Para encerrar este
breve estudo não poderíamos deixar de comentar o versículo mais
usado pelos cristãos tradicionais para combater a Reencarnação que
é um princípio fundamental do Espiritismo a expressar uma Lei
Universal.
E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez,
vindo, depois disto, o juízo… (Hebreus, 9: 27)
Este é mais um texto
do Evangelho onde a leitura apressada e condicionada pode nos levar
ao erro.
Nosso autor aqui em
nenhuma hipótese está tratando do tema da possibilidade ou não da
reencarnação.
A Carta aos Hebreus é
toda escrita para mostrar a superioridade de Jesus-Cristo em relação
a Moisés e o quanto o Evangelho, significando a Terra Prometida, é
superior à Lei antiga.
Neste ponto o autor de
Hebreus está fazendo uma comparação dizendo que pela Lei antiga o
Sumo Sacerdote tem de, uma vez por ano, fazer um sacrifício de
purificação, enquanto pela Nova Aliança, a do Evangelho, se
seguirmos o exemplo do Cristo nos libertaremos de vez da necessidade
dos ciclos dos renascimentos como instrumento de purificação. Por
meio do Cristo vivenciado temos acesso direto a Deus e a Seu Reino.
A Reencarnação é uma
Lei Universal fundamentada na justiça; realmente, se transcendermos
a justiça humana pela implementação do Cristo em nós, não
teremos mais de reencarnar, pois só reencarnam os Espíritos que
ainda não atingiram plenamente a Perfeição Cristã. Todavia
enquanto isto não acontece necessário se faz nascer de novo.
O conceito bíblico de
morte nada tem a ver com a cessação da vida física, ou com o
desencarne conforme à morte nos referimos.
Como exemplo disto
podemos citar Adão que simbolicamente representa a humanidade
afastada de Deus pela desobediência às Leis do Criador.
Foi dito a Adão que se
comesse da árvore da ciência do bem e do mal ele morreria. Ele
desobedeceu e comeu, e o que aconteceu? Fisicamente não morreu,
continuou a viver, muitos anos por sinal, e teve até vários filhos.
O próprio Paulo vai
expressar este conceito em Romanos ao dizer:
…porque o salário do pecado é a morte
Ou seja, morte
significa estar afastado de Deus pelo pecado.
Outros exemplos
bíblicos podemos dar.
Jesus ao conversar com
um doutor da lei segundo as anotações de Lucas, diz assim:
Respondeste bem; faze isso e viverás.
Ora se aquele homem
estava vivo, por que dizer faze isso e viverás?
Porque não era de vida
física que Jesus falava, mas de Vida Eterna, definindo assim o que é
vida no conceito das Escrituras.
Em Levítico, 18: 5
temos:
Portanto, os meus estatutos e os meus juízos guardareis;
cumprindo-os, o homem viverá por eles. Eu sou o SENHOR.
Em Provérbios, 4: 4:
…então, ele me ensinava e me dizia: Retenha o teu coração as
minhas palavras; guarda os meus mandamentos e vive.
Muitos outros exemplos
podemos dar, mas achamos desnecessário, dizendo apenas que o mesmo
Paulo na mesma carta aos Hebreus diz ser o diabo, que simbolicamente
representa oposição a Cristo que é Vida, o detentor do império da
morte.
Concluindo temos:
Morte = pecado =
desobediência às Leis de Deus.
Citamos Paulo novamente
para dizer que segundo suas observações, por meio de Adão entrou o
pecado no mundo e assim a morte. (Romanos, 5: 12)
Deste modo a morte
entrou no mundo através da opção do Espírito por evoluir passando
pela fieira do mal.
Que simbolicamente representa a Queda do Espírito.
Sob este aspecto o
Espírito só morreu uma vez, quando adotou o mal como experiência
evolutiva afastando-se assim de Deus. A partir daí vem o juízo que
é a faculdade de avaliar.
Quando o Espírito
morreu (entrou em queda) como proposta divina de recomposição ele
entra no ciclo das mortes e dos renascimentos, encarna e desencarna,
e após cada etapa vem a avaliação. Assim vai se recompondo até a
redenção final que é sua volta à Vida Eterna.
O que Paulo quer dizer
é que o Espírito que morreu uma só vez, quando da queda, por meio
do Cristo voltará à Vida e não morrerá jamais.
O que ele mesmo
confirma em outro texto:
Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos
serão vivificados em Cristo.
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Referências Bibliográficas:
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