E, logo depois da aflição
daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as
estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e
verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
grande glória.
E ele enviará os seus anjos
com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos
desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
(Mateus, 24: 29 a 31)
E, logo depois da aflição
daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as
estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas.
E, logo depois… -
Esta expressão define para nós que em se tratando de acontecimentos
dentro do andamento natural da Lei, tudo tem a sua a hora, existe uma
seqüência a ser cumprida sem ferir a ordem geral que tudo rege.
…da aflição
daqueles dias… - Daqueles dias exprime, como temos dito,
estes momentos de transição necessários a passarmos de uma fase a
outra. São dias difíceis tanto no particular quanto no geral. Se
existem obstáculos a serem vencidos pela individualidade, o mesmo
podemos dizer da coletividade; originando, deste modo, guerras,
calamidades e doenças generalizadas que tanto nos incomodam.
Entretanto, se tais
situações são geradoras da aflição predita por Jesus,
muito maior é a que sentimos no campo íntimo, por já possuirmos o
discernimento espiritual sem todavia, alterarmos nossa conduta para
melhor como se faz necessário; é o que poderíamos chamar de
angústia gerada pelo “complexo de Moisés”, que é aquele
sentimento de ver a “Terra Prometida”, sem no entanto poder
adentrá-la. Ou seja, nós muitas vezes sabemos o que fazer, sem
entretanto realizarmos deste modo; temos o sentimento do Reino, sem,
todavia, lá nos situarmos como posição conquistada. Esta dualidade
em que nos situamos, nos causa profundo desconforto, sendo deste
modo, a causa desta angustia das nações de que nos fala
Lucas, porque qual a origem do todo, senão o que vai na intimidade
das partes?
… o sol
escurecerá… - O sol, como elemento mantenedor de nosso
sistema planetário, podemos entendê-lo como a própria Luz Divina.
Então, como compreender que ele escurecerá, se a Luz vinda
de Deus não se apaga nunca?
É que devemos entender
a vinda do Filho do homem como o momento da ressurreição
da própria criatura, e não podemos esquecer que a esta antecede a
crucificação. O escurecimento do sol, é justamente este
instante de martírio íntimo, em que nem mesmo o auxílio espiritual
parece nos socorrer, é aquele momento em que procuramos ajuda num
amigo, e ele não se encontra, procuramos por uma página consoladora
e mensagem que cai é outra completamente diferente do que estamos
querendo; nos alertando assim, para a necessidade de vencermos aquele
momento com recursos próprios. O amparo do Alto existe, mas é como
se houvesse um hiato, para que possa ser avaliado as nossas
possibilidades. Foi para nos ensinar que este momento seria
necessário, que Ele o Maior entre todos os educadores, disse:
Eli, Eli, lemá sabactâni,
isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
…e a lua não dará
a sua luz… - A lua não tem luz própria, a luminosidade
que ela manifesta é originária do sol, assim, podemos simbolizá-la,
como aqueles valores que possuímos ainda não devidamente acolhidos
em nossa intimidade como conquista definitiva; deste modo, para que
eles se manifestem é necessário um contato maior com o grupo que
nos apoia ou com a nossa Consciência Profunda; quando falta a
luminosidade do sol íntimo, a nossa lua, também não dará
a sua luz. É o momento da fé vacilante, é como se faltasse
aquele piso que nos dá a devida segurança.
…e as estrelas
cairão do céu… - As estrelas são justamente aqueles
recursos que falamos anteriormente, com os quais temos de contar
nestes instantes aflitivos, é a luz própria, ou dizendo de outro
modo, as virtudes conquistadas. Num primeiro momento podemos pensar
que elas também falharão, pois fala-nos o Senhor que elas cairão
do céu. Mas é questão de interpretação, elas cairão do
céu, quer dizer que naquele momento, elas não vão iluminar a
coletividade, vão atender é às nossas necessidades mais íntimas;
estrelas serão sempre estrelas, não há perda ou retrocesso na
Economia da Vida. A queda das estrelas do céu, quer
justamente dizer que elas vão sair do plano simplesmente
contemplativo, para o operacional, será a dinamização dos recursos
que já possuímos, no sentido de construirmos a própria segurança.
…e as potências
dos céus serão abaladas. – Se tudo isto se dará no campo
íntimo, haverá logicamente, e como dissemos em outra parte, um
reflexo no coletivo. As potências dos céus são justamente
aqueles Espíritos encarnados ou desencarnados já afinados com os
valores espirituais, e que trabalham na Seara do Cristo para a
implantação do Evangelho no coração das criaturas; ou ainda,
representam a própria Mensagem do Eterno que sempre esteve presente
no seio de todos os povos. Quando Jesus diz que elas serão abaladas,
não fala de um abalo em si mesma, pois o que é de Deus, não sofre
oscilações; fala-nos de um abalo de fora para dentro, o que é
natural, de uma descrença que pode acontecer, de uma supremacia dos
valores do mundo sobre os valores do Cristo. É o que deixa-nos nas
entrelinhas a mensagem da morte de Jesus; por dois dias a terra,
representando o poder transitório ficou em cima do Cristo – são
os dois milênios de domínio das trevas -; para no terceiro dia –
terceiro milênio – haver a Ressurreição, e as Potências do
Céus, que representam a Verdade de Deus, ficarem acima da terra,
ou, reinarem na Terra como um planeta Governado e Dirigido pelo
Cristo de Deus.
Então, aparecerá no céu o
sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e
verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e
grande glória.
Então, aparecerá
no céu o sinal do Filho do homem… - Após estes momentos de
dores e de angústias, onde todos serão testados, tanto individual
como coletivamente, informa-nos o Senhor que, então, isto é,
como conseqüência do amadurecimento gerado por estes
acontecimentos, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem. Esta
é uma manifestação da misericórdia divina, e do andamento natural
da Lei; quando finda o tempo necessário ao aprendizado, inicia uma
nova fase, baseada nos valores conquistados.
O sinal do Filho
do homem aparecerá no céu, ou seja, através de nossa
vinculação com um estado de espírito superior. O Cristo existiu
desde sempre em nós, e também em todas as manifestações do nosso
orbe…
Todas as coisas foram feitas
por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
Entretanto, devido à nossa sintonia
inferior não O percebemos…
…estava no mundo, e o mundo
foi feito por ele e o mundo não o conheceu.
Ele aparecerá no céu. Este
é um prenúncio de que está a terminar nossos ciclos de resgate,
pois conforme nos diz Jesus segundo as anotações de Lucas, está
próxima a nossa redenção.
Ou segundo os dizeres do converso de Damasco:
Porque a ardente expectação
da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus…
…na esperança de que
também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção,
para a liberdade da glória dos filhos de Deus.
…e todas as tribos
da terra se lamentarão… - As nações e os povos antigos eram
subdivididos em tribos. O uso desta expressão aqui significa
que todos se lamentarão; a mais intima das células da
sociedade se lastimará diante do grande acontecimento que será o
reencontro com o Filho do homem. Este lamento se dá, porque por mais
que realizemos em favor do progresso espiritual, a Misericórdia do
Criador é ainda maior, e veremos neste encontro conosco mesmo, que
poderíamos ter feito mais. Tal situação é muito comum de se dar
no regresso do Espírito ao plano espiritual após uma oportunidade
reencarnatória. No momento em que ele se vê diante de si, e de suas
realizações, o primeiro sentimento que tem, é o de que perdeu
oportunidades; sendo que alguns ainda afirmam que nem mesmo o maior
dos fracassos no plano da matéria é mais doloroso do que a vergonha
que se sente por ter, em vários momentos, se estacionado, ou
simplesmente deixar de ter feito o Bem.
Se isto se dá no final
de uma simples etapa encarnatória diante da grandeza da Vida
Espiritual, o que não se dará no final de um ciclo maior, em que o
Espírito muitas vezes se vê diante da oportunidade de uma promoção
a um Mundo mais elevado em matéria de espiritualidade?
…e verão o Filho
do Homem vindo sobre as nuvens do céu… - A nuvem é o
cenário normal da manifestação dos Espíritos representantes de
Deus ou do Filho do homem, conforme vemos em Daniel, no
Apocalipse, e em outros livros tanto do Velho como do Novo
Testamento:
Eu estava olhando nas minhas
visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho
do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até
ele.
Eis que vem com as nuvens, e
todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as
tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém!
Disse, pois, o Senhor a
Moisés: Dize a Arão, teu irmão, que não entre no santuário em
todo o tempo, para dentro do véu, diante do propiciatório que está
sobre a arca, para que não morra; porque eu apareço na nuvem sobre
o propiciatório.
Esse vir sobre as
nuvens, quer justamente dizer-nos do caráter espiritual que terá
esta manifestação, virá do Alto, em uma, e de uma vibração
elevada, superior a tudo o que conhecemos neste mundo transitório.
Este momento de Unificação Plena com o Criador é Único, Deus é
espírito, e só espiritualmente podemos compreendê-Lo.
…com poder e
grande glória. – Ter poder é ter possibilidade,
autorização, força, para realizar algo. Nada dá mais poder do que
a Autoridade conquistada pela vivência do que se conhece, a glória
é justamente esta conquista.
A Lei Divina é o
regulamento que tudo dirige, tanto no micro quanto no macrocosmo;
tanto no mundo físico, quanto no espiritual. Estar em acordo com
esta Regulamentação, é estar Uno com o Pai, é ter em si o
Verdadeiro Poder, o único que realmente dá segurança e força para
qualquer realização.
Quando deste modo,
realizamos em nós a edificação estruturada na Verdade Universal,
adquirimos este Poder, e a Glória será tão grande que nada será
capaz de impedir a nossa total e definitiva vitória sobre o mundo e
todas as suas imperfeições.
Não é outro o sentido
das Palavras Daquele que assim tendo feito, pôde declarar-Se com a
Suprema Autoridade, ser o Pão da Vida:
E, naquele dia, nada me
perguntareis. Na verdade, na verdade vos digo que tudo quanto
pedirdes a meu Pai, em meu nome, ele vo-lo há de dar.
E ele enviará os seus anjos com
rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde
os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
E ele enviará os
seus anjos… - A vinda do Filho do homem permitirá o
aparecimento de seus anjos. No plano exterior, estes anjos
representam aqueles Espíritos que estão junto com Jesus trabalhando
para a implantação do Evangelho como norma a ser vivida. Hoje eles
estão por aí se manifestando seja de uma forma ostensiva ou apenas
intuitiva nos templos ligados a todas as religiões.
No plano íntimo
podemos entender estes anjos como aqueles valores que já
conquistamos ajustados à moral cósmica. São eles que nos
permitirão realizar o encontro com o Cristo interno, e é este
encontro que possibilitará que eles possam se manifestar de uma
forma mais visível.
…com rijo clamor
de trombeta… - Como se dará o aparecimento destes anjos?
Informa-nos o texto evangélico que, com rijo clamor de trombeta.
Rijo é robusto,
vigoroso, forte. Clamor é ação ou efeito de clamar, um
grito de queixa. O Clamor normalmente sai de dentro, com
força, alto, dando a entender que esta manifestação não será
apagada, mas visível a todos. A trombeta por sua vez é um
instrumento de sopro, uma espécie de corneta, seu som é alto e
estridente, o que vem confirmar o que dissemos anteriormente, de ser
esta manifestação algo que se destaca.
Ora, tanto a
manifestação dos Espíritos tem sido hoje, algo que não se
consegue esconder, como as virtudes já conquistadas por um homem,
também são mostradas a todos; mesmo sendo humildes aqueles que as
possuem, não há quem não veja aquele que age com o verdadeiro amor
em seu coração.
Várias são, como
vemos, a forma do Criador despertar as criaturas para as necessidades
preeminentes; o toque da trombeta referencia justamente este
insight que se dá no momento oportuno, seja no silêncio de Deus, ou
no grito de um necessitado.
…os quais
ajuntarão os seus escolhidos… - Este ajuntamento se dá
justamente por causa da Lei de afinidade. Se hoje, no plano físico
em que nos movimentamos, a Lei que rege é a da necessidade através
do reajuste que se faz imprescindível, quando esta fase terminar,
viveremos de acordo com o plano eleito em nossos corações e com
aqueles que se afinizarem com o mesmo. Será aquele momento de
separação do joio do trigo.
Sobre os escolhidos,
dissemos anteriormente que se trata daqueles que já elegeram a Moral
como norma de conduta de forma consciente. Assim, eles serão
automaticamente unidos pelo seu ideal superior. Isto já ocorre no
plano espiritual, onde vivemos de acordo com o que cultivamos, e com
aqueles que comungam a mesma faixa de interesses.
…desde os quatro
ventos, de uma à outra extremidade dos céus. – A expressão
quatro ventos se refere à totalidade do plano físico; e, de
uma à outra extremidade dos céus à completude do plano
espiritual. Pois o número quatro representa justamente o todo em se
tratando do mundo em que vivemos. São os quatros pontos cardeais a
delimitar o que vemos, as quatro estações definindo o tempo de um
ano completo. Assim falando o Senhor, mostra-nos a amplitude da
manifestação do Filho do homem, que é o Deus em nós, e que no
momento oportuno será revelado a todos.