Sobre
este assunto há algumas reflexões que devem ser feitas.
Jesus
precisava ser educado? Precisava que alguém lhe ensinasse alguma
coisa ou já sabia tudo?
Este
é mais um desafio em nossa tarefa de compreender o Mestre maior.
Sinceramente penso que não há como responder estas e outras
questões a respeito com certeza, é mais uma área em que o que
falarmos não passa de opinião pessoal.
Jesus
é a maior expressão de amor que temos. Uma das maiores
características daquele que ama é a capacidade que este tem de
adequação.
Portanto,
Jesus ao vir a até nós adequou-se para que melhor pudesse cumprir
sua missão. Não haveria como ele nos ensinar algo se assim não
tivesse feito.
Assim,
para que pudesse ter autoridade fez-se como habitante comum de nosso
orbe, restringiu-se para que melhor pudesse servir. Pelo que
depreendemos de nossos estudos trata-se de uma restrição que fez de
forma consciente e espontânea, e não por imposição. O que
significa que a qualquer momento que quisesse poderia retomar suas
possibilidades.
Assim,
tinha um corpo semelhante ao nosso, não fluídico como chegaram a
supor, entretanto era um corpo mais perfeito que o habitual dos
habitantes de nosso orbe. Ele não adoecia, tinha uma memória
profunda, podia se tornar visível e invisível quando quisesse etc.
Compreendemos
então, que Jesus foi um menino como qualquer outro, teve infância,
adolescência e tudo mais, todavia foi especial porque era especial,
tinha uma evolução espiritual que nos escapa.
Deste
modo era natural alguém lhe ensinar as primeiras lições, todavia
este aprendizado era mais que uma recordação, ele sabia em seu
coração e em seu espírito. Era apenas um despertar.
Dizem
os que estudam a respeito de educação que educar é tirar do
educando aquilo que ele já possui, e com Jesus isto foi ainda muito
mais claro, ela já possuía todas as virtudes.
Educar
uma criança é tarefa complexa, talvez seja a mais importante e
difícil que temos, imagine então, ter a missão de educar Jesus.
Ele
surpreendia seus pais a toda hora. Talvez a maior missão destes era
realmente não atrapalhar o seu desenvolvimento, e podemos dizer com
segurança, que apenas isto, não atrapalhar, já era uma missão
desafiadora.
Narra-nos
o evangelista, que Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em
graça diante de Deus e diante dos homens.1
É
de grande profundidade esta citação. Mostra-nos que Jesus fora uma
criança que cresceu naturalmente como qualquer outra e que isso
aconteceu aos olhos de todos com quem convivia. Que ele recebia
informações, porém não as guardava somente no campo intelectual,
as transformava em sabedoria pela aplicação do que
“aprendia”. E isto fazia de maneira completa, diante de Deus,
observando a sua Lei, e diante dos homens convivendo com
todos, auxiliando, compreendendo, aproximando cada um do Pai, o que
Ele sabia ser uma necessidade de todos.
Kardec
nos ensinou que educação é a arte de formar os caracteres2,
o que ele definiu como educação moral. Esta é a que todos
precisamos, é o maior objetivo para vida de cada um. Podemos afirmar
com segurança que sob esta ótica Jesus foi um emérito educador
desde criança.
Não
foi o que ele fez quando aos doze anos foi encontrado por seus pais
entre os doutores no Templo? Não foi o que, invertendo os papeis,
fez com José e Maria quando os levou à reflexão dizendo: Não
sabeis que devo me ocupar com as coisas de meu Pai?3
2
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
50ª ed. Rio de Janeiro, FEB, 1980, questão 685,
comentários.
3
Lucas, 2: 49
Nenhum comentário:
Postar um comentário