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Um novo mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amo, amai-vos também uns aos outros.
Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros. (João, 13: 34 e 35)
Um novo mandamento vos dou: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amo, amai-vos também uns aos outros.
Um novo mandamento… – Jesus é o Sábio maior entre todos os sábios. Sua palavra é a verdade por já ter atingido um grau perfeito de comunhão com o Pai. Ele nunca esteve ocioso, e didaticamente escolhia palavras e situações claras de modo a atender àqueles interessados em apreender-Lhe as lições. Deste modo, nunca disse nada por dizer, tudo o que falava tinha função dentro de Sua pedagogia perfeita.
Assim, se Ele se expressou desta forma, um novo mandamento vos dou, é porque o que Ele queria falar era algo novo, ou seja, ainda não havia dito desta forma.
Mandamento porque era uma lei, isto é, tinha de ser cumprida. É que Jesus não era um ser incriado nem foi criado com privilégios; para atingir o patamar em que se encontra, fez sua evolução passando pelos caminhos naturais que todo espírito tem de passar. Assim, por já ter percorrido o caminho, sabe qual o melhor meio de atravessá-lo sem dores, e por ter conquistado já o sentimento de compaixão quer que todos sigam do mesmo modo, desta forma usou uma expressão imperativa – mandamento – porque sabe que esta – a do amor – é a única via certa para encontrarmos o objetivo que nos aguarda, que é o da saúde e da felicidade integral, por serem estas conquistas íntimas do espírito.
…vos dou… – Jesus não declarou este mandamento a qualquer um ou em qualquer lugar, mas aos discípulos e num momento de maior intimidade. É importante notar que Judas Iscariotes, o que o iria entregar, já havia saído, ou seja, Jesus guardou este mandamento para o momento em que estaria entre os que, naquele momento, mais estavam em sintonia com Ele. Falando desta forma, não só conseguiria um melhor entendimento, como também não comprometeria aquele que, mesmo amado, não pôde, naquele momento, aproveitar a oportunidade de desvinculação das questões transitórias da vida.
…Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amo… – É importante compreender a sutileza deste versículo. Segundo lemos nos sinóticos[1], Ele já havia dito ser o amor ao próximo importantíssimo para a evolução do Espírito. Então, qual a diferença? Por que aqui diz Ele ser novo este mandamento? É preciso analisar e distinguir.
Nos textos citados, Jesus fala a um dos fariseus sobre amar o próximo como a si mesmo. Faz-se necessário ver com quem Ele falava, isto é, naquele momento ele falava com um dos doutores da lei, que era alguém esclarecido, porém ainda não iniciado nas questões do Evangelho. Assim, ele ensina a amar, mas nas possibilidades de quem escutava – amar como a ti mesmo – ou seja, de acordo com as suas possibilidades individuais. Aqui ele fala aos discípulos que são os que mais preparados estavam e que tinham, em primeiro lugar, a missão de divulgar a Boa Nova. Portanto, Ele pôde aprofundar um pouco mais o ensinamento e o modo de amar: Amai… como eu vos amo.
As traduções mais comuns do Novo Testamento para o português têm usado o verbo no pretérito: "como eu vos amei". Optamos pela tradução com o verbo no presente – como eu vos amo – por entender que o amor do Cristo é sempre presente, Ele não amou ou amará, Ele ama.
Se para os que estavam ligados ainda ao sentimento antigo Ele manda amar dentro das possibilidades, ao falar assim para os discípulos Ele deixa claro que o cristão, isto é, o Seu seguidor, tem de ser diferente, tem de dar algo a mais, tem de fazer não só o habitual, mas também um pouco além. Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis?[2] Por isso Ele manda amar como Ele ama, isto é, com o amor do Cristo, com um amor superior, abnegado, um amor em que o mais importante é o Ser amado, ou seja, um amor altruísta. É o amor maduro, em que o Deus interior se manifesta. Esse é o amor que Jesus ensinou, o amor desinteressado. Essa é a Lei que Ele revelou, é o sentimento com que Deus cria, e o que todos nós precisamos aprender.
…amai-vos também uns aos outros. – Mais uma vez o Senhor repete, mostrando-nos a importância do enunciado. Ao nos convocar a amar uns aos outros, Jesus nos diz da importância do relacionamento entre as pessoas. É nessa convivência que mais aprendemos; trabalhamos virtudes como renúncia, perdão, doação de si mesmo. Só exercitando se aprende, e o relacionamento bem administrado é o melhor exercício para burilar esse nobre sentimento que existe em nós.
O amor é a melhor terapia, senão a única, para vencer todos os males. Só ele é capaz de desativar os componentes negativos geradores de todas as enfermidades e de todo atrito entre as criaturas. O amor não é um elemento neutro, pois ele é extremamente dinâmico e capaz de realizar não só o bem como toda mudança no Ser, para melhor, de dentro para fora. Por isso ele tem o poder de curar, de levar a criatura ao seu verdadeiro objetivo, que é o conhecimento de si mesmo e o perfeito ajustamento do elemento ao mundo em que ele vive.
Por ser o Terapeuta por excelência, Jesus conhece todo esse mecanismo, e por nos amar integralmente é que nos dá a chave para resolver todos os nossos problemas e também a possibilidade de auxiliar toda a humanidade:
…amai-vos também uns aos outros.
Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns pelos outros.
Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos… – Reconhecer é dar a conhecer; caracterizar, identificar. Discípulo é aquele que segue as ideias ou doutrinas de outrem.[3]
Deste modo, podemos dizer que seremos reconhecidos como alguém identificado com uma doutrina quando tivermos como característica em nosso comportamento a prática dos princípios da mesma. A expressão meus discípulos se refere aos do Cristo, portanto, neste momento em que estava na comunhão última com os Seus discípulos, antes de Sua volta ao plano superior, Jesus informa a eles qual a característica básica que precisariam ter os que quisessem ser reconhecidos como Seus seguidores. Isso não só para aqueles que estavam presentes, como para os que quisessem ser assim identificados em todos os tempos. Importante observar este alerta do Mestre hoje, quando queremos ser denominados cristãos, pois, segundo Ele, todos os seus seguidores terão uma característica básica, que deverá estar presente em seu sentimento sempre.
…se tiverdes amor uns pelos outros. – A importância do amor tem sido decantada por todos, em todos os tempos, e o próprio Jesus o colocou na essência do mandamento soberano. Todavia, nós, na maioria das vezes, não temos dado a devida consideração a esta prática. Porém, Ele foi claro, este é o sentimento predominante que deve vigorar em Seus adeptos.
Assim, não seremos discípulos de Jesus por determos o poder transitório do mundo, nem pela nossa capacidade intelectual, muito menos por sabermos de cor os preceitos da moral por Ele ensinada. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos – afirmou o Senhor – se tiverdes amor uns pelos outros. Desta forma, se assim não procedemos, se cultivamos sentimentos contrários aos que Ele ensinou, podemos até ser reconhecidos como simpatizantes do Cristo, mas nunca seus seguidores. Em outras palavras, jamais podemos nos declarar cristãos se o amor por todos os nossos semelhantes não é a tônica de nossos sentimentos.
[1] Ver Mateus, 22:37 a 40; Marcos, 12:28 a 34 e Lucas, 10:25 a 28.
[2] Mateus, 5:46.
[3] Dicionário Aurélio.
Texto extraído do Livro:
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