quinta-feira, fevereiro 24, 2022

Carta aos Hebreus - Testemunhando Deus juntamente com eles…

#interna




testemunhando Deus juntamente com eles, por meio de sinais, de prodígios e de vários milagres e por dons do Espírito Santo, distribuídos segundo a sua vontade. (Hebreus,  2: 4)

Testemunhando Deus juntamente com eles…;  esta é uma afirmativa de grande valor e que é, do mesmo modo, bastante consoladora.

Deus está sempre testemunhando, isto é, presente através do auxílio e da colaboração, com todos aqueles que lhe têm fidelidade. E aqui é importante destacar o advérbio juntamente, ou seja, não se trata de uma presença passiva, mas participativa. É como se o Pai pudesse sofrer com o filho todas as suas dores, angústias e dissabores, tudo isso advém de comportamentos promotores de crescimento moral.

Lembremos disto, aconteceu com os que O ouviram no primeiro século e continua acontecendo com os que o ouvem ainda hoje; se temos ainda dores e aflições apesar de nosso bom encaminhamento na vida, não nos desesperemos, Deus está testemunhando juntamente conosco:

Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.1


por meio de sinais, de prodígios e de vários milagres; as palavras sinais, prodígios e milagres, têm cada uma sua peculiaridade, entretanto, de um modo geral, no Novo Testamento elas podem ser representadas por milagres, que significa uma ação que ultrapassa o poder comum dos homens.

Alguns os têm, os milagres, como algo sobrenatural, o que seria uma derrogação das leis da natureza.

Com o Espiritismo através da orientação de Allan Kardec, aprendemos que sob este último ponto de vista os milagres inexistem, visto ser impossível derrogar as Leis Naturais que são as Leis de Deus. Devemos compreendê-los como uma atuação na Lei num nível mais profundo que muitas vezes nos escapa. Ou seja, seria o conhecimento mais amplo do mecanismo destas Leis, e assim, nelas atuar dentro de suas possibilidades múltiplas.

O primeiro significado que demos, é mais correto neste nível, pois trata-se de uma ação que ultrapassa o poder comum dos homens, que, porém, não derroga a Lei por si mesma; atua-se numa esfera de poder em que nem todos compreendem, é algo que está associado a um poder moral, a uma excelência da alma.

Quando o Espírito se associa a Deus em seus propósitos e passa atuar segundo os Desígnios Superiores, ele alcança esta condição de, em nome de Deus agir e atuar nestes mecanismos da Lei, podendo assim realizar sinais, prodígios e milagres.

Jesus foi entre nós o Espírito mais evoluído que já passou por nosso orbe, o que estava em conexão perfeita e integral com Deus, por isso seus prodígios foram ao mais espetaculares que já tivemos notícias. Todos os seus seguidores, sejam os da era testemunhal, ou mesmo os de hoje, se devidamente ajustados ao Seu Grande Amor, podem do mesmo modo realizar, é isto que o autor de Hebreus afirma neste verso.

Aqui cabe a nós como estudiosos dos textos do Evangelho, buscar algo mais. Podemos com segurança dizer que estes sinais exteriores da ação de Nosso Senhor foram os que mais chamaram a atenção e até hoje são. Quando um médium espírita, um pastor protestante, um padre católico ou um cristão qualquer cura agindo em nome de Jesus, algo de efeito físico, é quando ele mais chama a atenção e todos lhes dão valor.

Todavia Jesus tem em todos os tempos uma ação muito mais ampla e importante. Trata-se do milagre que Ele faz em nossos corações transformando-os… é quando nos tornamos bons cidadãos do universo e melhoramos o nível de nossos sentimentos.

Este é o grande milagre que o Cristo realiza em tantas pessoas, quer realizar em nós e nem sempre o destacamos, muito pelo contrário até desvalorizamos. Não são poucas as vezes que tratamos por coitadinho aquele que ama como Jesus amou se entregando pelos mais necessitados.

Queridos, tenhamos olhos de ver… ou passamos a agir na esfera do Cristo, e, compreendermos todos os estes eventos como oportunidade reeducativa para nosso Espírito, ou seremos eternos pedintes, esperançosos de que, por sinais, prodígios e milagres, Jesus venha nos salvar, o que dificilmente se dará; e aqui tenhamos entendimento, a salvação que precisamos é a que Ele nos salve de nós mesmos e de nosso passado transgressor.

por dons do Espírito Santo…; ainda neste verso o autor nos fala dos dons do Espírito Santo. Naturalmente ele talvez pensasse na afirmativa de Atos,1: 8, ou naqueles dons do Espírito descritos por Paulo em I Coríntios, 12.

Neste passo é importante falar um pouco sobre o entendimento que devemos ter sobre Espírito Santo.

Nos tempos em que esta carta foi escrita ainda não se tinha a ideia de Santíssima Trindade como se tem hoje nos meios do cristianismo tradicional, onde o Espírito Santo é uma das pessoas desta Trindade. Esta é uma concepção tardia e que só veio mais adiante com a religião organizada.

Gostaríamos de aqui, darmos três entendimentos possíveis e plausíveis para esta expressão.

Os primeiros cristãos eram judeus, e tinham uma compreensão judaica da revelação. Assim é importante saber o que eles pensavam desta expressão que em hebraico é Ruach Hakodesh.

Ela é poucas vezes citada na Bíblia Hebraica e em todas o sentido é de o Espírito de Deus, nada mais do que isso. Portanto, para o Judaísmo dos leitores de Hebreus, Espírito Santo significa o Espírito de Deus, um Deus que para eles era Um Só e Uno.

À luz da Doutrina Espírita podemos compreender esta expressão sob dois aspectos. Um deles é o que Emmanuel destaca na obra Paulo e Estevão:

Ninguém deverá ignorar que Espírito Santo designa a legião dos Espíritos santificados na luz e no amor, que cooperam com o Cristo desde os primeiros tempos da Humanidade.2

O outro é um corolário deste citado por Emmanuel, Espírito Santo é todo Espírito que se santificou, é qualquer Espírito redimido. A diferença é que Emmanuel fala em Espíritos que colaboram com o Cristo desde os primeiros tempos da humanidade e aqui dissemos que em qualquer tempo um Espírito que se santifique na luz e no amor de Cristo torna-se Espírito Santo.

Aliás, este é um princípios básicos da teologia paulina, o de que qualquer Ser salvo compartilha da realidade de Cristo, torna-se aquilo que o Filho de Deus é. O que Pedro confirma em sua II epístola:


Visto como, pelo seu divino poder, nos têm sido doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade, pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-vos da corrupção das paixões que há no mundo,3


Deste modo, dons do Espírito Santo são os dons, conquistados pelo Espírito através de seu ajustamento ao serviço em nome do Criador, dons estes que se tornam definitivos e amplos com a redenção do Espírito o que se dá com a evolução que o leva à Unidade Divina.

distribuídos segundo a sua vontade. Vontade de Deus. A Vontade de Deus é a Lei de Deus. Esta Lei dá a cada um segundo as suas obras, não obras em seu sentido exterior, mas obras significando uma conduta transformada pela fidelidade ao Evangelho.

É a confirmação do que já comentamos. A evolução moral do Espírito dá a ele os dons do Espírito. Deus nesse caso não significa o Ser Soberano que fica escolhendo o que cada um deve ter, mas Sua Própria Lei distribuindo a cada um o que cada um conquistou.


1 Mateus, 18: 20

2 [F. C. XAVIER / Emmanuel (Espírito) 2004], cap. 4, 2ª parte, nota de Emmanuel

3 II Pedro, 1: 3 e 4




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terça-feira, fevereiro 15, 2022

Introdução ao Evangelho de João

#Pública



A autoria do quarto Evangelho não é uma questão unânime entre os estudiosos que se dedicaram a analisar a sua origem.

A tradição mais antiga atribui a João, o filho de Zebedeu e apóstolo de Jesus, a autoria do mesmo.

Todavia, alguns analistas afirmam ser o autor verdadeiro certo João, o Presbítero. Há, ainda, críticos que nos falam de uma escola joanina; seria, para estes, o quarto Evangelho, uma personificação de um grupo do cristianismo primitivo. Um cristianismo helenístico em oposição ao judeu-ristianismo. Esta escola teria compilado os ensinamentos originais deixados pelo próprio discípulo e dado a eles o formato que hoje conhecemos.

Entretanto, todas essas teorias têm várias objeções e o que comumente se aceita é a autoria do apóstolo, irmão de Tiago e filho de Zebedeu.

É fato concreto que, desde a primeira metade do século II, muitos autores conheceram e autenticaram este Evangelho por meio de sua utilização. Entre eles, podemos destacar Inácio de Antioquia, Papias e Justino.

No fim deste mesmo século, Irineu é taxativo:


"Em seguida, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que repousou sobre o seu peito, publicou também um

evangelho, durante a sua estada em Éfeso" (Adv. Haer. III, 1,1).


Para Irineu, que era discípulo de Policarpo, "que falava de suas relações com João e os outros discípulos do Senhor..." (Eusébio, Hist. eccl. V, 20,6-8), trata-se do filho de Zebedeu, um dos Doze.


Este testemunho é confirmado ainda pelo Cânon Muratori, Polícrates de Éfeso, Clemente de Alexandria, Tertuliano e Orígenes, o que conjuntamente com as outras afirmativas dão à tradição antiga certa autoridade sobre as demais teorias.


O local onde o apóstolo escreveu sua obra foi, de acordo com a opinião que consta das tradições mais antigas do cristianismo, a Ásia Menor; segundo Irineu, a cidade de Éfeso.

Há uma opinião de que poderia ser Antioquia a cidade onde teria sido escrito, e há ainda uma conciliação entre as hipóteses, ou seja, que o Evangelho teria sido escrito durante um longo período

que teria passado nessas duas cidades.


A descoberta do papiro egípcio que comporta textos do quarto Evangelho, o fragmento de Rylands,

encontrado em 1920, mostra-nos que por volta do ano 130 E.C. este Evangelho circulava no Egito. Isto nos leva à conclusão que este texto deve ter sido escrito por volta do ano 100 E.C.

Há, ainda, opiniões que situam a redação do mesmo recuando um pouco na data, isto é, a partir

dos anos 60 de nossa era.

Particularmente, pensamos que este Evangelho não teria sido escrito logo depois da partida do Mestre, nem nos primeiros anos de cristianismo, pois é ele fruto do amadurecimento do Apóstolo, o que se deu após longos dos anos de implantação da nova filosofia constante dos ensinamentos do Rabi Nazareno.


Têm sido propostas várias maneiras de se dividir o Quarto Evangelho. Todavia, como isso pode nos levar a um excesso de sistematização, e não sendo esse nosso objetivo primordial, não vamos nos ater muito a isso, propondo, a partir das próprias indicações do texto, uma divisão prática, pois, se neste Evangelho existem algumas diferenças dos sinóticos, as linhas gerais não mudam tanto.

Assim, temos o prólogo, o anúncio da nova mensagem, as festas litúrgicas judaicas – entre as quais

destacamos a Última Ceia (Páscoa) com os ensinamentos do cenáculo, por ser o objetivo deste livro –, a paixão, a crucificação, a ressurreição e a conclusão. Podendo, ainda, ser acrescentado um epílogo (cap. 21) de composição mais tardia, tendo sido acrescentado pelo próprio autor ou por um de seus discípulos.

Alguns temas são fundamentais como caracterização da proposta deste Evangelho:


  • Jesus é o Messias, em grego Christos

  • É o transmissor da Luz de Deus

  • É o caminho que conduz à per feita conexão com o Criador

  • É verdade e vida


Segundo os Espíritos que trabalharam na Codificação Espírita, em meados do séc. XIX, Jesus é o guia e modelo da humanidade (O Livro dos Espíritos, Q.625); é o Médium de Deus (A Gênese, cap. XV); um Messias Divino (idem).

Se compararmos uma mensagem em O Livro dos Médiuns assinada pelo próprio Jesus com a publicação da mesma também em O Evangelho Segundo o Espiritismo, podemos concluir que em última instância Ele é o próprio Espírito de Verdade; opinião também do instrutor Alexandre na obra Missionários da Luz, do Espírito André Luiz, psicografada por Francisco Cândido Xavier.

Essa não é a opinião de todos os espíritas. Para alguns, o Espírito de Verdade é a legião dos Espíritos santificados que cooperam com o Cristo desde os primeiros momentos de nosso orbe. Seja como for, Jesus preside a essa legião conforme suas palavras no cap. XV deste Evangelho de João:


"Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da Verdade, que procede do Pai, testificará de mim." (João 15:26)


Segundo, ainda, os Espíritos Codificadores, o Espírito em seu início evolutivo é simples e ignorante, tendo pela lei de evolução o objetivo de atingir a perfeição, pelo conhecimento da verdade (LE Q. 115, em concordância com João, 8:32). Evolução essa feita mediante muitas reencarnações realizadas em vários orbes do universo.

Conforme nos orientam ainda as questões 112 e 113 do mesmo O Livro dos Espíritos, esses seres que atingiram a perfeição formam a classe dos Espíritos puros, que, segundo Léon Denis, Emmanuel e Joanna de Ângelis, entre outros, é a classe a que Jesus pertence.

Baseado nessas propostas da obra sabiamente organizada por Kardec, pode-se dizer que há perfeita

sintonia entre o Quarto Evangelho e a Codificação, e que, por intermédio desta, podemos compreender certas expressões contidas em João. Expressões essas que em outros tempos causaram grande dificuldade de interpretação, pois se Jesus, por uma falha teológica, foi visto como sendo o próprio Deus, é porque nem os teólogos compreenderam a ligação de Jesus, o personagem histórico, com o Cristo – significando este o título de sua condição espiritual –, e assim divinizaram-no; como também os historiadores não viram Nele nada além de um homem comum com a sua mentalidade

natural, apesar de às vezes incompreensível por seus feitos extraordinários.

Sobre Jesus, assim disse Kardec:


"...como homem, tinha a organização dos seres carnais; porém, como Espírito puro, desprendido da matéria, havia de viver mais da vida espiritual do que da vida corporal, de cujas fraquezas não era passível. A sua superioridade com relação aos homens não derivava das qualidades particulares do seu corpo, mas das do seu Espírito, que dominava de modo absoluto a matéria e das do seu perispírito, tirado da parte mais quintessenciada dos fluidos terrestres. (A Gênese, cap XV.)

Com base nestas orientações, podemos entender com naturalidade a mensagem passada pelo autor do Quarto Evangelho, a natureza Superior do Espírito Jesus e o choque causado por Ele em todos que O viram sem compreender a Excelsitude de Sua psicologia.

O objetivo desta obra, que ora trazemos a lume, é analisar o último dos sermões realizados por Jesus à luz do entendimento espírita. Sermão esse de grande profundidade em matéria de entendimento e muito útil ao nosso processo evolucional.

Que Deus nos abençoe a todos…



(Extraído do Livro: "O Sermão do Cenáculo") Disponível em:


https://www.institutodesperance.com.br/










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terça-feira, fevereiro 08, 2022

Carta aos Hebreus - Nestes Últimos Dias Falou Por Meio do Filho

#Pública


                                                                                                      


agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, e pelo qual fez os séculos. (hebreus, 1: 2)

agora, nestes dias que são os últimos; a ideia aqui é a de "plenitude dos tempos", de "final dos tempos", "final de ciclo".

Segundo Champlin1 os rabinos dividiam o tempo em dois grandes períodos: a época presente e a era eterna ou vindoura.

A época presente incluía todo o tempo até a inauguração da era eterna que se daria quando houvesse o cumprimento dos propósitos divinos. O período anterior à vinda do Messias se dava na era presente, Sua vinda marcaria estes últimos dias; seria a preparação para o "mundo vindouro", que seria o segundo período referido.

Também nós, de modo individual podemos dividir os tempos em dois grandes períodos: o anterior ao Cristo em nossa vida, e o período posterior em que já O interiorizamos e O exteriorizamos através de nossas atitudes renovadas.

Portanto, estes dias que são os últimos, não representam o fim do mundo, mas o término de uma era de ignorância, de trevas em nossa vida, uma era em que éramos dirigidos pelos valores do mundo sem a mínima preocupação com os fatores espirituais.

Acontece nestes dias que são os últimos, ou final de tempos, um período de transição, onde o Cristo vem e fala aos nossos corações; nós O reconhecemos, desejamos tê-Lo como guia, mas as nossas tendências negativas nos prendem à retaguarda. Neste momento é preciso ter decisão e fazer a opção correta, nos desvincularmos do passado e adotar o novo paradigma mental que é o do Evangelho. Só assim nos capacitaremos para deixar o mundo de sombras e adentrarmos na era vindoura que é de paz, harmonia, e realizações no Bem.

falou-nos por meio do Filho; este é o ápice deste primeiro movimento da epístola.

No verso anterior o autor lembrou que por muitas vezes e de muitas formas Deus já se revelou à Humanidade. Neste ele nos mostra que desta vez Ele revela por meio do Filho.

Aqui faz-se importante fazer algumas considerações. Na cultura judaica "Filho de Deus" quer dizer um ser Divino, daí a confusão que fizeram com Jesus como se ele fosse Deus. Toda teologia cristã anterior ao Espiritismo comete este erro por falta de maiores esclarecimentos. A Doutrina codificada por Kardec veio para corrigir algumas distorções entre as quais se acha esta.

Jesus Cristo é sim um Ser diferente, acha-se em nível evolucional bem distante da Humanidade, porém não é Deus. É um Espírito Puro, um Messias Divino; mas trata-se de um Espírito Criado e que se fez Puro através das Eras em Mundos que já se perderam na poeira dos Sóis.

Assim, a natureza da revelação que vem por meio do Filho que é um Cristo, é diferente das anteriores.

Ela não existe só nas palavras que Ele proferiu e que os evangelistas anotaram, muitos dos enviados anteriores falaram também divinamente. Por Ele foi diferente, porque a Revelação estava Nele, era parte integrante de Sua pessoa; Ele é Um com o Pai porque se fez assim através de Seu aperfeiçoamento. Ele realizou a evolução possível de se realizar em Mundos materiais, mais do que isso não conseguimos dizer e nem compreender. É esta evolução que lhe dava autoridade para fazer o que fez. Quando ele falou que nós também poderíamos fazer tudo o que Ele fez, e fazer mais, nos revelou uma grande Lei que é a de evolução do Espírito, porém a distância para que estes acontecimentos se dessem era a de muitas eras, de milênios dentro de nossa dimensão tempo.

Assim compreendemos que a revelação de Jesus é uma revelação de Filho, que é Aquele que se fez Filho pela total identificação com os Propósitos do Pai, e uma de Suas revelações é exatamente esta que comentamos, a de que por meio Dele, Cristo, também poderíamos compartilhar desta revelação tornando-nos participantes do Reino e integrantes da Unidade Divina.

Deste modo aprendemos que a Revelação Cristã vai muito além dos documentos escritos que advieram da passagem de Jesus por entre nós e que outras podem ainda vir nos auxiliando a compreender todo este mecanismo divino de redenção das almas, porém com um aparte: todas que vierem depois, se vierem, como o Espiritismo veio como terceira revelação, terão de ser em plena harmonia com Ele, o Filho de Deus; virão também por meio Dele, como o Espiritismo, que é uma revelação orientada em planos mais altos de Espiritualidade pelo Espírito de Verdade que em última instância é o próprio Jesus.

a quem constituiu herdeiro de todas as coisas; por herdeiro devemos entender aquele que recebe a parte designada a ele por direito de filiação.

Neste passo é tratado de uma filiação divina, herdeiro de todas as coisas, entretanto, e por isso mesmo, devemos ver uma herança espiritual da qual Jesus só herdou por ter chegado à condição evolutiva a que chegou podendo assim cumprir a missão que lhe foi proposta pelo Pai.

Como herdeiro, e no caso de nosso planeta, herdeiro único, neste sentido de ser aquele que atingiu a condição de Cristo, Jesus tem procuração do Pai para em nome Dele atuar, e procuração com amplos poderes.

É neste sentido que devemos entender esta palavra herdeiro o que dá a Ele uma condição ativa como Espírito Co-criador, e uma condição de existência diferente das demais criaturas, por conquista conforme já comentamos.

Com a Revelação dos Espíritos aprendemos que cada mundo do Universo, cada planeta, cada Sol, cada Galáxia, tem o Seu Cristo, que é o Espírito responsável pela Governança Espiritual deste mundo. Assim quando é dito herdeiro de todas as coisas é em relação a este mundo que este Espírito como Construtor recebeu do Pai com a prerrogativa de encaminhá-lo à perfeição.

e pelo qual fez os séculos. "séculos" é uma tradução do grego aion que pode significar também "geração" dando uma ideia de tempo, mas também "mundos" dando ideia de espaço.

A teologia cristã aqui viu o Cristo como Criador mais uma vez confundindo-o com Deus. O Espiritismo com suas revelações nos posiciona melhor diante dos detalhes em que podemos distinguir Deus de Seu Cristo.

Deus é o Criador, só ele tem o poder de transformar a essência em existência, por isso o filósofo Huberto Rohden o nominou Creador.

Jesus não é Criador, mas Construtor, o que nós espíritas chamamos de Co-criador num plano maior conforme a definição do Espírito André Luiz2.

Jesus não Cria, ele faz, constrói a partir de substâncias já Criadas por Deus. Jesus opera diretamente na matéria o que Deus não faz conforme nos informam os Espíritos Codificadores3.

Estes detalhes têm grande importância. Deus Cria antes do "tempo". Com a formação da matéria surgem as dimensões "tempo" e "espaço", é aí que os Espíritos plenamente identificados com o Criador, os Cristos, começam operar na matéria cósmica criando os mundos. Por isto o autor bíblico inspirado pelo Espírito de Verdade diz: pelo qual fez os séculos; observemos que o verbo é "fazer" e não "criar", e séculos justamente significando as dimensões "tempo" e "espaço" que só surgem a partir da existência dos mundos materiais.

1 CHAMPLIN, Russell N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. São Paulo: Ed. Candeia, 1995. Vol. 5

2 Cf. XAVIER, Francisco C./ Waldo Vieira/André Luiz (Espírito). Evolução em Dois Mundos, 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993, Cap. 1

3 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Q. 536 b)






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