sexta-feira, julho 15, 2022

Evangelho de Paulo - A Lei de Cristo

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Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta, vós, os espirituais, corrigi esse tal com espírito de mansidão, cuidando de ti mesmo, para que também tu não sejas tentado. (gÁLATAS, 6: 1)

Temos Paulo no início deste novo capítulo se manifestando de forma mais calma e tranquila. Se anteriormente ele buscou advertir e até repreender, aqui ele aconselha ensinando como deve se comportar aquele que tem Jesus por Senhor e Mestre, e quer edificar o Filho do homem em si mesmo.

Muitas vezes temos dúvidas de como agir, desta forma, o apóstolo da gentilidade nos orienta:

Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta; encontra-se nesta onda mental de irmandade todo aquele que se faz filho de Deus. Aqui ele se refere carinhosamente à comunidade cristã; se ontem os da Galácia, hoje todos os que buscam a Deus, conscientes de que se faz necessário que esta busca se dê através de uma transformação íntima em bases de uma moral edificante fundamentada no Evangelho.

Caso alguém; isto é, seja quem for, mesmo que desafeto nosso no campo das ideias.

Seja apanhado em falta; ser apanhado em falta é ser de uma forma ou de outra, notado em um momento infeliz. Qual de nós não tem seus instantes de infelicidade ou de queda diante dos princípios que já esposamos? E se nós que temos tanto conhecimento ainda erramos, o que não deverá se dar com aqueles que ainda não possuem os mesmos recursos?

Quando somos apanhados em falta, que é quando nos distanciamos de Deus e de Sua Sintonia Superior, é quando mais nos achamos tristes, carentes, e por isso mesmo necessitados de compreensão e apoio para nos reerguermos, não foi por outro motivo que o Cristo orientou:

Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes.1

Se assim queremos que os outros ajam para conosco, que eles reconheçam nossas necessidades de Espíritos imperfeitos, pois quem não é o doente senão aquele se opõe ao Pai Supremo? Por que também assim não agimos com nossos semelhantes quando estes se encontram nestas situações difíceis?

Temos muitas vezes em nosso movimento espírita o costume de estigmatizar de obsediado todo aquele que divirja de nosso modo de pensar. Pode até mesmo ser que o irmão esteja sobre a influência de Espíritos infelizes e por isso necessitados de amor, porém, a terapêutica do Cristo jamais é a de inferiorizar o outro, muito pelo contrário é a de elevá-lo para Deus. Quando diante de um Espírito que sabia estar em complicação, Ele não acusou, antes perguntou o seu nome, dando a oportunidade para que este se colocasse, sendo assim valorizado, pois muito importante é ter um nome, é ser reconhecido.2 Mostrando-nos desta feita, que não é só atender ao que necessita, mas promovê-lo.

Paulo nos chama à responsabilidade: vós, os espirituais… É preciso conscientizarmos que a nossa condição já não é mais a mesma de antes de conhecermos a Doutrina e o Evangelho. Queremos divulgar o Bem como adultos espirituais, mas insistimos em nos permitir agir como crianças mimadas no campo da alma.

Não, não nos subestimemo-nos, nós já podemos e devemos dar mais. Esta carta era para os gálatas de ontem, hoje ela é para todos nós, e Paulo confirma, somos espirituais, e por isso mais responsáveis por tudo o que fazemos, por tudo que emitimos.

Corrigi esse tal com espírito de mansidão; isto é, corrigi este irmão com espírito de mansidão.

O que é ter espírito de mansidão? Paulo anteriormente já escrevera aos tessalonicenses:

Não o considereis, todavia, como um inimigo, mas procurai corrigi-lo como irmão.3

Jesus também já havia orientado:

Se teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós.4

Ou seja, sem alarde, não humilhando-o; nosso dever como cristão é o de elevar o irmão, e não de infelicitá-lo por um simples desvio de conduta.

O manso não gera conflitos, não polemiza, ao contrário trabalha pela harmonização, pois vê em todos, filhos de Deus iguais a ele mesmo, transitando do erro para o acerto, da treva para a luz, do homem para o Cristo.

Cuidando de ti mesmo; isto é, buscando interiorizar a lição, conhecer a si mesmo. Pois quando fazemos uma avaliação sincera de nós mesmos, buscando ver como nos comportaríamos se fôssemos nós o infeliz que erra, reconhecemos nossas imperfeições e assim nos fortalecemos evitando cometer o mesmo erro, pois não é preciso faltar com a verdade para aprendermos, podemos isto fazer a partir da lição deixada pelo erro do outro. A tentação só se dá pela nossa concupiscência, deste modo, fortalecendo-nos moralmente através de um comportamento fraterno criamos em nós um campo onde a tentação não penetra.

Só há progresso efetivo e evolução se dinamizarmos o que já conhecemos, deste modo, estejamos alertas, nós, os espirituais, já conhecemos muito, e se quisermos adquirir o equilíbrio e a felicidade é preciso agir em coerência com o que já conhecemos.

Este é, em outras palavras, o alerta e o conselho do autor da Carta aos Gálatas, e o princípio daquilo que denominamos Religião Espírita.

Suportai o fardo um do outro; assim cumprireis a Lei de Cristo. (gÁLATAS, 6: 2)

O fardo é a carga que cada um tem que suportar no encaminhamento de sua vida. São as dores e dificuldades inerentes ao processo evolucional e mais aquelas que criamos pelo comportamento indevido ou em desajuste com a Lei Maior.

Cada um tem o seu fardo, ou como já dizia uma velha amiga, "cada um no seu cantinho sofre o seu tantinho".

A vida comum, principalmente dentro do quadro da modernidade materialista, nos leva ao isolacionismo, é cada um para si.

Essa, porém, não é a orientação dos Sábios espirituais. Suportai o fardo uns dos outros convoca o apóstolo, é que por sabedoria ele sabia que a nossa segurança está não só no compartilhar, mas no ajudar o outro em suas necessidades. É da Lei que o mal ou o Bem fique com quem faz, desta forma, quando algo fazemos por alguém é a nós mesmos que fazemos.

Falamos na análise do versículo anterior sobre a base da religião espírita. Dissemos daquele modo, porque normalmente escrevemos para os espíritas, são estes que nos leem. Porém, numa forma mais ampla podemos dizer que a fraternidade é a base da religião cristã, pois esta é a síntese do ensinamento do Cristo.

Aliás, o próprio Paulo numa comunicação espiritual contida na Codificação Kardequiana nos afirma:

verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam.5

Paulo informa-nos aqui que vivenciando a fraternidade, suportando o fardo um do outro nós assim cumpriremos a Lei de Cristo.

E neste ponto podemos perguntar, mas o que é a Lei de Cristo?

Se pudéssemos sintetizar todo o Evangelho, que é um mar inesgotável de bênçãos, em uma só palavra, com segurança diríamos que esta palavra é Amor.

Portanto, a Lei de Cristo é a Lei de Amor.

Se quisermos nos qualificar de cristãos temos então de amar acima de todas as coisas, caso contrário seremos cristãos sem o Cristo.

Amar por sua vez é exteriorizar, é atuar em favor do outro.

É, deste modo, muito simples ser cristão, basta esquecer de si mesmo e tudo fazer pelo outro. Esta é a senha para sermos reconhecidos como cristãos, aliás, o próprio Jesus  disse que os Seus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem.

Por isso queridos amigos, esta é a base da religião espírita e da religião cristã: imitar a Jesus, fazer o que Ele fez.

Não é à toa que os Espíritos nos disseram ser Ele o Guia e o Modelo que tinha a Humanidade para a sua ascensão a Deus. E o que devemos fazer com um guia, e com um modelo, senão imitá-lo?

Portanto, quando tivermos em dúvida do que fazermos, ou de como nos comportar, ou ainda, de como nos mantermos na Lei de Cristo, façamos simplesmente uma questão:

" - Como Jesus se comportaria diante desta situação?"

A resposta não será difícil de ser dada, no entanto o mesmo não podemos dizer de comportarmos do mesmo modo.

Como dizia uma inscrição que vimos em uma camiseta de um de nossos amigos evangélicos, "é fácil andar com Jesus no peito, o difícil é ter peito para andar com Jesus."


Texto Retirado do Livro O Evangelho de Paulo


Disponível em :


 
  




1 Mateus, 9: 12

2 Cf. Marcos, 5: 9

3 2Tessalonicenses, 3: 15

4 Mateus, 18: 15

5 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV item, 10


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