segunda-feira, setembro 02, 2024

Jesus e a Mulher Samaritana - João, 4: 13 a 20

#Pública


 


13 Jesus lhe respondeu: "Aquele que bebe desta água terá sede novamente; 14 mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna". 15Disse-lhe a mulher: "Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir mais aqui para tirá-la!" 16 Jesus disse: "Vai, chama teu marido e volta aqui". 17A mulher lhe respondeu: "Não tenho marido". Jesus lhe disse: "Falaste bem: 'não tenho marido', 18pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso falaste a verdade". 19Disse-lhe a mulher: "Senhor, vejo que és um profeta. . . 20Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar".

Jesus lhe respondeu: "Aquele que bebe desta água terá sede novamente...
Ele começa a mostrar a diferença entre o que ele tem a oferecer e a água das cisternas ou poços feitos por mãos humanas. Assim, Ele informa, quem bebe da água deste poço, terá sede novamente, pois se trata de uma água física, o que eu tenho a oferecer é algo maior, espiritual...
...mas quem beber da água que eu lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele uma fonte de água jorrando para a vida eterna"
A água viva já dissemos, representa as "bênçãos de Deus", vida eterna, salvação, satisfação espiritual, cura, tudo isto está em foco nesta expressão.
Jesus nos trouxe a Constituição do Reino de Deus e o Manual para atingirmos a Vida Eterna. O Evangelho é tudo isto, não é só código de bom comportamento. Jesus deixou isto claro, através dele adquirimos vida em abundância.
Ao interiorizarmos os ensinamentos do Evangelho e os exteriorizarmos através das ações e das reações, esta vivência transforma-nos também em "fonte desta água", a expressão é clara: tornar-se-á nele uma fonte de água... e o destino é a vida eterna.
A vida eterna é a comunhão perfeita com o Criador que se dá através do Cristo:
Ora, a vida eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que enviaste, Jesus Cristo.[i]
Aqui é preciso entender que no Novo Testamento, conhecer, em grego ginṓskō, muitas vezes indica uma relação íntima e pessoal entre o conhecedor e o objeto conhecido; ou seja, trata-se de um conhecimento que vai além do conhecimento superficial, envolvendo uma compreensão profunda, relacional e muitas vezes espiritual.
Disse-lhe a mulher: "Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir mais aqui para tirá-la!"
Conforme já comentamos, no Evangelho de João o interlocutor nos diálogos com jesus percebe o ensinamos aos poucos. A Samaritana passou a acreditar um pouco mais em Jesus, todavia ainda não teve o entendimento perfeito do que Jesus queria ensinar. Ela entendeu do ponto de vista imediato, material. Ou seja,  ela queria esta "água" da qual Jesus estava falando, para não ter mais sede física e nem ter que ter o trabalho de vir no poço para tirá-la.
Jesus através deste diálogo, Sábio dos sábios que era, estava preparando o terreno para dar o ensinamento total. Como um enxadrista Ele estava dando um xeque, preparando um xeque-mate.
Jesus disse: "Vai, chama teu marido e volta aqui"
Ele já sabia da resposta, porém, como comentamos no versículo anterior, este é para preparar o terreno para o ensinamento superior que virá nos próximos.
A mulher lhe respondeu: "Não tenho marido". Jesus lhe disse: "Falaste bem: 'não tenho marido', pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso falaste a verdade".
A tradição cristã viu nesta na Samaritana uma mulher de má reputação. O texto não diz isto explicitamente, a nosso ver ela era uma mulher de grande espiritualidade, e ao que parece, Jesus concorda com isto, pois ela foi escolhida por Ele para receber grandes revelações e ser condutora dos seus para o Cristo.
O argumento dos que veem nela uma mulher de má vida é que nesta hora, hora sexta (meio-dia), era o momento mais quente do dia, onde o sol estava no ponto mais alto do céu. Nesta hora, as mulheres de "boa fama" não iam ao poço, eles preferiam ir mais no final da tarde quando a temperatura estava mais amena. Só as mulheres de má vida iam na fonte a esta hora, pois não queriam encontrar ninguém, devido a sua reputação queriam estar sós.
Outro argumento, é o que é dito neste verso, ela tinha tido cinco maridos e vivia com um atualmente que não era marido.
Estes argumentos são válidos, mas não totalmente.  
Ter tido cinco maridos não é indício de má vida. Ela pode, por exemplo, ter sido preterida pelos maridos por incapacidade de gerar filhos; pode ter ficado viúva por várias vezes, entre outros motivos. Na própria Bíblia temos a história de Sara, no livro de Tobias, que perdeu sete maridos na lua de mel.
Quanto a este que não é seu marido, podem existir vários motivos para isto, não tratava necessariamente de um amante.
Esta mulher pode ser que seja altamente depressiva, teve cinco maridos não os tendo mais, seja por que motivo for. Isto pode fazer com que ela não quisesse se relacionar com as outras mulheres, por isto ia no poço quando elas lá não estavam. Não vemos nestes argumentos anteriores a certeza de sua má reputação. Como ela demonstra ser rica em espiritualidade, o que vamos ver nos próximos versos, deixamos a questão em aberto.
Outra interpretação podemos dar a partir de estudos nossos e de outros pesquisadores deste texto.
Jesus "foi enviado às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus, 15: 24). Reuni-las e salvá-las era Sua Missão. Os samaritanos estão inclusos, pois pertenciam ao povo de Israel.
No Segundo livro de Reis, temos a seguinte informação:
O rei da Assíria mandou vir gente de Babilônia, de Cuta, de Ava, de Emat e de Sefarvaim, e estabeleceu-os nas cidades de Samaria, em lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e fixaram-se em suas cidades.[ii]
A Samaria foi dominada pela Assíria e estes cinco povos dominaram a região escravizando seus habitantes.
Assim, alguns estudiosos viram nestes cinco maridos a representação destes povos que dominaram a Samaria, e o que não era marido representa o império romano que dominava àquele tempo com uma liberdade um pouco maior, principalmente no que diz respeito à religião.
Jesus quer mostrar que a adesão ao Seu Evangelho nos liberta também da escravidão política, religiosa e da matéria de modo geral.
Disse-lhe a mulher: "Senhor, vejo que és um profeta. Nossos pais adoraram sobre esta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar".
Neste verso temos duas indicativas que esta Samaritana era uma mulher espiritual. Ela a princípio não entendeu e desconfiou de Jesus, todavia quando ele disse algo pessoal dela que um desconhecido não podia saber (como aconteceu também com Natanael no segundo capítulo deste mesmo Evangelho), ela viu que se tratava de um judeu diferente, um profeta.
Jesus realizou várias maravilhas para a liderança dos judeus e eles jamais, com raríssimas exceções, o reconheceram como Profeta ou Messias; esta Samaritana, na primeira demonstração de Jesus de sua presciência, já entendeu que Ela era um Profeta. E aqui precisamos entender que os samaritanos também esperavam um Messias, só que eles o chamavam de Thaheb (restaurador), que seria o profeta anunciado por Moisés em Deuteronômio, 18: 18. Ou seja, ela não recalcitrou, viu em Jesus este Profeta.
Outro indício da inteligência espiritual desta Samaritana está no teor da pergunta que ela dirigiu ao Cristo.
Muitos de nós diante de alguém que tem muito conhecimento ou diante de Mestre Espiritual tendo a oportunidade de perguntar-lhe algo, na maioria das vezes fazemos perguntas sem importância que não levam a nada, tratando-se apenas de curiosidade. Ela não, diante daquele que reconheceu como sendo o Profeta, perguntou o que de mais importante era para ela, seu povo e para aquele momento. O lugar de adoração a Deus era um dos maiores motivos da inimizade entre judeus e samaritanos, a pergunta dela tem importante significado a fim de resolver não só esta questão, como também o problema religioso de todas as eras. Não esqueçamos que grandes guerras pelas quais a humanidade já passou, foram por motivos religiosos.


[i] João, 17: 3
[ii] II Reis, 17: 24 Para ler a perícope completa acesse: NEPE SEARCH - II Reis 17:24-28 (nepebrasil.org)



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domingo, agosto 25, 2024

Jesus e a Mulher Samaritana - João, 4: 5 a 12

#Pública




5Chegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó tinha dado a seu filho José. 6Ali se achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte. Era por volta da hora sexta. 7Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: "Dá- me de beber!" 8 Seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimento. 9Diz-lhe, então, a samaritana: "Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?" (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos. ) 10 Jesus lhe respondeu: "Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: 'Dá-me de beber', tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!" 11Ela lhe disse: "Senhor, nem sequer tens uma vasilha e o poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva? 12És, porventura, maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?"


Chegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó tinha dado a seu filho José.
Segundo alguns estudiosos, a Sicar, mencionada neste texto, é geralmente identificada como a mesma cidade de Siquém do Antigo Testamento. Sicar é provavelmente outro nome para a cidade de Siquém, uma cidade na Samaria, próxima ao poço de Jacó.
Entretanto, esta não é a opinião de Pastorino que distinguia as duas cidades[i]. Escavações recentes levaram alguns a identificar Sicar provisoriamente com a aldeia de Askar, localizada ao norte-noroeste da fonte de Jacó e cerca de 1 km ao noroeste de Siquém.
Sendo ou não sendo, o que importa é que estão na mesma região. A conexão entre as duas cidades é significativa, pois mostra a continuidade dos lugares sagrados e sua importância na história bíblica.
Ali se achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte. Era por volta da hora sexta.
A Fonte de Jacó, também conhecida como "Poço de Sicar", é um local histórico significativo. Segundo a tradição, ele está associado ao patriarca Jacó.
Este poço profundo foi escavado na rocha sólida e tem sido associado à tradição religiosa com Jacó por cerca de dois milênios. Atualmente, se encontra dentro do complexo de um mosteiro ortodoxo oriental na cidade de Nablus, na Cisjordânia.
Em Gênesis 33:19, é mencionado que Jacó comprou uma parte do campo dos filhos de Hamor e cavou o poço.
Os samaritanos se consideravam descendentes das tribos de Israel que permaneceram na região após a conquista assíria no século VIII a.C., e Jacó é uma figura ancestral importante para eles. Eles mantêm uma versão própria da Torá e têm práticas e crenças distintas das judaicas tradicionais, adoravam a Deus no Monte Gerizim, não no Monte Sião. Segundo eles, o Monte Gerizim era o local do primeiro sacrifício israelita na Terra (Cf. Deuteronômio, 27: 4 e 5). Eles acreditavam que Betel (Jacob), o Monte Moriá (Abraão) e o Monte Gerizim eram o mesmo lugar. O nome Samaritano, traduzido literalmente do hebraico, significa "Os Guardiões" (de leis e tradições originais)[ii].
Segundo o evangelista, Jesus chega à fonte de Jacó cansado pela caminhada da viagem. A hora sexta se refere ao meio-dia, o que significa que o sol estaria no seu ponto mais alto no céu, indicando que seria um momento de forte calor e luz intensa, especialmente em uma região como a Samaria, onde o clima é tipicamente quente e seco.
Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: "Dá- me de beber!"
A partir deste instante se dará o mais importante da passagem por meio de uma conversa significativa de Jesus com a Samaritana nos trazendo grandes ensinamentos.
O encontro junto a um poço é um tema da comum na literatura do Antigo Testamento. A Bíblia de Jerusalém, em nota, nos lembra:
Os poços e nascentes d'água marcam o itinerário terrestre e espiritual dos patriarcas e do povo do Êxodo (Gn 26:14-22; Ex 15:22-27; 17,1-7, etc.). A água de fonte torna-se, no AT, o símbolo da vida que é dada por Deus, especialmente nos tempos messiânicos (Is 12:3; 55,1; Jr 2:13; Ez 47:1s; cf. Sl 46:5 e Zc 14:8; Sl 36:9-10 e no NT: Ap 7:16-17; 22,17) ou ainda, símbolo da Sabedoria e da Lei, que dão a vida (Pr 13,14; Eclo 15,3; 24,23-29). Esses temas encontram-se na cena evangélica, onde a água viva se toma o símbolo do Espírito (cf. Jo 7:37-39 e 1,33+).
O evangelista não afirma, mas Jesus ao solicitar a seus discípulos que fossem à cidade comprar alimento, já sabia do que iria ocorrer, e que esta seria uma oportunidade de nos deixar grandes ensinamentos. Pois aprenderemos com Ele, e também, com a Samaritana.
"Dá-me de beber"; apesar do objetivo de Jesus ser maior, podemos depreender que ele teve sede, como em outros momentos teve fome. Precisamos compreender que Jesus teve também necessidades físicas, a diferença é que Ele sabia dominá-las, não se deixando vencer por elas. Nós quando em dificuldade, dor, fome, pressão psicológica, temos grande dificuldade de termos ações positivas, geradoras de bem-estar, principalmente para os outros. Ao contrário, Jesus aproveitava estas necessidades como oportunidade de ensinar-nos os valores do Espírito imortal. O pedido de Jesus era apenas para começar a conversa, ao dizer assim, Ele já inicia rompendo convenções religiosas de seu tempo, pois era praticamente proibido conversar publicamente e a sós com uma mulher. E, além disso, não podemos esquecer era uma samaritana, por isto também malvista e evitada pelos judeus.
Diz-lhe, então, a samaritana: "Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?" (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos.)
Pela capacidade premonitória de Jesus a resposta já era esperada. Ela confirma o que já é bem conhecido. Os Judeus não conversavam com os samaritanos; a rivalidade, apesar de irmãos, era grande. Havia um ódio mútuo. Assim, a Samaritana se assusta com a ousadia daquele judeu. Provavelmente Ele foi conhecido por sua maneira de trajar, pelo sotaque... Aprendemos que Jesus não era fisicamente tão diferente de seus irmãos de raça como pensamos que era aqui no ocidente dois milênios depois. Para ser reconhecido pelos soldados que o prenderam, Judas teve de identificá-lo com um beijo. (Cf. Mateus, 26: 47 e 50)
A Samaritana, conforme vamos ver mais adiante conhecia a Torá, sabia dos encontros amorosos realizados nas fontes de água que deram origem à história dos patriarcas Isaac e Jacó e ao casamento de Moisés. Talvez tenha a princípio pensado, apesar das diferenças religiosas que Jesus queria algo semelhante.
Entretanto, Jesus tinha um objetivo maior e não se incomodou.
Jesus lhe respondeu: "Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: 'Dá-me de beber', tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!"
Jesus lhe respondeu; Ele sempre responde aos nossos questionamentos, ocorre, que a resposta nem sempre vem como esperamos.
Se conhecesses o dom de Deus; o "dom de Deus" é para todos, desde que estejamos em comunhão com Ele. O sectarismo religioso é uma das coisas que nos afasta Dele, e este era o caso dos samaritanos e judeus de modo geral, por isso Jesus afirma que ela não conhecia o dom de Deus.
Se conhecesse, reconheceria o Cristo, e o que Ele pode proporcionar, mas não era o caso.
Se fosse, afirma Jesus, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!
Aqui começa o diálogo propriamente dito com grandes ensinamentos.
No Evangelho de João estes ensinamentos vêm por etapas, normalmente Jesus diz e os interlocutores não entendem, Jesus dá novas explicações e o entendimento melhora, mas não totalmente, só com novas adequações o ouvinte compreende melhor. Isto aconteceu com Natanael no segundo capítulo, com Nicodemos no terceiro, e o mesmo se dará neste quarto capítulo com a Samaritana.
Água viva; o profeta Jeremias, nos ajuda na interpretação deste verso:
Porque meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a fonte de água viva, para cavar para si cisternas, cisternas furadas, que não podem conter água.
Assim, compreendemos que a expressão água viva refere-se às "bençãos de Deus"; Israel, segundo o profeta, trocou estas bençãos pelas "cisternas" humanas, representando os sistemas religiosos, políticos e sociais. Samaritanos, fariseus, escribas, saduceus, toda liderança religiosa negativa estão inclusos neste verso do profeta.
Jesus oferece a todos a solução destes problemas de renovação espiritual através do conhecimento perfeito de Deus, de Sua Lei, a fim de que todos possam atingir a Vida Eterna
Ela lhe disse: "Senhor, nem sequer tens uma vasilha e o poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva?
Conforme já comentamos, a Samaritana não entendeu o recado de Jesus. Ela continuava intrigada e desconfiada, pensando só na água física que podia se apanhar no poço. Jesus, segundo ela, não tinha vasilha, e conforme a tradição, não poderia aceitar a sua por ser samaritana.
És, porventura, maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?"
Notamos assim, que ela se considera descendente de Jacó. Os samaritanos tinham expressiva reverência e respeito por este patriarca, considerando-o uma figura importante e venerada.
Este poço não é especificamente mencionado no Antigo Testamento, temos o relato de Gênesis 33:18-20 afirmando que, quando Jacó voltou a Siquém de Padã-Arã, ele acampou antes da cidade e comprou o terreno em que ele armou a sua tenda e construiu um altar.
A Samaritana duvida que Jesus seja maior do que Jacó, como pode Ele ter uma "água via"?

Continuará num próximo post.




[i] Cf. Sabedoria do Evangelho, Vol. 2



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domingo, agosto 18, 2024

Jesus e a Mulher Samaritana - Introdução

#Pública





Antes de entrarmos nos comentários dos versículos, faz-se importante falarmos sobre o contexto.
A rivalidade entre judeus e samaritanos remonta aos tempos do Antigo Testamento e persistiu até o período de Jesus. Aqui estão alguns fatores que explicam essa hostilidade:
Após a morte do rei Salomão, o reino de Israel foi dividido em dois: o Reino do Norte (com Samaria como capital) e o Reino do Sul (com Jerusalém como capital).
O Reino do Norte teve uma série de reis considerados ímpios, isto gerou sua queda diante do Império Assírio. Os habitantes de Samaria foram deportados enquanto povos de outras terras vieram habitar a Samaria com isto eles se misturaram com os estrangeiros formando um povo mestiço cultivando uma religião sincrética; os judeus os consideravam apóstatas da verdadeira fé israelita.
Além de construir um templo rival no Monte Gerizim, quando da volta do exílio da Babilônia por parte dos habitantes de Judá os representantes de Samaria tentaram atrapalhar a reconstrução do muro de Jerusalém, isto não só aumentou a diferença entre os dois povos, como gerou um ódio mútuo que profundamente enraizado afetou a relação as relações entre judeus e samaritanos por séculos.

1Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João — 2 ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos — 3 deixou a Judéia e retornou à Galileia. 4 Era preciso passar pela Samaria.

Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João
Nos evangelhos a expressão fariseus é muitas vezes usada em sentido negativo, como uma liderança religiosa contrária a Jesus[i].
Aqui é preciso considerar que estamos no início do Ministério Público de Jesus, João Batista ainda batizava, ele não tinha sido preso e morto.
Havia naquele tempo uma expectativa muito grande quanto à vinda do Messias, as lideranças religiosas da Judeia monitoravam todos os que se destacavam neste sentido. Quando perceberam que Jesus fazia mais discípulos que João, se preocuparam. É preciso também compreender que Jesus   não batizava como sacramento religioso, conforme depreendemos do próximo versículo.
...ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos;
Como dissemos, Jesus não batizava, o que ele fazia - e ainda hoje faz - é iniciar as pessoas em novo modelo de vida, baseado no amor e no cumprimento de todas as Leis Divinas.
Temos nos considerados cristãos, é preciso estar atentos a isto, será que já podemos dizer que aderimos a este novo modelo fazendo-nos Nova Criatura? (Cf. 2 Coríntios, 5: 17)
...deixou a Judeia e retornou à Galileia.
Jesus não se interessa por discussões religiosas por isto deixou a Judeia naquele momento.
A Judeia era onde situava o Templo de Salomão, muitos dos profetas realizaram ali sua missão, era assim, centro de cogitações relativas à espiritualidade; entretanto, foi lá também que muitos destes profetas foram assassinados, o mesmo acontecendo com Jesus. Representa deste modo, as incoerências religiosas, a divisão e a exterioridade; a complexidade de modo geral.
A Galileia ao contrário representa a simplicidade.
Jesus ao deixar a Judeia se dirigindo para a Galileia, ensina-nos nas entrelinhas a deixarmos as posições de complexidade em nossa vida aderindo à simplicidade.
A visita de Jesus à nossa Judeia interior transforma todas as nossas complexidades, todas as nossas negatividades em simplicidade operacional.
Era preciso passar pela Samaria
Este era o caminho mais curto entre a Judeia e a Galileia, todavia, não era comum para um judeu na época de Jesus viajar de Jerusalém para a Galileia passando pela Samaria. Devido às diferenças religiosas e sociais entre judeus e samaritanos já citadas, os judeus preferiam evitar a região da Samaria, optando por rotas alternativas que contornavam o território samaritano. Essas rotas alternativas geralmente envolviam cruzar o rio Jordão e seguir pela região da Pereia, mesmo que isso significasse uma viagem mais longa e mais difícil.
O evangelista, entretanto, afirma: ...era preciso passar pela Samaria.
Alguns analistas têm perguntado o porquê Jesus precisava passar por este caminho evitado pelos judeus, estaria ele com pressa de chegar à Galileia?
Cremos que não, Jesus nunca tem pressa, Ele sempre está no Tempo de Deus (Cf. Ressurreição de Lázaro, João, 11)
Jesus é Mestre dos mestres, tem Ele um modelo educacional perfeito para o Espírito atingir a Bem-Aventurança Eterna.
Assim, ele escolhia onde, quando e como realizar o ensinamento, tudo numa didática perfeita.
Ao sentir necessidade de passar por Samaria, o Mestre mostra a todos nós que para conquistarmos definitivamente em nós o Bem e as Virtudes é imprescindível para pela região dos conflitos; se ficarmos só na zona de conforto não evoluímos.
O apóstolo Tiago, que aprendeu com Jesus diz em sua Carta:
Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e descem do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação.
Assim, compreendemos que todo bem, toda virtude vem de Deus (Unidade), mas para fixe em nós como conquista é preciso que trabalhemos as mesmas atuando nos contrários (dualidade).
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé...[ii]
Entendemos que há pelo menos mais uma explicação para Jesus naquele momento ter visto como necessário para pela Samaria, mas isso deixaremos para os comentários dos próximos versículos.


[i] Para um melhor estudo sobre os fariseus confira o artigo "Midraxe e História" do professor Jacil Rodrigues de Brito disponível em https://revista.abib.org.br/EB/article/view/863
 
[ii] Oração atribuída a São Francisco de Assis

 
 
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[i] O Consoldor, questão 264, acessado pelo site: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/oconsolador.pdf em 29/07/2024
[ii] Sefer Matitiyahu, O Livro de Mateus. Traduzido por Sha'ul Bentsion
[iii] Discípulo (Nota do Blog)
[iv] KARDEC, Allan. . 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. O Livro dos Espíritos na questão 536 letra b
[v] XAVIER, Francisco C./ Waldo Vieira/André Luiz (Espírito). Evolução em Dois Mundos, 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993. 1ª parte cap. 1
[vi] XAVIER, Francisco C./ Emmanuel (Espírito). A Caminho da Luz, 10ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Cap. 1
[vii] Cf. Entrevista Chico Xavier – 05/01/1954, acessado pelo Site: https://centroespiritaleocadio.org.br/entrevista-chico-xavier-05-01-1954/ em 30/07/2024
 
[viii] A Caminho da Luz, Cap 2
[ix] XAVIER, Francisco C./ Emmanuel (Espírito).  Paulo e Estevão, 41ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. 2ª parte, cap. 4
[x] Nosso saudoso amigo Honório Onofre Abreu sempre repetia este ensinamento baseado em O Livro dos Espíritos na questão 536 letra b
[xi] João, 10: 30
[xii] Gálatas, 2: 20

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