Os versículos seguintes (7 e 8) referem-se às atitudes da sociedade em geral por não compreenderem os gênios, os profetas, os médiuns, ou nós mesmos quando não mais nos iludimos com as coisas transitórias. Eles zombam; para aquele que se transforma é uma zombaria “gostosa”, um elogio.
Confiou no Senhor; que ele o livre, dizem; nós sabemos, livra mesmo. Livrou Jesus conforme narra o evangelista (Mateus, 27: 43), atribuindo este verso à sua paixão; livrará qualquer um de nós que a Ele formos fiéis.
Deus está e sempre esteve na direção de nossa vida (vers. 10 e 11) isto é consolador e maravilhoso.
Para o salmista que não leva em conta, aqui, a preexistência da alma, como alguns profetas levaram (Cf. Jeremias 1: 5a; Ml, 1: 2 e 3 à luz de Rm, 9: 11 a 14), a vida inicia no ventre materno. Para nós que temos a ciência da preexistência o motivo de confiança no Criador é ainda maior.
Cristo, como modelo, entregou-se à vontade soberana do Pai, nós, do mesmo modo temos que fazer. Pois Ele, o Pai, é nosso Deus desde sempre.
A crise psíquica diante do testemunho se agrava, e o salmista roga com maior urgência: não fiques longe de mim... (V.12), como se dissesse:
- “Senhor eu preciso de ti, agora é que eu preciso mais, não me abandone..., eu não posso mais contar com mais ninguém.”
Nestes momentos a perseguição que sofremos é grande, inimigos de fora e de dentro nos pressionam, usam a boca com palavras agressivas, mentirosas (Vers. 14) sempre buscando nos intimidar. Além das próprias viciações temos adversários não gratuitos, a quem prejudicamos no tempo, e se não evangelizados, aproveitam a ocasião de fraqueza para exercerem suas vinganças.
Nos próximos versículos (a partir do 15) segue a descrição da luta íntima do orante que aumenta. Os evangelistas se apropriaram de várias destas expressões para nos falar da dor Messias no momento da crucificação. Podemos ver, no entanto, a partir destes versos uma transformação do suplicante em seu processo redentor, através de algumas figuras narradas pelo poeta.
Como água (V15) condição humana sugerindo reencarnação como necessidade expiatória, é preciso crucificar o “homem velho”.
Ossos que desconjuntam como corpos físicos que se formam e morrem nos ciclos palingenésicos.
Coração se derretendo como cera significando o quebrantamento do Espírito e sua transformação moral.
Tu me colocas na poeira da morte; este processo de redenção, morte do velho para que nasça o novo é verdadeiramente dolorido, a metáfora nos fala da Lei atuando em nós promovendo evolução.
Salva minha vida da espada (V 21) diz o Espírito levado à saturação do mal pela dor; é como dissesse, “não quero mais sofrer”. Sou um ser único, salva-me da violência (pata do cão). Não quero retroalimentar a selvageria (goela do leão); salva minha vida do poder transviado e transitório (chifres de búfalo).
A partir do vigésimo segundo versículo inicia um novo movimento do Salmo. Um louvor e ação de graças pela libertação.
Nos primeiros versos (23 a 26)[1] temos uma ação voltada para a própria comunidade.
Vou anunciar teu nome aos meus irmãos, louvar-te no meio da assembleia (V 23); anunciar o nome é revelar através de atitudes renovadas o bem que o Senhor nos fez e faz. É exteriorizar o novo nascimento. No início assim fazemos entre aqueles que nos são próximos, no passo seguinte com os irmãos de comunidade.
Os pobres (V. 25) representam os carentes de um modo geral, não só de bens materiais. Todos poderão se alimentar da caridade em seu verdadeiro significado:
Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas[2]
Quando isto se dá podemos dizer que é estabelecido o “Reinado de Deus”: ele governa todas as nações (V. 29)
Os últimos versículos ampliam ainda mais:
Os poderosos da terra se prostrarão; significando poder do mundo material; perante ele se curvarão todos os que descem ao pó, poder do mundo espiritual.
Toda a autoridade sobre o céu e sobre a terra me foi entregue[3]
Sua descendência (V. 31) (alguns traduzem “minha descendência”, outros “uma semente”) o servirá... (V. 31); representando os crentes atuais, aqueles que servem ao Senhor, estes o anunciarão.
No último verso o salmista profetiza com certeza: o povo que vai nascer também será beneficiado, os futuros homens de fé que ainda vão aderir. Ele (o Senhor) realizou a justiça, ou seja, já justificou, já salvou, já redimiu a todos, pois esta é uma certeza da Lei de Evolução, a perfeição de todos, o Reino de Deus em cada um.
Se para nós é futuro, para Deus já é realizado:
Para Deus, o passado e o futuro são o presente (Allan Kardec em A Gênese)
[1] A numeração dos versículos varia de acordo com a versão da Bíblia
[2] O Livro dos Espíritos, questão 886
[3] Mateus, 28: 18
Salmo 18 - Breves Considerações
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