#Pública
Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele.
(i tESSALONICENSES, 4: 14)
Puro raciocínio lógico expresso pelo converso de Damasco. Se Jesus morreu e ressuscitou, isto é, morreu e não se extinguiu, o mesmo se dará a todos nós que somos seus irmãos e filhos do mesmo Pai, segundo seus próprios ensinamentos.
Sendo Deus a expressão máxima de Justiça, não pode haver privilégio na criação; deste modo, se há um simples ser que continue a viver após o trespasse físico, o mesmo se dará com todos os outros, simples questão de bom senso.
Quanto ao destino dos seres neste continuum da vida, podemos tomar um outro ensinamento de Jesus para justificar a teoria contrária à extinção da vida e a das penas eternas. Qual dentre vós é o homem, disse Ele em Seu Imortal Sermão, que pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? E pedindo-lhe peixe, lhe dará uma serpente? Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?1
Portanto, diante deste sensacional ensinamento, como justificar a teoria das penas eternas, ou da infelicidade futura das almas, ou da extinção da consciência depois da morte?
Mesmo que de forma inconsciente, o maior entre todos os pedidos que faz o ser humano a Deus, mesmo os materialistas, é o de que não seja extinta a vida, portanto, porque Deus não atenderia este pedido comum, tão insistentemente feito por toda Humanidade? Negar esta possibilidade é negar a própria existência do Criador, ou o seu atributo essencial que é a Misericórdia.
Com esta certeza da vida plena, Paulo ensinava aos seus discípulos, todos os que em Jesus dormem, ou seja, os que mesmo desencarnados têm Jesus por Senhor, Deus os tornará a trazer com ele, seja pelas vias da reencarnação seja pela própria presença do Senhor com eles como desencarnados trabalhadores no plano em que se encontram. O mesmo se dará com aqueles que dormem sem a presença de Jesus em suas vidas. Deus através de Sua Lei os fará também retornar, só que do modo como se encontram, isto é, sem o Cristo a orientá-los; serão estes guiados pela Lei, no plano da inconsciência, que os fará sofrer no fluxo e refluxo da existência até que adquiram o conhecimento da verdade que os libertará conforme ensinamento do Cristo quando esteve fisicamente entre nós.
Se alguém tem ouvidos para ouvir, que ouça.2
Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. (I TESSALONICENSES, 4: 15)
Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor; a autoridade de Paulo estava em que ele ensinava de conformidade com o que lhe era revelado por Jesus. Esta revelação podia vir através dos manuscritos de Levi, a que os primeiros cristãos tiveram acesso, pelo testemunho daqueles que com o Mestre estiveram pessoalmente, ou pela via da mediunidade, já que esta era uma prática comum entre os primeiros discípulos do Senhor. As próprias epístolas eram, como já dissemos, inspiradas por Jesus através de Estevão.
Esta mesma autoridade se ampliava na medida em que Paulo não só recebia e transmitia os ensinamentos pela palavra, mas principalmente pelo exemplo de sua conduta sempre coerente com o Evangelho.
Este texto serve assim de reflexão para todos nós os que hoje nos predispomos a divulgar a mensagem pura do Manso Galileu; temos sido fiéis ao Evangelho? Temos interpretado as lições despidos do interesse pessoal? Como tem sido a nossa conduta diante daqueles a quem mais temos que testemunhar nossa adesão às propostas renovadoras do Cristo?
A vinda do Senhor como já dissemos não será material, mas espiritual; e isso dizemos baseado nas palavras do próprio Paulo, que por sua vez se inspirava em Jesus. Após um texto genial e esclarecedor que deve ser lido por todos e que está contido no capítulo 15 da primeira epístola aos Coríntios, conclui o apóstolo:
O mesmo se dará com a ressurreição dos mortos [que segundo ele se dará na vinda do Senhor], semeado corpo corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita reluzente de glória; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado corpo psíquico, ressuscita espiritual.3
E continua:
Digo-vos irmão: a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus…4
Em João temos o próprio Jesus ensinando:
Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.5
Portanto, e não estamos inventando, pois usamos as próprias palavras contidas no Novo Testamento, a ressurreição definitiva, que é a máxima realização da criatura que retornará ao Criador, se dará espiritualmente, e esta será, para cada um, no seu momento próprio, o Dia do Senhor, ou dentro da terminologia da época, a "parusia do Cristo".
Neste momento não haverá privilégios, não será o fato de estar desencarnado (os que dormem) ou encarnado (os que ficarem vivos) que indicará quem receberá primeiro a Glória do Senhor, até porque, primeiro e depois são expressões relativas, que dizem respeito à cronologia deste mundo, no Reino do Pai, já foram superadas as dimensões tempo e espaço.
Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro… I TESSALONICENSES, 4:16)
Como dissemos nos comentários relativos ao versículo anterior, as expressões primeiro, depois, primeiro dia, dia segundo, entre outras contidas nos textos bíblicos, têm sentido relativo e devem ser interpretadas em espírito, dentro da lógica, do bom senso, e da razão.
É preciso saber que Paulo como os demais evangelistas estavam realizando um trabalho de educar almas que não tinham a mínima noção de espiritualidade. Ou eram religiosos ortodoxos mais ligados ao plano exterior, ou pagãos ainda no início de suas projeções espirituais.
Portanto Paulo tinha que adequar a mensagem do Evangelho de tal forma que todos compreendessem. Afinal, seu objetivo era universalizar a mensagem do Cristo tirando-a das paredes do templo e dos dogmas que tanto a descaracterizava.
Como já analisamos, Paulo tinha por meta que seus leitores compreendessem, que com relação ao novo advento do Senhor, não era o fato de estar ou não encarnado que daria ao homem maior ou menor facilidade diante deste evento, mas sim a postura íntima em relação às verdades trazidas por Jesus e sua fiel adesão a estas.
Quanto à manifestação do Senhor neste dia de redenção, era característica da literatura da época a utilização de símbolos como nuvens, trombetas, vozes etc.; tanto textos mais antigos como os livros Êxodo, Deuteronômio, entre outros, quanto alguns do Novo Testamento, usam e abusam destas simbologias que sempre reforçam a manifestação espiritual das entidades celestes (os Espíritos) nestes momentos de glória.
O mais importante neste verso é a colocação do redator da carta com relação aos que morrerem em Cristo, significando a desativação em nós das necessidades e desejos ligados às questões materiais. Pois morrer em Cristo é justamente a desvinculação do mundo através do viver nele sem ser dele, ou seja, sem paixão e apego. Jesus com muita propriedade disse ter vencido o mundo, e não no mundo como é desejo dominante na maioria da Humanidade, e em outra oportunidade nos alertou que o Seu Reino não era deste mundo, se referindo ao imperativo de nos espiritualizarmos para atingirmos a meta da felicidade.
…depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras. (I TESSALONICENSES, 4:17 e 18)
Estes versículos que encerram o capítulo quarto desta carta não sugerem muitos outros comentários, pelo menos a nós diante do que já expusemos anteriormente, sem cairmos em repetições que julgamos desnecessárias neste momento.
Importa-nos, portanto, analisar algumas expressões.
…a encontrar o Senhor nos ares; expressando justamente que este encontro se dará fora do plano comum da matéria, ou seja, será um encontro espiritual. Neste ponto repetimos, pois a terminologia usada vem reforçar nossa conclusão pelo caráter espiritual do advento.
…e assim estaremos sempre com o Senhor; nos mostrando que depois da morte gerada pela ilusão do que é transitório retornaremos ao plano original e estaremos com o Senhor para sempre. Deste modo, tudo o que passamos anteriormente como sacrifício para atingirmos este desiderato, mesmo que seja num período de milênios, fica minimizado, pois a felicidade será eterna, isto é, para sempre, numa dimensão em que o tempo jamais passará pois a conquista existirá na intimidade de todos os que tiverem vencido o último inimigo; a morte.6
…consolai-vos uns aos outros com estas palavras; é mais uma vez a preocupação de um Espírito superior com a tranquilidade e a paz de todas as criaturas; preocupação de que as suas palavras possam gerar somente o bem e a alegria.
Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.7
1 Mateus, 7: 9 a 11
2 Marcos, 4:23
3 1 Coríntios, 15: 42 a 44
4 Ibidem, 50
5 João, 14: 23
6 Cf. 1 Coríntios, 15: 26
7 Mateus, 5:9
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