Alguém dentre vós está doente? Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. (Tiago, 5: 14)
Para melhor compreendermos este versículo faz-se necessário conceituarmos algumas expressões dentro do contexto do judaísmo e do cristianismo do primeiro século.
Em nossos dicionários atuais presbítero é sinônimo de padre, de sacerdote, de supervisor de igreja. Isso pode não dar a ideia 1correta do sentido deste título no início da era cristã.
O sentido etimológico da palavra é ancião. Nas traduções mais antigas deste versículo, como a de Almeida de 1848, mais isenta de corrupções, vamos encontrar anciãos da igreja.
Era costume antigo em Israel, como também nas primeiras comunidades cristãs que as lideranças religiosas fossem exercidas por um corpo de anciãos. O conselho supremo judaico, o sinédrio, tinha em sua composição vários anciãos.
Paulo, em sua carta a Tito disserta sobre o perfil desejado para a liderança cristã:
Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes. Porque convém que o bispo seja irrepreensível, como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espancador, nem cobiçoso de torpe ganância; mas dado à hospitalidade, amigo do bem, moderado, justo, santo, temperante; retendo firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, como para convencer os contradizentes.[1] Em síntese, o título de presbítero não diz respeito a um cargo, mas a um estado de dignidade.
Outro significado importante é o de igreja. Vem do grego ekklesia, que literalmente quer dizer reunião de pessoas, assembleia. É interessante que esta palavra aparece cento e quinze vezes no Novo Testamento, mas apenas três nos evangelhos, e todas em Mateus. O que nos dá a entender que a ideia de uma comunidade religiosa só surgiu após o desencarne de Jesus.
Com isto não estamos querendo tirar a autoridade das igrejas, nem de grupamentos religiosos, eles são importantes e necessários, porém é preciso compreender ekklesia no Novo Testamento, como uma reunião ou uma comunidade que dedicava ao estudo das lições de Jesus sob o ponto de vista reeducativo.
Feitas estas ligeiras considerações, voltemos mais propriamente ao texto que ora estudamos.
Alguém dentre vós está doente? Interessante analisar neste versículo o foco dado pelo evangelista: alguém dentre vós está doente, ou seja, o foco é o doente e não a doença.
Dizemos assim, pois a medicina materialista que hoje é amplamente praticada mudou este objetivo e tem-se preocupado mais com a doença do que propriamente com o doente, o que tem dificultado a esta ciência divina um sucesso maior apesar de sua grande evolução. O doente troca de doença, mas não sara definitivamente.
Há, todavia, um grande avanço da medicina espiritualista na atualidade, vendo esta que além do corpo transitório o Ser é imortal, estando no espírito, na alma, ou na terminologia que for adequada a cada um, a gênese das enfermidades.
Jesus, o Divino Terapeuta, tinha por objetivo o tratamento do Espírito, por isto foi direto na causa:
O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.[2] Explicando mais a diante:
Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem…[3] Ou seja, o nosso alvo deve ser o que macula e adoece a alma, por isso a preocupação do seguidor do Mestre deve ser, como meta final, auxiliar no processo educacional da criatura.
E neste ponto convidamos as lideranças de nosso movimento espírita à reflexão sobre a importância de ampliar em nossos grupos de estudo o estudo constante do Evangelho.
O nosso lema continuará sempre: fora da caridade não há salvação, entendendo, portanto, que, se é o Espírito que deve ser salvo, mais caridade pratica aquele que educa o Ser imortal para sua definitiva realidade.
Mande chamar os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele; dissemos em páginas anteriores sobre a importância da oração no que diz respeito à resolução de nossas dificuldades. Aqui, mais uma vez, o Evangelista aprofunda a questão. Fala ele da atuação da prece no processo de terapêutico.
Hoje para nós isto não é mais novidade, existem pesquisas em universidades sobre a atuação da prece no tratamento das enfermidades, pesquisas estas que têm comprovado a assertiva evangélica.
Não é que a oração cure, mas ela ajuda amplamente no tratamento atuando em esferas ainda não compreensíveis para aquele que só enxerga o físico, e também na preparação do enfermo para que ele se ajuste adequadamente à proposta da vida corrigindo os erros que originaram a enfermidade.
Sobre os presbíteros já comentamos, aqui vale apenas dizer que toda oração é importante, mas que se quisermos atuar como verdadeiros auxiliares do Pai na redenção de Suas criaturas, faz-se importante trabalharmos em nós os valores da moral que nos capacitam a melhor servir, a adquirir aquele estado de dignidade que nos dá autoridade para intercedermos por nossos irmãos em sofrimento.
…ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A unção com óleo com o objetivo de cura era um costume judaico, ao azeite era atribuído valores medicinais, entretanto, mesmo no caso de situações em que as enfermidades exigiam recursos para além das propriedades medicinais do azeite ele também era utilizado.
À época o azeite era também combustível para geração de luz. As candeias eram abastecidas com óleo que queimando-se iluminava.
Podemos retirar daí valioso ensinamento. As doenças, de um modo geral, são, conforme sabemos, consequência de atitudes irrefletidas contrárias à Lei de Deus que tivemos em nossas vivências anteriores. Deste modo a cura só pode se dar através do ajustamento do Espírito a esta mesma Lei. Ajustamento este que se dá pela queima de nossas imperfeições no "batismo do fogo". Assim, ungir com óleo representa esta ação reeducativa do Espírito com fins de extirpar as infecções espirituais que originaram a enfermidade.
O óleo queima-se, do mesmo modo deve fazer o Espírito anulando a si mesmo, seu ego, o interesse pessoal. Só assim nos iluminamos, e como consequência seremos portadores de luz, de saúde integral.
Não esquecendo, entretanto, que todo este processo deve ser feito em nome do Senhor.
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