terça-feira, maio 28, 2024

A Figueira sem Fruto


 


E, deixando-os, saiu da cidade para Betânia e ali passou a noite. E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome. E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente. E os discípulos, vendo isso, maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? (Mateus, 21: 17 a 20)

E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome. Vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isso. (Marcos, 11: 12 a 14)

Muitos estudiosos do Evangelho têm tido dificuldade em interpretar a passagem acima. Alguns, e até mesmo entre os espíritas, têm dito que este fato não pode ter-se dado, que não passa de uma interpolação nos textos do Evangelho, já que estes sofreram ao longo do tempo muitas modificações por parte de religiosos inescrupulosos.

Tudo isto porque, segundo estes, a ação de amaldiçoar a figueira não seria uma atitude normal de um espírito como o de Jesus, o Manso por excelência.

Não deixam estes de ter uma certa razão, realmente Jesus jamais amaldiçoaria qualquer obra da Criação divina, ainda mais que segundo o evangelista, não era tempo de figos.

Porém, pensamos que há mais o que refletir sobre o assunto.

Segundo anotação do Espírito Humberto de Campos através da mediunidade do nosso querido Chico Xavier, a partir de um encontro com o Espírito do apóstolo Pedro na espiritualidade, todas as obras a que se referem os evangelistas são profundamente verdadeiras.[1]

 Deste modo, segundo o testemunho do próprio apóstolo, todas as coisas se deram conforme anotação dos evangelistas; assim, se aconteceu e foi relatado, devemos analisar. Pois, se a Doutrina Espírita, segundo anotação do próprio Kardec, é a terceira revelação da Lei de Deus para nós os ocidentais, o advento do Cristo é a segunda; portanto, se é fato que o “Espírito de Verdade” auxiliou Kardec na codificação, o mesmo se deu na redação dos Evangelhos e se alguma passagem foi preservada é que deveríamos estudá-la buscando através dos ensinamentos nela contidos a nossa edificação e promoção espiritual.

Assim, se temos dificuldade de compreender a mensagem que Jesus nos deixou em alguma de suas ações, não devemos dizer que ela não aconteceu ou que a tradução está incorreta, e sim, que ainda não conseguimos alcançar o pensamento daquele que é o Mestre maior entre todos os mestres.

E isso não é nenhum demérito para nós. Não devemos esquecer que Jesus é, segundo os Espíritos superiores, o construtor e o mentor espiritual de nosso orbe, o que vale dizer que há bilhões de anos quando da formação de nosso planeta, Ele já era o Cristo, quando nós ainda, provavelmente, fazíamos nossa evolução nos reinos inferiores da criação. Jesus tem uma mente que está a “anos luz” à nossa frente, sua psicologia ainda é por nós inabordável, deste modo, tenhamos humildade, muito ainda temos a aprender com seus atos, e apesar do seu esforço em adequar seus ensinamentos, à medida que vamos evoluindo em espírito e moral mais iremos absorvendo suas significativas lições.

Para finalizarmos essas primeiras considerações voltamos à mediunidade de Francisco Cândido Xavier; é Emmanuel quem nos alerta sobre as traduções do Evangelho:

[é] (...) razoável estimarmos, em todas as circunstâncias, os esforços sinceros, seja qual for o meio onde se desdobram, apenas consideramos que, em todas as traduções dos ensinamentos do Mestre Divino, se torna imprescindível separar da letra o espírito.

(…) mas importa observar que os Evangelhos são roteiros das almas, e é com a visão espiritual que devem ser lidos; pois, constituindo a cátedra de Jesus, o discípulo que deles se aproximar com a intenção sincera de aprender encontra, sob todos os símbolos da letra, a palavra persuasiva e doce, simples e enérgica da inspiração do seu Mestre imortal.[2]

****

A figueira é o símbolo da paz desejável para o povo e a terra de Israel. É, junto com a oliveira, a videira e o espinheiro a representação do povo de Israel que segundo eles próprios àquele tempo, era o povo eleito de Deus.

Hoje à luz da interpretação espírita dos textos bíblicos sabemos que essa eleição não é realizada no sentido Deus – espírito, e sim em sentido inverso, ou seja, espírito – Deus. Isto quer dizer que não é Deus que elege, mas o espírito que através do seu ajustamento às Leis de Deus se elege ou se promove à harmonia com o Criador.

Deste modo, a figueira representa os espíritos que já aderiram à proposta do Criador de espiritualização. São aqueles que já fazem a sua evolução de forma consciente e sincera.

Já nos primeiros capítulos do livro Gênesis, quando da perda do paraíso por parte de Adão e Eva, encontramos essa simbologia que apóia o nosso raciocínio.

No versículo 7 do capítulo 3 deste livro encontramos o seguinte apontamento:

Então foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus; e coseram folhas de figueira, e fizeram para si aventais.

O fato é que eles sempre estiveram nus, porém só depois da desobediência isso os incomodava, por quê? Porque a partir da conscientização do erro (pecado) é que vem o chamamento da consciência. Eles tinham rompido o pacto com o Criador (afastamento da Lei), tinham comido da árvore proibida (árvore da ciência do bem e do mal) e assim entraram em pecado, e a consciência do erro os levou a se envergonharem de seu estado. Como foi que procuraram cobrir o pecado? Com folhas de figueira.

Como sabemos que só através da ação consciente em harmonia com a Lei é que voltaremos à harmonia original da Criação e assim ao Reino Divino, e se a folha de figueira foi o primeiro objeto utilizado para cobrir o erro, vemos neste símbolo o instrumento necessário à recuperação do espírito para Deus.

Portanto, voltando ao raciocínio inicial, a figueira representa aquele que já se conscientizou da necessidade de ajustamento aos desígnios divinos. Aquele que deixou a evolução pelos impactos da vida realizando-a de forma consciente.

Narram ambos os evangelistas que Jesus teve fome. Isso deve ser por nós analisado.

Como diz o professor Carlos Torres Pastorino, é bem pouco provável que Jesus tenha tido fome, pois o Mestre tinha passado a noite em Betânia, e quando isso acontecia, era na casa de Lázaro e de suas irmãs Marta e Maria que ele se hospedava. É muito pouco provável que elas tão cuidadosas com o Senhor quanto eram, tenham o deixado sair de manhã sem se alimentar a ponto de na própria manhã ter fome.

Deste modo, seguindo a orientação de Emmanuel vamos analisar o fato com olhos espirituais, buscando retirar da letra que mata o espírito que vivifica.

Jesus teve fome, e isso nos leva a refletir. Jesus precisava de algo...

Quantas vezes nos aproximamos de Jesus ou dos Espíritos amigos somente som o objetivo de algo pedir em nosso favor ou em favor daqueles a quem amamos? Do mesmo modo pensemos: por quantas vezes nos aproximamos destes mesmos Espíritos com o objetivo de algo contribuir, pensando que também podemos ser úteis a eles?

Para a primeira pergunta a resposta é: várias; para a segunda, talvez nenhuma, ou no máximo, poucas.

Isso é significativo. É que em nossa imaturidade espiritual ainda buscamos mais receber do que dar, mais usufruir do que contribuir. Jesus teve fome e procurou os frutos de uma figueira que tinha folhas, isto é, alguma coisa a oferecer. E esta não tinha frutos para lhe saciar. Esta figueira pode ser comparada a nós em nosso estágio atual de evolução. Já temos folhas, já estudamos o evangelho, já nos dizemos espíritas e já até realizamos palestras em favor daqueles que conhecem menos do que nós. Mas em matéria de auto-iluminação, será que já estamos capacitados a alimentar a espiritualidade com ações efetivas no bem, e auxiliar o Senhor na implantação do Evangelho no coração das criaturas?

Lembremos de sua conversa de Jesus com o apóstolo:

E, depois de terem jantado, disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de Jonas, amas-me mais do que estes? E ele respondeu: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a dizer-lhe segunda vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Disse-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas. Disse-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas, amas-me? Simão entristeceu-se por lhe ter dito terceira vez: Amas-me? E disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo. Jesus disse-lhe: Apascenta as minhas ovelhas.[3]

 Marcos, o evangelista, narra que Jesus não achou na figueira senão folhas, pois não era tempo de figos. É aí que os analistas se complicam. Para Jesus não era o aspecto material que contava, mas o ensinamento espiritual que poderia tirar do evento.

É normal que uma árvore só dê frutos na época de frutos, porém, sendo a figueira a representação do cristão verdadeiro, do adepto sincero de seu Evangelho, em sentido espiritual não existe época de frutos simplesmente porque toda hora é hora de o cristão estar sintonizado com o Cristo e pronto para o trabalho de servir em nome Dele.

Nada de ser bom somente no templo eleito para a prática de sua fé, nada de ser virtuoso somente nos trabalhos da igreja ou do centro espírita. É no dia a dia, no cumprimento de nosso dever junto à família, na prática de nossa profissão, ou em qualquer ambiente, é que devemos nos comportar com a virtude evangélica.

É muito comum reunirmos a família num tradicional almoço de domingo. Ali nos banqueteamos, nos fartamos, e muitas vezes exageramos na comida e na bebida. Imagine como ficará um cristão que, após almoçar bem, beber um bom vinho em quanto banqueteia, for abordado por um necessitado que em sua porta bata a lhe rogar um simples passe para equilíbrio de suas energias. Será conveniente esse adepto aplicar o passe no necessitado após a ingestão de saborosa carne de porco e de boa dose de vinho, por exemplo?

Talvez aquele necessitado tenha sido enviado pelo Cristo para saciar a sua fome de boas energias, e aquele cristão seja simplesmente como a figueira que tinha somente folhas, pois em verdade era domingo, e por que não podemos exagerar um pouco na alimentação? Não era tempo de trabalho...

Não é proibido ao cristão se alegrar, festejar ou alimentar bem. Mas tudo deve ser feito com equilíbrio, com simplicidade e cautela. Pois o verdadeiro adepto de evangelho deve estar sempre pronto a servir, a dar frutos... E a figueira seca representa exatamente a consequência dolorosa de nossa invigilância com os recursos que possuímos.

Na seara do Senhor sempre será tempo de colheita, de frutos saborosos.



[1] Crônicas de Além-túmulo, cap. 20

[2] O Consolador questão 321

[3] João, 21: 15 a 17

 Leia também (Clicando nos Links): Jesus - Governador Espiritual da Terra

                       Maria de Nazaré, Paulo de Tarso; Mulher e Homem em Cristo

 

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Se você perdeu áudios dos estudos do Honório Abreu sobre o Gênesis, acesse o  link ao lado Espiritismo e Evangelho/Honório Abreu      

 

 

terça-feira, maio 21, 2024

A Lei de Deus e Suas Consequências Morais (Parte 2)



 


A Providência Divina

Segundo Kardec a Providência é a solicitude de Deus para com as criaturas.[1] Isto é, o cuidado Dele para com elas.

É ela uma conseqüência da Lei de Deus, que como dissemos tudo regula levando o Ser à redenção.

Deus está em toda parte. Como?

Para entender é preciso analisar dois aspectos da Divindade que não podem ser dissociados. São eles:

  • Transcendência
  • Imanência

Transcendente é o que transcende; transcendental. Que excele[2] em seu gênero; que excede os limites normais; superior, sublime. Que transcende a natureza física das coisas; metafísico (Houaiss). Que ultrapassa nossa capacidade de conhecer.

Imanente, é o que existe sempre em um dado objeto e inseparável dele. (Aurélio)

Que está inseparavelmente contido ou implicado na natureza de um ser, ou de um conjunto de seres, de uma experiência ou de um conceito. (Houaiss)

Deus antes de Criar[3] era o Uno-Todo, nada além Dele existia. Deste modo, deveria tudo tirar de Si. Não havia dualismo; só com a criação passa a existir distinção entre Criador e criatura.

Este Deus Criador, absoluto, inimaginável, inatingível, puramente espiritual e que está acima de tudo é Deus em seu aspecto transcendente.

Deus em seu aspecto imanente é Aquele que se encontra na criação, passou a existir a partir desta. A imanência é deste modo, a permanência do Criador na criação. É esta presença, esse impulso criador que faz com que a criação evolua sempre do estado de imperfeição ao de perfeição. É essa presença o que chamamos vida; é a Lei agindo e regulamentando todas as coisas.

Estes dois aspectos, imanência e transcendência têm de caminhar lado a lado, o panteísmo erra por esquecer o Deus transcendente, enquanto a não aceitação do Deus imanente nos conduz a um Deus distante da criação, que age de fora dela, como se isso fosse possível.

Usando de uma comparação grosseira, sem o intuito de materializar o Criador, somente no intuito de facilitar a compreensão podemos fazer a seguinte analogia:

Somos Espíritos encarnados formados pela essência espiritual e corpo; este por sua vez é formado por membros, órgãos, nervos, células etc.; quando o membro se move, ou qualquer articulação sofre um dano, o Espírito percebe; há várias sensações ao mesmo tempo no corpo, o Espírito as sente todas, diferenciando cada uma em sua manifestação particular, e até mesmo a renovação de suas minúsculas células ele comanda.

Do mesmo modo, Deus que é infinito em Suas perfeições comanda todo o universo do micro ao macrocosmo, sabendo e dirigindo tudo o que acontece, e estando presente nele em todos os momentos.

Livre Arbítrio e Destino

O entendimento das questões do livre arbítrio de do destino foi sempre um desafio para os homens de todas as eras.

Existe destino? Ou seja, os acontecimentos que sucedem em nossa vida já foram previamente estabelecidos?

Se a resposta é sim, como conciliá-la com a liberdade individual de cada um, isto é, com o livre arbítrio.

Não temos a liberdade de escolher e fazer nossa opção quanto à vida, se queremos ser isto ou aquilo? Se assim não for onde está o mérito individual?

Porém, se o livre arbítrio é um princípio do processo evolucional, e até mesmo uma lei, como pode ser que os eventos parecem já estar marcados, e que nos fatos principais de nossa vida não conseguimos interferir?

Como conjugar estas duas realidades que parecem se contradizer?

Já dissemos, há uma Lei que dirige o funcionamento de todo o universo.


Tudo o que existe é um fenômeno em movimento, dirigido por uma lei que, distinguindo-se em tantas modificações particulares, orienta os movimentos de todos os fenômenos. Esta lei constitui o código que regula o seu contínuo transformar-se.[4]


Isto é, a vontade do Deus transcendente se manifesta de forma imanente em todo o universo.

Dentro de todos estes regulamentos o Espírito é livre em sua movimentação conquistando assim o seu amadurecimento.

O Ser não é um robô dentro da mecânica universal. Não é ele passivo e sim ativo na construção de seu destino. Há o livre arbítrio, porque a liberdade é um dos atributos de Deus.


Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.[5]


Todavia, como evitar que esta liberdade não se transforme em um caos?

É aí que entra o perfeito funcionamento da Lei definindo um novo princípio:


Causa e efeito


Desta forma ficam harmonizadas as duas variáveis desta equação, livre arbítrio e determinismo.

No primeiro passo o ser é livre, define, escolhe, semeia…

No segundo é dirigido, recebe alegria ou dor de acordo com a sua seleção. Este é o momento da colheita onde não há a participação da criatura. É a Lei conduzindo o Ser da desordem à ordem, é o mecanismo corretivo da violação.

Temos assim, caso a liberdade seja usada indevidamente:

Erro        è      Dor   è     Felicidade

Mas pode-se alegar que este mecanismo nem sempre funciona, pois há elementos que mesmo sofrendo os impactos da adversidade insistem no erro, e muitas vezes são até vencedores e felizes.

É preciso que se entenda que a liberdade é um componente sempre presente na vida do homem; mesmo estando em uma situação marcada pelo determinismo tem ele a livre escolha de como se comportar diante da situação. Isto significa que ele pode compreender o seu erro e humildemente aceitar a correção, ou aprofundar o distanciamento da lei gerando cada vez mais dor para si próprio. A vitória e a felicidade deste que dissociado de Deus se apresenta é apenas aparente, mais cedo ou mais tarde chega o momento de recolocar tudo no lugar, e por ter insistido na rebeldia mais danos ainda sofre quem se deixou levar pela indisciplina.

Vivemos em um mundo ainda dominado por forças contrárias à ordem, o "príncipe deste mundo" conforme citação do próprio Jesus ainda tem grande influência sobre as criaturas de nosso orbe, por isso é permitida essa vitória temporária do mal, porém o aprofundamento da dor que citamos anteriormente termina por levar o Ser à salvação, pois a dor acaba tendo a função de eliminar a dor, já que o instinto natural da criatura é a evolução que o leva à felicidade.

O mecanismo funciona assim: o Ser detesta a dor e busca de qualquer modo a eliminar. Todavia com o agravamento do erro o que ele faz é aumentá-la, quando ela – dor – se torna maior que a rebeldia o Ser satura de sofrer e reconhece sua pequenez diante da Lei e se rende ao bem por ser este maior.

Aí inicia um outro movimento da criatura, e de grande importância. Movimento este que trataremos mais adiante, a redenção.

Estando neste ponto podemos agora buscar compreender como se forma o destino.

O Ser é livre, porém, na mesma medida é responsável. Cada atitude nossa continua em seus efeitos, ganham eles uma trajetória e um movimento determinados pelos impulsos que o originam. Se estudarmos os vários impulsos por nós emitidos e consequentemente as várias trajetórias originadas, vamos ver aí a natureza de nossa personalidade.

Nos primeiros anos da vida o Ser tem a oportunidade de através de um novo modelo educativo aprender novos conceitos a serem por ele desenvolvidos. Importa aqui reconhecer que estas oportunidades são definidas pelo caminho escolhido e pelo que se evoluiu em existência anterior.

Na maturidade retoma o Ser o seu passado com o poder de nele lançar novos impulsos criando assim as bases de uma outra e nova existência.

Dissemos anteriormente, o primeiro passo é de liberdade, o segundo pertence ao determinismo. O destino é deste modo efeito do passado, contém momentos de absoluto determinismo, mas que são a estes sempre acrescentados lances de liberdade com o objetivo de corrigir a trajetória defeituosa.

A partir destas exposições compreendemos a grande justiça que impera no universo, e que só podemos fazer o bem ou o mal a nós mesmos, isto significa que quando a outro os fazemos, somos nós mesmos os primeiros a sermos beneficiados ou prejudicados.

Em síntese como já foi dito à humanidade em várias oportunidades: somos construtores do nosso destino.

Redenção: Correção das Causas e do Destino

A redenção é o projeto da vida para cada um de nós. Objetivo da Existência, é produto da evolução que acontece sempre, mesmo que o Ser não se aperceba e às vezes até aja de forma contrária a ela.

A Lei impulsiona o Espírito, mesmo que a reboque, sempre para frente, se não for por amor vai pela dor. No fluxo e refluxo da vida sempre há progresso.

Todavia esse processo pode ser mais natural, isto é, sem maiores sofrimentos, desde que o Ser se ajuste aos desígnios divinos.

Já vimos que as causas geram os efeitos definindo assim o destino, e que a Lei é o pensamento do Criador a conduzir tudo para a ordem. Vimos também que a Lei é amor.

Deste modo, ao invés de fazer-lhe oposição é mais conveniente buscarmos espontaneamente nos movermos na mesma direção dela, pois ela é sábia e nos dirige de forma natural e sem o constrangimento da dor.

Redenção é resgate, ou o ato ou efeito de remir, que por sua vez significa tornar a obter, a conseguir.

Dentro do aqui exposto redimir é corrigir as causas, é construir um novo destino a partir de impulsos construtivos e conscientes lançados à vida. É ocupar-se com a evolução espiritual, ser honesto, altruísta, servir ao semelhante, que é sempre instrumento de progresso.

Isso nos leva a outra conclusão: a redenção é individual, ninguém pode fazê-la pelo outro; não existe na contabilidade divina transferência de responsabilidade.

O momento de realizá-la é agora; a vida em seu finalismo é espiritual, porém o campo de ação dentro de nosso momento evolutivo atual é o mundo físico; é no ambiente terrestre o nosso campo operacional. Se no interlúdio do mundo espiritual podemos planejar, fortalecer nossos propósitos, a execução dos planos só pode se dar aqui, no mundo material. É neste ambiente dual que a luta entre bem e mal, passado e presente, ganha maiores proporções. É na liberdade de escolher que o progresso se efetiva.

Podemos classificar sempre em três as fases deste processo. Desta feita, se temos:

Erro                 è               dor             è               redenção

Também temos:

Percepção da necessidade de correção         è     experimentação è               conquista efetivada

Só através do cumprimento destas três fases seremos definitivamente realizados.


E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.[6]


Sendo que o conhecimento da verdade só se estabelece com a vivência plena dos novos valores adquiridos.

Aqui atingimos o ponto culminante de nosso estudo. De que valeria todo esse conhecimento se não o aproveitássemos em nossa edificação espiritual?

 

Ainda que eu tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, ainda que tivesse toda fé, a ponto de transportar montanhas, e não tivesse a caridade, eu nada seria.[7]


  Assim, é preciso retirar destes conhecimentos suas conseqüências morais, que é o estabelecimento de uma moral superior, a moral do Evangelho, a reger todos os fenômenos universais a partir de nós mesmos.

Com isso conquistamos a possibilidade de programar nosso futuro com base nesta moral, pois gerando impulsos renovados no mesmo sentido da Lei, que é amor, construiremos um novo destino caracterizado por segurança e felicidade.



[1] A Gênese, Cap. II item, 20

[2] Ser excelente. (Houaiss)

[3] Não é possível a nós imaginar este momento, ou seja, o princípio das coisas, o que existia antes da criação. Mas com o objetivo de fazermos a exposição dos conceitos que ora estamos defendendo faz-se necessário seguirmos este caminho.

[4] A Técnica Funcional da Lei de Deus, Cap. XII

[5] II Coríntios, 3: 17

[6] João, 8: 32

[7] I Coríntios, 13: 2


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Leia também o Post anterior:  A Lei de Deus e Suas Consequências Morais (Parte 1)

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