deixam transparecer uma vontade ou intenção ou um determinado sentimento.
- Luminosos: Produção de centelhas, clarões e luzes. Motores: Movimentação de corpos inertes, sem qualquer contato físico ou outro meio material. Nesta categoria de fenômenos, destacam-se:
- Ø Levitação: Um ser ou objeto é suspenso no ar, aparentemente contrariando a lei da gravidade.
- Ø Transporte: Quando um ser ou objeto é levado de um local para outro.
- Ø Materialização: Formação (parcial ou total) de coisas ou corpos. Normalmente são temporárias.
- Ø Transfiguração: É a modificação dos traços fisionômicos do médium ou do seu aspecto geral.
- Ø Voz Direta: Produção de sons correspondentes à voz humana, articulada e audível por todos os presentes.
- Ø Escrita Direta: Trata-se da produção de escrita sem o concurso de mãos humanas.
Mediunidade de Efeitos Inteligentes
Estes efeitos são também chamados intelectuais ou subjetivos, porque os fenômenos ocorrem na esfera subjetiva do médium. Desta forma, não ferindo os cinco sentidos do médium, não são todos que os percebem.
Podemos dividi-la em:
Ø Intuitiva: Quando o médium percebe a realidade do plano espiritual ou pensamentos dos Espíritos, mas somente pela intuição.
Ø Vidência: Permite aos médiuns ver os Espíritos. Uns gozam desta faculdade em estado normal, ou seja, de vigília, outros só a possuem em estado de sonambulismo.
Ø Audiência: É a faculdade de ouvir a “voz” dos Espíritos.
Ø Psicometria: Através deste tipo de mediunidade, o médium consegue, pela captação da energia impregnada nos objetos, informações históricas dos seres ligados a este objeto ou dos próprios objetos.
Ø Psicofonia: O Espírito fala, usando o aparelho físico do médium. Este, por sua vez, transmite as comunicações de forma mais ou menos consciente, de acordo com a categoria de sua mediunidade. Queremos sempre lembrar que não há incorporação do Espírito, mas que esse age sobre a corrente nervosa do médium.
Ø Psicografia: É a mediunidade que permite ao médium escrever sob a influência do Espírito. Através deste método, os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau de aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade.
Ø Podemos classificá-la desta forma:
Ø Mecânica: O médium age em um certo grau de inconsciência, que é como se o Espírito dirigisse a sua mão, independente da sua vontade. No entanto, o médium permanece vigilante em Espírito durante a comunicação, podendo retomar o controle de suas faculdades no momento que lhe aprouver.
Ø Semi-Mecânica: O médium sente que a sua mão é impulsionada pelo Espírito, mas tem consciência do que escreve, à medida que as palavras são formadas, e o controle é maior de sua parte.
Ø Intuitiva: Como o próprio nome diz, é uma comunicação intuitiva. O Espírito não atua sobre a mão do médium, mas sobre a sua alma. Esta dirige a sua mão, que por sua vez dirige o lápis.
Tendo o Espiritismo como objetivo, reviver o Evangelho de Jesus, e sendo a mediunidade um de seus instrumentos, só podemos pensar em mediunidade se for com Jesus, ou seja, mediunidade em favor do próximo.
Reconhecerás que não reténs com ela um distrito de entretenimento ou vantagens pessoais e sim um templo-oficina (…)[8].
Através deste ensinamento, nosso instrutor Emmanuel destaca o caráter de trabalho da mediunidade. “Oficina” é local de trabalho, de consertar ou de fazer da maneira correta. E se a oficina produzir só para o seu dono, de que é que ele vai viver? Portanto, a oficina tem de gerar o bem para a comunidade. Da mesma forma, a mediunidade deve ser exercida com o pensamento, visando o bem de nosso semelhante. No templo é onde tratamos as questões espirituais, é onde nos encontramos com o Criador. Por isto Emmanuel trata a mediunidade como “templo-oficina”, ou seja, trabalho realizado com fins espirituais, sabendo sempre que quem dirige não é o elemento encarnado, mas os Espíritos trabalhadores da Seara do Cristo.
“Através do qual os benfeitores desencarnados se aproximam dos homens, continua Emmanuel, tão diretamente quanto lhes é possível, apontando-lhes rumo certo ou lenindo-lhes os sofrimentos, tanto quanto lhe utilizarás os recursos para socorrer desencarnados, que esperam ansiosamente quem lhes estenda uma luz ao coração desorientado.”[9]
Consolar e esclarecer são outros objetivos da mediunidade, como da própria Doutrina Espírita.
Quando o Cristo se manifestou a respeito do Espiritismo, tratou-o como “O Consolador” e disse que ele nos ensinaria todas as coisas:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre.(...)
Mas o Consolador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.”[10]
E a mediunidade realmente tem esclarecido muitas coisas. Só a revelação do plano espiritual por si só bastava, mas não para por aí, ela tem nos antecipado muitos conhecimentos que mais tarde a Ciência poderá confirmar, e outros que ainda virão.
Quanto à consolação, que diga aquele que achando ter um ente querido desaparecido por vias da morte, recebe dele, com toda confirmação, uma comunicação dizendo não estar ele morto, mas em outro plano da mesma vida, e muito mais próximo que possa qualquer um de nós supor.
Se o auxílio é sempre grande de lá para cá, não menos é daqui para lá. É muito comum Espíritos desencarnados em desequilíbrio receberem auxílio e orientação através de reuniões realizadas em nossos Centros Espíritas.
Podemos então, concluindo, enumerar alguns objetivos da mediunidade:
Para os encarnados:
Ø Cooperação no serviço de reconforto e esclarecimento.
Ø Autoeducação, pela renovação dos sentimentos e pela oportunidade de trabalho, que quando bem executado, em muito eleva o Espírito.
Ø Construção de afeições muito valiosas no plano espiritual, consolidadas em base de cooperação e amizade superior.
Ø Conhecimento do plano espiritual, o que muito lhe auxiliará quando do seu desencarne.
Para os Desencarnados:
Ø Melhor entendimento do processo evolutivo a que todos estamos sujeitos, nos dois planos da vida.
Ø Aqueles que sofrem pela falta de entendimento da nova vida, têm na mediunidade oportunidade segura de melhor compreender sua situação, e assim programar atitudes renovadoras.
Ø Transmissão aos encarnados de valiosos ensinamentos ministrados por Espíritos de alta hierarquia espiritual.
Poderíamos ainda, enunciar muitos outros objetivos desta Divina faculdade, mas essas, no nosso entender, já são suficientes para mostrar a excelsitude da mediunidade.
Para finalizar, algumas palavras do bondoso Espírito Emmanuel, para nossa meditação:
“Terás a mediunidade por flama de amor e serviço, abençoando e auxiliando onde estejas, em nome da Excelsa Providência, que te fez semelhante concessão por empréstimo. E nos dias em que esse ministério de luz te pese demasiado nos ombros, volta-te para o Cristo, o Divino Instrumento de Deus na Terra, e perceberás, feliz, que o coração crucificado por devotamento ao bem de todos, conquanto pareça vencido, carrega em triunfo a consciência tranqüila do vencedor.”[11]
O passe é uma transfusão de fluidos de um ser para outro. Desta forma, o passe é uma fluidoterapia.
Antes de entrarmos no estudo do passe propriamente dito, gostaríamos de tecer alguns comentários sobre os fluidos.
Do ponto de vista da ciência oficial, fluido é a denominação da fase não sólida da matéria. O dicionário Aurélio traz a seguinte informação: Diz-se das substâncias líquidas ou gasosas.
À luz do Espiritismo, este conceito se torna mais amplo.
A matéria, à medida em que se torna mais rarefeita, fica invisível aos nossos olhos, tomando aspectos mais sutis, a que denominamos fluidos.
No livro, Do Sistema Nervoso à Mediunidade, o Dr. Ary Lex diz que:
“À medida que se rarefaz, ganha (a matéria) novas propriedades, entre as quais uma irradiação progressivamente maior, tomando uma forma de energia. A física moderna praticamente derrubou a separação rígida entre a matéria e a energia, considerando-as substancialmente, a mesma coisa, em graus de concentração e estrutura diferentes.”[12]
Assim, podemos dizer que fluido é um tipo de matéria ultra-rarefeita e formas de energia.
Fluido Cósmico Universal: Como sabemos, toda a matéria que existe, é oriunda do “Fluido Cósmico Universal” que, segundo André Luiz, é o “plasma divino”.[13]
Sua natureza nos é desconhecida, e apresenta-se em estados que vão da imponderabilidade à condensação.
Fluidos Espirituais: São os fluidos que formam a atmosfera do plano espiritual. Desses fluidos é extraída a “matéria” do mundo invisível.
Fluidos Perispirituais: São os fluidos absorvidos, assimilados e individualizados pelo perispírito. Possuem características próprias, podendo por isto ser distinguidos dos demais. Esses fluidos circulam no perispírito sob o comando da mente. São eles que formam a “Aura”.
Fluido (ou Princípio) Vital: É o agente da vida orgânica, e sua união com a matéria é que animaliza esta. Como todos os outros, também tem como fonte o Fluido Cósmico Universal.
Os Espíritos podem agir sobre os fluidos. É pelo pensamento que eles o fazem. Esta ação pode ser consciente ou inconsciente, visto que basta pensar para exercer influência sobre eles. E é através deste agir que podemos dar qualidade aos fluidos, que por si só são neutros.
Voltando ao conceito de passe, agora entendendo que o passe seja uma transfusão de fluidos de um ser para o outro.
Este tratamento através dos fluidos, é utilizado desde as eras mais remotas da humanidade.
Para nos referirmos apenas à era cristã, vemos a utilização do passe com base das curas realizadas por Jesus, e depois pelos primeiros cristãos.
Mecanismo do Passe
Quanto ao mecanismo do passe, as ocorrências mais importantes são: o pensamento (fazendo a sintonia com a espiritualidade encarregada do trabalho), a vontade e a condição receptiva tanto do passista, quanto do paciente.
Através do pensamento e da vontade, o passista capta os fluidos e os direciona para o assistido. Mas, se esse não estiver preparado no que diz respeito a uma boa condição receptiva, o passe torna-se sem efeito.
Além do preparo por parte de ambos, tem de haver um clima de confiança entre os dois, formando assim um elo, onde o auxílio possa se fazer na proporção do crédito de cada um.
Quanto à forma de se aplicar o passe, o fator externo pouco importa, o que vale mais, como já dissemos, é a sintonia, a vontade e a condição receptiva dos envolvidos no processo.
Preparo do Médium e do Paciente
É muito comum, quando se fala em passe, pensar no preparo só do médium. Mas e o paciente, é preciso um preparo também por parte deste?
Ora, se o passe é uma transfusão de energias fisiopsíquicas, é preciso que tanto o doador como o receptor estejam preparados, porque se não houver sintonia por parte de um dos envolvidos, este fica prejudicado por não poder fazer parte da cadeia espiritual, ficando desta forma isolado no processo.
O que é realmente importante como preparo?
Se estamos falando de coisas espirituais, o preparo deve ser espiritual. Como o passe é fisiopsíquico, temos de nos preparar tanto no campo físico como no espiritual.
Portanto, devemos cultivar:
Boa vontade, sentimentos de amor, prece, mente equilibrada, fé, etc.. É importante também alimentação adequada, descanso físico e saúde equilibrada.
Como conseqüência, são fatores negativos:
As mágoas, as paixões, alimentos pesados, alcoólicos, desequilíbrio nervoso, inquietude, entre outros.
Outro fator também muito importante é a disciplina no que diz respeito ao horário. Por se tratar de assunto que envolve também, e principalmente, a espiritualidade, a disciplina é fator essencial.
Tipos de Passe
No que diz respeito ao tipo, o passe pode ser classificado da seguinte forma:
Magnético: Quando ministrado somente com os recursos magnéticos do passista, embora seja quase impossível a existência deste tipo de passe, pois o próprio Jesus afirmou: Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.[14]
Espiritual: É o passe ministrado somente pelos Espíritos, usando seus próprios fluidos sem a colaboração de médiuns.
Qualquer um de nós, desde que se faça merecedor, pode receber este passe. Basta orar e colocar-se em receptividade.
Humano Espiritual: É o passe dado através da combinação de fluidos do Espírito e do passista.
Este é o mais usual entre os tipos de passe. É através dele que o médium tem a grande oportunidade do trabalho.
Mediúnico: É quando o Espírito desencarnado se manifesta durante o passe.
Este tipo não é aconselhável, visto o ambiente do passe não ser ideal para manifestação mediúnica, pela falta de controle, por parte do dirigente, do teor das comunicações, entre outros motivos.
O passe ainda pode ser classificado sob o aspecto da presença ou ausência do paciente:
O direto é dado na presença física daquele que recebe.
À distância, o enfermo está ausente. O médium, neste caso, ora e pede o passe em favor da pessoa que está distante, e a espiritualidade, conforme a vontade do Pai, aplica-o.
É importante, em um estudo sobre o passe, falar um pouco a respeito da água fluidificada, pois essa é um dos maiores recursos nos tratamentos fluidoterápicos.
Para tal, recorremos a uma mensagem recebida por Francisco Cândido Xavier, em sessão pública na noite de 05/06/50 em Pedro Leopoldo, Minas Gerais:
A ÁGUA FLUIDA
E qualquer que tiver dado só que seja um copo d'agua fria por ser meu discípulo, em verdade vos digo que, de modo algum, perderá o seu galardão
(Jesus - Mateus, 10:42)
Meu amigo, quando Jesus se referiu à benção do copo de uma água fria, em seu nome, não apenas se reportava à compaixão rotineira que sacia a sede comum. Detinha-se o Mestre no exame de valores espirituais mais profundos.
A água é dos corpos, o mais simples e receptivo da Terra. É como que a base pura, em que a medicação do Céu pode ser impressa, através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos mortais.
A prece intercessória e o pensamento de bondade representam irradiações de nossas melhores energias.
A criatura que ora ou medita exterioriza poderes, emanações e fluidos que, por enquanto, escapam a nossa análise da inteligência vulgar e a linfa potável recebe a influenciação, de modo claro, condensando linhas de força magnética e princípios elétricos que aliviam e sustentam, ajudam e curam.
A fonte procede do coração da Terra e a rogativa que flui no limo da alma, quando se unem na difusão do bem, operam milagres.
O Espírito que se eleva na direção do céu é antena viva, captando potências da natureza superior, podendo distribuí-las em benefício de todos os que lhes seguem a marcha.
Ninguém existe órfão de semelhante amparo.
Para auxiliar a outrem e a si mesmo, bastam a boa vontade e a confiança positiva.
Reconheçamos, pois, que o Mestre, quando se referiu à água simples, doada em nome da sua memória, reportava-se ao valor real da providência, em benefício da carne e do Espírito, sempre que estacionem através de zonas enfermiças.
Se desejas, portanto, o concurso dos Amigos Espirituais, na solução de tuas necessidades fisiológicas ou dos problemas de saúde e equilíbrio dos companheiros, coloca o teu recipiente de água cristalina à frente de tuas orações, espera e confia. O orvalho do Plano Divino magnetizará o líquido, com raios de amor, em forma de benção, e estarás, então, consagrando o sublime ensinamento do copo de água pura, abençoado nos Céus.[15]
Considerações Finais
O passe é um recurso de emergência para tratamento de todos os tipos de doença. Mas como toda terapia não deve ser usada indiscriminadamente, remédio não deve ser tomado a toda hora, mas só no momento necessário.
Quanto à cura propriamente dita, esta só se dá pela recuperação do Espírito através da evangelização na busca da reforma íntima.
Lembremos assim da afirmativa de Jesus ao paralítico de Betesda:
Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.[16]
[1] (FRANCO/Joanna de Ângelis [Espírito] 1991), cap. 18
[2] Exodo, 3: 2 a 5
[3] Deuteronômio, 18: 9 a 14
[4] Cf. KARDEC, O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104ª ed. 1991, cap. XXVI
[5] Números, 11 26 a 29
[6] João, 10: 30
[7] Mateus, 16: 17 e 18
[8] XAVIER, Francisco C. / Emmanuel (Espírito), Encontro Marcado, Rio de Janeiro, FEB, 1967, cap. 28
[9] Idem, ibidem.
[10] João, 14: 16 e 26
[11] (XAVIER/Emmanuel [Espírito] 1967), cap. 28
[12] LEX, Ary. Do Sistema Nervoso à Mediunidade. São Paulo: FEESP, 1997
[13] [XAVIER / Waldo Vieira/ André Luiz (Espírito), 1993] I Parte, cap I
[14] Mateus, 18: 20
[15] TOLEDO, Wenefledo de. Passes e Curas Espirituais. São Paulo: Pensamento, pg 140
[16] João, 5: 14