13Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? 14Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas. 15Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou? 16Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mateus, 16: 13 a 16)
A interrogação de Jesus aos discípulos é muito significativa para nós cristãos de todas as eras. Importa a cada um de nós refletir e responder a Ele o que Ele verdadeiramente é em nossas vidas; se simplesmente um batista, um profeta, um revolucionário, Deus, ou o Caminho a Verdade e a Vida pertinente a cada um de nós, imagem de Deus que somos.
Apesar do grande conteúdo reeducativo destes versículos, sendo esta, nossa reeducação em Cristo, a tarefa mais importante de nossa vida, neste estudo queremos fazer outra abordagem, tecer alguns breves comentários sobre o Espírito Jesus, no que pese isto ser tarefa das mais difíceis por não termos condições de compreender de nenhum modo a dimensão evolutiva deste que é o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Nossos irmãos protestantes e católicos não consideram, nós espíritas, como cristãos, pelo fato de não termos Jesus como Deus. Como se ser cristão estivesse relacionado à crença de ser Jesus, Deus.
Ser cristão, segundo o dicionário é professar a crença em Jesus Cristo, porém podemos aprofundar este conceito que é muito restrito dizendo que ser Cristão é ser, ou buscar incessantemente ser, semelhante a Cristo, fazer o que ele fez, viver o que ele viveu; segundo Ele mesmo, seríamos reconhecidos como cristãos por muito amarmos. (João, 13: 35)
O Livro dos Espíritos na questão 625 diz ser Jesus nosso Guia e Modelo, deste modo, se assim O temos, podemos seguramente dizer que somos Cristãos. Todavia, esse não é o diferencial dos ensinamentos espíritas, pois todo cristão seja de que religião for deve tê-Lo como Guia e Modelo.
Segundo Allan Kardec Jesus é o Protetor da Terra (Livro dos Médiuns, IV, Item 48). Emmanuel aprofunda o conceito qualificando-o de Governador Espiritual da Terra, o que o coloca na condição, não de um simples Espírito Superior, mas de um Espírito Puro.
Neste ponto é preciso fazermos algumas considerações.
Quando Kardec ensina-nos sobre a escala espírita em O Livro dos Espíritos ele classifica os Espíritos Puros dentro de uma Ordem apenas, porém, na sequência de seus estudos e através da obra de Francisco Cândido Xavier , passamos a entender que mesmo dentro da Ordem dos Puros há hierarquia. Jesus seria um Messias Divino (A Gênese, cap XV Item 2), ou como habitualmente dizemos um Cristo.
Ainda segundo esta Ordem de Espíritos uma mensagem contida na Revista Espírita de Fevereiro de 1868 diz que Os Messias são, seres superiores chegados ao mais alto grau da hierarquia celeste, depois de terem chegado a uma perfeição que os torna, doravante, infalíveis e acima das fraquezas humanas, mesmo na encarnação.
Afim de podermos compreender estes conceitos no plano objetivo de Deus O Livro dos Espíritos nos informa que Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele encontra agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos (LE, 536 b). Ou seja no que diz respeito aos Universos materiais Deus Cria, mas quem põe a mão na massa para construção de mundos, sóis, galáxias, etc., são os Espíritos.
Aprofundando o ensinamento, André Luiz nos informa na Obra "Evolução em Dois Mundos" que:
(...) o fluido cósmico, também chamado fluido universal, é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio. Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano. Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indescritível, extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de cocriação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Pai Celeste, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa. Essas Inteligências gloriosas tomam o plasma divino e o convertem em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, de vez que o Espírito Criado pode formar ou cocriar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade. (Obra citada, Primeira Parte, cap. I )
Estas Inteligências Divinas, ou Inteligências gloriosas, que são chamados de Co-criadores em plano maior, por este autor espiritual, são os Agentes Dedicados de O Livro dos Espíritos.
Assim, temos os Espíritos responsáveis pela direção de planetas, sóis, galáxias etc..
Jesus é o Espírito responsável pela governança do planeta Terra, sendo assim, conforme terminologia a que estamos habituados, o Cristo Planetário de nosso Orbe. Conforme diz André Luiz Ele e o Pai vivem agregados, em processo de comunhão indescritível, podendo Ele, assim, quando esteve entre nós afirmar: Eu e o Pai somos um. (João, 10: 30)
Baseado nestas proposições podemos fazer o seguinte raciocínio: a ciência assevera que o planeta Terra tem a idade de 4,5 bilhões de anos, deste modo podemos com segurança afirmar que Jesus é um Espírito Puro, um Cristo, no mínimo há 4,5 bilhões de anos.
O mesmo André Luiz, através da Psicografia de Francisco Cândido Xavier, ainda na obra Evolução em Dois Mundos, nos assevera que o Princípio Inteligente leva dos organismos monocelulares à idade da razão, com o título de homem, dotado de raciocínio e discernimento nada menos que um bilhão e meio de anos; ou seja, só o tempo em que Jesus está na condição de Cristo Planetário, dá para percorrer nossa trajetória evolutiva do monocelular ao homem três vezes. Depreendemos, assim, que Jesus acompanha nossa caminhada evolutiva rumo à angelitude desde o princípio, estando conosco todos em todo tempo de nossa vida desde dias incontáveis.
Conclusão:
Concluímos através dos ensinamentos espíritas, que Jesus não é Deus, todavia, não podemos considerá-Lo como um simples Espírito Superior, por mais respeito que tenhamos a estes. Jesus é um Espírito Puro, um Cristo, ou um Messias Divino. Nenhum Espírito que encarnou na Terra é semelhante a Ele em Evolução.
Ele não é Deus, Deus é mais do que Ele. Entretanto, o que Deus é mais do que Ele nós, em nosso estado evolutivo atual não conseguimos alcançar.
Como vimos pelas colocações anteriores, ainda não conseguimos compreender nem mesmo o estado evolutivo de um Cristo, quanto mais sua posição em relação a Deus. Ficamos apenas com a colocação de André Luiz, Eles vivem em uma comunhão indescritível para qualquer um de nós, ou como disse Ele mesmo, quem vê a mim vê aquele que me enviou (João, 12: 45), pois o que damos conta de alcançar de Deus é só o que Jesus conseguiu nos mostrar.
Desta forma, diante da grandeza do Espírito Jesus e de seu estado evolutivo tão acima da humanidade terrena, não é de se estranhar que nossos irmãos vinculados a outras escolas do cristianismo, tenham nosso Cristo por Deus. É que por não levar em conta em suas teologias as leis da reencarnação e de evolução é o máximo que conseguem compreender.
Que fique claro apesar disto que não nos podemos considerar superiores a eles devido ao entendimento mais amplo alcançado através dos ensinamentos espíritas. Ninguém é melhor ao maior do que outro pelo simples fato de saber desta ou daquela forma, de conhecer ou não determinadas questões. Como dizia nosso querido Chico Xavier, quem sabe pode muito, mas quem ama pode mais.
O estado evolutivo de um Espírito não é dado pelo que ele conhece, mas a capacidade de amar pode muito bem ser um fator determinante de sua condição superior na escala espírita.
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