quinta-feira, janeiro 27, 2022

Segredos do Apocalipse - O Primeiro Selo

#Pública





 


Neste primeiro verso do sexto capítulo de Apocalipse, temos expressões já citadas nos capítulos anteriores; que em cada ponto de nosso livro elas foram comentadas.

O verbo "ver" –vi - no princípio do versículo dá a ideia de que o médium viu vagamente o Cordeiro, em contraposição, ouviu como o estrondo dum trovão o convite do primeiro dos quatro Seres vivos.

Já comentamos sobre as diferenças entre o "ver" e o "ouvir" e o seu significado em termos de amadurecimento espiritual; a mensagem aqui é a mesma, ele teve uma maior sensibilização em relação ao som do que à imagem. O que nos diz de sua relação mais íntima com a faixa dos seres ainda em evolução do que com as do próprio Cristo.

O Cordeiro inicia a abertura dos selos - Ele abriu o primeiro dos sete selos -.

O selo representa o lacre, é algo que nos dá a ideia de um conteúdo fechado. Eles não permitem o acesso a determinadas faixas da evolução. O esquecimento proporcionado pelo estado reencarnatório pode ser um tipo de selo. A proibição dos benfeitores espirituais de visitarmos algumas regiões no Mundo Espiritual mais ligadas às trevas pode ser outro, e assim por diante. O Evangelho tem seus conteúdos selados que vão sendo abertos na medida de nosso progresso espiritual.

Lembramos que só Ele, o Cordeiro, tinha condições de abri-los, conforme dito anteriormente, devido ao seu testemunho, à sua morte, o que podemos ver como símbolo de seu processo evolutivo através das reencarnações. Reencarnações que no caso do Messias-Jesus se deu em outros orbes do Universo de Deus em tempos desconhecidos para nós, orbes que provavelmente nem mais existam do ponto de vista físico como compreendemos.

Toda vez que um Espírito encarna é como se ele morresse. Ao completar sua evolução possível ele se acha em condição de desvendar segredos maiores em relação a Deus e o encaminhamento evolutivo dos povos. É o que está contido nesta abertura dos selos, que num sentido geral e amplo em nosso orbe só o Cristo tem.

Vem! É o chamado para que o médium aprofunde sua visão. É um chamado individual. Já dissemos, quando não somos sensibilizados pelo encaminhamento natural dos fatos, somos "chamados" de forma mais contundente para realizarmos as tarefas programadas para nossa individualidade. Trata-se daquelas situações em que não encontramos forma de sairmos delas. São às vezes encarnações compulsórias num processo expiatório, outras, são missões, mesmo que singelas, que temos que desempenhar diante de pessoas e lugares em que estamos até mesmo sem compreender o porquê.

O Mundo Espiritual superior tem os seus, e vários, recursos para dizer a cada um de nós: vem! O que nos importa é "vir" devidamente ajustado com estes planos superiores e com a Vontade Soberana de Deus.




Vi então aparecer um cavalo branco; aqui iniciam as controvérsias. Há estudiosos que veem neste cavalo o símbolo do próprio Messias, outros, o do ser opositor que é o anticristo.

Todavia a maioria e é com quem concordamos vê nele a figura do Bem, de implantação do Evangelho.

O cavalo era usado na antiguidade nas atividades de guerra, daí serem visto estes cavalos do Apocalipse como símbolo de guerras e tragédias, dores e sofrimentos. Mas não foi o próprio Jesus que disse ter vindo trazer "guerra"? O que importa, deste modo, é entender que tipo de guerra traria um Ser messiânico.

Portanto, devemos ver neste símbolo, o do cavalo, um instrumento através do qual os eventos acontecem. Cada um trazendo na sua cor a característica da mensagem de que é portador.

O branco, como já foi comentado, traz em sua simbologia a paz, a vitória, a unidade. Guerra e paz são assim símbolos do próprio Cristo, daí vermos neste cavalo a representação da mensagem superior que sempre veio ao mundo através de missionários diversos desde a China milenária com Fo Hi e alguns ainda anteriores a ele, passando por Lao Tsé, Confúcio, Buda, Sócrates, seguindo através de Francisco de Assis, Kardec, entre outros, sempre veiculando a ideia crística.

Caibar Schutel em sua Interpretação Sintética do Apocalipse, viu de modo mais claro a presença de Allan Kardec neste símbolo do cavalo branco. A princípio pode parecer mais uma interpretação pessoal valorizando sua própria escola filosófica e religiosa, entretanto existem pontos a serem analisados que nos dizem claramente desta possibilidade simbólica caracterizar mesmo a Doutrina Espírita. Todavia, como este símbolo vai retornar no capítulo dezenove, onde será ampliado, deixaremos para lá os comentários a respeito.

cujo montador tinha um arco. O montador é a mensagem propriamente dita trazida pelo instrumento que é o cavalo. Aqui sim podemos ver a ideia do Cristo e do Evangelho.

Em hebraico a palavra rabi que quer dizer mestre, pode ser traduzida também por "arqueiro". Por sua vez, torah que é ensino, instrução, tem em sua raiz etimológica a palavra yara que quer dizer "lançar flechas".

Não foi o arco também definido como o símbolo da Aliança?

Eis que estabeleço minha aliança convosco e com os vossos descendentes depois de vós, e com todos os seres animados que estão convosco: aves, animais, todas as feras, tudo o que saiu da arca convosco, todos os animais da terra. Estabeleço minha aliança convosco: tudo o que existe não será mais destruído pelas águas do dilúvio; não haverá mais dilúvio para devastar a terra. Disse Deus: Eis o sinal da aliança que instituo entre mim e vós e todos os seres vivos que estão convosco, para todas as gerações futuras: porei meu arco na nuvem e ele se tornará um sinal da aliança entre mim e a terra..1

Portanto, o arco lembra a comunhão com Deus. Cristo participa dela, nós também poderemos participar a partir de nossa vivência evangélica e da entrega total de nossa vida, como Ele fez, para servir ao Criador. Lembramos neste passo da mensagem de Paulo, o apóstolo, dada a Kardec incluída em O Livro dos Espíritos:

Gravitar para a unidade divina, eis o fim da Humanidade. Para atingi-lo, três coisas são necessárias: a Justiça, o Amor e a Ciência…2

Deram-lhe uma coroa; a coroa é o símbolo da vitória, a outorga de um poder. Muitos têm dificuldade de ver Jesus nesta situação, pois dizem: "ele saiu derrotado, a sua foi uma coroa de espinhos".

Aí é que está o grande erro. Jesus é e foi mesmo àquela época o grande vencedor. Ele jamais quis demonstrar poder e soberania em relação às coisas do mundo; muito ao contrário Ele mesmo afirmou: eu venci o mundo.

Esta é a vitória que Ele veio ensinar a todos nós, vencermos as imperfeições, os chamamentos do mundo e as propostas de transitoriedade deste. Trata-se da vitória do Espírito.

Sua coroa de espinhos é loucura para os homens, como nos informa o apóstolo, entretanto é insígnia da Vitória Real e que deu a Ele e dará a qualquer um de nós a Coroa do Espírito através do completar de um ciclo evolucional que abra as portas do Céu e de uma Espiritualidade profunda para todos nós.

Deste modo, é fácil de compreender que Ele partiu para esferas sublimes de perfeição como vencedor e para vencer ainda, o que nos diz que esta vitória ilimitada que nos projeta a uma vida imorredoura, que era só Dele será também nossa e pertinente a este mundo que estamos construindo e que iremos transformar a partir da prática de Seus ensinamentos, em mundo regenerado e superior dentro do andamento da evolução.




Extraído do Livro "Segredos do Apocalipse" disponível em:


https://www.institutodesperance.com.br






1 Gênesis, 9: 9 a 13

2 (KARDEC, O Livro dos Espíritos. 50ª ed. 1980); Q. 1009




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