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Artigos e comentários a respeito da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus - O Blog do Evangelho Miudinho
quinta-feira, dezembro 14, 2017
No Princípio #Gênesis - 1º Dia
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quinta-feira, dezembro 07, 2017
A Vinda Do Senhor e a Ressurreição - Breves Comentários
Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança.
sexta-feira, novembro 24, 2017
Vitória Final
terça-feira, outubro 31, 2017
Maria de Nazaré, a Educadora de Jesus
Quem foi Maria?
Falar de Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, não é fácil devido a falta de informações que temos dela, e entre as que temos poucas são confiáveis, isentas e imparciais do ponto de vista religioso.
Estão no Novo Testamento, apesar de raros, os melhores esclarecimentos que temos da Mãe de nosso Senhor Jesus.
Nós, os espíritas, ainda temos o privilégio de termos algumas anotações vindas do Plano Espiritual que nos ajudam a esclarecer sobre a grande evolução e a missão deste nobre Espírito.
Não temos informação de como foi sua infância, nem de sua adolescência; a tradição cristã nos informa que Maria era filha de Joaquim e Ana. Seus pais eram judeus e pelo que podemos depreender dos textos do Evangelho formavam uma família simples e praticantes fieis de seus princípios religiosos.
Provavelmente nasceu entre os anos 18 e 20 a.C., e como era habitual àquele tempo, deve ter casado por volta de seus 14 anos, às vezes até antes.
Os historiadores do cristianismo apontam como data provável do nascimento de Jesus o ano 6 a.C., o Espírito Humberto de Campos através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier define o ano 5 a. C. como sendo o correto para a vinda do Cristo à carne1. O casamento de Maria deve ter acontecido de seis meses a um ano do nascimento de seu primogênito.
Outra questão que não temos como certa é se Maria teve ou não outros filhos além de Jesus. O Evangelho não é totalmente claro a respeito; Mateus fala que Jesus teve irmãos e irmãs, e até dá o nome de seus irmãos2. Entretanto, em hebraico ou em aramaico, os primos também eram chamados de irmãos.
Muitos estudiosos contestam esta questão de os supostos irmãos de Jesus serem seus primos. Afirmam estes que é uma realidade que o termo hebraico designava tanto irmão quanto primo, porém ressaltam que o Evangelho foi escrito em grego, e no grego temos duas palavras distintas, adelphos, para irmão, e anepsios que é literalmente primo. Portanto, insistem, se os autores do Novo Testamento, que à época sabiam se eram primos ou realmente irmãos, quisessem falar em primos, usariam anepsios e não adelphos3.
Outro argumento a favor de serem irmãos é que na maioria das vezes em que eles são citados no Evangelho estão acompanhados de Maria; por que, perguntam, eles estariam sempre acompanhados da tia? Entretanto, há argumentos fortes também, por parte daqueles que defendem que Maria e José não tiveram outros filhos, como o fato de Jesus ter, no momento da crucificação entregado Maria – sua mãe - a João, o discípulo amado, para que este tomasse conta dela a partir de então. Se formassem uma família numerosa, com vários outros filhos, não seria natural que estes cuidassem de Maria?
Há uma terceira hipótese, menos comentada e menos provável, a de que José ao casar com Maria já teria outros filhos de casamento anterior, e estes é que seriam os irmãos de Jesus.
Como este não é o objetivo principal deste estudo, não vamos mais nos ocupar com este tema. No judaísmo era comum o casal ter muitos filhos, era uma bênção de Deus, o que faz crer a alguns que José e Maria seriam pais de uma prole maior; todavia, não há esta necessidade, a família de Jesus era sem dúvida uma família especial, e poderia, portanto, ser diferente das demais sem nenhum desmerecimento para eles.
O certo, é que Maria era um Espírito de altíssima evolução, um dos mais puros que encarnou neste Orbe governado espiritualmente por Seu Filho Jesus.
Maria era culta ou iletrada?
Esta é outra questão que não é fácil de ser respondida.
Nos dias de hoje dizemos que uma pessoa é culta se ela tem o hábito de ler e estudar, se tem muita informação intelectual. Entretanto, no que diz respeito ao primeiro século de nossa era o julgamento não pode ser feito desta forma.
Neste século, o marcado pela vinda física de Jesus, grande era o percentual de analfabetismo. Quase não haviam livros para serem lidos, e era caríssima a produção de um, desta forma, não era qualquer pessoa que tinha acesso a livros, sendo assim, poucos sabiam ler, e muito menos ainda os que tinham o hábito de estudar como fazemos hoje.
Porém, não podemos dizer por isso que eram mal informados os habitantes da Palestina daquela época. O processo de aprendizado era diferente, o que tínhamos era uma cultura oral; as cartas de Paulo eram lidas na comunidade cristã através de uma leitura coletiva, muitos apenas ouviam o que este valoroso apóstolo escreveu.
Tal hábito fazia com que a memória destes que se dedicavam ao estudo das escrituras fosse de grande capacidade, pois era preciso saber os textos de cor já que nem sempre era possível lê-los.
Portanto, saber ler não era pré-requisito para se ter cultura. Além disso, em se tratando de uma mulher na palestina no tempo de Jesus, eram bem poucas as chances de que a ela fosse dada a oportunidade de saber ler.
Assim, do ponto de vista de percentuais, grande é a chance de Maria não ter sido alfabetizada, o que não estamos querendo dizer com isso, que não tenha sido. Apenas dizemos de probabilidades.
O que é certo, e podemos dizer com total segurança, é que a Mãe de Nosso Senhor tinha grande cultura, e muito mais ainda, uma cultura espiritual, uma espiritualidade inteligente.
Muitos chegam a dizer que Maria teria sido educada no Templo, que era não só boa leitora, como também, boa redatora. É possível, porém, não certo. Não estamos querendo trabalhar com hipóteses.
No tempo de Maria, o judaísmo não era simplesmente uma religião, era uma cultura. Entre os hebreus não se podia escolher a que religião seguir, simplesmente eram judeus. Não havia shoppings, cinemas, teatros, ou outras diversões quaisquer, o que havia era uma sinagoga, e que todos frequentavam, a sinagoga era a vida das pessoas. Nazaré era uma pequena cidade, a sinagoga deveria ser próximo de tudo, e era ali onde eles aprendiam e praticavam seus princípios de moral elevada.
Como dissemos Maria era um Espírito elevado e sem comprometimentos no campo expiatório, por isso aprendia fácil, com certeza memorizava bem, e vivenciava o que aprendia, não era culta dentro de nosso padrão atual, era sábia.
Por que podemos dizer isso com certeza? O Evangelho nos dá mostra disso a toda hora, e além do mais, Maria foi a educadora do maior Sábio de todos os tempos, e só isso bastaria para dizer que ela foi entre todas a melhor educadora.
Texto extraído do E-Book Paulo, Mulher e Homem em Cristo, que você encontra completo em:
https://www.amazon.com.br/Paulo-Mulher-Homem-Cristo-Evangelho-ebook/dp/B075RW5GFK
1 XAVIER, Francisco C. / Humberto de Campos. Crônicas de Além Túmulo, cap. 15, Rio de Janeiro, FEB, 1937.
2 Cf. Mateus, 12: 46 e Mateus, 13: 55 e 56. Ver também Marcos, 6: 3
3 Existem controvérsias. Segundo PASTORINO, Carlos Torres. Sabedoria do Evangelho Vol. 8. Rio de Janeiro: Sabedoria, 1967, Pg. 197, a palavra adelphos "irmão", referia-se também a "primos", e ainda cita vários autores profanos como Heródoto, Thucidides, etc. onde isto acontecia.
quarta-feira, outubro 11, 2017
Breves Considerações Sobre o Espírito Jesus
13Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. 15Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? 16Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mateus, 16: 13 a 16)
A interrogação de Jesus aos discípulos é muito significativa para nós cristãos de todas as eras. Importa a cada um de nós refletir e responder a Ele o que Ele verdadeiramente é em nossas vidas; se simplesmente um batista, um profeta, um revolucionário, Deus, ou o Caminho a Verdade e a Vida pertinente a cada um de nós, imagem de Deus que somos.
Apesar do grande conteúdo reeducativo destes versículos, sendo esta, nossa reeducação em Cristo, a tarefa mais importante de nossa vida, neste estudo queremos fazer outra abordagem, tecer alguns breves comentários sobre o Espírito Jesus, no que pese isto ser tarefa das mais difíceis por não termos condições de compreender de nenhum modo a dimensão evolutiva deste que é o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Nossos irmãos protestantes e católicos não consideram, nós espíritas, como cristãos, pelo fato de não termos Jesus como Deus. Como se ser cristão estivesse relacionado à crença de ser Jesus, Deus.
Ser cristão, segundo o dicionário é professar a crença em Jesus Cristo, porém podemos aprofundar este conceito que é muito restrito dizendo que ser Cristão é ser, ou buscar incessantemente ser, semelhante a Cristo, fazer o que ele fez, viver o que ele viveu; segundo Ele mesmo, seríamos reconhecidos como cristãos por muito amarmos. (João, 13: 35)
O Livro dos Espíritos na questão 625 diz ser Jesus nosso Guia e Modelo, deste modo, se assim O temos, podemos seguramente dizer que somos Cristãos. Todavia, esse não é o diferencial dos ensinamentos espíritas, pois todo cristão seja de que religião for deve tê-Lo como Guia e Modelo.
Segundo Allan Kardec Jesus é o Protetor da Terra (Livro dos Médiuns, IV, Item 48). Emmanuel aprofunda o conceito qualificando-o de Governador Espiritual da Terra, o que o coloca na condição, não de um simples Espírito Superior, mas de um Espírito Puro.
Neste ponto é preciso fazermos algumas considerações.
Quando Kardec ensina-nos sobre a escala espírita em O Livro dos Espíritos ele classifica os Espíritos Puros dentro de uma Ordem apenas, porém, na sequência de seus estudos e através da obra de Francisco Cândido Xavier , passamos a entender que mesmo dentro da Ordem dos Puros há hierarquia. Jesus seria um Messias Divino (A Gênese, cap XV Item 2), ou como habitualmente dizemos um Cristo.
Ainda segundo esta Ordem de Espíritos uma mensagem contida na Revista Espírita de Fevereiro de 1868 diz que Os Messias são, seres superiores chegados ao mais alto grau da hierarquia celeste, depois de terem chegado a uma perfeição que os torna, doravante, infalíveis e acima das fraquezas humanas, mesmo na encarnação.
Afim de podermos compreender estes conceitos no plano objetivo de Deus O Livro dos Espíritos nos informa que Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos (LE, 536 b). Ou seja no que diz respeito aos Universos materiais Deus Cria, mas quem põe a mão na massa para construção de mundos, sóis, galáxias, etc., são os Espíritos.
Aprofundando o ensinamento, André Luiz nos informa na Obra "Evolução em Dois Mundos" que:
(...) o fluido cósmico, também chamado fluido universal, é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano. Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível, extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de cocriação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Pai Celeste, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa. Essas Inteligências gloriosas tomam o plasma divino e o convertem em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, de vez que o Espírito Criado pode formar ou cocriar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade. (Obra citada, Primeira Parte, cap. I )
Estas Inteligências Divinas, ou Inteligências gloriosas, que são chamados de Co-criadores em plano maior, por este autor espiritual, são os Agentes Dedicados de O Livro dos Espíritos.
Assim, temos os Espíritos responsáveis pela direção de planetas, sóis, galáxias etc..
Jesus é o Espírito responsável pela governança do planeta Terra, sendo assim, conforme terminologia a que estamos habituados, o Cristo Planetário de nosso Orbe. Conforme diz André Luiz Ele e o Pai vivem agregados, em processo de comunhão indescritível, podendo Ele, assim, quando esteve entre nós afirmar: Eu e o Pai somos um. (João, 10: 30)
Baseado nestas proposições podemos fazer o seguinte raciocínio: a ciência assevera que o planeta Terra tem a idade de 4,5 bilhões de anos, deste modo podemos com segurança afirmar que Jesus é um Espírito Puro, um Cristo, no mínimo há 4,5 bilhões de anos.
O mesmo André Luiz, através da Psicografia de Francisco Cândido Xavier, ainda na obra Evolução em Dois Mundos, nos assevera que o Princípio Inteligente leva dos organismos monocelulares à idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento nada menos que um bilhão e meio de anos; ou seja, só o tempo em que Jesus está na condição de Cristo Planetário, dá para percorrer nossa trajetória evolutiva do monocelular ao homem três vezes. Depreendemos, assim, que Jesus acompanha nossa caminhada evolutiva rumo à angelitude desde o princípio, estando conosco todos em todo tempo de nossa vida desde dias incontáveis.
Conclusão:
Concluímos através dos ensinamentos espíritas, que Jesus não é Deus, todavia, não podemos considerá-Lo como um simples Espírito Superior, por mais respeito que tenhamos a estes. Jesus é um Espírito Puro, um Cristo, ou um Messias Divino. Nenhum Espírito que encarnou na Terra é semelhante a Ele em Evolução.
Ele não é Deus, Deus é mais do que Ele. Entretanto, o que Deus é mais do que Ele nós, em nosso estado evolutivo atual não conseguimos alcançar.
Como vimos pelas colocações anteriores, ainda não conseguimos compreender nem mesmo o estado evolutivo de um Cristo, quanto mais sua posição em relação a Deus. Ficamos apenas com a colocação de André Luiz, Eles vivem em uma comunhão indescritível para qualquer um de nós, ou como disse Ele mesmo, quem vê a mim vê aquele que me enviou (João, 12: 45), pois o que damos conta de alcançar de Deus é só o que Jesus conseguiu nos mostrar.
Desta forma, diante da grandeza do Espírito Jesus e de seu estado evolutivo tão acima da humanidade terrena, não é de se estranhar que nossos irmãos vinculados a outras escolas do cristianismo, tenham nosso Cristo por Deus. É que por não levar em conta em suas teologias as leis da reencarnação e de evolução é o máximo que conseguem compreender.
Que fique claro apesar disto que não nos podemos considerar superiores a eles devido ao entendimento mais amplo alcançado através dos ensinamentos espíritas. Ninguém é melhor ao maior do que outro pelo simples fato de saber desta ou daquela forma, de conhecer ou não determinadas questões. Como dizia nosso querido Chico Xavier, quem sabe pode muito, mas quem ama pode mais.
O estado evolutivo de um Espírito não é dado pelo que ele conhece, mas a capacidade de amar pode muito bem ser um fator determinante de sua condição superior na escala espírita.
quinta-feira, setembro 28, 2017
Do Livro - "Paulo, Mulher e Homem em Cristo"
- Um homem não devia olhar para uma mulher casada e nem cumprimentá-la. Caso tivessem que aparecer em público elas deviam usar um véu. Ninguém podia conversar com uma mulher estrangeira.
quinta-feira, setembro 21, 2017
Conversa sobre Reencarnação
A pergunta foi direta:
- Cláudio, por que você acredita na reencarnação?
Do mesmo modo foi a resposta:
- Eu não acredito em reencarnação.
A entrevistadora continuou, porém assustada:
- Mas como não acredita em reencarnação, você não é espírita?
- Sim, sou espírita. Porém não acredito em reencarnação, pois tenho certeza dela. Ninguém acredita naquilo que tem convicção.
- Ufa!!! Disse a entrevistadora. Pensei que ir perder minha entrevista. Mas vamos lá, continuando...
O que lhe faz ter tanta certeza da reencarnação?
A certeza que tenho da existência de Deus.
- Mas como assim? Muitas pessoas acreditam na existência de Deus, porém não aceitam a reencarnação.
- Existem dois tipos de pessoas que acreditam em Deus. Uns creem que Ele existe, porém vivem a sua vida como se ele não existisse. Levam a vida, estudam, trabalham, namoram, casam ou não, festejam, etc. Tudo sem considerar a existência de Deus e Seus propósitos.
Estes são mais imaturos do ponto de vista espiritual, é difícil aceitarem a reencarnação.
Entre os outros, ou seja, aqueles que vivem considerando Deus em suas realizações, ainda podemos dividir em duas classes, os que aceitam e os que não aceitam a reencarnação. Entre os primeiros estão alguns religiosos tradicionais. Por não aceitarem a reencarnação eles limitam Deus, e Deus não pode ser limitado.
- Como assim? Explique melhor.
- Todas as religiões concordam que Deus é Perfeito, Soberano em Justiça e Amor. Eu digo mais, Deus é Supremo e Absoluto em todos os Seus atributos. Não pode ser limitado nem superado em nenhuma de Suas qualidades.
Quando um religioso tradicional diz que Deus perdoa a todos os que se arrependem, e confessam seus pecados, porém que isto só pode se dar durante a vida que diga-se de passagem é bem curta, estes que assim pensam estão limitando o perdão divino, pois ele só acontece durante a vida, Deus é Amor e Misericórdia somente por alguns anos. Isto é inconcebível.
Além disso se trabalharmos só com a ideia de uma vida única a justiça de Deus fica comprometida.
Ninguém consegue explicar o porque de uns sofrerem tanto, e outros, nem tanto; uns têm todas as oportunidades outros quase nenhuma.
Imagine você. Ao dizer que os pecados cometidos em uma única vida de alguns anos podem gerar sofrimentos pela eternidade isto é absurdo. Nem a justiça humana é imperfeita assim. Por aqui a pena é proporcional à culpa. Aquele que rouba um tubo de cola num supermercado não pode ser condenado à pena de morte; do mesmo modo aquele que comete crimes hediondos como estupro, sequestro acompanhado de morte ou outros do gênero não pode ser condenado a distribuir cesta básica para comunidade carente. Ou seja, repetindo, a pena tem de ser proporcional à culpa. E quem comete crimes numa vida de setenta , oitenta ou até cem anos que seja, pode ser punido por uma eternidade sem fim?
Eternidade é mais que cem, mais que mil, mais que um milhão, mais que um bilhão de anos...
E aqueles que morrem na infância? Vão para o céu ou para o inferno? E aqueles que vivem poucos dias? Estes merecem um céu só de bênçãos sem nada ter feito por merecer, ou um inferno de dores eternas sem também não terem culpa alguma?
Desculpem-me os que assim pensam um mundo com uma legislação desta não pode ser obra de Deus, mas do maligno. Aliás falando numa linguagem entendida por estes que assim pensam, a doutrina da vida única é a maior vitória do demônio sobre a comunidade dita de Deus...
- Mas estes religiosos que você diz, dizem que a Bíblia é a Palavra de Deus e que ela condena a reencarnação. Como é que fica isto?
- Antes de responder propriamente esta pergunta eu gostaria de fazer duas observações. Em primeiro lugar, do jeito que eu falo às vezes parece que sou contra os religiosos tradicionais, evangélicos, católicos, etc.. Isto não é verdade. Eu admiro tanto uns quanto os outros, vejo que eles fazem excelente trabalho de evangelização, e ainda penso que nós espíritas ainda temos que aprender muito com eles, em várias áreas. A minha discordância é em matéria de teologia, de doutrina. E digo mais, nós não temos que ficar lutando uns contra os outros, temos que compreender que somos todos cristãos. O nosso adversário comum deve ser o materialismo, este é que deve ser combatido, pois é doutrina maléfica que origina vários enganos. Mesmo assim, não são os materialistas que devem ser combatidos, mas o materialismo, é diferente.
Outra observação que quero fazer é que a Bíblia é o meu livro de cabeceira, é um livro fundamental e o tenho não só como livro de leitura, mas de estudo com fins reeducativos.
A Bíblia não condena a reencarnação. Existe um texto da Carta aos Hebreus que diz:
E, assim como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disso o Juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitas pessoas; e aparecerá segunda vez, não mais para eximir o pecado, mas para brindar salvação a todos que o aguardam! (Hebreus, 9: 27 e 28)
Todavia, qualquer estudante da Bíblia sabe, até mesmo os iniciantes na matéria, que não podemos pegar um versículo, retirá-lo do contexto, e fazer doutrina sobre ele.
Quando o demônio tentou Jesus ele o tentou usando um versículo bíblico. Mas como? Podem perguntar; simplesmente porque ele usou um verso do Salmo 91 fora do contexto. Portanto quando alguém usa este texto de Hebreus para condenar a reencarnação, está dando uma de "demônio", pois trata-se de uma interpretação não considerando o contexto do texto original.
O autor da Carta dos Hebreus, seja ele quem for, não escreveu aquele texto para falar sobre reencarnação, nem contra, nem a favor, o que ele quis foi exaltar Jesus, dando-lhe o título de Sumo Sacerdote por Excelência, mostrando ser Ele incomparavelmente superior aos sacerdotes levitas.
Mas mesmo sob este aspecto a Bíblia não se enganou, pois o homem, em sentido geral, morre apenas uma vez, pois homem nenhum reencarna, quem reencarna é o espírito do homem.
- Como assim?
- O homem é um ser trino, e a Bíblia concorda com isto. Ele é formado por espírito, corpo físico e corpo espiritual. Quando o homem desencarna, seu corpo físico é que morre; o espírito com o seu corpo espiritual volta para o mundo espiritual. Quando há o reencarne é o espírito que reencarna formando outro homem, com outro corpo, com outras características. E a cada encarnação, há por parte do próprio espírito junto com as Entidades espirituais responsáveis pelo seu processo encarnatório, uma avaliação, o que a Bíblia chama de juízo. Portanto, o texto está correto ao dizer que está ordenado [ao homem] morrer uma só vez, vindo, depois disso o Juízo.
Há que se fazer outra observação. Mesmo considerando o Bíblia como "Palavra de Deus", é preciso reconhecer que Deus é maior do que ela, pois a própria Carta aos Hebreus diz que aquele que constrói uma casa tem mais honra que a própria casa (Hebreus, 3: 3) e nada há maior ou mesmo igual a Deus.
Portanto a Bíblia não pode reduzir nenhum de Seus atributos, se ela assim fizesse ela estaria em erro. Mais uma vez peço perdão aos que não aceitam a reencarnação, mas não há como provar que Deus é Amor, que Deus é Justiça, que Deus é Perfeito, se não for através do reconhecimento que a reencarnação é um dos princípios da Lei de Deus.
- É, pelo que vejo a questão é mais complexa do que parece a princípio. Cláudio, você gostaria deixar alguma mensagem como consideração final?
- Há ainda muita coisa que poderíamos dizer; mas só para se ter uma ideia, eu sempre quis colocar a seguinte questão para alguém que não aceita a reencarnação me responder:
Imaginemos que uma mãe amorosa morre e vai para o céu. Seu filho, a quem ela muito ama, também morre, porém, não é salvo, e vai para o inferno.
Será que esta mãe sabendo que vai ficar eternamente separada de seu filho e que este vai viver eternamente em sofrimento, vai conseguir ser feliz no céu? Será que o céu não vai ser para ela um tormento eterno?
Certo dia, assistindo a um programa evangélico em um canal de TV alguém fez uma pergunta similar a esta a um pastor. Sabe o que ele respondeu? Que no céu ela nunca se lembraria de seu filho, que lá os salvos se esquecem daqueles que conheceram, amaram e foram para o inferno, pois se assim não fosse no céu haveria sofrimento. (até ele reconheceu isto)
Eu fiquei boquiaberto. Até então eu pensava que o céu era lugar de espíritos perfeitos, o que este pastor disse é que o céu é lugar de gente com amnésia, e o que é pior, outros pastores já confirmaram para mim esta questão.
Portanto eu deixo a seguinte pergunta, o que é mais digno da Perfeição de Deus, uma Lei, a da unicidade da existência, que promove a injustiça, a separação familiar, a amnésia nas pessoas, ou a da pluralidade das existências que promove a justiça, o amor incomensurável, a união eterna dos espíritos afins e a perfeição de toda a criação?
Como disse Jesus, aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça! (Mateus, 11: 15)