quinta-feira, junho 23, 2022

Haja Luz - 7º Dia - Descanso de Deus

#interna






Gênesis, 2:1-3

Assim os céus, a terra e todo o seu exército foram acabados. 2 E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. 3 E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera.


Neste ponto podemos fazer uma breve pausa para rememorarmos algumas questões.

O Universo se expressa em uma Lei de Unidade onde em tudo há grande sabedoria. O evolucionismo está presente em todos os passos como sendo o processo restaurador de toda criação. Nada é criado pronto, há uma constante mutação em que a obra é aperfeiçoada a todo instante.

Tudo está encadeado, do átomo ao anjo. Não há como se encaminhar através da evolução sozinho, há a necessidade do grupo.

A Lei foi feita de tal modo que é imprescindível sempre a colaboração. Tudo que recebemos de certo modo pesa, o que doamos alivia; a instrução recebida responsabiliza, metabolizar a instrução através da vivência tranquiliza, regenera, cura.

A evolução dos sentidos se dá do seguinte modo:

  1. Tato

  2. Olfato e paladar

  3. Visão e audição

Após o sexto dia vêm os sentidos que transcendem a matéria: sentimento, intuição, sensibilidade mediúnica, etc. Ao sétimo dia muda-se de estágio. O perispírito é formado como resultado do corpo mental. Com o homem surge o raciocínio lógico, o ato de pensar melhor se expressa e o perispírito com este desenvolvimento mental aperfeiçoa-se.

O falar expressa e fortalece o pensamento, o agir dá autoridade ao falar.

Assim, o agir no bem sublima o perispírito.


"(…) o ser viaja no rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com os fios da experiência a túnicada própria exteriorização, segundo o molde mental que traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as próprias aquisições (…)"1

(EDM, XAVIER F. C. / Waldo Vieira / André Luiz [Espírito], 1993), cap. 3, 1ª parte)


E viu Deus que era muito bom, é o ciclo que se completa.


Assim, os céus, e a terra, e todo o seu exército foram acabados. (Gênesis, 2: 1) (iniciar aqui) ****


Céus e terra expressando completude, conforme já comentado, no sentido de, planos de manifestação da vida, espiritual e físico.

No campo pessoal podemos ver também como nossas projeções mentais [céus] e o plano de concretude das realizações [terra] através das quais alcançamos pontos de maior segurança na evolução.

E todo seu exército; exército, em hebraico tsaba, é palavra que pode significar também estrelas, como pode dar a ideia de um exército de anjos, os Espíritos colaboradores de Deus ( Cf. Deuteronômio, 4: 19; Isaías, 40: 26.)

 No capítulo 32 de Gênesis, Jacó se depara com os "anjos de Deus", e diz: "este é o exército de Deus". ( Gênesis, 32, : 1 e 2 (em algumas versões, Gênesis, 32: 2 e 3)

Fazemos parte do exército de Deus cada um na sua área de atuação, cada um na posição que está na atualidade. Daí concluímos, como consequência moral que todos devemos fazer, onde estivermos, o melhor ao nosso alcance, pois somos sempre instrumentos do Senhor para a realização de Sua obra.

Em vários momentos para que esta obra se concretize temos que realmente empreender lutas e esforços que são verdadeiras guerras [íntimas] onde como participantes do "Exército do Pai" devemos dar testemunho de ajuste ao Seu Plano Operacional. Só realizando deste modo - naqueles que são os "seis dias" da criação, representando trabalho e realizações reeducativas - podemos completar o ciclo, conforme as palavras foram acabados, atingindo assim o descanso da consciência que fez o melhor que podia na hora devida.

Lembrando sempre que a obra de Deus nunca termina, pois sempre há serviço a realizar - meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também ( João, 5: 17) -, concluímos assim, que a expressão foram acabados refere-se ao fim de uma fase que nos projetará numa nova dimensão a outras oportunidades de crescimento através do serviço realizado confirmando a máxima kardequiana de que fora da caridade não há salvação  (ESE KARDEC 1991), cap. XV


E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. (Gênesis, 2: 2)

O sétimo dia é assim, consequência dos anteriores, e havendo Deus acabado…, descansou. Quando terminamos um serviço dentro do melhor que podemos o descanso é algo natural, podemos dizer inclusive, que faz parte da Lei do Trabalho.

Como dissemos a obra de Deus nunca termina, portanto, este acabado deve ser compreendido como aquele momento que fecha um ciclo. É importante sua colocação no texto a mostrar-nos que Deus, em seu aspecto "Lei" realiza sempre o melhor, dando perfeito acabamento a tudo que é feito. Assim, se algo nos acontece sem que tenha sido fruto de nossa intervenção direta, devemos analisar melhor as circunstâncias, pois são elas fruto da Vontade do Pai a nosso favor.

O Sétimo dia é, deste modo,dever cumprido, e quando este se cumpre iniciam-se os fundamentos do amor. O amor transcende a tudo, a toda experiência no campo material; agir no sétimo dia é também buscar as questões espirituais. Nos seis primeiros se trabalha fundamentado na lei, no dever, na imposição de fora para dentro, no sétimo temos o amor, a espontaneidade, a atitude de dentro para fora.

A aquisição da virtude é complementada, fixa-se o valor como conquista do Espírito. Fazer o Bem deixa de ser uma preocupação da criatura, pois o Ser tornou-se Bom, e quem assim é, faz o Bem de forma natural.

Destarte, este descanso no dia sétimo não significa ociosidade como podemos supor, mas trabalho estruturado numa conquista realizada. Não existe ociosidade na criação divina, não há a mínima chance de encontrarmos Deus ocioso em momento algum.

O descanso do Criador é como a "paz do Cristo". Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá… (João, 14: 27) Dizendo assim, Jesus mostra-nos que a idéia que fazemos das coisas no mundo em que vivemos é invertida; "o essencial é invisível aos olhos".

Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus…(i Coríntios, 3: 19)7

Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens…(i Coríntios, 1: 25)8;

Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente.(i Coríntios, 2: 14)9

Outra colocação importante é a do pronome sua antes de obra, a definir que o descanso é relativo à obra de cada um, não há transferência de responsabilidade na criação:

a cada um segundo as suas obras. (Mateus, 16: 27)


E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera. (Gênesis, 2: 3)

E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; a santificação do dia representa assim, esta conquista do Espírito conforme descrevemos nos comentários anteriores.

O "descanso de Deus" passa a ser entendido, desta maneira, como a oportunidade para o Espírito realizar. Importa aqui considerar que Deus Cria; Ele é assim, Fonte Irradiadora. O Espírito é quem realiza.

Portanto, esta santificação, que é a bênção de Deus, é o momento em que a obra criada está madura para o co-criar, assim santificando ao Pai. É o fim da tutela de Deus.

O Espírito se capacita a, em conexão com a Fonte, fazer luz.


resplandeça a vossa luz diante dos homens… (Mateus, 5: 16)


porque nele descansou de toda a sua obra que Deus criara e fizera. Pouco podemos comentar deste trecho por ser ele a repetição do que já fora dito.

Cabe aqui apenas confirmar a questão do descanso estar diretamente ligado à obra de cada um, pois as palavras são claras e preciosas, nele descansou, dizendo que o descanso se deu no dia sétimo, que também é trabalho. Entretanto um trabalho diferente, pois dirigido a atender não mais aos interesses pessoais, mas ao do semelhante de um modo geral.

Nosso querido Honório Abreu sempre nos lembrava: "O trabalho voltado para si cansa, o trabalho do Espírito não cansa". É este na realidade, o descanso da alma.


Repara Jesus e perceberás que o nosso problema não é de ganhar para fazer, mas de fazer para ganhar. (XAVIER, Francisco C. /Emmanuel (Espírito). Palavras de Vida Eterna, 34ª ed., Uberaba, Comunidade Espírita Cristã, 2007. Cap. 64)


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