domingo, março 30, 2025

O Pensamento de Honório Abreu - Sobre a Serpente, a Tentação, a Queda...

#Pública


 


Reflexões sobre Gênesis cap. 3

Por Cláudio Fajardo

Em estudo anterior referentes aos capítulos primeiro e segundo do Gênesis, vimos que, segundo interpretação de Honório Abreu, Adão e Eva representam grupos de espíritos que encarnaram na Terra, deportados de Capela. Eles simbolizam a entrada de espíritos em um mundo em transição de primitivo para expiações e provas.

Ele explica que a Terra se tornou um mundo de expiações, uma vez que espíritos como estes, deportados de Capela, começaram a encarnar aqui, trazendo seus comprometimentos e suas influências negativas, apesar de serem úteis para evolução dos autóctones.

No terceiro capítulo de Gênesis é introduzido um terceiro grupo de espíritos representado pela serpente. Esses espíritos são ainda mais comprometidos com o erro, recalcitrantes.

Segundo Honório, a serpente, representando estes espíritos mais comprometidos não desejava encarnar, ela buscava influenciar negativamente Eva, que era mais sensível mediunicamente. Ela agia diretamente do mundo espiritual. Adão estava sob sono profundo, a serpente não consegue influenciá-lo, por isto age a partir de Eva, induzindo-a a desobedecer à ordem divina. A serpente, portanto, atua como um agente de tentação.

Essa interpretação evidencia que, naquele estágio da narrativa bíblica, as encarnações desses espíritos simbolizados pela serpente ainda não tinham ocorrido. Eles estavam mais focados em exercer influência do plano espiritual, sem a necessidade de passar pela experiência da encarnação. A serpente, ao enganar Eva, revela a presença dessas influências negativas que operavam diretamente sobre a psique humana, sem precisar se materializar fisicamente.

Isso é coerente com a Doutrina dos Espíritos que ensina que os desencarnados em suas interações com os seres humanos influenciam mais do que podemos imaginar. (Cf. O Livro dos Espíritos, questão 459)

Desta forma, Honório explora a narrativa da tentação de Eva pela serpente, destacando como a serpente representa as influências negativas e os desejos inferiores que nos cercam. Ele enfatiza que a serpente simboliza a soma dos caracteres vivenciados que temos em nossa intimidade e que influenciam nossas ações.

O processo da tentação tem como objetivo testar a constância dos espíritos, na prática do bem. Esse processo é essencial para o progresso espiritual e a ciência do infinito.

Um tema recorrente nesta análise é a importância da escolha consciente. Honório fala sobre como Eva teve a oportunidade de escolher entre diferentes árvores, simbolizando nossas decisões diárias e como elas impactam nosso crescimento espiritual.

A narrativa da queda de Adão e Eva é explorada, com foco nas consequências de suas ações. Honório discute como a desobediência resultou em uma mudança de estado de consciência, levando à percepção de estarem nus e à necessidade de cobrir sua vulnerabilidade.

Esses temas mostram como Honório Abreu utiliza o simbolismo bíblico para transmitir lições espirituais e explicar a jornada evolutiva dos espíritos na Terra.

De acordo com ele, a nudez de Adão e Eva antes e depois da queda possui um significado simbólico profundo. Antes da queda, a nudez representa um estado de pureza e inocência. Nesse estado, eles não tinham consciência do bem e do mal, vivendo conforme a harmonia e as leis naturais estabelecidas pelo Criador. Eles estavam cobertos pela misericórdia divina e, portanto, não sentiam vergonha de sua nudez.

Após a queda, ao desobedecerem à ordem divina e comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, Adão e Eva tiveram seus olhos "abertos" e passaram a ter consciência de sua nudez. Essa consciência da nudez simboliza a perda da inocência e a entrada no mundo do conhecimento do bem e do mal. A partir desse momento, eles passaram a sentir vergonha de sua condição e buscaram cobrir-se com folhas de figueira, representando a tentativa de esconder suas falhas e fraquezas.

Esta nudez pós-queda indica a vulnerabilidade e a exposição ao pecado, mostrando que eles agora estavam cientes de suas transgressões e da necessidade de expiação e provas para sua evolução espiritual, que significa recomposição consciencial. A cobertura com folhas de figueira é uma metáfora para os mecanismos que criamos para lidar com nossas fraquezas e tentar nos proteger da exposição ao mal que agora conhecemos.

A desobediência à Lei, a qual é o pecado original, gera consequências – causa e efeito – o que temos no texto como simbolizado pelas punições.

Segundo Honório, as punições impostas aos três grupos de espíritos mencionados nestes versículos têm significados simbólicos e espirituais profundos. Vamos explorar como ele interpreta essas punições.

Punição da Serpente

3: 14 Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita serás mais que toda a besta, e mais que todos os animais do campo: sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.15 E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

  • Maldição e Degradação: A serpente, representando espíritos mais comprometidos com o erro e recalcitrantes, é condenada a uma posição de degradação. Andar sobre o ventre e comer pó simboliza a queda desses espíritos para uma condição inferior e materializada. Eles perdem a possibilidade de agir livremente no plano espiritual e são forçados a enfrentar as consequências de suas ações.
  • Expiação e Provação: A serpente comer pó representa a necessidade de expiação e prova contínuas desses espíritos, que se afastaram da espiritualidade superior e agora enfrentam um processo de evolução mais doloroso e difícil através das reencarnações.

Punição da Mulher

3: 16 E à mulher disse: Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua conceição; com dor terás filhos; e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.

  • Dor e Concepção: A punição da mulher está relacionada ao aumento da dor no parto e à submissão ao marido. Isso simboliza a transição de um estado de pureza e inocência para uma condição de expiação e provas. A dor no parto representa os desafios e sofrimentos necessários para o crescimento e a evolução espiritual.
  • Relação com o Marido: A submissão ao marido indica a necessidade de trabalhar a humildade, o equilíbrio e a harmonia nas relações interpessoais. É um chamado para a evolução através da superação de desafios emocionais e sentimentais.

Precisamos considerar ainda que, conforme esta interpretação, Adão representa a razão e Eva simboliza o sentimento. No contexto da punição de Eva, onde ela é submetida a seu marido, podemos interpretar isso como uma simbologia de que o sentimento deve se submeter à razão para evitar que se transforme em paixão.

Adão, simbolizando a razão, é o aspecto racional que deve guiar e orientar nossas ações e decisões. Eva, simbolizando o sentimento, representa as emoções e sensibilidades que, sem a orientação da razão, podem se descontrolar e se transformar em paixões.

Isso implica que, para manter um equilíbrio e uma harmonia interior, o aspecto racional deve ter primazia sobre o aspecto emocional.

A punição de Eva, que inclui a dor na concepção e a submissão ao marido, pode ser vista como a consequência de quando os sentimentos dominam a razão, levando a decisões impulsivas e problemáticas.

A razão deve, portanto, "dominar" o sentimento para evitar os desequilíbrios e as consequências negativas associadas às paixões.

Essa interpretação não nega a importância dos sentimentos, mas enfatiza a necessidade de um equilíbrio em que a razão guie as emoções para que essas não se transformem em forças destrutivas. É um convite ao autodomínio e à harmonia entre razão e emoção para uma vida mais equilibrada e consciente.

A Punição de Adão

3: 17 E a Adão disse: Porquanto deste ouvidos à voz de tua mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela: maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.18 Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo.19 No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado: porquanto és pó, e em pó te tornarás.


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Certa vez perguntei a um Pastor protestante o porquê dele acreditar que a punição do Inferno seria eterna. Ele me respondeu prontamente: - "Porque a Bíblia afirma que é."
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domingo, março 23, 2025

OS DEZ MANDAMENTOS - Segundo José Damasceno Sobral



 
                                                                                                                                          
                                                                                                                                                                                

Texto original de José Damasceno Sobral, comentário entre colchetes em vermelho, de Cláudio Fajardo

Êxodo 20:2-17;
João Ferreira de Almeida – RC; 
Evangelho Segundo o Espiritismo-
capitulo 1 – item 2, pág. 55;
    "2Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. 3Não terás outros deuses diante de mim. 4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás, porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem 6e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos. 7Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão. 8 Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. 9 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra, 10 mas, o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas. 11Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou. 12 Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus, te dá. 13Não matarás. 14 Não adulterarás. 15 Não furtarás. 16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo. 17Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." (Ex 20:2-17).

Nota: A linguagem é no singular, porque a lição é endereçada a cada um em particular; e no futuro, porque entendê-la vai depender da evolução do indivíduo, o que demanda tempo.
"2 Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão." (Ex 20:2).
"EU SOU O SENHOR TEU DEUS," – Moisés atribuiu a Jeová, um dos espíritos guias do povo hebreu, a condição divina, para conseguir ser ouvido por um povo bem atrasado. Ouçamos a mensagem como se fosse endereçada a cada um de nós.
[Podemos entender que este Senhor – IHWH - era o próprio Espírito do Cristo, ou algum de Seus Ministros mais próximos a Ele]
"QUE TE TIREI DA TERRA DO EGITO" – Para que eles conseguissem sair de lá, houve uma interferência notória dos Espíritos. Oportuna a leitura do livro Êxodo até o trecho ora em estudo.
[Os quatrocentos nãos de escravidão representam um número (4) de provação. Era necessário passar por estes momentos para chegar à condição de libertação. Quando chega a hora os Espíritos Superiores atuam em nome de Deus e de Seu Cristo para libertar e iniciar um novo ciclo evolutivo.
Egito, espiritualmente falando simboliza escravidão aos sentimentos inferiores do espírito, prisão na matéria, esta libertação após um período de escravidão simboliza o início de um novo ciclo, em que valorizando as questões morais e espirituais levam o espírito à redenção.]
"DA CASA DA SERVIDÃO" – No Egito, os hebreus se encontravam na condição de escravos.
[Esta casa de servidão é dentro de nossa interpretação, toda prisão relativa ao mundo e às questões materiais. Uma encarnação expiatória pode estar em foco aqui, como muitas outras situações devido à nossa transgressão à Lei de Deus.
Deus através das reencarnações e dos processos provacionais, onde adquirimos conhecimento e evolução espiritual, nos oportuniza a saída desta Casa]
"3 NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM" – Desde a primeira hora o povo era iniciado na ideia de um Deus único, o que veio sempre sendo confirmado pelos profetas e, mais tarde, pelo próprio Jesus. Paulo ensina: "Portanto, meus amados, fugi da idolatria." ( I Co 10:14). Tal advertência deve estar sempre presente, porque somos dados a endeusar pessoas, coisas, paisagens, vícios...
[Todo tipo de "idolatria" está referido nesta expressão. Não podemos cultivar deuses como diz nosso querido Sobral: "pessoas, coisas, paisagens, vícios..." Aqui incluímos posição social, estética, poder, dinheiro entre outras. Deus é Uno e Sua Lei soberana.]
"4 Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra" – Como a idéia de Deus é inata na criatura, por desconhecê-lo, ela foi levada a adorá-lo de acordo com o seu entendimento. Daí o culto dos astros, como o Sol, a Lua; de animais; de elementos da natureza, como o fogo. Como sua mente, de recursos limitados, ainda não era dada a deduções metafísicas, espirituais, deu formas as expressões de sua fé, surgindo os ídolos. Na igreja católica apareceram as imagens que, admitidas inicialmente, como referencias para o culto, passaram a ser objeto do próprio culto. Por isso, o esforço para retirá-las, incompreendido por muitos.
[Qualquer dependência emocional por imaturidade do Espírito pode estar em foco aqui. Em nosso movimento espírita é muito comum a idolatria de médiuns e de espíritos, o que não é aconselhável. Às vezes se coloca fotografias de Espíritos em Casas Espíritas. Temos que repensar a motivação destas fotos. Se for em caráter de adoração, não é aconselhável. Vamos pensar.]
"5 Não te encurvarás a elas nem as servirás, porque eu, o Senhor, teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem." (Êxodo 20:5).
"NÃO TE ENCURVARÁS A ELAS NEM AS SERVIRÁS" – Só perante Deus devemos nos curvar só a ele devemos servir. Submetendo-nos (no que for justo) a uma autoridade constituída, tal ato é como se fosse a Deus. Servindo uns aos outros, cristãmente.   Estamos servindo ao Criador.
"PORQUE EU, O SENHOR TEU DEUS, SOU DEUS ZELOSO" – Entendemos melhor esta assertiva, se aqui entendermos Deus como uma de suas leis: a lei de causa e efeito, de ação e reação ou do carma, expressa por Jesus de modo muito simples: "A cada um segundo as suas obras."
"QUE VISITO A MALDADE DOS PAIS NOS FILHOS" – Nossos filhos são as nossas obras. Toda obra má pede ação corretiva. Se assim não fosse, o mundo em pouco tempo ficaria totalmente comprometido. Por outro lado, precisamos entender que, AGINDO, somos PAIS. Recebendo a ação, a conseqüência, somos filhos. Nosso destino está em nossas mãos.
"ATÉ À TERCEIRA E QUARTA GERAÇÃO DAQUELES QUE ME ABORRECEM" – Continua a ação da lei de causa e efeito. Pela reencarnação, voltamos à Terra, para sofrermos até desejarmos retificar os erros que nós próprios comentemos.
[Aqui é preciso considerar uma tradução mal-intencionada. Houve uma troca na preposição alterando o sentido. A preposição ('al = sobre) trocada por ('ad= até), mudou o significado reencarnacionista do texto.
Assim, o correto seria: que visito a culpa dos pais sobre os filhos, na terceira e quarta geração...
Para maiores informações acesse o link abaixo:
 
"6 e faço misericórdia em milhares aos que me amam e guardam os meus mandamentos." – Se anteriormente aprendemos que Deus é justo, agora ficamos sabendo que Ele é bom. misericordioso. Errando deliberadamente, nos colocamos sob a mira da Sua justiça. amando-O e, logicamente, pondo em prática os Seus mandamentos, nos abrigamos em Sua misericórdia.
[Amar a Deus é obedecer à Sua Lei (guardar os mandamentos), que em última instância é Amor. A misericórdia é para os misericordiosos. Portanto, amemos, e seremos amados, "em milhares"]
"7 Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar seu nome em vão" – O simples ato de pronunciar o nome de Deus exige de nós uma atitude íntima adequada. E de tanto repeti-lo deixamos de lhe dar o valor correspondente. Não raro, o nome de Deus é utilizado até para fins contrários ao próprio bem, como em bênçãos de equipamentos de guerra. Por extensão, lembramos crucifixos que são entronizados em casas de agiotagem... Ora, quem assim procede sabe que o nome de Deus, que o crucifixo representa algo superior, mas barateiam o seu significado, tornando-se passiveis da justiça divina.
[Se já tomamos o Nome de Deus, é porque já reconhecemos a Sua existência e o Seu Amor. Assim, usá-lo "em vão" é "pecar" (transgredir a Lei"). Por isto, a expressão é clara "não será tomado por inocente"]
"8 LEMBRA-TE DO DIA DO SÁBADO PARA O SANTIFICAR" – Antes era o sábado. Como a ressurreição de Jesus se deu no domingo, passamos a considerar esse dia. Todos os dias devem ser vividos santamente, no desempenho de nossas obrigações. O domingo deve ser de modo diferente, nos entregando a tarefas que não conseguimos realizar noutros dias, como leituras e estudos, visitas fraternas, culto da assistência. Se disciplinarmos as nossas horas, jamais nos queixaremos de falta de tempo.
Para os espíritas, todos os dias são iguais, representado oportunidades valiosas de trabalho, aprendizado e confraternização.
[O sábado é o sétimo dia da semana. Ele representa na escala setenária da evolução o complemento e fechamento de um ciclo. Santificá-lo deve ser entendido terminar o ciclo fazendo bem-feito, ajustando-se a Deus. "E viu Deus que era bom" (Gênesis cap. 1)]
"9 Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra," – Aprendemos na Doutrina que o limite do trabalho é o das nossas forças. o que foi outrora estabelecido continua valido, pois a medicina moderna reconhece que, após seis dias de atividade, precisamos de um de descanso, para recuperação física. Não se trata de repouso de braços cruzados, de posição horizontal, de ociosidade; fazendo outras coisas e não as habituais. Com isso, movimentamos outras células do organismo e nos sentimos reconfortados e bem-dispostos.
Às vezes, por provação, nos vemos na contingência de trabalhar ininterruptamente. Se, é por isso, tudo bem. Se pela criação de necessidades dispensáveis, tudo mal, porque nos encontramos na condição de suicidas virtuais.
"10 mas, o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas." (Ex 20:10).
"MAS, O SÉTIMO DIA É O SÁBADO DO SENHOR TEU DEUS" – Os demais dias são de César, para as atividades do mundo.
"NÃO FARÁS NENHUMA OBRA, NEM TU, NEM TEU FILHO, NEM TUA FILHA, NEM O TEU SERVO, NEM A TUA SERVA, NEM O TEU ANIMAL, NEM O ESTRANGEIRO, QUE ESTÁ DENTRO DAS TUAS PORTAS" – Instrução abrangente, porque todos têm necessidade do repouso. Providência de grande repercussão social, precursora das leis trabalhistas. Com as tradições, escribas e fariseus (ao tempo de Jesus) levaram o assunto ao exagero, a ponto de ficarem em dúvida se poderiam ou não fazer um embrulho, dar um nó num barbante, alimentar-se de um ovo posto no sábado... Mais se uma vez, revoltaram-se contra ao Divino Médico por curar enfermos nesse dia.
[O descanso faz parte da Lei do Trabalho. Entretanto deve ser um descanso operacional. "Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também." (João, 5: 17). Ou seja devemos dedicar todos os dias, tudo que fizermos, ao Senhor. Mesmo quando trabalhamos para "César", nosso foco tem que a evolução espiritual.]
"11 Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o Senhor o dia do sábado e o santificou." – Pela linguagem, atribuindo tudo ao Senhor, notamos que quem fala é Jeová, espírito guia do povo hebreu. No que se refere à criação, devemos entender os dias como períodos geológicos com duração de milhões de anos. O número sete, corresponde ao sábado, significa completo, total. No nosso reduzido campo de ação, o sétimo dia deve ser o de exame de consciência, de fixação dos valores espirituais conquistados, de agradecimento à Divindade pela vida, o tempo e as oportunidades.
"12 HONRA A TEU PAI E A TUA MÃE, PARA QUE SE PROLONGUEM OS TEUS DIAS NA TERRA QUE O SENHOR TEU DEUS, TE DÁ." – Geralmente os jovens só aprendem algo do que devem aos pais, quando se desdobram em carinho, atenções e sacrifícios com os próprios filhos. E para alguns já é tarde, pois, havendo retornado ao plano espiritual, não lhes podem dar provas de respeito e gratidão, senão por pensamentos e preces.
Não raro, os pais, por desejarem ver os filhos no melhor caminho, se exageram em palavras, atitudes e ação. Mas como sofrem. Nós (filhos) precisamos entender isso. A melhor maneira de honrar nossos pais é levando uma vida conduta irrepreensível. Com isso, se sentem satisfeitos e "realizados" em sua missa paterna.
Partindo do princípio de que as recomendações oriundas dos pais são boas e ditadas pelo amor e pela experiência, ouvindo-as e pondo-as em prática, de muitas coisas desagradáveis se furtarão os filhos. Podemos, por extensão, ver como pai e mãe todas as criaturas mais velhas e bem-intencionadas que procuram nos orientar.
Estamos na Terra graciosamente. Só de pensar no muito que ela nos proporciona, com vistas à nossa evolução, deveríamos ser extremamente gratos à Divindade.
"13 Não matarás". – O mandamento inclui o assassinato, a eutanásia, a pena de morte, o suicídio consciente ou não. A morte moral pela calunia, ostracismo. Matar o tempo. Matar de raiva. Matar a esperança, a disposição para o bem. Às vezes, estamos sendo assassinos sem saber. Todo cuidado é pouco.
"14 Não adulterarás." – Não se trata apenas da infidelidade conjugal. Adulterar é alterar, falsificar, corromper, deturpar, viciar. Temos assim: adulterar um documento; falsificar dinheiro; alterar um produto; corromper uma pessoa; deturpar um ensinamento.
[Tem sido comum nos meios religiosos adulterar os ensinamentos de acordo com o interesse pessoal e das organizações religiosas, para manter dogmas e privilégios. Nos meios políticos e sociais deturpam leis pelos mesmos motivos (interesse pessoal, que segundo os Espíritos Codificadores disseram a Kardec é o que origina o mais radical dos vícios, o egoísmo)]
"15 Não furtarás." – Apropriar-se, seja qual for o motivo, de qualquer coisa do semelhante. Devemos respeitar a propriedade alheia. Muitas vezes se tira algo de uma repartição pública ou de uma firma S.A. Ora, devemos respeitar o que é dos outros ainda que os não conhecemos. Não raro, quem tira procura justificar-se perante a própria consciência: trata-se de uma empresa rica; estou distribuindo, já que o dono não tem coragem de fazer; isso não faz falta; é para um necessitado; é para uma instituição filantrópica que muito bem irá realizar... Que cada qual tome a iniciativa de fazer o bem por conta própria, ainda que em proporção diminuta.
O plagio é o furto de trabalhos intelectuais. Furtar de alguém a oportunidade de aprendizado, de aquisição de experiência, de servir. Isso acontece com freqüência, quando só a nós próprios julgamos capazes de fazer tudo. Nesses casos, apenas a doença ou a desencarnação nos ensina que não há ninguém insubstituível.
"16 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo". – Como aprendemos com Jesus, nossa palavra deve ser sim, sim; não, não; porque o que passa disso é de procedência maligna. Parte do desejo de tapear. Dilatemos o conceito, não pensando somente em testemunhos diante de autoridades policiais. Quase toda hora, somos chamados a falar acerca do semelhante, que o façamos com sinceridade, jamais deturpando a verdade, deixando reticências.  Muita gente tem receio de elogiar a conduta alheia, como se, com isso, se diminuísse. Segundo o Evangelho, porém, é dando que recebemos.
[Lembremos da orientação do apóstolo Tiago em sua Carta no terceiro capítulo:
5 Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia.6 A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.7 Porque toda a natureza, tanto de bestas feras como de aves, tanto de répteis como de animais do mar, se amansa e foi domada pela natureza humana;8 Mas nenhum homem pode domar a língua. É um mal que não se pode refrear; está cheia de peçonha mortal.9 Com ela bendizemos a Deus e Pai, e com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus.10 De uma mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que isto se faça assim.]
"17 Não cobiçarás a casa do teu próximo; não cobiçaras a mulher do teu próximo, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo." (Ex 20:17).
"NÃO COBIÇARÁS A CASA DO TEU PRÓXIMO, NÃO COBIÇARÁS A MULHER DO TEU PRÓXIMO," – Cobiçar é ambicionar, desejar. A casa aqui tem o sentido de família. Nascemos para viver com quem, onde e quando mais convém à nossa evolução espiritual. Comumente, pelos laços consanguíneos, nos ligamos a espíritos com os quais nos desentendemos no pretérito. Por isso, a ideia de que com outros tudo seria diferente, melhor.
A cobiça parte do pensamento, da mentalização. É força que, uma vez desencadeada, atua de modo sensível. Muitas vezes deixamos de realizar algo por falta de condições ou por policiamento externo, mas intimamente, por pensamentos, já o fizemos, promovendo dificuldades ao próximo menos vigilante.
"NEM O SEU SERVO, NEM A SUA SERVA, NEM O SEU BOI, NEM O SEU JUMENTO, NEM COISA ALGUMA DO TEU PRÓXIMO." – Cada um tem o que merece. Para sermos felizes, precisamos aprendera contentar com o que temos. Quase sempre, deixamos de ser venturosos pelo que possuímos pelo que desfrutamos, para sermos infelizes pelo que não temos. A cobiça caminha passo a passo com a desdita (desdita que não tem razão de ser).
Impositivo é querer o melhor, o progresso, mas não em detrimento dos outros. Que tudo seja conquistado com o nosso esforço e perseverança. Não conseguindo algo, que nos resignemos. Deus sabe melhor do que nós o de que realmente carecemos.

terça-feira, março 18, 2025

Sobre o #Salmo22




 
Muitos dizem não acreditar no Evangelho, pois afirmam que Jesus jamais diria estas palavras: 

  • Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste? As palavras do meu rugir estão longe de me salvar! (Salmo, 22: 2) (BJ)
É preciso estudar...
Trata-se de uma profecia cumprida em Suas palavras
Em Seu momento mais difícil na cruz, Jesus falou em aramaico, a linguagem comum de Seu tempo, citando o Salmo 22 - "Eloi, Eloi, lama sabachthani".
É importante notar que o Salmo 22 foi originalmente escrito em hebraico, embora o Novo Testamento cita Jesus como recitando a tradução aramaica.
O Salmo 22 foi escrito séculos antes da crucificação romana existir e detalhou aspectos específicos da morte de Jesus que mais tarde se desdobrariam no Calvário:
  • "Todos os que me veem zombar de mim; fazem-me a boca; balançam a cabeça" (versículo 7) – cumpre-se como os espectadores zombavam de Jesus na cruz.
  • "Ele confia no Senhor; livra-o dele; livra-o dele, porque deleita nele" (versículo 8) – ecoou nas provocações dos que estavam no Calvário.
  • "As minhas vestes dividem-se entre eles, e para as minhas vestes lançam sortes" (versículo 18) - cumpriram-se precisamente como os soldados romanos lançam sortes para as roupas de Jesus.
  • O hebraico antigo do versículo 16 diz "como um leão, minhas mãos e meu feet", וְרַגְלָי (e meus pés), embora algumas traduções iniciais traduzam isso de forma diferente, vendo nela uma conexão com a crucificação.
  • Notas de rodapé da Bíblia (BJ2) - 2002 - Bíblia de Jerusalém
  • Salmos 22 : 16 : seco está meu paladar,[z] como um caco, e minha língua colada ao maxilar; tu me colocas na poeira da morte.
  • [z]: "meu paladar": hikkî, conj.; "minha força": kohî, hebr.

Pensemos a respeito. Existem situações em nossas experiências provacionais, que só podemos enfrentá-las a sós.
Nestes momentos, procuramos consolo em alguém e este alguém não se faz presente. Buscamos um livro e a página cai em lição que nada tem a ver com a nossa situação.
Além de mostrar sua condição messiânica, talvez tenha sido esta a lição do Mestre.
Há situações que temos de enfrentar sozinhos.

Leia Também:



Conheça os livros da Série Estudando o Evangelho (no Miudinho), disponíveis em:


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segunda-feira, fevereiro 24, 2025

Sabedoria de Tiago - Suportar a Provação com Paciência




Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.
Bem Aventurado é sinônimo de feliz. E conforme já dissemos em outro momento:
 … a felicidade promovida pelo Cristo, não é a felicidade que conhecemos, fugaz, momentânea, porque embasada em valores temporários. A felicidade a que se refere o Evangelho é definitiva, porque é conquistada pelos valores do Espírito.[1]
O homem; não está nominado porque é qualquer um que proceder conforme a orientação do evangelista.
O verbo suportar diz respeito a resistir às provações. Por si só não há grandes virtudes em suportar, pois mostra que ainda estamos vinculados à faixa da justiça, só suportamos porque não há outro modo, suportamos como consequência de uma ação menos feliz anterior, e que é impositivo da Lei sofrer as consequências.
Normalmente aquele que suporta, que tolera, ainda acha que o outro está errado, que ele está certo, portanto ele suporta o outro achando-se superior.
A virtude conforme a narrativa do apóstolo está em suportar com paciência, pois aí há uma ação construtiva no bem, há um ensinamento velado transmitido a todos mostrando a faixa espiritual que vibra aquele que pratica esta ação pacificadora, pois suportar com paciência é o mesmo que compreender seja a própria provação ou as pessoas por meio das quais ela vem.
Compreender é no mínimo enxergar o outro, saber de suas necessidades, saber qual a sua capacidade e agir com proveito em favor do crescimento tanto do outro quanto de si mesmo. E compreender a provação é saber avaliar a sua necessidade e desativar os pontos que geram sofrimento, contribuindo assim para a manutenção da harmonia.
Provação; no grego é peirasmos, uma palavra que pode ser traduzida tanto por provação quanto por tentação.
Em português há diferenças. Provação é o ato ou efeito de provar; prova, teste. É uma situação aflitiva ou de sofrimento que põe à prova a força moral. Tentação é o impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável; desejo veemente ou violento[2].
Dentro do contexto deste versículo achamos melhor a tradução da Bíblia de Jerusalém que usa provação ao invés de tentação como usa Almeida Corrigida. É que aqui o autor da epístola fala em suportar com paciência; denota um sofrimento que põe à prova a força moral da criatura. A tentação às vezes cumpre o mesmo papel, pôr à prova a força moral da criatura, porém no caso da tentação há uma ressonância na intimidade da criatura com o objeto de tentação, no caso da provação o elemento que prova pode simplesmente ser uma situação exterior. O Exemplo clássico desta colocação está na passagem em que Jesus é colocado no deserto para ser posto à prova pelo Adversário (Mateus, 4: 1 a 11; Marcos, 1: 12 e 13; Lucas, 4: 1 a 13). Alguns tradutores informam que Jesus teria sido "tentado" pelo Adversário, o que nós achamos mais correto dizer que Jesus foi provado pelo Adversário, pois em Jesus não há a menor chance de haver tentação por se tratar de um Espírito Puro, que segundo os Espíritos informam a Kardec, não sofre nenhuma influência da matéria, pois tem superioridade intelectual e moral absoluta.[3]
Porque, uma vez provado, continua Tiago, querendo dizer, tendo passado no teste com sucesso, tento mostrado que superou a dificuldade, o que significa o fim de um ciclo em relação àquela necessidade, receberá a coroa da vida. David Stern[4] traduz: "receberá como sua coroa a Vida…". Acho mais bonita esta tradução sendo esta vida a Vida Abundante prometida por Jesus, porém esta só acontecerá em nós no fim de um ciclo maior de vitória sobre as imperfeições. A carta escrita por Tiago nos fala deste momento também, mas atende-nos em cada vitória que alcançamos sobre a menor das provações.
A coroa é o símbolo do coroamento, é o emblema da vitória, e aqui ela significa a vitória sobre a provação que nada mais é do que o ato de vencer a imperfeição que fez necessária a prova. Como é coroamento é o fechamento de ciclo; para cada vitória sobre cada imperfeição a vida nos autoriza uma coroa, e quando atingirmos a vitória final sobre nossas imperfeições, o que chamamos de redenção, e que a Bíblia comumente chama de salvação, receberemos como coroa a Vida Abundante, Vida esta que foi o motivo da vinda até nós de Jesus, o Cristo de Deus.
…eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.[5]
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.[6]
…que o Senhor prometeu aos que o amam; A Vulgata neste verso substitui Senhor por Deus, o que leva alguns analistas a entender que o Senhor aqui é Deus. Não sabemos definir aqui o que pensava o autor da carta. Esta dificuldade acontece principalmente porque a teologia tradicional confundiu Jesus com Deus, no fundo, os dois são segundo esta a mesma pessoa.
A expressão coroa da vida só acontece no Novo Testamento, aqui em Tiago e no Apocalipse (2: 10). Pedro também fala sobre o mesmo tema (1 Pedro, 5: 4) como coroa da glória, Paulo (1 Coríntios, 9: 25) em coroa incorruptível, em todos estes textos, mesmo em Paulo que não é tão explícito, a promessa se refere a Jesus. A promessa só remonta Deus se interpretarmos colocações da Bíblia hebraica como a "árvore-da-vida" e a "terra prometida" como sendo sinônimos desta coroa da vida.
Para nós o mais importante não é saber se é Deus ou Jesus que promete, até porque o próprio Cristo disse que não trazia nada Dele, mais do Pai que O enviou. Ou seja, Jesus é o "Procurador" oficial de Deus no planeta Terra, sendo assim, em última instância a Promessa é de Deus.
O que conta aqui é como alcançá-la, e isto fica claro: aos que o amam.
Amar a Deus é o primeiro mandamento e o Deuteronômio nos ensina que é amar com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força.[7]; isto é tão complexo que para analisar todo este mandamento foi escrito o livro mais famoso da humanidade: a Bíblia, pois em verdade, esta gira toda em torno deste mitzvah dado a Moisés.
Jesus com a Sua pedagogia superior nos ensinou que amar a Deus é amar ao próximo, e amar como Ele Jesus nos amou.
Está é a síntese que nos instrumentaliza para a conquista desta coroa citada por vários enviados do Senhor e que Paulo com toda segurança afirmou ser a maior de todas as virtudes, o amor, que dinamizado é caridade.

Texto extraído do Livro "Sabedoria de Tiago" (lançamento): Disponível em: Instituto D'esperance (Editora Itapuã)

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Leia Também:





[1] O Sermão do Monte, cap. 1
[2] Para estes conceitos me vali do dicionário Houaiss.
[3] O Livro dos Espíritos, questão 112.
[4] Novo Testamento Judaico, pág. 241
[5] João, 10: 10
[6] Apocalipse, 2: 10
[7] Deuteronômio, 6: 5

segunda-feira, fevereiro 17, 2025

Reencarnação na Bíblia - Antigo Testamento




O objetivo deste estudo é analisar alguns textos do Antigo Testamento, identificando neles sugestões da Lei da Reencarnação. É importante notar que a palavra "reencarnação" não aparece na Bíblia, pois trata-se de um neologismo criado por Allan Kardec durante a Codificação do Espiritismo. Embora o conceito já existisse anteriormente, foi o Mestre Lionês quem popularizou o termo, conferindo-lhe uma conotação científica.
Nossos irmãos cristãos de outras denominações, tanto católicas quanto protestantes, afirmam que a Bíblia é um livro inspirado pelo Espírito Santo. Nós, espíritas, concordamos com essa afirmação, pois sabemos que a inspiração é um tipo de mediunidade (cf. O Livro dos Médiuns, Cap. XV, Item 182). Entendemos o Espírito Santo como a Plêiade do Espírito de Verdade, que trabalha sob a direção do próprio Jesus.
Assim, a Bíblia, como toda revelação divina, não tem limitação no tempo e no espaço. Seus conceitos podem e devem ser interpretados por nós hoje, utilizando as revelações que surgiram e ainda surgirão, auxiliando-nos em nosso processo evolutivo, desde que não nos afastemos das Leis Universais, que têm na moral e no amor seus pontos culminantes.
8 E falou Caim com o seu irmão Abel: e sucedeu que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.9 E disse o Senhor a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei: sou eu guardador do meu irmão?10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar me matará.15 O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse.16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden.17 E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e teve a Enoque: e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque. (Gênesis, 4: 8 a 17)
Não vamos aqui analisar versículo a versículo, isto fizemos em outro estudo[1]. Consideraremos apenas os versículos que mais diretamente podem ser interpretados como existência da reencarnação.
10 E disse Deus: Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra.
Por Deus aqui devemos entender não o Criador, Inteligência Suprema. Caim não estabelece um diálogo com o próprio Deus, mas com o Deus que está em sua consciência (Cf. O Livro dos Espíritos questão 621). Trata-se daquela cobrança consciencial.
Sangue é vida. Quando Caim tirou a vida de seu irmão ele transgrediu a Lei. Seu débito é em primeiro lugar com a Lei.
Este clamor do sangue é a necessidade da recomposição consciencial. Por terra aqui não devemos entender o planeta, mas o plano operacional que o levará ao devido reajuste.
11 E agora maldito és tu desde a terra, que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão.
Agora, representa a urgência da recomposição.
A maldição é uma reação da Lei. Ele fez um mal, transgrediu a Lei, é portanto maldito,  receberá suas consequências negativas. Paulo vai se reportar a esta maldição como "ira de Deus".
Desde a terra significando desde o momento em que transgrediu. Não temos como fugir da Lei.
...que abriu a sua boca para receber da tua mão o sangue do teu irmão. - Temos aqui uma metáfora poderosa que descreve a gravidade do ato de Caim. Fora desse contexto, poderíamos interpretar como uma expressão idiomática para descrever uma situação em que algo ou alguém está recebendo as consequências de uma ação violenta ou injusta.
Sobre receber da tua mão o sangue do teu irmão, ainda podemos afirmar que a mão denota que houve uma ação dele. A ação foi pensada, conforme depreendemos dos versículos anteriores:
5 Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o seu semblante.6 E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante?7 Se bem fizeres, não haverá aceitação para ti? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás.
Portanto, o grau de responsabilidade é maior requerendo uma melhor recomposição.
12 Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.
Quando lavrares a terra; no momento em que iniciar o processo de reajuste que pode ser numa próxima etapa encarnatória.
… não te dará mais a força; esta retirada da força representa as dificuldades e os impedimentos que terá por transgredir a Lei. O que pode ser alguma restrição física ou mesmo psíquica. Não se trata de castigo, mas de oportunidade de crescimento e aperfeiçoamento moral com algumas dificuldades. Todos estamos sujeitos a elas.
... fugitivo e vagabundo serás na terra.  O termo original quer dizer um errante e um fugitivo, condenado a vagar pela terra, sem rumo. Alienação e isolamento também podem estar em foco. Trata-se de uma consequência do ato negativo de Caim, causa e efeito.
Como dissemos o versículo sugere uma reencarnação. Este fugitivo pode representar uma reencarnação no sentido de que num novo corpo ficamos escondidos muitas vezes até mesmo dos inimigos. Ou ainda aquelas fugas psicológicas costumeiras em nossa vida quando adiamos o processo de reajuste.
Importa aqui ver que os verbos estão no futuro e na segunda pessoa, representando uma proposta do mundo espiritual para a reencarnação de Caim.
13 Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada.
Temos mais um lance do diálogo consciencial de Caim. Neste passo ele reconhece seu erro, todavia ainda se trata de remorso. É quando a consciência grita, mas ainda não há nenhuma proposta efetiva de renovação. Por isso ele diz que não pode ser perdoada sua falta.
14 Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar me matará.
A partir deste versículo podemos verificar uma sugestão mais efetiva de reencarnação. Entretanto, é preciso considerar que se trata de um ensinamento que vem através de uma alegoria, pois estes personagens, segundo nos mostra o espiritismo, não são personagens históricos. Trata-se de uma parábola do Antigo Testamento, como temos tantas outras.
Eis que hoje me lanças da face da terra; podemos considerar que neste instante de avaliação consciencial de Caim, ele está no plano espiritual. Assim, ser lançado fora da terra representa uma nova encarnação para que possa, devido ao reconhecimento de sua transgressão, recompor a consciência.
A expressão ser lançado pode sugerir uma reencarnação compulsória, onde o Espírito, devido a sua recalcitrância nos erros perde em parte seu direito de escolha. Não podemos esquecer que Caim representa aquele grupamento de Espíritos mais comprometidos que vieram deportados para a Terra quando esta iniciou o período de expiações e provas. Serve para todos nós, hoje, como alerta para nossas rebeldias.
... e da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra; já cometamos estas expressões, resta aqui dizer apenas que se em versículo anterior o verbo estava na segunda pessoa, "serás", aqui ele está na primeira, "serei", indicando que ele mesmo assumiu a culpa e reencarna para reajustar-se,
... e será que todo aquele que me achar me matará. Causa e efeito; na consciência denegrida de Caim, ele teria que ser morto, assim, ele pensa que todo que o encontrar desejará assassiná-lo.
Este medo é muito comum em nosso meio, já que vivemos ainda em um mundo inferior. A consciência culpada sabe que precisa reajustar-se e teme que a correção seja dolorosa.
15 O Senhor porém disse-lhe: Portanto qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse
Senhor; aqui temos uma referência a Deus.
Na visão espírita entendemos Deus como a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas. O Eterno, Incriado, e inacessível à nossa compreensão.
Podemos também, em alguns momentos entender a Divindade expressando os Espíritos Cocriadores em plano maior, que são os Espíritos mais evoluídos, "agentes dedicados", com a missão de atuar na matéria (LE 536b).
Ou ainda, a própria Lei de Deus. Compreendendo, portanto, que em Sua Transcendência Deus é sempre maior do que A Lei, foi Ele que a Criou.
Neste diálogo podemos entender Deus como sendo a Lei. É nela que está escrito que não temos a procuração Dele para fazer Justiça; esta, pertence só a Ele. O pronome "qualquer" confirma isto, ou seja, qualquer um que quiser fazer justiça com as próprias mãos, será ainda mais responsabilizado.
E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que não o ferisse qualquer que o achasse. Caim achava-se culpado. Devido ao seu estado consciencial tinha medo da justiça de Deus. Entretanto, a Lei tem implícita o componente "misericórdia". Nós não temos a capacidade de avaliar. O sinal colocado em Caim é fruto desta misericórdia. Ele pode ser uma anomalia física, ou mesmo psíquica, que leve quem o vê a ter compaixão, e assim não estabelecer a justiça por si mesmo.
Deus não deseja o sofrimento de ninguém, ele proporciona ao Espírito, sempre a melhor condição para ele evolua e volte a se reintegrar na Lei.
Se sofremos é por falta de entendimento e rebeldia. O dano é sempre nosso.
Assim, em vista de alguns impedimentos que temos, antes de nos tornar inconformados, devemos pensar, não será este "sinal de Caim" o melhor para nós no momento?
16 E saiu Caim de diante da face do Senhor, e habitou na terra de Node, da banda do oriente do Éden.
Neste passo temos a efetivação do reencarne. Saiu da face do Senhor, simbolizando o projeto de Deus que estava se delineando no plano espiritual. Deixou o "mundo dos espíritos" e reencarnou.
...habitou a terra de Node, o sentido original do hebraico é peregrinação; errante ou exilado podem ser outros significados.
Podemos entender como nova terra, outro lugar. Ele mudou de ares, reencarnou em outro ambiente. A reencarnação pode se dar em outra cidade, país ou até mesmo planeta. De acordo com a necessidade do espírito.
...da banda do oriente do Éden. Embora o termo hebraico "qidmâh", que foi traduzido por oriente não seja diretamente sinônimo de "começo" ou "início", ele está relacionado ao conceito de algo que vem antes ou que é primordial, principalmente se o relacioná-lo com éden que nos remete a origem, início.
Assim, podemos depreender destas expressões que Caim teve uma oportunidade de recomeçar com fins de recomposição. É o que se dá em toda experiência reencarnatória que significa um perdão de Deus.
17 E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu, e teve a Enoque: e ele edificou uma cidade, e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque.
E conheceu Caim a sua mulher; literalmente quer dizer: coabitou Caim com sua mulher. No contexto bíblico, "conhecer" é um eufemismo para relações sexuais. Portanto, Caim teve relações com sua esposa.
Como já dissemos o objetivo deste nosso estudo é a tese reencarnacionista, assim, não vamos nos preocupar com outras propostas de interpretações.
Aqui é preciso compreender que se trata do Espírito de Caim, que pode ter inclusive outro nome. Ao analisar as genealogias do quinto capítulo deste livro Gênesis, vamos inclusive ver que o próprio Espírito de Caim aparece com outros nomes como Jarede e Lameque (Cf. Gn, 5: 12 a 28).
...ela concebeu, e teve a Enoque; Enoque é o primogênito de Caim. Ele vai representar o grupamento espiritual de Abel. Assim, é Abel que volta através da reencarnação.
Este evento é muito comum, Caim matou Abel. Em uma próxima existência ele, pela reencarnação, recebe Abel como filho, dando a ele uma nova oportunidade de vida, e deste modo recompondo sua consciência.
Em nosso livro "Haja Luz", ainda não publicado, mas que deve ser publicado em breve, comentamos mais detalhadamente este versículo e nossa tese sobre evolução e reencarnação.
Acesse o Link para Ler o comentário completo: #Reencarnação na #Bíblia - Caim e Abel

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[1] Livro "Haja Luz"