#Pública
Por Cláudio Fajardo
Em estudo anterior referentes aos capítulos primeiro e segundo do Gênesis, vimos que, segundo interpretação de Honório Abreu, Adão e Eva representam grupos de espíritos que encarnaram na Terra, deportados de Capela. Eles simbolizam a entrada de espíritos em um mundo em transição de primitivo para expiações e provas.
Ele explica que a Terra se tornou um mundo de expiações, uma vez que espíritos como estes, deportados de Capela, começaram a encarnar aqui, trazendo seus comprometimentos e suas influências negativas, apesar de serem úteis para evolução dos autóctones.
No terceiro capítulo de Gênesis é introduzido um terceiro grupo de espíritos representado pela serpente. Esses espíritos são ainda mais comprometidos com o erro, recalcitrantes.
Segundo Honório, a serpente, representando estes espíritos mais comprometidos não desejava encarnar, ela buscava influenciar negativamente Eva, que era mais sensível mediunicamente. Ela agia diretamente do mundo espiritual. Adão estava sob sono profundo, a serpente não consegue influenciá-lo, por isto age a partir de Eva, induzindo-a a desobedecer à ordem divina. A serpente, portanto, atua como um agente de tentação.
Essa interpretação evidencia que, naquele estágio da narrativa bíblica, as encarnações desses espíritos simbolizados pela serpente ainda não tinham ocorrido. Eles estavam mais focados em exercer influência do plano espiritual, sem a necessidade de passar pela experiência da encarnação. A serpente, ao enganar Eva, revela a presença dessas influências negativas que operavam diretamente sobre a psique humana, sem precisar se materializar fisicamente.
Isso é coerente com a Doutrina dos Espíritos que ensina que os desencarnados em suas interações com os seres humanos influenciam mais do que podemos imaginar. (Cf. O Livro dos Espíritos, questão 459)
Desta forma, Honório explora a narrativa da tentação de Eva pela serpente, destacando como a serpente representa as influências negativas e os desejos inferiores que nos cercam. Ele enfatiza que a serpente simboliza a soma dos caracteres vivenciados que temos em nossa intimidade e que influenciam nossas ações.
O processo da tentação tem como objetivo testar a constância dos espíritos, na prática do bem. Esse processo é essencial para o progresso espiritual e a ciência do infinito.
Um tema recorrente nesta análise é a importância da escolha consciente. Honório fala sobre como Eva teve a oportunidade de escolher entre diferentes árvores, simbolizando nossas decisões diárias e como elas impactam nosso crescimento espiritual.
A narrativa da queda de Adão e Eva é explorada, com foco nas consequências de suas ações. Honório discute como a desobediência resultou em uma mudança de estado de consciência, levando à percepção de estarem nus e à necessidade de cobrir sua vulnerabilidade.
Esses temas mostram como Honório Abreu utiliza o simbolismo bíblico para transmitir lições espirituais e explicar a jornada evolutiva dos espíritos na Terra.
De acordo com ele, a nudez de Adão e Eva antes e depois da queda possui um significado simbólico profundo. Antes da queda, a nudez representa um estado de pureza e inocência. Nesse estado, eles não tinham consciência do bem e do mal, vivendo conforme a harmonia e as leis naturais estabelecidas pelo Criador. Eles estavam cobertos pela misericórdia divina e, portanto, não sentiam vergonha de sua nudez.
Após a queda, ao desobedecerem à ordem divina e comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva tiveram seus olhos "abertos" e passaram a ter consciência de sua nudez. Essa consciência da nudez simboliza a perda da inocência e a entrada no mundo do conhecimento do bem e do mal. A partir desse momento, eles passaram a sentir vergonha de sua condição e buscaram cobrir-se com folhas de figueira, representando a tentativa de esconder suas falhas e fraquezas.
Esta nudez pós-queda indica a vulnerabilidade e a exposição ao pecado, mostrando que eles agora estavam cientes de suas transgressões e da necessidade de expiação e provas para sua evolução espiritual, que significa recomposição consciencial. A cobertura com folhas de figueira é uma metáfora para os mecanismos que criamos para lidar com nossas fraquezas e tentar nos proteger da exposição ao mal que agora conhecemos.
A desobediência à Lei, a qual é o pecado original, gera consequências – causa e efeito – o que temos no texto como simbolizado pelas punições.
Segundo Honório, as punições impostas aos três grupos de espíritos mencionados nestes versículos têm significados simbólicos e espirituais profundos. Vamos explorar como ele interpreta essas punições.
Punição da Serpente
3: 14 Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo: sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
- Maldição e Degradação: A serpente, representando espíritos mais comprometidos com o erro e recalcitrantes, é condenada a uma posição de degradação. Andar sobre o ventre e comer pó simboliza a queda desses espíritos para uma condição inferior e materializada. Eles perdem a possibilidade de agir livremente no plano espiritual e são forçados a enfrentar as consequências de suas ações.
- Expiação e Provação: A serpente comer pó representa a necessidade de expiação e prova contínuas desses espíritos, que se afastaram da espiritualidade superior e agora enfrentam um processo de evolução mais doloroso e difícil através das reencarnações.
Punição da Mulher
3: 16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.
- Dor e Concepção: A punição da mulher está relacionada ao aumento da dor no parto e à submissão ao marido. Isso simboliza a transição de um estado de pureza e inocência para uma condição de expiação e provas. A dor no parto representa os desafios e sofrimentos necessários para o crescimento e a evolução espiritual.
- Relação com o Marido: A submissão ao marido indica a necessidade de trabalhar a humildade, o equilíbrio e a harmonia nas relações interpessoais. É um chamado para a evolução através da superação de desafios emocionais e sentimentais.
Precisamos considerar ainda que, conforme esta interpretação, Adão representa a razão e Eva simboliza o sentimento. No contexto da punição de Eva, onde ela é submetida a seu marido, podemos interpretar isso como uma simbologia de que o sentimento deve se submeter à razão para evitar que se transforme em paixão.
Adão, simbolizando a razão, é o aspecto racional que deve guiar e orientar nossas ações e decisões. Eva, simbolizando o sentimento, representa as emoções e sensibilidades que, sem a orientação da razão, podem se descontrolar e se transformar em paixões.
Isso implica que, para manter um equilíbrio e uma harmonia interior, o aspecto racional deve ter primazia sobre o aspecto emocional.
A punição de Eva, que inclui a dor na concepção e a submissão ao marido, pode ser vista como a consequência de quando os sentimentos dominam a razão, levando a decisões impulsivas e problemáticas.
A razão deve, portanto, "dominar" o sentimento para evitar os desequilíbrios e as consequências negativas associadas às paixões.
Essa interpretação não nega a importância dos sentimentos, mas enfatiza a necessidade de um equilíbrio em que a razão guie as emoções para que essas não se transformem em forças destrutivas. É um convite ao autodomínio e à harmonia entre razão e emoção para uma vida mais equilibrada e consciente.
A Punição de Adão
3: 17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela: maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado: porquanto és pó, e em pó te tornarás.
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