Se
todo o corpo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido,
onde estaria o olfato?
Toda unidade coletiva é
formada das partes. Os universos são compostos de sóis
e planetas; países, de estados e municípios; famílias,
de homens e mulheres; órgãos, de tecidos e células.
Todas as partes têm
sua função específica, e importância no
contexto, para que um organismo funcione perfeitamente, todas elas
têm de estar devidamente ajustadas ao objetivo maior.
No ser humano este
ajuste é representado pela máxima cristã “amai
ao próximo como a si mesmo”, significando a perfeita
harmonia entre a Lei de Conservação e a de Amor e
Caridade.
Assim,
da mesma forma que os sentidos voltados ao equilíbrio orgânico
têm que se harmonizarem concorrendo para um funcionamento
adequado do vaso físico, no homem integral, os fatores físico,
espiritual, emocional e ambiental, têm de estar também
equilibrados; o mesmo acontecendo na comunidade voltada para um
objetivo comum – o movimento espírita por exemplo – onde
as partes constituintes desta, no caso, os seres humanos que a
compõem, devem estar também conjugados e voltados para
o bem comum e o interesse geral da obra.
Pois se todo o corpo
fosse olho, onde estaria o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria
o olfato?
Mas,
agora, Deus colocou os membros no corpo, cada um deles como quis.
Para que o Espírito
realize sua evolução e consequentemente o “retorno ao
Criador”, ele é projetado na matéria dentro de uma
hierarquia universal, e conjugando liberdade e obediência
caminha para a perfeição, tudo isso sob orientação
superior e atendendo a um plano maior da Criação.
Cada um deles como
[Deus] quis. Por mais que exteriorizemos nossos recursos
potencializados, por maior que seja nosso ajuste aos desígnios
universais, jamais poderemos, como nos alertou o Cristo de Deus,
acrescentar um côvado à nossa estatura. Tudo está
disposto consoante a Vontade do Pai, Ele é o Incriado e o
Inatingível, Ele colocou os membros no corpo como quis,
e a nós cabe, atendendo aos impositivos da Lei, realizar o
melhor que nos cabe dentro de nossa faixa de ação
própria.
Tudo isso o façamos
com alegria e não gemendo, porque isso não nos seria
útil.1
Assim, antes de semear a
insatisfação e a discórdia em qualquer movimento
voltado para o Bem e ao serviço ao semelhante, analisemos qual
é o interesse comum, qual a nossa tarefa dentro do plano mais
amplo, sintamos que Deus, através do Cristo, está
sempre na direção e que tudo tem a sua razão de
ser, pois segundo o excelente conselho do mestre de Paulo:
…se esta obra
é de homens, se desfará, mas, se é de Deus não
podereis desfazê-la; para que não aconteça serdes
também achados combatendo contra Deus.2
1
Hebreus, 13: 17
2
Atos, 5: 38 e 39