terça-feira, setembro 12, 2023

De Adão a Noé - Traços da Evolução do Espírito (Filhas dos homens e filhos de Deus)

E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas… (Gênesis, 6: 1)

E aconteceu que; define o andamento da evolução, a raça humana [homens], autóctones e deportados, começam a multiplicar-se e espalhar-se pelo Orbe [face da terra]. 

Este desenvolvimento já havia se configurado no capítulo anterior; de Adão a Noé passaram-se muitos séculos. 

Esta multiplicação significa também uma série de vivências do grupo proporcionando uma maior sensibilização dos envolvidos neste processo evolucional. Pode também representar o aumento dos recursos que favoreceram o progresso deste grupo tanto ao nível das conquistas humanas como também espirituais. 

Há uma tendência nossa, devido ao aprisionamento do Espírito na matéria, de expandirmos em primeiro lugar sob o ponto de vista das questões materiais. Mesmo espiritualistas que somos, e certos da continuidade da vida após o trespasse físico, preocupamos em demasia em nos preparar, e a nossos filhos, pela educação formal, para as conquistas dos valores no campo puramente humano, através de uma boa profissão que proporcione conforto e conquista de valores amoedados. E mesmo no campo intelectual nosso desejo é saber mais para mais rapidamente dominarmos o ambiente em que nos movimentamos preferencialmente no que diz respeito aos poderes transitórios. 

Entretanto é preciso considerar que se o homem fosse só razão a evolução teria parado em Adão. A razão é um componente do campo mental da individualidade. Não podemos falar em sentimento sem o despertar da razão, por isso é que dos homens nasceram filhas. 

Analisando a profundidade do Ser estas filhas representam a formalização dos valores de sentimento da individualidade. Todo sistema de transmigração dos seres tem por finalidade promover a emersão dos valores na intimidade das criaturas. 

Viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram. (Gênesis, 6: 2)

Os Pais da Igreja, a partir do século IV, viram nestes filhos de Deus, a descendência de Sete, e nas filhas dos homens a descendência de Caim. 

Dentro da proposta espírita podemos ver nestes filhos de Deus Espíritos que vieram de outros Orbes com a missão de colaborar. Seriam os Abeis, os Setes, os profetas, enfim, os enviados do Cristo de um modo geral. 

As filhas dos homens seriam os autóctones [homens e mulheres] já mais elaborados pela presença dos deportados, ou mesmo estes numa proposta de evolução puramente horizontal através do cultivo de questões humanas simplesmente. 

O versículo nos sugere ainda a questão da vinculação e desvinculação. O ser é vinculado pelas circunstâncias e tem a necessidade de desvincular-se projetando-se mais além. A sexualidade surge de forma natural como uma lei que temos muito a aprender. Ou seja, é preciso aprendermos a vincular sem gerarmos escravização nossa ou de quem quer que seja, pois o ideal é a vinculação para desvinculação; é estar no mundo sem ser do mundo, ter autoridade moral para exercer a liberdade. 

Só a partir de uma melhor elaboração do autóctone ao nível do sentimento, pôde ele receber a enxertia dos filhos de Deus. Antes isso não seria possível. Devemos ver aqui enxertia tanto física como espiritual. Só no instante em que o nativo adquire certa condição ele começa a atrair o deportado e unir a ele na formação de seu clã. Este versículo fala-nos do momento histórico em que este estágio evolutivo se deu. 

As filhas dos homens eram formosas. Podemos ver a questão sob dois aspectos. O primeiro seria que este adjetivo "formosa" nos fala de um sentimento mais elaborado, o que é conquistado pelo homem com o encaminhamento do processo evolutivo. É o que estamos realizando ainda hoje, ou seja, nosso grande desafio autoeducativo é a transformação de nosso sentimento sendo este elaborado em bases evangélicas. Esta é a meta do aperfeiçoamento a que o Espírito está sujeito. À medida que o Espírito vai se depurando, e tornando-se mais "formoso" sob o ponto de vista de uma moral em harmonia com Deus, este vai atraindo mais os filhos de Deus, que são os Espíritos trabalhadores do Bem e junto com eles criando situações melhores e construindo o ambiente propício para que o Bem seja implantado como conquista não só nos corações, mas em todo o Universo. 

Há uma lenda antiga em que nasceram gigantes da união de seres celestiais com seres humanos mortais; a exegese hebraica viu nestes filhos de Deus, anjos caídos que se acasalaram com mulheres humanas nascendo desta união os heróis humanos. 

Esta hipótese nos sugere uma segunda interpretação em que estes filhos de Deus seriam Espíritos vindos realmente de outras esferas planetárias, de mundos mais evoluídos, porém em queda[1], aqui eles se deixaram levar pelo que era "agradável aos olhos"(Gênesis, 3: 6) despertando sentimentos ligados a uma sensualidade sem a devida responsabilidade. 

Neste caso há uma vinculação negativa, a que escraviza, deturpando assim, o andamento da evolução e nos aprisionando cada vez mais a sentimentos inferiores. Quando isto se dá é culpa nossa, nós fomos quem tivemos a oportunidade de fazer de um modo e pelo livre arbítrio - escolheram [denotando seleção, sintonia, de acordo com o estado evolutivo] - fizemos de outro menos oportuno. 


(Texto extraído do livro "Haja Luz - De Adão a Noé Traços da Evolução do Espírito".) Livro ainda não publicado.


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[1] Não necessariamente em queda; pode significar também Espíritos que vieram para colaborar, exercer uma missão, mas que eram passíveis de errar, e sendo invigilantes se comprometeram. 


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