Artigos e comentários a respeito da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus - O Blog do Evangelho Miudinho
sexta-feira, junho 29, 2012
sexta-feira, junho 22, 2012
Mediunidade e Evangelho - Fé e Dons de Curar (1 Coríntios, 12: 9)
…e a outro, pelo
mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de
curar...
A fé
é uma faculdade de origem divina; ela é imanente no ser, mesmo o
ateu a possui. Porém, ela existe em graus diversos tantos quantos
são os estados evolucionais das criaturas. Parafraseando Léon
Denis, ela dorme na pedra, sonha na planta, agita-se no animal e
desperta no homem; e vamos mais além, acha-se plena no anjo.
Paulo diz
que ela é o firme fundamento das coisas que
se esperam e a prova das coisas que se não veem.1
Aquele que
tem o dom de curar tem
fé relativa ao seu ministério, porém o que tem fé como conquista
da alma tem um dom ainda mais fantástico, o de não adoecer jamais.
Há
Espíritos que trazem pela palavra, a fé.
São mensagens que de acordo com a ressonância que encontra na
criatura rende seus frutos. Naqueles em que ela ainda não despertou,
a palavra nem sequer é entendida, são os imaturos para as questões
espirituais. Há por sua vez aqueles que ouvindo não fazem ainda
conexão com suas possibilidades mais profundas, nestes ela promete
frutos, porém não vingam. Há ainda aqueles que ouvindo
compreendem, mas os apelos do mundo e de sua transitoriedade sufocam
toda possibilidade positiva na raiz, e os frutos ainda ficam para
outras estações. Mas aqueles que já há possuem em condições de
produzir, e seja, pela faculdade da razão ou da intuição, da
justiça ou do amor, fazem com que os frutos superabundem , pois
quando em conexão com o Eterno a fé pode realizar maravilhas.
E a
outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito,
os dons de curar... Os dons de curar também
são amplos na criatura. Essa é uma mediunidade que todos possuímos,
pois qualquer um de nós pode, através da boa vontade e do preparo
adequado, aplicar passes e este dom é, sob a orientação dos
Espíritos superiores, valioso instrumento em que os prepostos do
Senhor utilizam para minorar os sofrimentos e curar fisicamente
aqueles que para tal se acham preparados.
Jesus
através deste recurso despertou muitos para a cura definitiva; seus
primeiros discípulos da mesma forma também fizeram; nós também,
segundo as próprias orientações do Senhor, podemos. O que estamos
aguardando?
Não
esqueçamos o que disse o apóstolo a seus seguidores da cidade de
Corinto:
… e a
outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar...
1
Hebreus, 11: 1
terça-feira, junho 19, 2012
Estudo Minucioso do Evangelho por José Damasceno Sobral
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Evangelho Minucioso por José Damasceno Sobral Vol. 1
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Introdução ao Estudo do Evangelho
O Dogma do Pecado Original à Luz do Espiritismo
Eu nasci na iniquidade, e em pecado me concebeu minha mãe.1
A
palavra pecado tanto em grego quanto em hebraico que são os
idiomas bíblicos tem o sentido de “errar o alvo”; como alguém
que atira uma flecha e erra o alvo. Outra ideia que tem mais ou menos
o mesmo sentido é a de “desviar-se do rumo”.
De qualquer modo
depreendemos de tal conceituação que o homem tem um alvo, isto é
um objetivo, um rumo, existe um plano para ele. Quando ele se desvia
deste caminho ele erra ou peca conforme dizem as religiões.
Assim, conclui-se que o
homem não foi feito para pecar, se ele assim o fez foi por vontade
própria fazendo uso de seu livre arbítrio.
Em sentido mais amplo
podemos dizer que existe uma Lei no Universo que é a Lei de Deus que
gerencia e regula toda a criação de um modo geral, quando
infringimos ou transgredimos esta Lei, pecamos.
Pecado
Original
Contrariamente ao que
parece a origem do dogma do pecado original não é judaica, o
judaísmo não o apoia.
Segundo um artigo
publicado por Kardec na Revista Espírita de Novembro de 18682,
artigo este tirado de um jornal israelita dirigido pelo Rabino
Benjamin Mossé, o dogma do pecado original está longe de estar
entre os princípios do Judaísmo.
Segundo o articulista…
O dogma do pecado original toma pela letra o relato da Gênese, do qual se desconhece o caráter lendário, e que, partindo desse ponto de vista errado, aceitam-se cegamente todas as consequências que dele decorrem, sem se importar com a sua incompatibilidade com a natureza humana e com os atributos necessários e eternos que a razão reporta à natureza divina.
Depreendemos assim, que
o dogma do pecado original tem origem no catolicismo e foi
adotado também pela escola protestante.
Mas o que diz este
dogma?
Que o primeiro casal de
humanos – Adão e Eva – tentado pelo Diabo na figura da Serpente,
desobedeceram uma ordem divina que dizia que eles não poderiam comer
da árvore da ciência do bem e do mal, e que a partir desta
transgressão, que foi um ato de rebeldia em relação a Deus, eles
atraíram para si e para toda humanidade, inclusive para a que viesse
a partir de então, uma maldição do Céu, maldição esta que
implicaria em toda sorte de males e dores, de erros, de crimes e tudo
quanto fosse de ruim.
Através deles, teria
entrado o pecado no mundo, e com o pecado o mal e com o mal, as
doenças, a morte e todo tipo de aberração, inclusive da natureza.
Ou seja, tudo o que
existe de ruim no mundo é culpa do pecado, e este é culpa de Adão
e de Eva que se deixaram seduzir pela Serpente.
A situação é mais ou
menos assim, nós já nascemos no erro, somos pecadores, temos o DNA
da transgressão e tudo por causa deste casal primeiro.
Há injustiça no
mundo? Crianças nascem defeituosas? Existe guerra, fome, tragédias,
e muito mais? Culpa do pecado, culpa de Adão e Eva.
O mais interessante
disto tudo, é que tanto católicos quanto protestantes dizem seguir
a Bíblia literalmente, e que se algo está em contradição com o
Texto Sagrado, este algo ou esta doutrina deve ser condenada, pois a
Bíblia é a Palavra de Deus.
Não discutimos quanto
à superioridade da doutrina moral da Bíblia, esta é mesma de
origem divina. Entretanto, parece que nossos irmãos ainda não leram
o capítulo XVIII do livro de Ezequiel, pois nele encontramos as
seguintes colocações:
1A
palavra de Iahweh me foi dirigida nestes termos: 2Que
vem a ser este provérbio que vós usais na terra de Israel: "Os
pais comeram uvas verdes e os dentes dos filhos ficaram embotados"?
3Por
minha vida, oráculo do Senhor Iahweh, não repetireis jamais este
provérbio em Israel.
4Todas
as vidas me pertencem, tanto a vida do pai, como a do filho. Pois
bem, aquele que pecar, esse morrerá.
5Se
um homem é justo e pratica o direito e a justiça, 6não
come sobre os montes e não eleva os seus olhos para os ídolos
imundos da casa de Israel, nem desonra a mulher do seu próximo, nem
se une com uma mulher durante a sua impureza, 7nem
explora a ninguém, se devolve o penhor de uma dívida, não comete
furto, dá o seu pão ao faminto e veste ao que está nu, 8não
empresta com usura, não aceita juros, abstém-se do mal, julga com
verdade entre homens e homens; 9se
age de acordo com os meus estatutos e observa as minhas normas,
praticando fielmente a verdade: este homem será justo e viverá,
oráculo do Senhor Iahweh. 10Contudo
se tiver um filho violento e sanguinário, que pratique uma destas
coisas, 11quando
ele não cometeu nenhuma, isto é, um filho que chegue a comer nos
montes, que desonre a mulher do seu próximo, 12que
explore o pobre e o necessitado, que cometa furto, que não devolva o
penhor, que eleve os seus olhos para os ídolos imundos e cometa
abominação, 13que
empreste com usura e aceite juros, certamente não viverá, por ter
praticado todas estas abominações: ele morrerá e o seu sangue
cairá sobre ele. 14Mas
se este, por sua vez, tiver um filho que vê todos os pecados
cometidos pelo seu pai, os vê, mas não os imita, 15isto
é, não come sobre os montes e não eleva os seus olhos para os
ídolos impuros da casa de Israel, não desonra a mulher do seu
próximo, 16não
explora ninguém, não exige penhor e não comete furto, antes, dá o
seu pão ao faminto e veste aquele que está nu, 17se
abstém da injustiça, não aceita usura nem juros, observa as minhas
normas e anda nos meus estatutos, este não morrerá pelas
iniquidades de seu pai, antes, certamente viverá. 18O
seu pai, visto que agiu com violência e praticou o furto, visto que
não se comportou bem no seio do seu povo, este, sim, morrerá por
causa da sua iniquidade. 19E
vós dizeis: "Por que o filho não há de levar a iniquidade de
seu pai?" Ora, o filho praticou o direito e a justiça, observou
todos os meus estatutos e os praticou! Por tudo isso, certamente
viverá. 20Sim,
a pessoa que peca é a que morre! O filho não sofre o castigo da
iniqüidade do pai, como o pai não sofre o castigo da iniqüidade do
filho: a justiça do justo será imputada a ele, exatamente como a
impiedade do ímpio será imputada a ele3.
(Grifos
nossos)
Portanto, baseado neste
texto que diga-se de passagem é dos mais expressivos, e como disse
S. Jerônimo, a verdade não pode estar em coisas que se contradizem,
a Bíblia não apoia a ideia da transferência de responsabilidade,
cada um é responsável por si. Como nos ensinou Jesus, a cada um
segundo as suas obras4.
Deste modo, voltando a citar o artigo do Rabino Benjamin Mossé:
Se Adão e Eva pecaram, só a eles pertence a responsabilidade de sua ação má; só a eles sua queda, sua expiação, sua redenção por meio de seus esforços pessoais para reconquistar a sua nobreza.5
Todavia existe neste
dogma algo de verdade, realmente todo mal existente em nosso Universo
é fruto do pecado, é devido às nossas transgressões que temos a
necessidade de nascer e morrer, pois o Espírito Puro não precisa
mais do ciclo dos renascimentos. Daí, entendemos que todas as
desigualdades da vida, as guerras, as enfermidades, e a morte de um
modo geral, tudo isto é devido mesmo ao pecado. Então, como
conciliar e harmonizar esta questão, o que a doutrina espírita pode
nos esclarecer quanto ao chamado pecado original?
Este é mais um tema em
que à luz da reencarnação e da preexistência da alma tudo fica
esclarecido com muita naturalidade.
Deixamos a palavra com
Kardec:
Sem a preexistência da alma, a doutrina do pecado original não seria somente inconciliável com a justiça de Deus, que tornaria todos os homens responsáveis pela falta de um só, seria também um contrassenso, e tanto menos justificável quanto, segundo essa doutrina, a alma não existia na época a que se pretende fazer que a sua responsabilidade remonte. Com a preexistência, o homem traz, ao renascer, o gérmen das suas imperfeições, dos defeitos de que se não corrigiu e que se traduzem pelos instintos naturais e pelos pendores para tal ou tal vício. É esse o seu verdadeiro pecado original, cujas consequências naturalmente sofre, mas com a diferença capital de que sofre a pena das suas próprias faltas, e não das de outrem; e com a outra diferença, ao mesmo tempo consoladora, animadora e soberanamente equitativa, de que cada existência lhe oferece os meios de se redimir pela reparação e de progredir, quer despojando-se de alguma imperfeição, quer adquirindo novos conhecimentos e, assim, até que, suficientemente purificado, não necessite mais da vida corporal e possa viver exclusivamente a vida espiritual, eterna e bem-aventurada.6
Assim, entendemos. O
Espírito reencarna muitas vezes na Terra ou em outros Orbes
realizando seu aperfeiçoamento. Ele, Espírito, inicia sua evolução
no estado de “simples e ignorante” e tem por destinação a
Perfeição Moral que é característica dos Espíritos Puros.
É ainda Kardec quem
nos elucida:
O Espírito tem por destino a vida espiritual, porém, nas primeiras fases da sua existência corpórea, somente a exigências materiais lhe cumpre satisfazer e, para tal, o exercício das paixões constitui uma necessidade para o efeito da conservação da espécie e dos indivíduos, materialmente falando. Mas, uma vez saído desse período, outras necessidades se lhe apresentam, a princípio semimorais e semimateriais, depois exclusivamente morais. É então que o Espírito exerce domínio sobre a matéria, sacode-lhe o jugo, avança pela senda providencial que se lhe acha traçada e se aproxima do seu destino final. Se, ao contrário, ele se deixa dominar pela matéria, atrasa-se e se identifica com o bruto.Nessa situação, o que era outrora um bem, porque era uma necessidade da sua natureza, transforma-se num mal, não só porque já não constitui uma necessidade, como porque se torna prejudicial à espiritualização do ser. 7
Desta forma, quando o
Espírito se deixa dominar pela matéria e entra num plano de
transgressão da Lei é quando ele se “desvia do rumo” ou “erra
o alvo”, assim, ele vai criando para si um psiquismo de erro e
aprofundando suas imperfeições. Ao desencarnar ele leva para o
mundo espiritual todas estas imperfeições e ao reencarnar ele as
traz como tendências negativas, por isto é certo dizer que nascemos
pecadores, que temos o “gérmen do pecado”. Como nos ensinou
Kardec, esse é o pecado original que todos trazemos e que gera toda
sorte de males, a diferença é que cada um é responsável pelo seu,
como confirma o apóstolo Paulo todos pecamos, por isso todos estamos
privados da Glória de Deus8.
Importante ainda notar
aqui outro diferencial da doutrina espírita, o quanto ela é
consoladora cumprindo assim a profecia de Jesus quanto ao advento do
Paráclito.
Enquanto os defensores
do dogma do pecado original defendem a eternidade das penas após o
curto espaço de tempo de uma vida, a doutrina espírita ensina que
através das reencarnações o Espírito progride, se aperfeiçoa, e
recompõe a sua consciência através da reparação de seus erros.
Com isso nenhum dos filhos de Deus se perde pela eternidade, todos se
salvam.
Pense bem, reflita com
calma e sem preconceitos, qual das duas propostas parece mais ter
vindo de Deus, qual transparece mais os atributos superiores do
Criador, a doutrina que prega o pecado original e as penas eternas
após uma única vida, ou a da responsabilidade individual e da
redenção do Espírito e de todos os Espíritos pela Lei da
reencarnação?
Obras Consultadas:
A Bíblia de
Jerusalém. São Paulo: Ed. Paulinas, 1992.
KARDEC Allan;. “Do
Pecado Original Segundo o Judaísmo.” Revista Espírita,
Novembro de 1868.
KARDEC, Allan. A
Gênese, 26ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1984.
1
Salmo, 51: 5
2
KARDEC Allan;. “Do Pecado Original Segundo o Judaísmo.” Revista
Espírita, Novembro de 1868.
3
Ezequiel, 18: 1 a 20
4
Apocalipse, 22: 12
5
(KARDEC Allan; Novembro de 1868)
7
(KARDEC 1984); Cap. III Item 10
8
Romanos, 3: 23
sexta-feira, junho 15, 2012
Mediunidade e Evangelho - Palavra de Sabedoria (1 Coríntios, 12: 8)
Porque a um, pelo
Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo
Espírito, a palavra da ciência...
Há
diversas formas de um Espírito se manifestar a um médium. Além dos
tipos diversos de mediunidade, há também diversidade quanto ao
conteúdo das mensagens.
Isto tudo
não esquecendo, é claro, a orientação de um Espírito superior
dada ao Codificador:
Com um médium, cuja inteligência
atual, ou anterior, se ache desenvolvida, o nosso pensamento se
comunica instantaneamente de Espírito a Espírito, por uma faculdade
peculiar à essência mesma do Espírito. Nesse caso, encontramos no
cérebro do médium os elementos próprios a dar ao nosso pensamento
a vestidura da palavra que lhe corresponda e isto quer o médium seja
intuitivo, quer semimecânico, ou inteiramente mecânico. Essa a
razão por que, seja qual for a diversidade dos Espíritos que se
comunicam com um médium, os ditados que este obtém, embora
procedendo de Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao
colorido, o cunho que lhe é pessoal.1
Assim
aprendemos que todo médium, sem exceção, interfere de certo modo
na comunicação, por isso a necessidade de estudo e de elevação
moral do médium.
Porque
a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria;
afirmando assim aos seus pupilos de Corinto, o apóstolo convidava-os
à elevação espiritual, pois se o Espírito comunicante encontrasse
condição no medianeiro, poderia confiar-lhe a
palavra de sabedoria.
Segundo o
dicionário, sabedoria é qualidade de sábio,
caráter do que é dito ou pensado sabiamente, acúmulo de muitos
conhecimentos2.
É também sinônimo de ciência.
Porém, o
apóstolo neste texto diferencia a palavra de
sabedoria da de
ciência.
No capítulo 2 desta mesma
carta, ele assim se expressa:
Todavia, falamos sabedoria entre os
perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes
deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus,
oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para
nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu;
porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.
Mas, como está escrito: As coisas que o olho não
viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são
as que Deus preparou para os que o amam.
Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o
Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.
Porque qual dos homens sabe as coisas do
homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também
ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.
Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o
Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que
nos é dado gratuitamente por Deus.
As quais também falamos, não com
palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo
ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais.
Ora, o homem natural não compreende as
coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode
entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.
Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de
ninguém é discernido.
Porque quem conheceu a mente do Senhor,
para que possa instruí-lo? Mas nós temos a mente de Cristo.3
Deste modo aprendemos que,
por sabedoria quer o
autor da epístola expressar o conhecimento do que vem direto da
Mente Divina através de Cristo e de Seus prepostos. É o ensinamento
superior relativo às coisas do Espírito; e só os que estão em
plena harmonia com as questões espirituais podem perceber.
Bem-aventurados os limpos de coração,
porque eles verão a Deus.4
Desta
forma, se quisermos receber os ensinamentos superiores vindo
diretamente da Alma do Universo, estejamos atentos ao Amai-vos
uns aos outros, pois só conhecendo a Verdade
Universal do Amor seremos libertos de todas as ilusões materiais.
E a
outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
se a uns pela sua superioridade espiritual pode ser revelada a
sabedoria, a outros nem tanto elevados, mas ainda assim superiores,
pode o mesmo Espírito revelar
a palavra da ciência.
Por ciência aqui devemos
entender então o conhecimento que já pode o homem acessar pelas
vias do raciocínio ou da razão. Se a sabedoria vem pelas vias da
intuição daquele que já se harmonizou com as leis diretoras do
cosmos, esta, a ciência, também é selecionada àqueles de boa
elevação espiritual, porém que se acham na fase racional.
Muito
podemos descobrir tendo por guia a fé racional, todavia para isso há
de o Espírito ter amadurecimento para saber pesquisar usando as
faculdades conquistadas pelos caminhos da evolução.
O que
Paulo quer mesmo demonstrar com estes versículos que ora estamos
estudando é que a todos nós poderão os Espíritos tudo revelar,
mas eles o farão de acordo com as possibilidades de cada um. Por
isso mais uma vez lembramos a importância do estudo e do constante
aperfeiçoamento moral do médium e de todos nós que desejarmos ser,
ostensivamente ou não, intermediários entre os dois planos da vida.
...seja qual for a diversidade dos
Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que este
obtém, embora procedendo de Espíritos diferentes, trazem, quanto à
forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal.5
Na verdade, na verdade vos digo que
aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará
maiores do que estas, porque eu vou para meu Pai.6
1
O Livro dos Médiuns, item 225
2
Dicionário Eletrônico Houaiss
3
Coríntios, 2: 6 a 16
4
Mateus 5:8
5
O Livro dos Médiuns, item 225
6
João, 14: 12
sexta-feira, junho 08, 2012
Reencarnação na Bíblia – Novas Reflexões
Eis o que é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade.1
O tema da reencarnação
na Bíblia é sempre recorrente, ele vai e volta sempre abrindo aos
estudiosos dos textos sagrados novas oportunidades de esclarecimento.
É preciso
compreendermos que a Bíblia não é um livro preto no branco. Ou
seja, nela os ensinamentos não são percebidos claramente através
de uma simples leitura, é preciso meditarmos, pesquisarmos, e
encontrarmos nas entrelinhas suas verdades fundamentais.
O texto que colocamos
em epígrafe para estes nossos comentários é um destes que nos
revelam importante verdade teológica, mas que para que possamos
apreendê-la faz-se preciso refletirmos com profundidade e despido de
preconceitos.
Quando dizemos em
verdades teológicas muitos de nossos leitores espíritas podem não
compreender claramente o que estamos querendo dizer, pois pensam que
teologia é tema exclusivo do cristianismo católico e protestante.
Lembramos a estes que teologia é o estudo das questões referentes
ao conhecimento da divindade, de seus atributos e relações com o
mundo e com os homens; portanto, podemos com toda tranquilidade
falarmos em teologia espírita e dizer mais, cabe a esta nos trazer
revelações que as outras ainda estão incapacitadas de nos fazer
conhecer.
À primeira vista nada
tem neste texto, escrito pelo apóstolo dos gentios ao seu fiel
discípulo Timóteo, que diga sobre a verdade da lei reencarnatória,
entretanto se refletirmos com cuidado vamos ver que ele só pode ser
integralmente compreendido à luz dos ciclos dos renascimentos.
O apóstolo Paulo
inicia o verso dizendo que Deus é nosso Salvador. E isso precisa ser
compreendido.
Por que precisamos de
um Salvador? E como Deus pode nos Salvar? Aliás, o que é salvar-se?
O Espírito não tinha
necessidade de passar pela fieira do mal conforme aprendemos na
codificação espírita; ao fazer esta opção pelas transgressões à
Lei de Deus, ele se afastou do Criador, e salvar-se significa
recompor a sua consciência, resgatar o mal que há em si oriundo
destas transgressões; voltar para a Casa Paterna.
A partir deste momento
impar de sua história evolutiva, o da queda no erro, Deus traçou
para Seus filhos rebeldes um plano de recomposição e de volta à
Sua Lei, esta caminhada de retorno que é a evolução, e que também
é lei, é que é a estrada de salvação pela qual o Espírito deve
percorrer. Aqui é preciso que fique claro que todos nós, Espíritos
em evolução, estamos passando por este processo, todos
transgredimos e preciso é que realizemos o processo de redenção.
… assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.2
Neste breve texto da
Carta a Timóteo o apóstolo nos diz que é Vontade de Deus que todos
os homens sejam salvos:
[Deus]…que quer
que todos os homens sejam salvos…
Temos aprendido através
de estudiosos que se dedicam ao estudo da psicologia, sobre o valor
da vontade em nossas realizações. É verdade consumada que “querer
é poder”. Se isto pode ser dito em relação ao querer do homem
que ainda é tão fraco espiritualmente falando, o que não podemos
dizer sobre o “querer de Deus”?
Assim, chegamos a uma
primeira verdade teológica: o querer de Deus que é a Sua Vontade, é
Lei. Ela irá se cumprir, nada pode lhe fazer definitiva oposição,
queiramos ou não a Vontade de Deus sempre se cumpre, o que varia é
o tempo para que ela se estabeleça.
Daí depreendemos que
todos os homens serão salvos, é da Lei de Deus; talvez este seja o
único encaminhamento determinístico do Universo: todos nos
tornaremos puros, perfeitos, salvos, e assim conforme o próprio
versículo, chegaremos ao conhecimento da verdade. E aqui é
dito não de um conhecimento intelectual apenas, mas do conhecimento
que se dá pela vivência, por experiência íntima. Só os que vivem
a Verdade única de Deus que é o Amor têm o Conhecimento Pleno da
Verdade.
Tendo isto como
conclusão lógica do versículo citado, podemos inquirir, mas como
todos os homens se salvarão, ou terão conhecimento da verdade se
muitos - talvez a maioria - morrem no erro, na transgressão da Lei e
distanciados de Deus?
Só existem duas
possibilidades em se tratando de destinação futura. Aqui não
levaremos em conta a tese materialista que pressupõe que tudo
termina no túmulo. Estamos escrevendo para leitores espiritualistas,
seja de que escola religiosa for.
Pela hipótese da
unicidade das existências a destinação futura de salvação ou
condenação eterna se dará exclusivamente pelo que foi feito na
vida única; ou seja, depois desta, seja no ato, ou no dia do juízo,
vem o veredicto final e aí a destinação eterna: céu ou inferno,
salvação ou condenação.
Se esta for uma
realidade o versículo citado está errado, pois a Vontade de Deus
não se cumpriu, ou seja, o Perfeito não foi capaz de fazer da sua
Vontade uma realidade, pois é fato que levando em conta só esta
vida atual nem todos se salvam.
A outra hipótese é a
da reencarnação. Nela os Espíritos que não alcançaram a redenção
ou a recomposição de suas consciências na vida atual, e diga-se de
passagem isto nunca se dá numa única existência, têm outras
oportunidades de se aperfeiçoarem, se purificarem, de se tornarem
melhor, e realizar a Vontade de Deus que é a da salvação de todos
os homens.
Esta hipótese, além
de mais lógica está mais condizente com os atributos de Deus entre
eles a Misericórdia e a Justiça.
A tese é mais ampla e
apesar de não ser complexa tem outros desdobramentos que não nos
cabe discutir aqui neste breve texto que tem apenas o objetivo de
mostrar que a realidade palingenésica está presente em vários
textos das Escrituras, mesmo em alguns que numa primeira leitura não
percebemos.
A Bíblia é um grande
livro, o maior entre todos os já escritos, entretanto ela não é
maior do que Deus, e se em algum ponto ela desmentisse qualquer
atributo do Criador não poderia ser considerada como expressão da
Palavra de Deus como querem nossos irmãos católicos e protestantes.
A reencarnação é a
única forma de se comprovar a Justiça de Deus, e se a Bíblia
condenasse esta hipótese, ela teria de ser reescrita. Entretanto,
dizemos, isto não será preciso, pois como temos visto em nossos
estudos a verdade teológica da reencarnação está presente em
vários textos da literatura tanto do Velho quanto do Novo
Testamento.
Outra questão que os
defensores da unicidade da existência talvez nunca tenha pensado a
respeito é a de que sendo Deus Onisciente Ele sabe de tudo. Nada é
oculto para Ele, nem passado nem presente, nem futuro. Ele sabe o que
aconteceu, o que acontece, e o que vai acontecer.
Bom, se ele conhece o
futuro, e isso é uma realidade ou Ele não seria Deus, Ele sabe no
exato instante em que cria um homem, um Espírito, ou uma alma, como
queiram, se este Ser irá se salvar ou não (se esta for a realidade,
a da unicidade das existências). Se Deus que é Pai cria um Ser já
sabendo que ele vai se perder pela eternidade, isto não seria uma
maldade do Criador?
E aí perguntamos será
possível isto? Não, não será, pois maldade não é atributo de
Deus, que é acima de tudo Amor.
Podem argumentar que
estamos errados dizendo que Deus não quer a perda de nenhum homem e
dá para todos, várias oportunidades de salvação. Isto é uma
realidade, todavia não é o que está em foco aqui. Mesmo dando a
todos oportunidades de recomposição e não desejando a morte eterna
de nenhum de Seus filhos, através de Sua onisciência Ele sabe se
aquele Espírito irá ou não aproveitar as oportunidades e se salvar
no instante mesmo de sua criação, e isto é inaceitável em se
tratando da Perfeição do Criador e de Sua Justiça Plena.
Pensemos sobre isto.
Fica assim invalidada a tese da unicidade da existência na carne se
analisarmos todos os atributos de Deus.
Como segundo São
Jerônimo a verdade não pode existir em coisas que divergem,
precisamos fazer uma nova leitura da Bíblia à luz da verdade da
reencarnação, só assim poderemos compreender toda grandeza de sua
moral.
1
I Timóteo, 2: 3 e 4
2
Romanos, 5: 12
terça-feira, junho 05, 2012
Mediunidade e Evangelho - Objetivo da Mediunidade (1 Coríntios, 12: 7)
Mas a manifestação
do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
A
mediunidade é uma faculdade amoral, ou seja, ela não é nem
contrária nem conforme a moral. Somos nós quem damos a ela a
qualificação de acordo como a vivenciamos.
Para nós
espíritas, conforme orientação de Kardec, não podemos pensar em
mediunidade se não for com Jesus, como prática de caridade; caso
isso não ocorra estaremos sendo falsos espíritas:
Os que não se contentam com admirar a
moral espírita, que a praticam e lhe aceitam todas as consequências.
Convencidos de que a existência terrena
é uma prova passageira, tratam de aproveitar os seus breves
instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode
elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por
fazer o bem e coibir seus maus pendores. As relações com eles
sempre oferecem segurança, porque a convicção que nutrem os
preserva de pensar em praticar o mal. A caridade é, em tudo, a regra
de proceder a que obedecem. São os verdadeiros espíritas, ou
melhor, os espíritas cristãos.1
É no
mesmo tom que diz o apóstolo Paulo, mas a
manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil,
isto significa que a mediunidade não pode ser praticada à toa, de
forma desordenada; há um objetivo, há de haver uma planificação e
uma meta maior a ser alcançada.
Deste modo
pensemos, quais são os objetivos da mediunidade?
Podemos,
sem a pretensão de esgotar o assunto, enumerar alguns:
Para os
encarnados:
- ·Cooperação no serviço de reconforto e esclarecimento.
- ·Autoeducação, pela renovação dos sentimentos e pela oportunidade de trabalho, que quando bem executado, em muito eleva o Espírito.
- ·Construção de afeições muito valiosas no plano espiritual, consolidadas em base de cooperação e amizade superior.
- ·Conhecimento do plano espiritual, o que muito lhe auxiliará quando do seu desencarne.
Para os
Desencarnados:
- Melhor entendimento do processo evolutivo a que todos estamos sujeitos, nos dois planos da vida.
- ·Aqueles que sofrem pela falta de entendimento da nova vida, têm na mediunidade oportunidade segura de melhor compreender sua situação, e assim programar atitudes renovadoras.
- ·Transmissão aos encarnados de valiosos ensinamentos ministrados por Espíritos de alta hierarquia espiritual.
Lembremos
ainda O Livro dos Espíritos:
Toda ocupação útil é trabalho.2
Portanto, para o espírita fiel aos seus preceitos doutrinários,
mediunidade é trabalho, e trabalho em favor daqueles que necessitam.
Não é por outro motivo que Emmanuel assim se manifesta sobre esta
nobre faculdade:
Reconhecerás que não reténs com ela
um distrito de entretenimento ou vantagens pessoais e sim um
templo-oficina (…)3.
Assim,
meditemos: como tem sido o nosso exercício mediúnico? Pois, a
manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.
1
O Livro dos Médiuns item 28-3º
2
O Livro dos Espíritos, questão 675
3
Encontro Marcado cap. 28
sexta-feira, junho 01, 2012
Jesus amaldiçoou a Figueira sem Fruto?
E, deixando-os, saiu da cidade para Betânia e ali passou a noite.
E, de manhã, voltando para a cidade, teve fome.
E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
E os discípulos, vendo isso, maravilharam-se, dizendo: Como secou imediatamente a figueira? (Mateus, 21: 17 a 20)
E, no dia seguinte, quando saíram de Betânia, teve fome.
Vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isso. (Marcos, 11: 12 a 14)
Muitos estudiosos do Evangelho têm tido dificuldade em interpretar a passagem acima. Alguns, e até mesmo entre os espíritas, têm dito que este fato não pode ter-se dado, que não passa de uma interpolação nos textos do Evangelho, já que estes sofreram ao longo do tempo muitas modificações devido a dificuldade existente em se copiar e multiplicar os manuscritos originais dos apóstolos evangelistas.
Tudo isto porque, segundo estes comentaristas, a ação de amaldiçoar a figueira não seria uma atitude normal de um espírito como o de Jesus, o Manso por excelência.
Não deixam estes de ter uma certa razão, realmente Jesus jamais amaldiçoaria qualquer obra da Criação divina, ainda mais que segundo o evangelista, não era tempo de figos.
Porém, pensamos que há mais o que refletir sobre o assunto.
Segundo anotação do Espírito Humberto de Campos através da mediunidade do nosso querido Chico Xavier, a partir de um encontro com o Espírito do apóstolo Pedro na espiritualidade, todas as obras a que se referem os evangelistas são profundamente verdadeiras.1
Deste modo, segundo o testemunho do próprio apóstolo, todas as coisas se deram conforme anotação dos evangelistas; assim, se aconteceu e foi relatado, devemos analisar. Pois, se a Doutrina Espírita, segundo anotação do próprio Kardec, é a terceira revelação da Lei de Deus para nós os ocidentais, o advento do Cristo é a segunda; portanto, se é fato que o “Espírito de Verdade” auxiliou Kardec na codificação, o mesmo se deu na redação dos Evangelhos e se alguma passagem foi preservada é que deveríamos estudá-la buscando através dos ensinamentos nela contidos a nossa edificação e promoção espiritual.
Assim, se temos dificuldade de compreender a mensagem que Jesus nos deixou em alguma de suas ações, não devemos dizer que ela não aconteceu ou que a tradução está incorreta, e sim, que ainda não conseguimos alcançar o pensamento daquele que é o Mestre maior entre todos os mestres.
E isso não é nenhum demérito para nós. Não devemos esquecer que Jesus é, segundo os Espíritos superiores, o construtor e o mentor espiritual de nosso orbe, o que vale dizer que há bilhões de anos quando da formação de nosso planeta, Ele já era o Cristo, quando nós ainda, provavelmente, fazíamos nossa evolução nos reinos inferiores da criação. Jesus tem uma mente que está a “anos luz” à nossa frente, sua psicologia ainda é para nós inabordável, deste modo, tenhamos humildade, muito ainda temos a aprender com seus atos, e apesar do seu esforço em adequar seus ensinamentos, à medida que vamos evoluindo em espírito e moral mais iremos absorvendo suas significativas lições.
(Leia o texto completo no Site Espiritismo e Evangelho )
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