- Um homem não devia olhar para uma mulher casada e nem cumprimentá-la. Caso tivessem que aparecer em público elas deviam usar um véu. Ninguém podia conversar com uma mulher estrangeira.
Artigos e comentários a respeito da Doutrina Espírita e do Evangelho de Jesus - O Blog do Evangelho Miudinho
quinta-feira, setembro 28, 2017
Do Livro - "Paulo, Mulher e Homem em Cristo"
quinta-feira, setembro 21, 2017
Conversa sobre Reencarnação
A pergunta foi direta:
- Cláudio, por que você acredita na reencarnação?
Do mesmo modo foi a resposta:
- Eu não acredito em reencarnação.
A entrevistadora continuou, porém assustada:
- Mas como não acredita em reencarnação, você não é espírita?
- Sim, sou espírita. Porém não acredito em reencarnação, pois tenho certeza dela. Ninguém acredita naquilo que tem convicção.
- Ufa!!! Disse a entrevistadora. Pensei que ir perder minha entrevista. Mas vamos lá, continuando...
O que lhe faz ter tanta certeza da reencarnação?
A certeza que tenho da existência de Deus.
- Mas como assim? Muitas pessoas acreditam na existência de Deus, porém não aceitam a reencarnação.
- Existem dois tipos de pessoas que acreditam em Deus. Uns creem que Ele existe, porém vivem a sua vida como se ele não existisse. Levam a vida, estudam, trabalham, namoram, casam ou não, festejam, etc. Tudo sem considerar a existência de Deus e Seus propósitos.
Estes são mais imaturos do ponto de vista espiritual, é difícil aceitarem a reencarnação.
Entre os outros, ou seja, aqueles que vivem considerando Deus em suas realizações, ainda podemos dividir em duas classes, os que aceitam e os que não aceitam a reencarnação. Entre os primeiros estão alguns religiosos tradicionais. Por não aceitarem a reencarnação eles limitam Deus, e Deus não pode ser limitado.
- Como assim? Explique melhor.
- Todas as religiões concordam que Deus é Perfeito, Soberano em Justiça e Amor. Eu digo mais, Deus é Supremo e Absoluto em todos os Seus atributos. Não pode ser limitado nem superado em nenhuma de Suas qualidades.
Quando um religioso tradicional diz que Deus perdoa a todos os que se arrependem, e confessam seus pecados, porém que isto só pode se dar durante a vida que diga-se de passagem é bem curta, estes que assim pensam estão limitando o perdão divino, pois ele só acontece durante a vida, Deus é Amor e Misericórdia somente por alguns anos. Isto é inconcebível.
Além disso se trabalharmos só com a ideia de uma vida única a justiça de Deus fica comprometida.
Ninguém consegue explicar o porque de uns sofrerem tanto, e outros, nem tanto; uns têm todas as oportunidades outros quase nenhuma.
Imagine você. Ao dizer que os pecados cometidos em uma única vida de alguns anos podem gerar sofrimentos pela eternidade isto é absurdo. Nem a justiça humana é imperfeita assim. Por aqui a pena é proporcional à culpa. Aquele que rouba um tubo de cola num supermercado não pode ser condenado à pena de morte; do mesmo modo aquele que comete crimes hediondos como estupro, sequestro acompanhado de morte ou outros do gênero não pode ser condenado a distribuir cesta básica para comunidade carente. Ou seja, repetindo, a pena tem de ser proporcional à culpa. E quem comete crimes numa vida de setenta , oitenta ou até cem anos que seja, pode ser punido por uma eternidade sem fim?
Eternidade é mais que cem, mais que mil, mais que um milhão, mais que um bilhão de anos...
E aqueles que morrem na infância? Vão para o céu ou para o inferno? E aqueles que vivem poucos dias? Estes merecem um céu só de bênçãos sem nada ter feito por merecer, ou um inferno de dores eternas sem também não terem culpa alguma?
Desculpem-me os que assim pensam um mundo com uma legislação desta não pode ser obra de Deus, mas do maligno. Aliás falando numa linguagem entendida por estes que assim pensam, a doutrina da vida única é a maior vitória do demônio sobre a comunidade dita de Deus...
- Mas estes religiosos que você diz, dizem que a Bíblia é a Palavra de Deus e que ela condena a reencarnação. Como é que fica isto?
- Antes de responder propriamente esta pergunta eu gostaria de fazer duas observações. Em primeiro lugar, do jeito que eu falo às vezes parece que sou contra os religiosos tradicionais, evangélicos, católicos, etc.. Isto não é verdade. Eu admiro tanto uns quanto os outros, vejo que eles fazem excelente trabalho de evangelização, e ainda penso que nós espíritas ainda temos que aprender muito com eles, em várias áreas. A minha discordância é em matéria de teologia, de doutrina. E digo mais, nós não temos que ficar lutando uns contra os outros, temos que compreender que somos todos cristãos. O nosso adversário comum deve ser o materialismo, este é que deve ser combatido, pois é doutrina maléfica que origina vários enganos. Mesmo assim, não são os materialistas que devem ser combatidos, mas o materialismo, é diferente.
Outra observação que quero fazer é que a Bíblia é o meu livro de cabeceira, é um livro fundamental e o tenho não só como livro de leitura, mas de estudo com fins reeducativos.
A Bíblia não condena a reencarnação. Existe um texto da Carta aos Hebreus que diz:
E, assim como aos homens está ordenado morrer uma só vez, vindo, depois disso o Juízo, assim também Cristo foi oferecido em sacrifício uma única vez, para tirar os pecados de muitas pessoas; e aparecerá segunda vez, não mais para eximir o pecado, mas para brindar salvação a todos que o aguardam! (Hebreus, 9: 27 e 28)
Todavia, qualquer estudante da Bíblia sabe, até mesmo os iniciantes na matéria, que não podemos pegar um versículo, retirá-lo do contexto, e fazer doutrina sobre ele.
Quando o demônio tentou Jesus ele o tentou usando um versículo bíblico. Mas como? Podem perguntar; simplesmente porque ele usou um verso do Salmo 91 fora do contexto. Portanto quando alguém usa este texto de Hebreus para condenar a reencarnação, está dando uma de "demônio", pois trata-se de uma interpretação não considerando o contexto do texto original.
O autor da Carta dos Hebreus, seja ele quem for, não escreveu aquele texto para falar sobre reencarnação, nem contra, nem a favor, o que ele quis foi exaltar Jesus, dando-lhe o título de Sumo Sacerdote por Excelência, mostrando ser Ele incomparavelmente superior aos sacerdotes levitas.
Mas mesmo sob este aspecto a Bíblia não se enganou, pois o homem, em sentido geral, morre apenas uma vez, pois homem nenhum reencarna, quem reencarna é o espírito do homem.
- Como assim?
- O homem é um ser trino, e a Bíblia concorda com isto. Ele é formado por espírito, corpo físico e corpo espiritual. Quando o homem desencarna, seu corpo físico é que morre; o espírito com o seu corpo espiritual volta para o mundo espiritual. Quando há o reencarne é o espírito que reencarna formando outro homem, com outro corpo, com outras características. E a cada encarnação, há por parte do próprio espírito junto com as Entidades espirituais responsáveis pelo seu processo encarnatório, uma avaliação, o que a Bíblia chama de juízo. Portanto, o texto está correto ao dizer que está ordenado [ao homem] morrer uma só vez, vindo, depois disso o Juízo.
Há que se fazer outra observação. Mesmo considerando o Bíblia como "Palavra de Deus", é preciso reconhecer que Deus é maior do que ela, pois a própria Carta aos Hebreus diz que aquele que constrói uma casa tem mais honra que a própria casa (Hebreus, 3: 3) e nada há maior ou mesmo igual a Deus.
Portanto a Bíblia não pode reduzir nenhum de Seus atributos, se ela assim fizesse ela estaria em erro. Mais uma vez peço perdão aos que não aceitam a reencarnação, mas não há como provar que Deus é Amor, que Deus é Justiça, que Deus é Perfeito, se não for através do reconhecimento que a reencarnação é um dos princípios da Lei de Deus.
- É, pelo que vejo a questão é mais complexa do que parece a princípio. Cláudio, você gostaria deixar alguma mensagem como consideração final?
- Há ainda muita coisa que poderíamos dizer; mas só para se ter uma ideia, eu sempre quis colocar a seguinte questão para alguém que não aceita a reencarnação me responder:
Imaginemos que uma mãe amorosa morre e vai para o céu. Seu filho, a quem ela muito ama, também morre, porém, não é salvo, e vai para o inferno.
Será que esta mãe sabendo que vai ficar eternamente separada de seu filho e que este vai viver eternamente em sofrimento, vai conseguir ser feliz no céu? Será que o céu não vai ser para ela um tormento eterno?
Certo dia, assistindo a um programa evangélico em um canal de TV alguém fez uma pergunta similar a esta a um pastor. Sabe o que ele respondeu? Que no céu ela nunca se lembraria de seu filho, que lá os salvos se esquecem daqueles que conheceram, amaram e foram para o inferno, pois se assim não fosse no céu haveria sofrimento. (até ele reconheceu isto)
Eu fiquei boquiaberto. Até então eu pensava que o céu era lugar de espíritos perfeitos, o que este pastor disse é que o céu é lugar de gente com amnésia, e o que é pior, outros pastores já confirmaram para mim esta questão.
Portanto eu deixo a seguinte pergunta, o que é mais digno da Perfeição de Deus, uma Lei, a da unicidade da existência, que promove a injustiça, a separação familiar, a amnésia nas pessoas, ou a da pluralidade das existências que promove a justiça, o amor incomensurável, a união eterna dos espíritos afins e a perfeição de toda a criação?
Como disse Jesus, aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça! (Mateus, 11: 15)