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Os sete Anjos munidos com as sete trombetas se prepararam então para tocar. (Apocalipse, 8: 6)
Neste versículo é importante relembrar que os Anjos são enviados de Deus, são Espíritos de grande evolução, por isso representam o Poder Divino, eles são portadores de uma mensagem vinda diretamente do Criador.
Depreendemos assim, que na ocorrência há uma determinação superior, uma Providência gerenciando os fatos e que estes têm um propósito no encaminhamento dos acontecimentos gerais que virão. Como dizia nosso querido e saudoso companheiro o senhor Leão Zálio, a circunstância é a vontade do Criador em favor da criatura, e nós não estamos à mercê delas de uma forma desordenada, tudo tem a sua razão de ser dentro de um plano mais amplo, e o gestor de tudo neste nosso planeta é o Cristo e em última instância o próprio Deus.
Aprendemos assim, que estas trombetas, que têm uma importância considerável em toda literatura judaica, e em especial neste livro que encerra os registros da Nova Aliança, vão nos trazer grandes revelações e para isso é necessário que haja preparo, nada acontece ao acaso, sem um planejamento superior. Se desejamos ser também portadores de revelação, instrumentos de Deus através de nossas realizações, nos preparemos, não esqueçamos que cada minuto é importante para a economia universal e para as conquistas que temos que realizar; cada ocorrência por mínima que seja é instrutiva e traz em si informações que se bem aproveitadas muito podem nos ajudar, não desprezemos as pequenas coisas, eles estão ajudando a construir em nós o psiquismo do Ser Renovado, da Nova Criatura portadora da Mensagem de Deus onde quer que nos manifestemos.
É preciso que estejamos preparados para tocar… sempre em nome de Deus e de Seu Cristo.
E o primeiro tocou... Caiu então sobre a terra granizo e fogo, misturados com sangue: uma terça parte da terra se queimou, um terço das árvores se queimou e toda vegetação verde se queimou. (Apocalipse, 8: 7)
E o primeiro tocou...; trata-se do primeiro de uma série, uma série de "sete", não podemos perder isto de vista, que são sete ciclos reveladores que acontecerão e que no livro serão descritos nos próximos capítulos.
Caiu então sobre a terra granizo e fogo, misturados com sangue; a princípio uma manifestação terrível, vejamos só: granizo que são pedras de gelo, trazem muitas vezes, destruição. Fogo é um elemento incendiário, oposto ao gelo que é formado a partir da água, entretanto não é menos destruidor; e sangue que pode ser símbolo de dor, de desastres e até mesmo de morte, é sempre visto com um grande pavor. Temos uma chuva em que estes três elementos estão misturados.
Percebamos as expressões. Tudo isto caiu sobre a terra, "terra" esta que podemos considerar como sendo o terreno íntimo onde são germinadas as sementes de nossos sentimentos. Portanto, como temos dito, todas estas ocorrências têm um sentido plenamente reeducativo para o Espírito.
Nas anotações de Mateus, no terceiro capítulo, nos é dito sobre o batismo de João:
Eu vos batizo com a água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu (…). Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.1
O que temos aqui neste texto do Apocalipse é um desdobramento das palavras de João, o Batista, uma profecia ocorrendo.
O granizo é a água que representa para nós a justiça. A destruição que ele traz não é para extinção, mas como o Codificador nos orienta quando analisa a Lei de Destruição, para transformação. Construímos algo errado em nossa vida? Isto precisa ser destruído, ou melhor, transformado. O batismo de João era para o arrependimento, o "arrependei-vos" dito por ele é uma trombeta que soa na acústica de nossa alma. Arrependimento para conversão, conversão que é transformação mental, do homem interior; um novo padrão de vida é o desejado.
O Batista disse que "aquele que vem", que é o Cristo, nos batizaria com o fogo… é a mesma palavra que temos aqui. É o batismo do processo evolucional consciente quando adotamos a mensagem do Evangelho em nossa vida.
O fogo tem um sentido eficaz de purificação, no antigo Testamento ele simboliza a intervenção de Deus purificando as consciências.
Temos um texto no Eclesiástico que nos ajuda na compreensão:
…pois o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhação.2
Granizo e fogo misturados com sangue, é como se tudo estivesse junto no mesmo processo. Na simbologia do batismo de João temos o Espírito Santo, que é o Espírito redimido pela purificação realizada na vida em seus encaminhamentos ao testemunho. Portanto este batismo é processo antes mesmo de resultado, é através do processo que chegamos lá. Comparamos assim, este batismo do Espírito Santo com o sangue deste texto revelador.
Como dissemos, se muitos vêm o sangue como pavor, sangue também é vida. O próprio Jesus simbolizou a Nova Aliança com o sangue, o Seu sangue que seria derramado em favor de muitos. Trata-se do plano aplicativo do Evangelho, é o operacional do dia a dia, o exemplo vivo de Jesus circulando em nós através de nossas atitudes renovadas.
Portanto, nesta primeira trombeta o que temos é um batismo do Espírito promovendo nele novos lances em favor de sua evolução.
Não esqueçamos, mesmo aqueles que estão provisoriamente no mal, todos são filhos de Deus, estes acontecimentos escatológicos jamais vêm para perda destes ou de quem quer que seja, mas para cumprir um papel transformador de suas almas objetivando a salvação plena. Pois se um pai humano que tem um amor imperfeito sempre perdoa seu filho amado, e quer estar junto dele para sempre, o que não podemos dizer de Deus, que é Pleno em todas as Perfeições, em relação aos Seus filhos, mesmo os ainda pecadores?
…uma terça parte da terra se queimou, um terço das árvores se queimou e toda vegetação verde se queimou. Quando estudamos a gênese mosaica a partir do primeiro livro do Antigo Testamento vamos ver que a primeira produção da terra foi a vegetação verde, "ervas que deem semente"3.
Assim, nos colocando no centro da revelação, e como objetivo maior de nossos estudos buscando o aperfeiçoamento do Ser perfectível que somos, vamos ver que esta terra somos nós mesmos e que esta vegetação verde são nossas criações mentais, que como sementes produzirão árvores, frutos, novas sementes, e assim por diante.
Esta queima de terça parte da terra e das árvores, representam a queima de nossas construções no terreno das ilusões e da transitoriedade. São aqueles componentes de natureza inferior que criamos baseados na mentalidade antiga que é aquela que nos faz o centro do Universo. Estas criações devem ser destruídas por esta chuva de granizo misturada com fogo e sangue para que o novo possa ser estabelecido em nós e a partir daí gerenciarmos melhor nossa evolução.
Notemos que só uma terça parte será destruída, não tudo, por quê? Porque não podemos destruir o nosso ser por inteiro, isso seria voltar a estados anteriores e inferiores de nossa evolução o que não é possível já que o Espírito não retrograda. Não há como mexer no nosso subconsciente, deste faz parte aquilo que já vivenciamos; é o passado, criações já realizadas. Deste modo só podemos interferir no presente que são nossas construções atuais, é no plano das realizações do hoje que temos que realizar a queima, daí nossas provas e expiações, nossos desafios no campo do testemunho.
Mas pode-se perguntar, o texto diz que toda vegetação verde se queimou; é que esta vegetação simbolizando nossas primeiras criações, representam nosso plano mental, nossa forma de agir, nossos interesses e anseios, trata-se de nossa participação dinâmica na criação, e isto tudo tem que ser transformado na base. A Nova Criatura tem que realizar completamente diferente da antiga, seus interesses e anseios devem ser outros, nossas criações na negatividade devem ser mesmo purificadas, queimadas. Só assim, preservando as lições anteriores, mantendo o foco e os objetivos superiores que são determinísticos em Deus, mas mudando nossa vida hoje, criaremos a nova mentalidade que é a base do Ser renovado que devemos ser segundo a Vontade de Deus através do plano aplicativo do Cristo.
1 Mateus, 3: 11
2 Eclesiástico, 2: 5
3 Gênesis, 1: 11 e 12
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