domingo, agosto 25, 2024

Jesus e a Mulher Samaritana - João, 4: 5 a 12

#Pública




5Chegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó tinha dado a seu filho José. 6Ali se achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte. Era por volta da hora sexta. 7Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: "Dá- me de beber!" 8 Seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimento. 9Diz-lhe, então, a samaritana: "Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?" (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos. ) 10 Jesus lhe respondeu: "Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: 'Dá-me de beber', tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!" 11Ela lhe disse: "Senhor, nem sequer tens uma vasilha e o poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva? 12És, porventura, maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?"


Chegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó tinha dado a seu filho José.
Segundo alguns estudiosos, a Sicar, mencionada neste texto, é geralmente identificada como a mesma cidade de Siquém do Antigo Testamento. Sicar é provavelmente outro nome para a cidade de Siquém, uma cidade na Samaria, próxima ao poço de Jacó.
Entretanto, esta não é a opinião de Pastorino que distinguia as duas cidades[i]. Escavações recentes levaram alguns a identificar Sicar provisoriamente com a aldeia de Askar, localizada ao norte-noroeste da fonte de Jacó e cerca de 1 km ao noroeste de Siquém.
Sendo ou não sendo, o que importa é que estão na mesma região. A conexão entre as duas cidades é significativa, pois mostra a continuidade dos lugares sagrados e sua importância na história bíblica.
Ali se achava a fonte de Jacó. Fatigado da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte. Era por volta da hora sexta.
A Fonte de Jacó, também conhecida como "Poço de Sicar", é um local histórico significativo. Segundo a tradição, ele está associado ao patriarca Jacó.
Este poço profundo foi escavado na rocha sólida e tem sido associado à tradição religiosa com Jacó por cerca de dois milênios. Atualmente, se encontra dentro do complexo de um mosteiro ortodoxo oriental na cidade de Nablus, na Cisjordânia.
Em Gênesis 33:19, é mencionado que Jacó comprou uma parte do campo dos filhos de Hamor e cavou o poço.
Os samaritanos se consideravam descendentes das tribos de Israel que permaneceram na região após a conquista assíria no século VIII a.C., e Jacó é uma figura ancestral importante para eles. Eles mantêm uma versão própria da Torá e têm práticas e crenças distintas das judaicas tradicionais, adoravam a Deus no Monte Gerizim, não no Monte Sião. Segundo eles, o Monte Gerizim era o local do primeiro sacrifício israelita na Terra (Cf. Deuteronômio, 27: 4 e 5). Eles acreditavam que Betel (Jacob), o Monte Moriá (Abraão) e o Monte Gerizim eram o mesmo lugar. O nome Samaritano, traduzido literalmente do hebraico, significa "Os Guardiões" (de leis e tradições originais)[ii].
Segundo o evangelista, Jesus chega à fonte de Jacó cansado pela caminhada da viagem. A hora sexta se refere ao meio-dia, o que significa que o sol estaria no seu ponto mais alto no céu, indicando que seria um momento de forte calor e luz intensa, especialmente em uma região como a Samaria, onde o clima é tipicamente quente e seco.
Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: "Dá- me de beber!"
A partir deste instante se dará o mais importante da passagem por meio de uma conversa significativa de Jesus com a Samaritana nos trazendo grandes ensinamentos.
O encontro junto a um poço é um tema da comum na literatura do Antigo Testamento. A Bíblia de Jerusalém, em nota, nos lembra:
Os poços e nascentes d'água marcam o itinerário terrestre e espiritual dos patriarcas e do povo do Êxodo (Gn 26:14-22; Ex 15:22-27; 17,1-7, etc.). A água de fonte torna-se, no AT, o símbolo da vida que é dada por Deus, especialmente nos tempos messiânicos (Is 12:3; 55,1; Jr 2:13; Ez 47:1s; cf. Sl 46:5 e Zc 14:8; Sl 36:9-10 e no NT: Ap 7:16-17; 22,17) ou ainda, símbolo da Sabedoria e da Lei, que dão a vida (Pr 13,14; Eclo 15,3; 24,23-29). Esses temas encontram-se na cena evangélica, onde a água viva se toma o símbolo do Espírito (cf. Jo 7:37-39 e 1,33+).
O evangelista não afirma, mas Jesus ao solicitar a seus discípulos que fossem à cidade comprar alimento, já sabia do que iria ocorrer, e que esta seria uma oportunidade de nos deixar grandes ensinamentos. Pois aprenderemos com Ele, e também, com a Samaritana.
"Dá-me de beber"; apesar do objetivo de Jesus ser maior, podemos depreender que ele teve sede, como em outros momentos teve fome. Precisamos compreender que Jesus teve também necessidades físicas, a diferença é que Ele sabia dominá-las, não se deixando vencer por elas. Nós quando em dificuldade, dor, fome, pressão psicológica, temos grande dificuldade de termos ações positivas, geradoras de bem-estar, principalmente para os outros. Ao contrário, Jesus aproveitava estas necessidades como oportunidade de ensinar-nos os valores do Espírito imortal. O pedido de Jesus era apenas para começar a conversa, ao dizer assim, Ele já inicia rompendo convenções religiosas de seu tempo, pois era praticamente proibido conversar publicamente e a sós com uma mulher. E, além disso, não podemos esquecer era uma samaritana, por isto também malvista e evitada pelos judeus.
Diz-lhe, então, a samaritana: "Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?" (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos.)
Pela capacidade premonitória de Jesus a resposta já era esperada. Ela confirma o que já é bem conhecido. Os Judeus não conversavam com os samaritanos; a rivalidade, apesar de irmãos, era grande. Havia um ódio mútuo. Assim, a Samaritana se assusta com a ousadia daquele judeu. Provavelmente Ele foi conhecido por sua maneira de trajar, pelo sotaque... Aprendemos que Jesus não era fisicamente tão diferente de seus irmãos de raça como pensamos que era aqui no ocidente dois milênios depois. Para ser reconhecido pelos soldados que o prenderam, Judas teve de identificá-lo com um beijo. (Cf. Mateus, 26: 47 e 50)
A Samaritana, conforme vamos ver mais adiante conhecia a Torá, sabia dos encontros amorosos realizados nas fontes de água que deram origem à história dos patriarcas Isaac e Jacó e ao casamento de Moisés. Talvez tenha a princípio pensado, apesar das diferenças religiosas que Jesus queria algo semelhante.
Entretanto, Jesus tinha um objetivo maior e não se incomodou.
Jesus lhe respondeu: "Se conhecesses o dom de Deus e quem é que te diz: 'Dá-me de beber', tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!"
Jesus lhe respondeu; Ele sempre responde aos nossos questionamentos, ocorre, que a resposta nem sempre vem como esperamos.
Se conhecesses o dom de Deus; o "dom de Deus" é para todos, desde que estejamos em comunhão com Ele. O sectarismo religioso é uma das coisas que nos afasta Dele, e este era o caso dos samaritanos e judeus de modo geral, por isso Jesus afirma que ela não conhecia o dom de Deus.
Se conhecesse, reconheceria o Cristo, e o que Ele pode proporcionar, mas não era o caso.
Se fosse, afirma Jesus, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!
Aqui começa o diálogo propriamente dito com grandes ensinamentos.
No Evangelho de João estes ensinamentos vêm por etapas, normalmente Jesus diz e os interlocutores não entendem, Jesus dá novas explicações e o entendimento melhora, mas não totalmente, só com novas adequações o ouvinte compreende melhor. Isto aconteceu com Natanael no segundo capítulo, com Nicodemos no terceiro, e o mesmo se dará neste quarto capítulo com a Samaritana.
Água viva; o profeta Jeremias, nos ajuda na interpretação deste verso:
Porque meu povo cometeu dois crimes: eles me abandonaram, a fonte de água viva, para cavar para si cisternas, cisternas furadas, que não podem conter água.
Assim, compreendemos que a expressão água viva refere-se às "bençãos de Deus"; Israel, segundo o profeta, trocou estas bençãos pelas "cisternas" humanas, representando os sistemas religiosos, políticos e sociais. Samaritanos, fariseus, escribas, saduceus, toda liderança religiosa negativa estão inclusos neste verso do profeta.
Jesus oferece a todos a solução destes problemas de renovação espiritual através do conhecimento perfeito de Deus, de Sua Lei, a fim de que todos possam atingir a Vida Eterna
Ela lhe disse: "Senhor, nem sequer tens uma vasilha e o poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva?
Conforme já comentamos, a Samaritana não entendeu o recado de Jesus. Ela continuava intrigada e desconfiada, pensando só na água física que podia se apanhar no poço. Jesus, segundo ela, não tinha vasilha, e conforme a tradição, não poderia aceitar a sua por ser samaritana.
És, porventura, maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?"
Notamos assim, que ela se considera descendente de Jacó. Os samaritanos tinham expressiva reverência e respeito por este patriarca, considerando-o uma figura importante e venerada.
Este poço não é especificamente mencionado no Antigo Testamento, temos o relato de Gênesis 33:18-20 afirmando que, quando Jacó voltou a Siquém de Padã-Arã, ele acampou antes da cidade e comprou o terreno em que ele armou a sua tenda e construiu um altar.
A Samaritana duvida que Jesus seja maior do que Jacó, como pode Ele ter uma "água via"?

Continuará num próximo post.




[i] Cf. Sabedoria do Evangelho, Vol. 2



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domingo, agosto 18, 2024

Jesus e a Mulher Samaritana - Introdução

#Pública





Antes de entrarmos nos comentários dos versículos, faz-se importante falarmos sobre o contexto.
A rivalidade entre judeus e samaritanos remonta aos tempos do Antigo Testamento e persistiu até o período de Jesus. Aqui estão alguns fatores que explicam essa hostilidade:
Após a morte do rei Salomão, o reino de Israel foi dividido em dois: o Reino do Norte (com Samaria como capital) e o Reino do Sul (com Jerusalém como capital).
O Reino do Norte teve uma série de reis considerados ímpios, isto gerou sua queda diante do Império Assírio. Os habitantes de Samaria foram deportados enquanto povos de outras terras vieram habitar a Samaria com isto eles se misturaram com os estrangeiros formando um povo mestiço cultivando uma religião sincrética; os judeus os consideravam apóstatas da verdadeira fé israelita.
Além de construir um templo rival no Monte Gerizim, quando da volta do exílio da Babilônia por parte dos habitantes de Judá os representantes de Samaria tentaram atrapalhar a reconstrução do muro de Jerusalém, isto não só aumentou a diferença entre os dois povos, como gerou um ódio mútuo que profundamente enraizado afetou a relação as relações entre judeus e samaritanos por séculos.

1Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João — 2 ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos — 3 deixou a Judéia e retornou à Galileia. 4 Era preciso passar pela Samaria.

Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João
Nos evangelhos a expressão fariseus é muitas vezes usada em sentido negativo, como uma liderança religiosa contrária a Jesus[i].
Aqui é preciso considerar que estamos no início do Ministério Público de Jesus, João Batista ainda batizava, ele não tinha sido preso e morto.
Havia naquele tempo uma expectativa muito grande quanto à vinda do Messias, as lideranças religiosas da Judeia monitoravam todos os que se destacavam neste sentido. Quando perceberam que Jesus fazia mais discípulos que João, se preocuparam. É preciso também compreender que Jesus   não batizava como sacramento religioso, conforme depreendemos do próximo versículo.
...ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos;
Como dissemos, Jesus não batizava, o que ele fazia - e ainda hoje faz - é iniciar as pessoas em novo modelo de vida, baseado no amor e no cumprimento de todas as Leis Divinas.
Temos nos considerados cristãos, é preciso estar atentos a isto, será que já podemos dizer que aderimos a este novo modelo fazendo-nos Nova Criatura? (Cf. 2 Coríntios, 5: 17)
...deixou a Judeia e retornou à Galileia.
Jesus não se interessa por discussões religiosas por isto deixou a Judeia naquele momento.
A Judeia era onde situava o Templo de Salomão, muitos dos profetas realizaram ali sua missão, era assim, centro de cogitações relativas à espiritualidade; entretanto, foi lá também que muitos destes profetas foram assassinados, o mesmo acontecendo com Jesus. Representa deste modo, as incoerências religiosas, a divisão e a exterioridade; a complexidade de modo geral.
A Galileia ao contrário representa a simplicidade.
Jesus ao deixar a Judeia se dirigindo para a Galileia, ensina-nos nas entrelinhas a deixarmos as posições de complexidade em nossa vida aderindo à simplicidade.
A visita de Jesus à nossa Judeia interior transforma todas as nossas complexidades, todas as nossas negatividades em simplicidade operacional.
Era preciso passar pela Samaria
Este era o caminho mais curto entre a Judeia e a Galileia, todavia, não era comum para um judeu na época de Jesus viajar de Jerusalém para a Galileia passando pela Samaria. Devido às diferenças religiosas e sociais entre judeus e samaritanos já citadas, os judeus preferiam evitar a região da Samaria, optando por rotas alternativas que contornavam o território samaritano. Essas rotas alternativas geralmente envolviam cruzar o rio Jordão e seguir pela região da Pereia, mesmo que isso significasse uma viagem mais longa e mais difícil.
O evangelista, entretanto, afirma: ...era preciso passar pela Samaria.
Alguns analistas têm perguntado o porquê Jesus precisava passar por este caminho evitado pelos judeus, estaria ele com pressa de chegar à Galileia?
Cremos que não, Jesus nunca tem pressa, Ele sempre está no Tempo de Deus (Cf. Ressurreição de Lázaro, João, 11)
Jesus é Mestre dos mestres, tem Ele um modelo educacional perfeito para o Espírito atingir a Bem-Aventurança Eterna.
Assim, ele escolhia onde, quando e como realizar o ensinamento, tudo numa didática perfeita.
Ao sentir necessidade de passar por Samaria, o Mestre mostra a todos nós que para conquistarmos definitivamente em nós o Bem e as Virtudes é imprescindível para pela região dos conflitos; se ficarmos só na zona de conforto não evoluímos.
O apóstolo Tiago, que aprendeu com Jesus diz em sua Carta:
Todo dom precioso e toda dádiva perfeita vêm do alto e descem do Pai das luzes, no qual não há mudança nem sombra de variação.
Assim, compreendemos que todo bem, toda virtude vem de Deus (Unidade), mas para fixe em nós como conquista é preciso que trabalhemos as mesmas atuando nos contrários (dualidade).
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor. Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão. Onde houver Discórdia, que eu leve a União. Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé...[ii]
Entendemos que há pelo menos mais uma explicação para Jesus naquele momento ter visto como necessário para pela Samaria, mas isso deixaremos para os comentários dos próximos versículos.


[i] Para um melhor estudo sobre os fariseus confira o artigo "Midraxe e História" do professor Jacil Rodrigues de Brito disponível em https://revista.abib.org.br/EB/article/view/863
 
[ii] Oração atribuída a São Francisco de Assis

 
 
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[i] O Consoldor, questão 264, acessado pelo site: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/bibliotecavirtual/chicoxavier/oconsolador.pdf em 29/07/2024
[ii] Sefer Matitiyahu, O Livro de Mateus. Traduzido por Sha'ul Bentsion
[iii] Discípulo (Nota do Blog)
[iv] KARDEC, Allan. . 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. O Livro dos Espíritos na questão 536 letra b
[v] XAVIER, Francisco C./ Waldo Vieira/André Luiz (Espírito). Evolução em Dois Mundos, 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993. 1ª parte cap. 1
[vi] XAVIER, Francisco C./ Emmanuel (Espírito). A Caminho da Luz, 10ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Cap. 1
[vii] Cf. Entrevista Chico Xavier – 05/01/1954, acessado pelo Site: https://centroespiritaleocadio.org.br/entrevista-chico-xavier-05-01-1954/ em 30/07/2024
 
[viii] A Caminho da Luz, Cap 2
[ix] XAVIER, Francisco C./ Emmanuel (Espírito).  Paulo e Estevão, 41ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. 2ª parte, cap. 4
[x] Nosso saudoso amigo Honório Onofre Abreu sempre repetia este ensinamento baseado em O Livro dos Espíritos na questão 536 letra b
[xi] João, 10: 30
[xii] Gálatas, 2: 20

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quarta-feira, agosto 14, 2024

Seminário Honório Onofre de Abreu - A CAMINHO DA LUZ

#interna




Honório Onofre de Abreu - A CAMINHO DA LUZ
Seminário realizado na cidade de Itaúna-MGXV CONFREITA (Confraternização Espírita de Itaúna) - 24.02.2004




domingo, agosto 11, 2024

Prosperidade

#Pública




Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.[1]


Tem sido muito comum nos meios de divulgação evangélica, principalmente entre aqueles ligados a núcleos mais tradicionais do cristianismo, e mesmo entre outros de conotação espiritualista, a veiculação da ideia de que a vivência evangélica e a adesão à proposta de Jesus nos levam à prosperidade.
Com isto têm-se feito cultos e reuniões voltadas para este objetivo sendo ensinado que aquele que manifestar sua fé no Senhor e aderir à proposta da instituição divulgadora da mensagem, terá como prêmio o amplo sucesso em sua vida.
Terá base evangélica esta afirmativa? Será que podemos dizer que o Evangelho tem por objetivo a prosperidade de seu seguidor?
Para que possamos melhor dissertar sobre o assunto necessário se faz trabalharmos os conceitos adequados.
Prosperidade é segundo anotações do dicionarista estado do que é ou se torna próspero; grande produção de alimentos e bens de consumo; abundância, fartura, acúmulo de bens materiais; fortuna, riqueza.[2]
Próspero é por sua vez, aquele que tem êxito, que é bem-sucedido, afortunado, que acumulou riquezas, rico, abastado, ditoso, feliz, venturoso [3].
Seriam estas as qualidades do ser evangelizado? Seriam estes os fins da prática cristã?
Avaliemos. No sentido aqui colocado, Jesus o personagem central do Evangelho, foi próspero?
Seus discípulos da primeira hora, entre eles Pedro, João, Tiago, Paulo de Tarso, Estevão, entre outros, também foram acumuladores de riquezas?
E outros discípulos que também lhe foram fiéis em outros tempos, como Francisco de Assis, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Chico Xavier, foram estes também venturosos no que diz respeito às conquistas materiais?
Pensamos que não.
Mas e aí, seria o Evangelho contra a riqueza? Seria a mensagem de Jesus de caráter pessimista?
A questão não é essa, o Evangelho não é nem contra nem a favor da riqueza, pois a sua proposta é para o Espírito imortal, e não para o ser biológico que nasce, cresce e morre um dia. A mensagem do Evangelho é essencialmente otimista porque serve para que todos se redimam e tornem-se plenos em "Vida Abundante".
Para que compreendamos esta questão é preciso entender que Jesus dividiu o tempo em duas eras. Não estamos dizendo do calendário oficial que nos fala em antes e depois de Cristo, mas de algo muito mais profundo.
Antes do Cristo temos a era do homem biológico, o homem que tem por objetivos maiores suprir todas as suas necessidades materiais. Assim, nesta fase ele luta por dinheiro, por poder, por conforto, prima pela estética, pela satisfação pessoal, pela educação intelectual etc. A mensagem do Cristo não é para este que vive de acordo com estes interesses. Jesus veio estabelecer entre nós a Era do Espírito. O homem espiritual candidata-se ao Reino, sua luta é para deixar de ser um ser humano para tornar-se um ser eminentemente espiritual.
A partir daí o que tem valor são as virtudes morais, as conquistas que não podem ser tomadas ou roubadas por ninguém. Neste plano têm-se não é do que se junta, mas do que se dá. É feliz não o que busca a sua própria felicidade ou o seu interesse pessoal, mas aquele que se sacrifica pelo interesse do outro.
A partir destas colocações, podemos pensar em vivenciar o Evangelho buscando satisfação pessoal?
É preciso que se compreenda que aqui não há meio termo, o cristão fiel aos ensinamentos de Jesus é aquele que primeiro se preocupa com o outro, e não com si próprio.
Expressões como "amar a si mesmo", "autoestima", "autovalorização", entre outras da moderna psicologia, quando fomentadoras do egoísmo, são em verdade más interpretações das lições evangélicas, e pedra de tropeço para os cristãos desavisados.
Portanto é preciso avaliar que tipo de prosperidade buscamos, pois a verdadeira satisfação íntima da criatura está, na maioria das vezes, em proporção inversa às suas conquistas nos eventos do mundo.
Emmanuel com a sabedoria que lhe é peculiar, nos lembra:

Há muita gente acreditando, ainda, na Terra, que o Cristianismo seja uma panacéia como tantas para a salvação das almas. Para essa casta de crentes, a vida humana é um processo de gozar o possível no corpo de carne, reservando-se a luz da fé para as ocasiões de sofrimento irremediável. Há decadência na carne? Procura-se o aconchego dos templos. Veio a morte de pessoas amadas? Ouve-se uma ou outra pregação que auxilie a descida de lágrimas momentâneas. Há desastres? Dobram-se os joelhos, por alguns minutos, e aguarda-se a intervenção celeste. Usa-se a oração, em momentos excepcionais, à maneira de pomada miraculosa, somente aconselhável à pele, em ocasiões de ferimento grave. A maioria dos estudantes do Evangelho parecem esquecer que o Senhor se nos revelou como sendo o caminho... [4]

Sendo Jesus o Caminho, é preciso seguir pelo caminho traçado por Ele; e não foi Ele quem mais obedeceu entre nós? Não foi Ele quem mais serviu? Quem mais sacrificou-se?
Lembremos ainda Emmanuel na mesma lição:

Cristãos que não aproveitam o caminho do Senhor para alcançarem a legítima prosperidade espiritual são criaturas voluntariamente condenadas à estagnação.

Aqui o grande mentor espiritual nos fala em prosperidade espiritual, esta sim a verdadeira prosperidade, pois baseada em conquistas morais superiores, patrimônio este que não pode ser tomado daquele que conquistou.
Portanto, entendamos que a abundância, a fartura, a fortuna que o Evangelho nos leva a possuir é a das efetivas conquistas do Espírito.
Até aí não há controvérsias, pois todo o seguidor dos ensinamentos de Jesus diz que quer mesmo é a promoção espiritual, porém é preciso que estejamos atentos para vermos como isto se dá.
Em texto trazido a nós pela mediunidade de nosso querido Chico Xavier, o Espírito Irmão X [5] relata que Jesus sabe que há dois tipos de seguidores do seu Evangelho, um ele denomina de "seguidor de longe" e o outro de "discípulo de perto".
Segundo o Mestre, o aprendiz de longe pode ora crer, ora descrer, abordando a verdade e esquecendo-a periodicamente; enquanto o discípulo de perto empenha a própria vida permanecendo dia e noite na elevação dos testemunhos cristãos.
O de longe, continua o Sábio dos sábios, usa a liberdade para buscar honrarias e prazeres, misturando-os com as suas vagas esperanças do Reino de Deus, enquanto o de perto sofre as angústias do serviço sacrificial e incessante. O de longe encoleriza-se, o de perto compreende e ajuda.
O de longe alega, muitas vezes, dificuldades até mesmo para se concentrar numa oração, experimentando sono e fadiga, quando o de perto caminha sem cansaço, em constante vigília.
Entre outras diferenças o Excelso Pastor ainda diz:
O de longe anseia possuir, enquanto o de perto tem prazer em dar sem recompensa, o de longe só encontra alegria na prosperidade material enquanto o de perto descobre a divina lição do sofrimento.[i]
Assim é fácil compreender; há mesmo entre os profitentes da mais Bela Mensagem Espiritual de todas as eras, os que de longe anseiam somente pela satisfação imediata caracterizada pela prosperidade do mundo, e os de perto que pacientemente mostram ter compreendido que o Reino da Felicidade não é deste mundo, sabendo da necessidade do sacrificar-se em favor do outro, e assim atingir a verdadeira prosperidade, que segundo Emmanuel, é a do Espírito imortal.
Para aqueles que ainda discordem de nossas considerações sugerimos a leitura da página Assim Como, do Espírito Emmanuel, contida no capítulo 165 do Livro Vinha de Luz, trazidas a nós pelo mesmo médium Francisco Cândido Xavier.
No mais, muita prosperidade do Espírito para todos.

Referências Bibliográficas:
[1] Mateus, 6: 33
[2] Dicionário Houaiss
[3] Idem
[4] Vinha de Luz cap. 176, acessado pelo Site: http://bibliadocaminho.com/ocaminho/txavieriano/livros/Vl/Vl176.htm em 30/072024
[5] Livro Pontos e Contos cap. 10 acessado pelo Site: http://bibliadocaminho.com/ocaminho/txavieriano/livros/Pec/Pec10.htm
 
 
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