#Pública
Antes de entrarmos nos comentários dos versículos, faz-se importante falarmos sobre o contexto.
A rivalidade entre judeus e samaritanos remonta aos tempos do Antigo Testamento e persistiu até o período de Jesus. Aqui estão alguns fatores que explicam essa hostilidade:
Após a morte do rei Salomão, o reino de Israel foi dividido em dois: o Reino do Norte (com Samaria como capital) e o Reino do Sul (com Jerusalém como capital).
O Reino do Norte teve uma série de reis considerados ímpios, isto gerou sua queda diante do Império Assírio. Os habitantes de Samaria foram deportados enquanto povos de outras terras vieram habitar a Samaria com isto eles se misturaram com os estrangeiros formando um povo mestiço cultivando uma religião sincrética; os judeus os consideravam apóstatas da verdadeira fé israelita.
Além de construir um templo rival no Monte Gerizim, quando da volta do exílio da Babilônia por parte dos habitantes de Judá os representantes de Samaria tentaram atrapalhar a reconstrução do muro de Jerusalém, isto não só aumentou a diferença entre os dois povos, como gerou um ódio mútuo que profundamente enraizado afetou a relação as relações entre judeus e samaritanos por séculos.
1Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João — 2 ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos — 3 deixou a Judéia e retornou à Galileia. 4 Era preciso passar pela Samaria.
Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João
Nos evangelhos a expressão fariseus é muitas vezes usada em sentido negativo, como uma liderança religiosa contrária a Jesus[i].
Aqui é preciso considerar que estamos no início do Ministério Público de Jesus, João Batista ainda batizava, ele não tinha sido preso e morto.
Havia naquele tempo uma expectativa muito grande quanto à vinda do Messias, as lideranças religiosas da Judeia monitoravam todos os que se destacavam neste sentido. Quando perceberam que Jesus fazia mais discípulos que João, se preocuparam. É preciso também compreender que Jesus não batizava como sacramento religioso, conforme depreendemos do próximo versículo.
...ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos;
Como dissemos, Jesus não batizava, o que ele fazia - e ainda hoje faz - é iniciar as pessoas em novo modelo de vida, baseado no amor e no cumprimento de todas as Leis Divinas.
Temos nos considerados cristãos, é preciso estar atentos a isto, será que já podemos dizer que aderimos a este novo modelo fazendo-nos Nova Criatura? (Cf. 2 Coríntios, 5: 17)
...deixou a Judeia e retornou à Galileia.
Jesus não se interessa por discussões religiosas por isto deixou a Judeia naquele momento.
A Judeia era onde situava o Templo de Salomão, muitos dos profetas realizaram ali sua missão, era assim, centro de cogitações relativas à espiritualidade; entretanto, foi lá também que muitos destes profetas foram assassinados, o mesmo acontecendo com Jesus. Representa deste modo, as incoerências religiosas, a divisão e a exterioridade; a complexidade de modo geral.
A Galileia ao contrário representa a simplicidade.
Jesus ao deixar a Judeia se dirigindo para a Galileia, ensina-nos nas entrelinhas a deixarmos as posições de complexidade em nossa vida aderindo à simplicidade.
A visita de Jesus à nossa Judeia interior transforma todas as nossas complexidades, todas as nossas negatividades em simplicidade operacional.
Era preciso passar pela Samaria
Este era o caminho mais curto entre a Judeia e a Galileia, todavia, não era comum para um judeu na época de Jesus viajar de Jerusalém para a Galileia passando pela Samaria. Devido às diferenças religiosas e sociais entre judeus e samaritanos já citadas, os judeus preferiam evitar a região da Samaria, optando por rotas alternativas que contornavam o território samaritano. Essas rotas alternativas geralmente envolviam cruzar o rio Jordão e seguir pela região da Pereia, mesmo que isso significasse uma viagem mais longa e mais difícil.
O evangelista, entretanto, afirma: ...era preciso passar pela Samaria.
Alguns analistas têm perguntado o porquê Jesus precisava passar por este caminho evitado pelos judeus, estaria ele com pressa de chegar à Galileia?
Cremos que não, Jesus nunca tem pressa, Ele sempre está no Tempo de Deus (Cf. Ressurreição de Lázaro, João, 11)
Jesus é Mestre dos mestres, tem Ele um modelo educacional perfeito para o Espírito atingir a Bem-Aventurança Eterna.
Assim, ele escolhia onde, quando e como realizar o ensinamento, tudo numa didática perfeita.
Ao sentir necessidade de passar por Samaria, o Mestre mostra a todos nós que para conquistarmos definitivamente em nós o Bem e as Virtudes é imprescindível para pela região dos conflitos; se ficarmos só na zona de conforto não evoluímos.
O apóstolo Tiago, que aprendeu com Jesus diz em sua Carta:
Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e descem do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação.
Assim, compreendemos que todo bem, toda virtude vem de Deus (Unidade), mas para fixe em nós como conquista é preciso que trabalhemos as mesmas atuando nos contrários (dualidade).
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé...[ii]
Entendemos que há pelo menos mais uma explicação para Jesus naquele momento ter visto como necessário para pela Samaria, mas isso deixaremos para os comentários dos próximos versículos.
[i] Para um melhor estudo sobre os fariseus confira o artigo "Midraxe e História" do professor Jacil Rodrigues de Brito disponível em https://revista.abib.org.br/EB/article/view/863
[ii] Oração atribuída a São Francisco de Assis
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[i] O Consoldor, questão 264, acessado pelo site: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/oconsolador.pdf em 29/07/2024
[ii] Sefer Matitiyahu, O Livro de Mateus. Traduzido por Sha'ul Bentsion
[iii] Discípulo (Nota do Blog)
[iv] KARDEC, Allan. . 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. O Livro dos Espíritos na questão 536 letra b
[v] XAVIER, Francisco C./ Waldo Vieira/André Luiz (Espírito). Evolução em Dois Mundos, 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993. 1ª parte cap. 1
[vi] XAVIER, Francisco C./ Emmanuel (Espírito). A Caminho da Luz, 10ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Cap. 1
[vii] Cf. Entrevista Chico Xavier – 05/01/1954, acessado pelo Site: https://centroespiritaleocadio.org.br/entrevista-chico-xavier-05-01-1954/ em 30/07/2024
[viii] A Caminho da Luz, Cap 2
[ix] XAVIER, Francisco C./ Emmanuel (Espírito). Paulo e Estevão, 41ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. 2ª parte, cap. 4
[x] Nosso saudoso amigo Honório Onofre Abreu sempre repetia este ensinamento baseado em O Livro dos Espíritos na questão 536 letra b
[xi] João, 10: 30
[xii] Gálatas, 2: 20
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