Como Maria encarava sua missão?
Seria a mãe de Jesus
totalmente consciente de seu papel diante da vida?
Não há como saber ao
certo esta resposta, tudo o que dissermos a respeito não passará de
opinião e dedução pessoal a partir de alguns textos.
Maria era um Espírito
de grande evolução, voltamos a dizer, e sabemos pela orientação
da Codificação Espírita, que quanto mais o Espírito é evoluído
mais tem consciência de sua tarefa. Assim, deduzimos que a
consciência de Maria a respeito de sua missão era acima da média,
porém não total. Todo Espírito ao encarnar perde parte de sua
lucidez, de acordo com o estágio em que se encontra.
Apesar de Maria ser um
Espírito com uma tarefa especial, e como dissemos, de alta
hierarquia, esta perda se deu com ela também.
Depreendemos, assim,
que ela tinha uma grande intuição, tanto de seu papel, quanto do de
Jesus, e o texto do Evangelho nos mostra que ela foi informada a
respeito, porém, não na totalidade dos acontecimentos.
Humberto de Campos, na
obra citada, e no mesmo diálogo de Maria com Isabel, relata a fala
da mãe de Jesus:
(…) constantemente, ando a
cismar, em relação ao seu destino.
Apesar de todos os valores da
crença murmurou Isabel, convicta —, nós, as mães, temos sempre o
espírito abalado por injustificáveis receios.
Se Maria fosse
plenamente consciente não teria esta cisma nem seria abalada por
estes receios.
Mostra-nos ainda o
mesmo autor espiritual em outra página, que a mãe de nosso Senhor
ao saber de sua prisão, confiou em Deus, todavia, empreendeu
esforços e orou ao Pai na esperança de que o pior não acontecesse
e Jesus fosse solto. Quando seu filho foi entregue a Herodes, chegou
a pensar:
Naturalmente, Deus
modificaria os acontecimentos, tocando a alma de Ântipas.1
E mesmo quando já
parecia consumado o assassinato, ao vê-lo vergado ao peso da
cruz, lembra-se de Abraão quando este conduzira o filho ao
sacrifício, e da ação de Deus salvando-o, e pensa:
Certamente o Deus compassivo
escutava-lhe as súplicas e reservava-lhe [a Jesus] júbilo igual.2
Só depois, ao ver o
filho morto, foi que recordou a visita do anjo no momento da
anunciação. Devem ter passado em sua mente, com a rapidez de um
relâmpago, todas as cenas de sua existência; rememorando percebeu o
quanto sua vida e a do filho estavam ligadas numa missão maior em
nome de Deus, ela sofria, mas os desígnios do Alto se cumpriram, a
treva havia sido iludida, vencera a luz, suas preces foram ouvidas,
não segundo seus anseios de mãe e sim de acordo com os planos
divinos3.
E em sua mente lembrou também de suas próprias palavras
anteriormente ditas: Eis aqui a serva do Senhor4
1
Lázaro Redivivo, cap. 2
2
Idem, ibidem.
3
id., ib.
4
Lucas, 1: 38
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