segunda-feira, janeiro 06, 2025

O Homem à Imagem de Deus - Gênesis, 1: 24 a 26

#Pública





E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi. E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom. (Gênesis, 1: 24 e 25)
Temos que ter em conta que quando o texto diz produza a terra alma vivente refere-se aos princípios inteligentes em evolução em condições de naquele momento se vincular à experiência física naquela condição, seja no reino animal ou no reino vegetal [erva verde], já existiam no mundo espiritual.
Como? Podemos perguntar. A Doutrina Espírita nos mostra que a evolução não é feita em um orbe apenas, e muitos outros mundos já existiam antecedendo a Terra onde estes PI (princípios inteligentes) na sua caminhada natural chegaram à condição de estarem nesta faixa já necessitando da experiência que vieram ter aqui na Terra. Tudo isto é feito, conforme já comentamos, com a supervisão dos Técnicos Espirituais, que são os Espíritos já em condições de ajudar a Deus e ao Seu Cristo no encaminhamento da evolução planetária.
Assim podemos entender esta produção de almas viventes como sendo o aparecimento do ser vivo no orbe na condição dos primeiros animais, o que se deu a partir do verso vinte, e aqui neste que ora analisamos como sendo a multiplicação das espécies.
Tudo isto se deu em milhões de anos. Nestes movimentos iniciais do Gênesis de um versículo para o outro passam-se milhares de séculos.
Assim temos:
Gado – animais domésticos
Répteis – podem ser os dinossauros, os grandes monstros, grandes répteis que também por sua configuração muitos deles se assemelhavam a aves.
Feras – algumas traduções falam em bestas-feras, seriam os animais selvagens.
Estava sendo preparado o terreno para o aparecimento natural do homem, o que se daria a partir de mais alguns milhões de anos.
Os proscênios terrenos assistem a lutas titânicas entre os seres dotados de mirabolantes mecanismos de ataque e destruição. Época de transição, em que verdadeiros ensaios biológicos produzem monstruosidades como a se preparar para a delicadeza de uma nova vida, a dos mamíferos, que deveria se estabelecer na Terra. Foi preciso que as forças divinas convocassem um extraordinário feito para encerrar a escomunal "era dos grandes répteis": um bólido de proporções consideráveis caiu no golfo do México, há 60 milhões de anos, nos alvores do "6º dia", pondo fim a aventura dos monstruosos seres. Por pouco a vida não sucumbe em nosso orbe, que se viu envolvido por convulsões telúricas e densas trevas, mas o fato era indispensável para se permitir o desenvolvimento dos mamíferos que já existiam e com dificuldades sobreviviam no hostil ambiente daquelas revolutas eras. Segundo pesquisas recentes, estima-se que este tenha sido o fato que se responsabilizou pela extinção em massa dos dinossauros, pondo fim ao seu extenso domínio no planeta.1
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. (Gênesis, 1: 26)
Façamos o homem…; através do encaminhamento da evolução o homem já vem sendo preparado em todos os movimentos.
É chegado o momento culminante em que a consciência adormecida se acha em condições de ser desperta na faixa hominal.
O Princípio Inteligente que culmina no Espírito começa a se preparar para gerenciar seus próprios sentimentos.
A expressão façamos o homem tem desafiado os religiosos de todas as épocas, pois se Deus é único, por que aqui o uso do verbo no plural?
Os padres da igreja viram nesta expressão a insinuação da Trindade; os conhecimentos revelados pelos Espíritos, que formam a doutrina espírita, nos apontam para outra interpretação.
Dizem os Espíritos que Deus não atua diretamente sobre a matéria, que para tal Ele tem agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.2
Deduzimos daí que Deus Cria, mas quem faz são os Espíritos, são eles que operam em nome do Criador. Já comentamos sobre isto quando analisamos a palavra Elohims que é um dos nomes de Deus nas Escrituras e que é plural.3
Assim, aqui, o verbo façamos refere-se aos Espíritos colaboradores de Deus que o auxiliam em seu processo de Criação. André Luiz denominou estes Espíritos de Co-Criadores em plano maior.4
O próprio livro Gênesis nos autoriza esta interpretação quando em seu terceiro capítulo encontramos os seguintes registros:
Então disse o SENHOR Deus: Eis que o homem é como um de nós, sabendo o bem e o mal5 (Grifo meu)
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; neste ponto, com a ajuda da doutrina espírita, podemos compreender melhor este verso.
O homem não podia ser criado à semelhança de Deus. Semelhante significa que é da mesma espécie, da mesma qualidade, natureza ou forma.6 O homem foi feito à semelhança dos Espíritos superiores, eram da mesma natureza e origem destes, que também eram Criação Divina.
Quanto a imagem, o homem pode ser considerado tanto uma imagem de Deus como dos Espíritos Co-Criadores.
Imagem significa um reflexo, uma reprodução invertida de um ser ou objeto7. Uma imagem está sempre em uma dimensão menor. Uma sombra de um objeto é a imagem do objeto, e não o objeto em si.
Há um texto de um místico muçulmano do século XIII que comentando a criação do homem diz assim:
"Tudo é reflexo de Deus, e a réplica se assemelha à pessoa: se os cinco dedos se abrem, a sombra se abre também, se o homem se inclina, também a sombra se inclina (…) Nem todos os atributos de Allah se manifestam nesta sombra, mas apenas parcialmente."8
Desta forma podemos compreender que este versículo diz que o homem foi feito à imagem e semelhança dos Espíritos superiores.
e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. Deus vem expressando Sua Soberana Vontade em todos os dias da criação; entretanto, neste passo ele fala de seu desejo para o homem mais especificamente.
Que ele exerça domínio sobre o reino animal foi bem compreendido, pois a ele foi dado além dos cinco sentidos, inteligência, razão, a até mesmo a possibilidade mediúnica.
Portanto, podemos ver aqui um pouco mais e aprofundar nosso entendimento em relação à Vontade do Criador.
Se passamos por estas experiências evolutivas, se construímos nosso psiquismo estagiando em todos os reinos da criação, é natural que ainda tenhamos em nossa intimidade o instinto destas feras e que se não nos fizermos vigilantes aja uma eclosão destes sentimentos em nossas manifestações do dia a dia.
Analisando desta forma podemos entender que o Criador sugeria neste instante que o homem, de posse dos recursos já conquistados, e por nós enumerados, trabalhasse por dominar seus instintos pregressos, e que se foram úteis por um tempo, agora diante da possibilidade de um sentimento mais nobre, que o ligaria a seu objetivo final de espiritualidade, não teria mais fim.
Kardec com sua compreensão superior e seu magistral poder de síntese conclui assim ser objetivo da encarnação do Espírito a sua evolução, e na mesma noúre do redator bíblico afirma:
Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.9
Notas:
1 FREIRE, Gilson T.. Arquitetura Cósmica:dos mitos da criação à visão unitária do universo. Belo Horizonte: Inede, 2006.
2 (KARDEC 1980), Q. 536 b)
3 Sugerimos aos leitores voltarem ao nosso comentário de Gênesis, 1: 1 no início deste livro.
4 Cf. (XAVIER / André Luiz [Espírito], 1993), cap. 1
5 Gênesis, 3: 22
6 HOUAISS, Antônio. Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa, versão 1.0, ed. Objetiva, 2001
7 Idem, ibidem.
8 Extraído de (CHOURAQUI 1995), pg. 48
9 KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104ª ed., Rio de Janeiro, FEB, 1991. Cap. XVII Item 4



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Estudo do Livro Gênesis tendo por base os ensinamentos da Codificação Espírita e a Obra de Francisco Cândido Xavier
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