Evolução do Princípio Inteligente
A existência do princípio espiritual é uma realidade; do mesmo modo que podemos
demonstrar a realidade da matéria, pelos efeitos demonstramos a existência do
princípio espiritual, pois sem ele, o próprio Criador não teria razão de ser.
Como entender um ser superior, com atributos superiores, a governar somente
sobre a matéria? Como compreender que a Inteligência Suprema, que é a própria
Sabedoria, iria criar seres inteligentes, sensíveis, e depois lançá-los ao
nada, após alguns anos de sofrimento sem compensações, e deleitar-se com a sua
criação como faz um artista menor.
Sem a sobrevivência do ser pensante, os sofrimentos da vida seriam, da parte de
Deus, uma crueldade sem objetivo.
Por ser uma centelha divina, e possuir a imortalidade em sua intimidade, é
inata no homem a ideia da perpetuidade do ser pensante, e essa perpetuidade
seria inútil, não fosse a evolução. Evolução essa que fica clara na resposta
dada pelos espíritos a Kardec na questão 607 de “O Livro dos Espíritos”.
Quando questionados sobre a origem dos Espíritos, nos afirmam que antes de
conquistar as faculdades inerentes ao homem atual, o Espírito estagia “numa
série de existências que precedem o período a que chamamos humanidade”, e
continuam:
“Já
não dissemos que tudo em a natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses
seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente
se elabora, e individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme
acabamos de dizer. É de certo modo, um trabalho preparatório, como o da
germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação
e se torna Espírito.”
Martins Peralva, no livro “O Pensamento de
Emmanuel”, narra, desta forma, a longa viagem feita pela mônada divina, ou
princípio espiritual:
“Na
fase preambular, a mônada luminosa, que mais tarde será Espírito, ser
inteligente, vai sendo envolvida, como energia divina, em fluidos pesados.
Perde sua luminosidade, condensa-se no reino mineral.
Energia - Suas transformações
a) Condensada, na pedra;
b) Incipiente, na planta;
c) Primária nos irracionais
d) Contraditória, nos homens de mediana evolução
e) Excelsa, nas almas sublimadas”
Honório Abreu assim se manifesta em um artigo de sua autoria:
“Assim
ajustando-se às vibrações dos minerais, em cujo berço hibernam por milhões e
milhões de anos, as “mônadas luminosas” são trabalhadas nos padrões da atração,
preparando-se para novas conquistas, em termos de “sensação” no campo dos
vegetais.
Os reinos mineral e vegetal, como institutos de recepção da onda criadora da
vida, preparam as bases de onde os elementos espirituais partem para as faixas
animais em que o instinto, trabalhando o seu psiquismo, os habilitam, lenta e
gradativamente, para o ingresso nas trilhas da humanidade, onde, já usufruindo
de “pensamento contínuo” elaboram em processo crescente, os valores da razão e
da inteligência.”[1]
Concluindo, deixamos a palavra com o nosso
mentor André Luiz, segundo psicografia de Waldo Vieira, no livro “Evolução
em Dois Mundos”:
“É
assim que dos organismos monocelulares aos organismos complexos, em que a
inteligência disciplina as células, colocando-as a seu serviço, o ser viaja no
rumo da elevada destinação que lhe foi traçada do Plano Superior, tecendo com
os fios da experiência a túnica da exteriorização, segundo o molde mental que
traz consigo, dentro das leis de ação, reação e renovação em que mecaniza as
próprias aquisições, desde o estímulo nervoso à defensiva imunológica,
construindo o centro coronário, no próprio cérebro, através da reflexão
automática de sensações e impressões, em milhões e milhões de anos, pelo qual,
com o Auxílio das Potências Sublimes que lhe orientam a marcha, configura os
demais centros energéticos do mundo íntimo, fixando-os na tessitura da própria
alma.
Contudo, para alcançar a idade da razão, com o título de homem, dotado de
raciocínio e discernimento, o ser, automatizado em seus impulsos, na romagem
para o reino angélico, despendeu para chegar aos primórdios da época
quaternária, em que a civilização elementar do sílex denuncia algum primor de
técnica, nada menos de um bilhão e meio de anos. Isso é perfeitamente
verificável na desintegração natural de certos elementos radioativos na massa
geológica do globo. E entendendo-se que a Civilização aludida floresceu há mais
ou menos duzentos mil anos, preparando o homem, com a benção do Cristo, para a
responsabilidade, somos induzidos a reconhecer o caráter recente dos
conhecimentos psicológicos, destinados a automatizar na constituição
fisiopsicossomática do espírito humano as aquisições morais que lhe habilitarão
a consciência terrestre a mais amplo degrau de ascensão à Consciência
Cósmica.”[2]
Evolução do Espírito
Segundo Pitágoras, “(...) a evolução material dos mundos e a evolução
espiritual das almas são paralelas, concordantes, explicam-se uma pela outra. A
grande alma, espalhada na Natureza, anima a substância que vibra sob seu
impulso, e produz todas as formas e todos os seres. Os seres conscientes, por
seus longos esforços, desprendem-se da matéria, que dominam e governam a seu
turno, libertam-se e aperfeiçoam-se através das existências inumeráveis. Assim
o invisível explica o visível, e o desenvolvimento das criações é a
manifestação do Espírito Divino.” (extraído do Livro Depois da Morte de
Léon Denis, cap. 4)
Edgar Armond, em seu livro “Os Exilados da Capela” faz o seguinte comentário:
“Conforme a ciência oficial, quando o clima da terra se amenizou, em
princípios do ioceno (uma das quatro grandes divisões da Era Terciária, isto é,
o período geológico que antecedeu o atual), surgiram os primeiros seres do qual
descende o homem atual. Entre estes últimos, (que conseguiram se erguer),
prevaleceu um tipo, mais ou menos a 25 milhões de anos, e que era positivamente
um símio.
E os tipos foram evoluindo até que, mais ou menos há um milhão e meio de anos,
surgiram as espécies mais aproximadas do tipo humano.
Na Ásia, na África e na Europa foram descobertos esqueletos de antropóides
(macacos semelhantes ao homem) não identificados.
Nas camadas do Pleistoceno inferior, também chamado paleolítico (período
antigo da pedra lascada), e no Neolítico (era da pedra polida) vieram à luz
instrumentos, objetos e restos de dentes, ossos e chifres, cada vez melhor
trabalhados.
Em 1807 surgiu em Heidelberg um maxilar inferior e em Piltdow (Inglaterra)
um crânio e uma mandíbula um tanto diferentes dos tipos antropóides; até que
finalmente surgiram esqueletos inteiros desses seres, permitindo melhores
exames e conclusões.
Primeiramente, surgiram criaturas do tamanho de um homem, que andavam de pé,
tinham cérebro pouco desenvolvidos e que foram chamadas Pitecantropos e que
viveram entre 550 e 200 mil anos atrás. Em seguida surgiu o Sinantropos, ou
Homem de Pekin, de cérebro também muito precário. Mais tarde surgiram tipos, de
cérebro mais evoluído que viveram de 150 a 35.000 anos atrás e que foram
chamados de Homens de Solo (na Polinésia); de Florisbad (na África); da Rodésia
(na África) e o mais generalizado de todos, chamado de Homem de Neandertal (no
centro da Europa) e cujos restos em seguida foram também encontrados nos outros
continentes.
Como possuíam cérebro bem maior, foram chamados ‘Homos Sapiens’, conquanto
tivessem ainda muitos sinais de deficiências em relação à fala, à associação de
ideias e à memória.
E por fim, foram descobertos os tipos já bem desenvolvidos chamados de
‘Homus Sapiens sapiens’, isto é, ‘homens verdadeiros’.”[3]
Emmanuel, em comunicação dada em 1937, pelo médium Chico Xavier, diz que:
“O processo, portanto, da evolução anímica se verifica através de vidas cuja
multiplicidade não se pode imaginar, nas nossas condições de personalidades
relativas, vidas essas que não se circunscrevem ao reino hominal, mas que
representam o transunto das várias atividades em todos os reinos da natureza.
Todos aqueles que estudaram os princípios de inteligência dos considerados
absolutamente irracionais, grandes benefícios produziram, no objetivo de
esclarecer esses sublimados problemas, do drama infinito do nosso progresso
pessoal.
O princípio inteligente, para alcançar as cumeadas da racionalidade, teve de
experimentar estágios outros de existências nos planos da vida. E os
protozoários são embriões de homens, como o selvagem das regiões ainda incultas
são o embrião dos seres angélicos (...)
O macaco, tão carinhosamente estudado por Darwin nas suas cogitações
filosóficas e científicas, é um parente próximo das criaturas humanas,
falando-se fisicamente, com seus pronunciados laivos de inteligência; mas a
promoção do princípio espiritual do animal à racionalidade humana se processa
fora da terra, dentro de condições e aspectos que não posso vos descrever, dada
a ausência de elementos analógicos para as minhas comparações.”[4]
Como vimos anteriormente, este processo de estágio do princípio inteligente nos
reinos inferiores é demorado, chegando a levar séculos e milênios para passar
de uma fase a outra; sendo ainda necessário que esta “promoção” seja processada
em vários planetas, que, como nos afirma Emmanuel, não podemos ainda entender,
devido ao primarismo de nossa evolução espiritual.
“Quando cessou o trabalho de integração de espíritos animalizados nesses
corpos fluídicos e terminaram sua evolução, o planeta se encontrava nos fins de
seu terceiro período geológico e já oferecia condições de vida favoráveis para
seres humanos encarnados.
Iniciou-se, então, essa encarnação nos homens primitivos, que a tradição
esotérica também registrou da seguinte maneira: espíritos habitando formas mais
consistentes, já possuidores de mais lucidez e personalidade, porém fisicamente
ainda fora dos padrões da humanidade atual.[5]
Mas o tempo transcorreu em sua inexorável marcha e o homem, a poder de
sofrimentos indizíveis e penosíssimas experiências de toda sorte, conseguiu
superar as dificuldades dessa época tormentosa.
Acentuou-se em consequência, o progresso da vida humana no orbe, surgindo as
primeiras tribos de gerações mais aperfeiçoadas, compostas de homens de porte
agigantado, cabeça melhor conformada e mais ereta, braços mais curtos e pernas
mais longas, que caminhavam com mais aprumo e segurança e em cujos olhos se
vislumbravam mais acentuados lampejos de entendimento(…)
(…) Eram nômades; mantinham-se em lutas constantes entre si e mais que nunca
predominava entre eles a força e a violência, sendo que a lei do mais forte era
o que prevalecia.
Todavia formavam sociedades mais estáveis e numerosas, do ponto de vista
tribal, sobre as quais denominavam sob o caráter de chefes ou patriarcas,
aqueles que fisicamente houvessem conseguido vencer todas as resistências, e
afastar toda a concorrência.
Do ponto de vista espiritual ou religioso essas tribos eram absolutamente
ignorantes e já de alguma forma fetichistas pois adoravam, por temor ou
superstição instintiva, fenômenos que não compreendiam e imagens grotescas
representativas tanto de suas próprias paixões e impulsos nativos, como de
forças maléficas ou benéficas que ao seu redor se manifestavam
perturbadoramente (…)
(…) A humanidade, nessa ocasião, estava num ponto em que uma ajuda exterior era
necessária e urgente, não só para consolidar os poucos e laboriosos passos já
palmilhados como, principalmente, para dar-lhe diretrizes mais seguras e mais
amplas no sentido evolutivo (…)”[6]
Nunca em época alguma falta o auxílio do alto. A descida de Emissários divinos
se fazia necessária para a evolução do homem autóctone.
Veja como Emmanuel, Espírito guia de nosso querido Chico Xavier, narra este
momento evolutivo:
“Há muitos milênios, um dos orbes do Cocheiro, que guarda muitas afinidades
com o globo terrestre, atingira a culminância de um dos seus extraordinários
ciclos evolutivos(…)
Alguns milhões de Espíritos rebeldes lá existiam, no caminho da evolução
geral, dificultando a consolidação das penosas conquistas daqueles povos cheios
de piedade e de virtudes(…)”[7]
E após outras considerações, acrescenta:
“As Grandes Comunidades Espirituais, diretoras do Cosmo deliberaram então,
localizar aquelas entidades pertinazes no crime, aqui na Terra longínqua(…)
Foi assim que Jesus recebeu, à luz do seu reino de amor e de justiça, aquela
turba de seres sofredores e infelizes (…)
Aqueles seres angustiados e aflitos, que deixavam atrás de si todo um mundo
de afetos, não obstante os seus corações empedernidos na prática do mal, seriam
degredados na face obscura do planeta terrestre; andariam desprezados na noite
dos milênios da saudade e da amargura; reencarnariam no seio das raças
ignorantes e primitivas, a lembrarem o paraíso perdido nos firmamentos
distantes. ( Cf. Gênesis, 3: 23[8])
Por muitos séculos não veriam a suave luz da Capela, mas trabalhariam na
Terra acariciados por Jesus e confortados na sua imensa misericórdia.
Com o auxílio desses Espíritos degredados, naquelas eras remotíssimas, as
falanges do Cristo operavam ainda as últimas experiências sobre os fluidos
renovadores da vida, aperfeiçoando os caracteres biológicos das raças
humanas(…)”[9]
Não é à-toa que alguns milênios depois, o próprio Mestre nos afirmava, “eu
não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel”[10]; como a
definir sua antiga ligação com esta raça, e nos mostrar que só através da
vivência plena do seu Evangelho, podemos quebrar as algemas que nos conduz a um
círculo vicioso na nossa história evolutiva.
Conclusão
“Estagiando em tipos variados na escala ascensional, o ser ingressa nos
quadros hominídeos, onde alicerça, em bases de consciência desperta, os padrões
intelectivos e morais que lhe assegurem empreender novas escaladas no rumo da
angelitude.
Para toda essa caminhada o ser recebe recursos pela ação benfeitora do Plano
Maior. Encontra terrenos preparados para o seu aprendizado a caracterizarem-se
por mundos constituídos, tal qual ocorre com o reencarnante que é acolhido no
lar, só dando valores aos bens que lhe forem proporcionados na infância mais à
frente, quando já se capacita a raciocinar e ponderar mais claramente.
A posse da razão acarreta novas providências no processo de orientação dos
seres em evolução. Aos embates e obstáculos das reencarnações, agindo de fora
para dentro no esforço de despertamento inicial, somam-se providências
espirituais agora nas áreas da educação.
Atividades artesanais se instauram sob a assistência dos benfeitores
espirituais. Durante o sono físico as primeiras lições são levadas a efeito
quando a entidade encarnada, desdobrando-se com o seu perispírito, entra em
relação com companheiros “instrutores” desencarnados, junto às frentes de
trabalho que constituem objeto de suas preocupações durante a faina diária (…).
Das instruções puramente manuais partem os orientadores da humanidade
nascente para os indicativos morais, trabalhando os seres primitivos no cultivo
das noções de direito, de proteção, de respeito, abrindo leira para o advento,
a seu tempo das grandes revelações das leis vigentes no Universo.”[11]
Desta forma, temos como síntese dos pontos fundamentais do processo evolutivo,
a seguinte informação:
“O ser eterno, emanação divina, transforma-se em “alma vivente”, organizada
para executar as obras da própria edificação (…).
No reino mineral, as leis de afinidade são manifestações primaciais do
Amor-atração.
No reino vegetal, as árvores oferecem maior coeficiente de produção se
colocadas entre companheiras da mesma espécie, porque o Amor-cooperação
ajuda-as a produzirem mais e melhor.
Entre os seres irracionais, a ternura, as providências de alimentação e
defesa e a própria formação em grupos falam-nos do Amor-solidariedade.
Entre os seres racionais, é o Amor o mais perfeito construtor da felicidade
interna, na paz da consciência que se afeiçoa ao Bem.
Nas relações humanas, é o Amor o mais eficaz dissolvente da incompreensão e
do ódio.
Entre os astros, famílias de mundos viajando na amplidão cósmica, em
obediência às leis da mecânica celeste, indicam-nos outra singular expressão do
Amor; o Amor-equilíbrio, que mantém unidos astros e planetas no fabuloso
espetáculo das constelações que cintilam, ofuscantes, na abóbada infinita.”[12]
Temos então o Amor como base da evolução em todos os aspectos. Desde o “Fiat
lux” até o grande momento do retorno do ser ao Criador, momento em que
deixamos de ser filhos de Deus, para sermos “Filhos de Deus”.
Lei do Progresso
Segundo a teologia, o homem foi criado justo, feliz, e assim poderia ter-se
mantido por toda a eternidade. Tentado, porém, por satanás, desobedeceu ao
Criador, vindo a sofrer, em consequência desse grave pecado, a privação da
graça, a perda do paraíso, a ignorância, a inclinação para o mal, a morte e
toda sorte de misérias do corpo e da alma.
Em outras palavras, isso quer dizer que o gênero humano teria surgido na Terra
perfeito, ou quase, mas depois se degradou.
A Doutrina Espírita afirma que o progresso é lei natural, cuja ação se faz
sentir em tudo no Universo.
Grifamos a expressão “tudo no Universo”, para fixarmos em nosso entendimento
que a lei do progresso, sendo uma lei divina, atua em toda a criação, desde o
átomo até o anjo.
No capítulo VIII da 3a parte de “O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec
estuda esta lei. Faremos a seguir um resumo deste importante capítulo:
A infância da Humanidade é o ponto de partida do desenvolvimento humano. Sendo
perfectível, o homem traz em si o gérmen do seu aperfeiçoamento.
O homem não pode retrogradar ao estado inicial, tem ele que progredir
incessantemente, não podendo voltar ao estado anterior.
Faz parte da lei, a necessidade daquele que é mais evoluído ajudar ao que se
encontra na retaguarda.
O progresso moral vem após o progresso intelectual, porque através deste
distinguimos o bem e o mal, podemos escolher o caminho a seguir, e com isso
aumentando nossa responsabilidade.
O homem não pode paralisar o progresso, mas pode dificultá-lo, sendo por isso
punido pela própria Lei.
Quando um povo insiste em progredir de maneira mais lenta que a esperada, o
Criador o sujeita de tempos a tempos, a um abalo físico ou moral que o
transforma.
O orgulho e o egoísmo são os maiores obstáculos ao progresso moral do Espírito.
Há dois tipos de progresso: o intelectual e o moral. O primeiro, como já foi
dito, antecede ao segundo, apesar de este nem sempre vir imediatamente após
aquele. É que a Humanidade insiste em valorizar mais o intelecto, devido ao seu
alto grau de imediatismo, mas há de chegar o momento em que eles caminharão
lado a lado.
Há um progresso na civilização, embora incompleto, porque sendo o homem ainda
imperfeito, tudo o que é criação dele, denota instabilidade.
A civilização completa será uma consequência do desenvolvimento moral da
Humanidade, ou seja, só poderemos dizer-nos civilizados, quando tivermos banido
de nossa sociedade, os vícios, e quando vivermos como irmãos, praticando a
caridade cristã.
Poderia viver o homem regido simplesmente pelas leis naturais, se ele as
compreendesse. Como isso nem sempre é possível, cria ele leis humanas que por
refletir suas instabilidades, evolui à medida de sua própria evolução.
Destruindo o materialismo, dando ao homem a compreensão da vida futura, fazendo
vê-lo esta como um efeito da atual, e revivendo, como consequência deste
entendimento, a moral cristã, o Espiritismo pode e contribui em muito com o
progresso da Humanidade. Cabendo a nós, espíritas, o dever de ampliar o seu
entendimento através da vivenciação do que já conhecemos.
Da Perfeição Moral
A perfeição é a grande meta do Espírito.
Vimos anteriormente que passa ele por várias etapas evolutivas objetivando
sempre o progresso, no afã de conquistar este estado que chamamos de perfeição.
Mas qual é a característica do homem que já atingiu este estado?
Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, diz que “o
verdadeiro homem de bem é o que cumpre a lei de justiça, de amor e de caridade
(...)”[13] e que, quando consulta sua consciência sobre seus atos, vê que
fez todo o bem possível, que não se perdeu na ociosidade e que ninguém tem nada
a queixar-se dele.
Tem fé em Deus, na vida futura, possuindo em si de uma maneira desenvolvida o
sentimento de amor e caridade e sabe que todas as vicissitudes que enfrenta têm
um valor significativo na economia da vida, passando-as por isso com
resignação.
Enumera o Codificador vários outros valores que dignificam o caráter deste
homem, mas deixando claro que muitos outros ele ainda os tem.
Mas como atingir este estado?
Dizem os Espíritos que a prática da virtude em detrimentos dos nossos vícios é,
sem dúvida, a forma mais rápida de chegarmos lá.
Alertam ainda na questão 894, de “O Livro dos Espíritos”, que há virtude
sempre que resistimos ao arrastamento de nossos maus pendores, e continuam: “A
mais meritória é a que assenta na mais desinteressada caridade.”
E na questão 895 da obra citada, afirmam que a maior característica da
imperfeição é o interesse pessoal.
Raciocinando sob estas valiosas informações, temos então que o personalismo é
causa atuante da imperfeição, e se quisermos progredir moralmente, temos que
bani-lo de nossa intimidade.
A respeito das paixões, ainda são os Espíritos que informam que, quanto ao
princípio que lhes dá origem, não é maléfica, “o abuso que delas se faz é
que causa o mal.”[14] Visto assim, deduzimos com o Codificador que, quando
dominamos a paixão, ela é útil, quando somos dominados por ela, caímos em
excesso e geramos o mal.
Sobre os vícios, o próprio Codificador é quem pergunta: “Dentre os vícios,
qual o que se pode considerar radical? E os Espíritos respondem: Temo-lo dito
muitas vezes: o egoísmo. Daí deriva todo mal. (...)”[15]
Mas como vencê-lo? Sabemos que esta é das uma tarefa mais difíceis, visto ele
estar enraizado em nosso psiquismo, mas nos alertam os maiores da
espiritualidade que ele é sempre maior quanto maior for a influência das coisas
materiais sobre nós, e como consequência
a melhor maneira de vencê-lo é o
desprendimento dos bens do mundo.
E respondendo ainda àquela pergunta de como atingirmos o estado da perfeição,
Santo Agostinho nos faz lembrar a famosa frase divulgada por Sócrates: “Conhece-te
a ti mesmo”[16], a que nós completamos com a de Jesus:
“Conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará”[17].
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[1] ABREU, Honório Onofre. “Evolução.” Temas da Atualidade (Grupo Espírita Evolução).
[2] XAVIER, Francisco C./ Waldo Vieira pelo Espírito André Luiz. Evolução em Dois Mundos, 13a Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1993, pg. 35 e 36
[3] ARMOND, Edgar. Os Exilados da Capela. São Paulo: Editora Aliança, 1987, cap. IV
[4] Idem, Ibidem.
[5] Id. ib., Cap. V
[6] Id. ib., Cap. VI
[7] XAVIER, Francisco C./Emmanuel (Espírito). A Caminho da Luz, 10ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980, cap. 3, pg. 34
[8] “O SENHOR Deus, pois, o lançou fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado”.
[9] (XAVIER/Emmanuel 1980), cap. 3, pg. 35 e 36
[10] Mateus, 15: 24
[11] (ABREU 1982)
[12] PERALVA, Martins. O Pensamento de Emmanuel, 5ª ed. Brasília: FEB, 1994, Pg 103
[13] KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 104ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1991, Pg. 284
[14] ------ O Livro dos Espíritos. 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Q. 907
[15] Idem, ibidem, Q. 913
[16] Id., ib., Q. 919
[17] João, 8: 32
Um comentário:
Belíssimo texto.
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