quarta-feira, março 27, 2024

Sabedoria de Tiago - Fé e Obras






 

Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? (Tiago, 2: 14)



A partir deste versículo até o final deste capítulo Tiago irá expor alguns conceitos a respeito de fé e obras.

Alguns estudiosos têm visto neste passo divergências entre os ensinamentos de Tiago e de Paulo, outros, ainda mais disseminadores da discordância entre os apóstolos têm dito que Tiago escreveu estas linhas para refutar as anotações de Paulo sobre a fé, principalmente as que expôs na Carta aos Romanos.

Não temos a erudição destes estudiosos, porém, além de analisar como temos feito em relação aos outros textos tentaremos mostrar o contrário, ou seja, que existem muito mais concordâncias de Tiago com Paulo do que discordâncias; discordâncias estas que se bem analisadas talvez nem existam.

Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que aproveitará isso? Aqui surgem as possíveis primeiras divergências.

Tiago afirma claramente que não há proveito em uma fé sem obras, e Paulo teria afirmado que é a fé mais importante.

Em primeiro lugar é preciso tentar descobrir o que cada um deles entendia por fé e por obras. E mais, será que temos a possibilidade de julgar alguém no que diz respeito às obras que realiza em sua intimidade pelo simples fato de ter fé?

Ampliemos estas colocações. Tiago, como temos repetido, estava a falar em primeiro lugar para cristãos vindos do judaísmo, elementos que traziam em seu inconsciente a necessidade da prática religiosa através da observância de atitudes exteriores. A manifestação de fé destes não levava em conta as atitudes em coerência com o que pregavam nas reuniões para estudo das Escrituras. A nova doutrina nascente, a partir dos ensinamentos de Jesus, ensinava totalmente o oposto, ou seja, as atitudes exteriores pouca valia têm, o que importa é o sentimento que vai ao coração e a aplicabilidade dos ensinos cultuados no plano intelectivo. Desta forma ele escreve: Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que aproveitará isso?

Este alerta do evangelista é extremamente atual. Vivemos um momento de crescimento das propostas religiosas e de grande expansão do próprio cristianismo. As correntes espiritualistas se ampliam através de divulgação em massa neste nosso mundo hoje globalizado.

Mas de que adianta tudo isso se a criatura que é o objetivo de maior cuidado do próprio Cristo, não implementa em si estes valores renovados e não melhora o nível de seus sentimentos? O Evangelho não pode ser ponto de discórdia entre seitas diferentes, mas antes ponto de união entre seus divergentes seguidores.

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros[1]. Não foi isso o que ensinou Jesus?

É como se dissesse, a verdadeira obra é a da transformação da criatura em Homem de Bem.

Dizem os estudiosos que Paulo prioriza a fé em detrimento das obras. Será isto verdade ou está havendo uma má compreensão do que disse este valioso apóstolo?

Será que houve algum elemento nos primeiros dias de cristianismo que tenha tido obras tão valiosas quanto o convertido de Damasco? Têm-se chegado à conclusão que se não fosse o apóstolo Paulo, nós hoje não estaríamos aqui num estudo tão amplo de divulgação do Evangelho. Na melhor das hipóteses teríamos que ter tido outro "vaso escolhido" para realizar o que ele fez. Não foi a sua obra, então, maravilhosa, e coroada de frutos dignos de sua grande missão?

É o próprio Paulo quem afirma de modo explícito sobre o juízo de Deus e na mesma epístola aos romanos:

…o qual recompensará cada um segundo as suas obras.[2]

Não tem ressonância com o que diz Tiago?

Mas este não é o ponto, poderão dizer alguns. Paulo também é claro quando expressa também em Romanos, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei.[3]

Prestemos atenção, as Escrituras jamais podem se contradizerem em pontos fundamentais. Se em algum passo assim acharmos que isto ocorreu, avaliemos nossa interpretação, pode ser que o engano esteja aí.

É diferente quando Paulo fala em obras como exteriorização que a criatura faz dos ensinos do Cristo e de quando ele fala em obras da lei se referindo a uma manifestação legalista comum no judaísmo daquele tempo.

Obras da lei significam ações fundamentadas em impositivos marcados por observâncias de atitudes exteriores, o que ele condena e ao que tudo indica, Tiago compreendeu no fim de sua vida missionária.

É como se Paulo fizesse uma diferença entre obras da fé significando a atitude implementada pela transformação íntima realizada pela criatura que aderiu à proposta do Cristo, e obras da lei significando uma atitude impositiva da ortodoxia religiosa.

Neste ponto podemos responder à pergunta que nós mesmos fizemos no início destas considerações:

Será que temos a possibilidade de julgar alguém no que diz respeito às obras que realiza em sua intimidade pelo simples fato de ter fé?

Sabemos que a evolução da consciência se realiza aos poucos, gradualmente, no âmbito de muitas encarnações.

Muitas vezes alguém que hoje, por invigilância, julgamos como sem obras dignas da fé que esposa, é um elemento que traz em si complicações de vulto na área da sexualidade, das drogas, ou mesmo da criminalidade. Hoje este elemento estando ajustado a uma fé, mesmo que contraditória, está desativando componentes de grande importância em seu psiquismo e se preparando para num próximo instante, mais oportuno, realizar transformações de base.

Não podemos qualificar esta transformação que opera silenciosamente na intimidade da criatura, como sendo uma boa obra no campo da fé? Não terá ela ótimas implicações no desenvolvimento de sua evolução?

É preciso compreender a necessidade de termos paciência quando o assunto é educação do Espírito para Deus. O bom educador jamais pode ter ansiedade em relação ao seu educando, o aperfeiçoamento é fruto dos séculos.

Concluindo cremos ser certo afirmar que fé e obras são temas a serem trabalhados com muito cuidado e que um não pode ser dissociado do outro. Tiago expôs de um ponto de vista essencial; Paulo, outro não menos importante. Onde a divergência?



[1] João, 13: 35

[2] Romanos, 2: 6

[3] Cf. Romanos, 3: 28 e refer:encias.


 Texto extraído do Livro: "Sabedoria de Tiago" (ainda não publicado)


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quarta-feira, março 20, 2024

Sabedoria de Tiago - Praticantes da #Palavra

#Pública




 


 
Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganando- vos a vós mesmos! Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a pratica assemelha-se a um homem que, observando o seu rosto no espelho. (Tiago, 1: 22 e 23)



Tornai-vos praticantes da Palavra e não simples ouvintes, enganando-vos a vós mesmos!


Após a compreensão do exposto acima é preciso aprofundarmos nosso entendimento para que não sejamos iludidos.

A Palavra, que era divulgada oralmente, significando a vivência evangélica, é perfeita, disso não temos dúvida.

Porém para que ela possa cumprir o seu objetivo, reeducação da criatura para Deus, ela tem que ser por nós praticada.

Tornai-vos praticantes da palavra diz o apóstolo, isso significa que ela encontrando ressonância em nossos corações, deve tornar instrumento operacional de iluminação própria.

Neste sentido entendemos que a fé sem obras é morta como vai propor o autor desta carta. É que não seremos salvos simplesmente por crermos em Jesus, mas por fazermos Dele um modo de vida.

Não é Cristo que salva em sua feição exterior - como se uma atitude Dele pudesse nos redimir - mas a cristianização de nós mesmos.

O texto é claro e não deixa dúvidas, não podemos ser simples ouvintes da Palavra, é preciso que ela entre em nós, e saia de nós através de atitudes renovadas. Sendo que estas atitudes renovadas devem ser a expressão do bem em todos os momentos de nossa vida. Não só nos meios religiosos a que nos vinculamos, mas no dia a dia, nas movimentações comerciais, na vivência do lar, no relacionamento com os desafetos.

…se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.[1]

Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?[2]

Se assim não fizermos, ou seja, se através da mensagem do Cristo não nos melhorarmos, de nada adiantará a nossa fé, estaremos enganando-nos a nós mesmos.

É o que tem acontecido há dois mil anos. Temos usado a literatura evangélica e as palavras do Doce Rabi Galileu para justificarmos nossas posições marcadas pelo interesse pessoal, achando com isso que por estarmos evocando Jesus ou suas lições estamos nos candidatando a dias melhores.

Tiago é claro: estamos enganando a nós mesmos.

Ao que podemos simplesmente dizer: até quando?

Com efeito, aquele que ouve a Palavra e não a pratica assemelha-se a um homem que, observando o seu rosto no espelho, se limita a observar-se e vai-se embora, esquecendo-se logo da sua aparência.

Já dissemos que esta carta lembra em muitos aspectos o Sermão do Monte proferido por Jesus. Tiago retoma aqui o tema ensinado por Jesus e que Mateus anotou no capítulo 7 de seu Evangelho.[3]

Ele mesmo, Tiago, irá ampliar estas anotações no capítulo dois desta mesma carta, o que comentaremos em tempo oportuno.

Pela tradição hebraica é pela Palavra que Deus se revela, dabar é a ação criadora de Deus.

Pela palavra do Senhor foram feitos os céus; e todo o exército deles, pelo espírito da sua boca.[4]

Por suas palavras o Senhor fez suas obras e a criação obedece à Sua vontade.[5]

O termo hebraico Torah que foi vertido para o nosso português por lei, na realidade quer dizer instrução. A Torah é a Instrução de Deus através da Palavra. Se o Antigo Testamento é a Palavra de Deus revelada, o Novo Testamento representa a Palavra de Deus vivenciada. Por isso há tantas indicações nos textos da Boa Nova quanto à necessidade de vivenciarmos as lições como Jesus fez. Aliás, foi Ele mesmo quem falou:

Não cuideis que vim destruir a lei [Torah] ou os profetas; não vim ab-rogar, mas cumprir.[6] (Grifo nosso)

Deste modo, Tiago vem mais uma vez reafirmar a necessidade da coerência entre palavras e ações na vida do cristão. Para tal ele usa mais uma vez do artifício da parábola:

…aquele que ouve a Palavra e não a pratica assemelha-se a um homem que, observando o seu rosto no espelho…

Ou seja, ele vai comparar o ato de ouvir a palavra sem a devida prática a um homem que observa-se no espelho sem aprofundar-se no conhecimento de si mesmo, o que é o mais importante.

Temos neste exemplo a imagem do homem atual. É superficial aos extremos. Tem cuidado de sua aparência física observando os rigores da estética, cuidando de sua apresentação através de belas roupas, de exercícios físicos com objetivo de aparência, etc.. Para que tudo isso possa ser possível investe a maior parte de seu tempo na conquista de cargos e posições que lhe facultem poder financeiro.

Este homem, que denominamos "homem em duas dimensões", pois vive da imagem, domina todo o exterior, já conhece até mesmo outros planetas. Todavia, será que tem meditado sobre a sua própria intimidade? A lição do autoconhecimento é mais antiga que a do Evangelho. Talvez por ser uma necessidade para o cumprimento deste, veio antes através da proposta socrática. E podemos dizer que ela é ainda anterior a este sensível filósofo grego que a divulgou, pois ela lhe foi dada no templo de Apolo em Delfos, ou seja, já existia anteriormente.

Muitas vezes em nossa vida temos ouvido, aliás, há inúmeras coisas a se ouvir, mas importa notarmos, a o que temos dado atenção?

Praticar nós sempre praticamos alguma coisa, mas a que temos vinculados nossas atitudes? A um Reto Agir, ou a um modo de comportar-se profano? O que tem nos atraído? Voltamos a repetir… É que a didática do Evangelho usa repetição como forma de ensinar, uns aprendem de um modo, outros de outro, há sempre a oportunidade de aprendizagem para todos.

Através do rosto o homem se expressa, diz o que ele possui dentro. Porém, esta pode ser uma manifestação falsa, pois com o decorrer de nossa vida, devido a uma direção errada dada ao nosso processo evolucional, aprendemos a arte de enganar, de fingir, e através do rosto passamos quase sempre a imagem que queremos que os outros percebam, e não o que realmente somos.

Por isso o apóstolo chama a atenção para o perigo de quem quer que seja de olhar somente a face sem aprofundar a sua pesquisa no que vai dentro de si mesmo.

Estes elementos que assim agem são os seres periféricos que só cuidam da aparência, e as estes compara aquele que se torna somente ouvinte da Palavra sem preocupar-se com a sua prática.

A expressão se limita a observar-se, diz bem desta atitude cômoda da criatura sem maior comprometimento de realmente perquirir-se objetivando uma transformação de maior importância.

O Evangelho bem meditado leva a esta reflexão mais aprofundada, todavia nem todos estão preparados para deste modo fazerem, muitos por este motivo cuidam de outros assuntos ou tratam-no só na periferia e assim fazendo fazem como aquele que a carta diz:

 …e vai-se embora, esquecendo-se logo da sua aparência; o ir embora representando a atitude de esquecimento das lições da Boa Nova e o cuidado de outros assuntos que mais importam no momento para o progresso no mundo.

Sempre voltamos ao Evangelho em nossas movimentações na área da religião, por isso escolhemos hora e local que melhor nos agradam para nossas incursões nas atividades religiosas, porém, quando passa este momento, vamos embora a cuidar de nossos interesses mais imediatos conforme o convite de Mamon.

Assim faz todo aquele que esquece de sua aparência não a levando em conta, com importância, como instrumento valioso objetivando sua transformação moral.



[1] Mateus, 5: 20

[2] Idem, 5: 46

[3] Cf. Mateus, 7: 24 a 27

[4] Salmo, 33: 6

[5] Eclesiástico, 42: 15

[6] Mateus, 5: 17



 Texto extraído do Livro: "Sabedoria de Tiago" (ainda não publicado)


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quinta-feira, março 14, 2024

Segredos do Apocalipse - O Grande Dragão

#Pública





 

3Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas;4sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. 5Ela deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono. (Apocalipse, 12: 3 a 5)

 

Apareceu então outro sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e sobre as cabeças sete diademas;

…Apareceu então outro sinal no céu; temos aqui outro sinal no céu, é importante percebermos este termo "outro", pois trata-se de um sinal diferente, oposto ao anterior.

Se a Mulher trazia todo um sentido de positividade, de Bem, de algo ligado a Cristo, temos neste outro sinal algo de valor oposto. Está em foco a negatividade, o mal, o anticristo.

…um grande Dragão; nos escritos judaicos este Dragão simboliza Satanás. O próprio Apocalipse no nono versículo deste capítulo diz tratar-se da antiga Serpente.

Portanto temos aqui uma simbologia que nos remete a tudo o que fizer oposição a Deus.

Se Ele é amor, o Dragão é ódio; se o primeiro representa o Bem, o segundo o mal.

Os líderes espirituais do mal que se encontram nos abismos do mundo inferior, eles mesmos se denominam dragões. Está implícito aqui também, e não se assustem, todos os componentes de negatividade encontrados em nosso psiquismo e que foram trabalhados no tempo através de nossas transgressões. Daí o temor que muitas vezes temos destas figuras, pois elas encontram ressonância em nossa intimidade.

…cor de fogo; vermelho. É a cor que simboliza o pecado, a guerra. É também a cor da terra e neste sentido podemos tê-la como símbolo do humano em oposição ao espiritual. Não podemos deixar de comentar que o nome do primeiro humano, Adão, em hebraico é sinônimo de vermelho, em grego quer dizer "terra vermelha". Portanto, é a figura do que insiste em ser humano, por rebeldia, em oposição ao progresso de sentido espiritual.

…com sete cabeças; o sete é um número que sempre se repete no Apocalipse, já comentamos a respeito, tem o sentido de totalidade, perfeição. Cabeça é símbolo de inteligência, sabedoria. Isto diz de uma sabedoria ampla que possui o Dragão, porém trata-se de uma sabedoria, de uma inteligência, sem o devido suporte do sentimento.

Quando lemos as obras mediúnicas que tratam do tema dos abismos infernais tomamos conhecimento de Espíritos caídos no mal e que têm grande poder e domínio na área da inteligência e do conhecimento, porém sem a iluminação do Cristo. São, segundo eles mesmos se denominam dragões[1].

Segundo nota do autor espiritual André Luiz estes Espíritos se assemelham a muitos homens representativos do mundo, obcecados pelos desvarios da inteligência.[2]

Dissemos anteriormente que a evolução se encaminha por ciclos setenários. Quando vencemos a sétima fase de um ciclo abre-se uma nova voluta da espiral e inicia outro ciclo, como na escala musical em que a oitava nota é a mesma que a primeira numa dimensão diferente. São assim ciclos abertos que nos projetam sempre para frente e para o alto. Porém isto se dá numa evolução natural pelas linhas do progresso. Este sete aqui representa um ciclo fechado que gira em torno de si mesmo, nos orientam os Espíritos guias que o mal é sempre um ciclo fechado, só o Bem sob a direção do Cristo nos abre a possibilidades evolutivas que nos permitem gozar paz, saúde, e felicidade, através de um encaminhamento espiritual seguro.

…e dez chifres; chifres é representação de poder; são eles também instrumentos de defesa e de ataque. O dez é um número que expressa também um certo tipo de totalidade, porém do ponto de vista humano. É o número da vida secular, representa também um conhecimento amplo, todavia, conhecimento humano.

Deste modo temos que um símbolo completa o outro. Existe neste Dragão, figura de Satanás, que literalmente significa adversário, várias características: grande conhecimento, sabedoria, poder, boa capacidade de defender e de atacar, porém tudo ligado ao mundo, Jesus disse a respeito tratar-se do "príncipe deste mundo".

Não esqueçamos que como comentamos várias vezes, nestes dias em que vivemos estamos em plena batalha espiritual. Batalha esta que se trava sutilmente em nosso dia a dia, onde nossas escolhas definem a quem nos associamos. Ao supervalorizarmos as questões seculares em detrimento dos bens espirituais é a estas forças satânicas que estamos alimentando. Já nos ensinou o Cristo:

Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.[3]

Não podeis servir a Deus e a Mamom.[4]

…e sobre as cabeças sete diademas…; diadema é um ornamento real, coroa. É símbolo de governo, poder, autoridade.

Não há nada de mal no diadema, no capítulo dezenove vamos ver que Cristo se apresenta com muitos diademas sobre a cabeça[5].

O que importa é que tipo de poder é referido; o de Cristo é dado por autoridade moral, evolução espiritual, o de seu adversário diz de poder transitório fundamentado em interesses e valores humanos. Enquanto o do Cristo é conquistado com amor, verdade e bondade, o de seu adversário e pautado no engano, na mentira e na maldade.

A reflexão que devemos fazer é: que tipo de valor temos buscado? O poder é algo que nos fascina, entretanto, que tipo de poder temos desejado? O de Cristo ou o do mundo? Como tem sido a nossa busca, que tipo de investimento temos feito para atingirmos nosso fim? Tudo isto deve ser pensado por cada um de nós que elegeu a vida como proposta reeducativa para o Espírito.

…sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse.

…sua cauda arrastava um terço das estrelas do céu, lançando-as para a terra. Toda esta simbologia apocalíptica é extremamente desafiadora, entretanto, se tivermos cuidado e discernimento vamos ver que existe grande lógica em toda narrativa.

A cauda do Dragão que podemos entender como sua parte traseira, posterior, pode nos dizer daqueles valores cultivados que nos prendem à retaguarda. São assim, nossos sentimentos inferiores que nos prendem ao mundo transitório. Egoísmo, orgulho, sagacidade, mentira, tudo isto e muito mais está presente aí na cauda deste Dragão.

O que nos diz o texto bíblico?

cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência.[6]

Deste modo, esta cauda do Dragão arrasta, nos tem arrastado e arrastará até que transformemos nossos sentimentos dando a eles um padrão moral superior.

Por estrelas do céu aqui podemos entender os Espíritos, os seres inteligentes da criação[7], a individualidade criada. São do céu porque seu mundo original é o mundo espiritual.

Qual o fim objetivado com a reencarnação? Perguntou Allan Kardec aos Espíritos[8].

"Expiação, melhoramento progressivo da Humanidade. Sem isto, onde a justiça?" Responderam eles.

Concluímos que os Espíritos reencarnam porque são imperfeitos, porque têm de progredir, têm de melhorarem-se.

Portanto, é devido aos sentimentos inferiores, ao padrão moral negativo que reencarnamos. É isto que este versículo quer dizer.

A cauda do Dragão que simboliza nossos sentimentos inferiores arrastou um terço das estrelas do céu – que são os Espíritos - para a Terra, ou seja, para o mundo físico através da reencarnação.

Um terço pode ser uma figura para um grande número sem quantificação, ou seja, nestes dias finais deste ciclo planetário, ciclo este que iniciou nos meados do século XX, houve uma verdadeira invasão dos Espíritos em nosso mundo físico devido a necessidade evolutiva destes visando uma tomada de decisão com finalidade de definirem sua vida futura, se no planeta regenerado ou não. Como comprovação desta tese basta ver o aumento da população planetária nestas últimas décadas.

Sabemos que a população planetária nas duas dimensões, física e espiritual, é de aproximadamente vinte e quatro bilhões de Espíritos. Algumas décadas atrás tínhamos três bilhões de Espíritos encarnados, o que significava um percentual de um para sete, ou seja, para cada Espírito encarnado existiam sete desencarnados. Hoje temos sete bilhões de encarnados e não demora muito teremos oito bilhões, que é justamente o que diz o texto, um terço das individualidades – estrelas do céu – trazidas para o mundo físico arrastadas pela cauda do Dragão, ou seja, pelas imperfeições humanas.

O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Não é difícil a interpretação desta parte do versículo.

Para tal vamos fazer uma reciclagem dos personagens aqui citados e da simbologia que eles representam.

Dragão - forças do mal.

Mulher – Espírito consciente que realiza sua evolução gestando em si um novo ser.

Filho – é este novo ser, Nova Criatura de Paulo; filho do Homem conforme designação de Jesus.

Pode-se ver ainda a Mulher como o próprio planeta Terra e o filho que está sendo gestado como a nova humanidade emergente que habitará o orbe na regeneração.

Nesta guerra espiritual que está sendo travada nestes dias, as forças do mal não têm nenhum interesse que esta nova humanidade surja, ou que nós, cada um de nós, transformemo-nos a ponto de darmos à luz esta Nova Criatura que tendemos a ser sob a direção de Cristo.

Este é o quadro visto pelo médium de Patmos definindo uma profecia muito pertinente ao nosso tempo.

Atualmente, o Dragão está diante da Mulher. Não são poucas as insinuações que vêm do plano espiritual inferior com o nome sexualidade irresponsável, consumo de drogas por nossas crianças e adolescentes – aqui incluindo bebida alcoólica e cigarro -, separação de famílias, entre outras. Os veículos para que isto se dê são os mais nobres: novelas televisivas, músicas, revistas, propagandas etc.

Nosso espaço aqui é curto para desenvolvermos tal tema com o carinho e a atenção que ele merece, já que se trata de tema fundamental para a evolução do Espírito que caminha para um momento decisivo de sua história. Fica aqui o alerta, que nossos leitores pensem cuidadosamente sobre isto e sobre o tempo pelo qual passamos. Estamos no limiar de uma nova era, que, entretanto, pode representar para muitos que não se ajustarem aos desígnios superiores um reciclar de experiências de consequências dolorosas.

O Dragão colocou-se diante da Mulher que estava para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho; cabe a cada um de nós um papel de suma importância nesta que é a nossa história, desativar os componentes que alimentam o Dragão que são os que nos prendem à retaguarda, ou deixar que ele devore nosso filho, a Nova Criatura que gestamos e que precisa de muito cuidado para poder vencer as armadilhas da maldade ainda reinante em nosso meio.

Ela deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono…

Ela deu à luz um filho, um varão, que irá reger todas as nações; temos aqui uma referência clara ao nascimento de Jesus e sua presença no orbe como o Messias tão cantado nos textos do Antigo Testamento. A ideia presente é justamente esta a de um Rei que governaria todas as nações em nome de Deus.

Nós muitas vezes criticamos o povo judeu por não ter aceitado Jesus como Messias devido a Ele não ter naquele momento se comportado como Rei e libertado Israel conforme constava nas profecias. Todavia, nós mesmos até hoje aguardamos este Rei-Jesus para solucionar todos os nossos problemas, dores, e ansiedades, como alguém de fora que tirasse com a mão nossos dissabores.

Já reencarnamos várias vezes, em muitas escolas religiosas, entretanto a expectativa é a mesma, que o Messias venha e nos salve, quando a Vontade de Deus é que Ele nasça em nossos corações e assim realize nossa salvação.

O que temos que ler neste verso é a concretização do plano de concepção iniciado com a gravidez da Mulher. Nosso sentimento está gestando este novo ser, já dissemos, aqui o médium teve a visão de seu nascimento.

Primeiro ele – o filho - vem no plano dos conceitos, como Jesus que veio nos ensinar o caminho da libertação. Depois ele tem de realizar-se em nós através de nossa efetiva mudança nos plano dos sentimentos e como consequência, das atitudes.

Este varão nascido é forte, pois se fundamenta na Lei de Deus, ela o alimenta, protege e dá vida, assim ninguém pode retirá-la. Por isso ele irá reger todas as nações. Ou seja, anteriormente era plano de conceitos, ideias, agora é reger, o que significa plano operacional. O original grego diz pastorear, apascentar, cuidar do rebanho, tomar conta das ovelhas.

As nações representam nossos sentimentos atrasados, pagãos, hedonistas. Os sentimentos não deixarão de existir, simplesmente eles serão transformados, tornados nobres, pois regidos pelo Cristo numa conexão ampla com Deus. A paixão que Saulo tinha por Moisés, não morreu com sua conversão, simplesmente tomou outra direção: Jesus; assim ele, como Paulo, o apóstolo, realizou maravilhas… Quando Jesus nos orienta a sermos prudentes como a serpente, ele não está dizendo para sermos prudentes sob a orientação da Serpente, ele mostra-nos uma positividade dela que devemos ter sob a orientação de Deus.

… com um cetro de ferro. Temos uma pista sobre esta expressão no próprio Apocalipse no décimo nono capítulo:

Da sua boca [de Cristo] sai uma espada afiada para com ela ferir as nações. Ele é quem as apascentará com um cetro de ferro[9].

Os ensinamentos do Cristo ferem as nações, as incomoda, despertam-nas para a verdade. Ele as apascentará, nutrirá, cuidará delas… Veja aqui o sentido deste "reger". Ele expressa um ato de administrar com firmeza, por isto cetro de ferro, porém com uma determinação fundamentada na autoridade.

Quando Jesus terminou o Sermão do Monte, o evangelista narra que as multidões ficaram maravilhadas com a Sua doutrina:

 porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.[10]

Por que autoridade? Porque Ele vivenciava o que ensinava; tratava-se de autoridade moral.

Portanto, reger com cetro de ferro expressa uma administração firme, porém fundamentada no amor e na grandeza moral.

É importante este destaque, pois muitas vezes usamos o Evangelho para justificar nossas posições de ira e violência na administração de nossas vidas. Será que já possuímos como Jesus Amor e Autoridade moral para assim procedermos?

Seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono…; este trecho do versículo contém ensinamento de grande profundidade.

Quando Paulo diz que não somos justificados pelas obras, em hipótese nenhuma ele está condenando-as, e nem mesmo dizendo serem elas desnecessárias. A mensagem é que não é a obra em si que redime a criatura, mas a consequência dela em nosso íntimo.

Expliquemos melhor. A obra é essencial, mas o que torna justa a alma para Deus é a transformação ao nível dos sentimentos que a criatura realiza quando opera no Bem. O Ser se autoilumina, torna-se bom, homem de bem. E é isto que o redime, o salva.

O versículo que comentamos diz …seu filho, porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono…

O filho como já comentamos é justamente este sentimento novo que nasce em nós, a Nova Criatura. Ele foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono, isto é, foi elevado a uma condição divina, a uma identidade com o sentimento do Criador.

É isso que está implícito aqui, a identificação de nosso sentimento com o sentimento divino; através dele participamos da natureza de Deus, que é também a natureza de Cristo. Como já foi dito nesta própria Revelação em versículo já comentado:

Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci e me sentei com meu Pai no seu trono.[11]

O que já fora dito pelo próprio Jesus e anotado por este mesmo evangelista:

a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós.

…eu neles, e tu em mim, a fim de que sejam perfeitos na unidade[12]

 Texto extraído do Livro:



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[1] Para maiores esclarecimentos sugerimos a leitura do livro Libertação do Espírito André Luiz sob a psicografia de Francisco Cândido Xavier, notadamente o oitavo capítulo.

[2] F. C. XAVIER / André Luiz (Espírito) 1949, Cap. 8

[3] Marcos, 12: 17

[4] Mateus, 6: 24

[5] Apocalipse, 19: 12

[6] Tiago, 1: 14

[7] (KARDEC, O Livro dos Espíritos. 50ª ed. 1980), Questão 76.

[8] Idem, questão 167.

[9] Apocalipse, 19: 15

[10] Mateus, 7: 29

[11] Apocalipse, 3: 21

[12] João, 17: 21 e 23


Leia também (clique no Link ao lado):   O Cavalo Branco do Apocalipse

                                                             O Primeiro Selo                       


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