terça-feira, agosto 30, 2011

Maria de Nazaré: A Educadora de Jesus



Parte I
Quem foi Maria?
Falar de Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, não é fácil devido a falta de informações que temos dela, e entre as que temos poucas são confiáveis, isentas e imparciais do ponto de vista religioso.
Estão no Novo Testamento, apesar de raros, os melhores esclarecimentos que temos da mãe de nosso Senhor Jesus.
Nós, os espíritas, ainda temos o privilégio de termos algumas anotações vindas do Plano Espiritual que nos ajudam a esclarecer sobre a grande evolução e a missão deste nobre Espírito.
Não temos informação de como foi sua infância, nem de sua adolescência; a tradição crista nos informa que Maria era filha de Joaquim e Ana. Seus pais eram judeus e pelo que podemos depreender dos textos do Evangelho formavam uma família simples e praticantes fieis de seus princípios religiosos.
Provavelmente nasceu entre os anos 18 e 20 a.C., e como era habitual àquele tempo, deve ter casado por volta de seus 14 anos.
Os historiadores do cristianismo apontam como data provável do nascimento de Jesus o ano 6 a.C., o Espírito Humberto de Campos através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier define o ano 5 a. C. como sendo o correto para a vinda do Cristo à carne. O casamento de Maria deve ter acontecido de seis meses a um ano do nascimento de seu primogênito.
Outra questão que não temos como certa é se Maria teve ou não outros filhos além de Jesus. O Evangelho não é totalmente claro a respeito; Mateus fala que ele teve irmãos e irmãs, e até dá o nome de seus irmãos1. Entretanto, em hebraico ou em aramaico, os primos também eram chamados de irmãos.
Muitos estudiosos contestam esta questão de os supostos irmãos de Jesus serem seus primos. Afirmam estes que era uma realidade que o termo hebraico designava tanto irmão quanto primo, porém ressaltam que o Evangelho foi escrito em grego, e no grego temos duas palavras distintas, adelphos, para irmão, e anepsios que é literalmente primo. Portanto, insistem, se os autores do Novo Testamento, que à época sabiam se eram primos ou realmente irmãos, quisessem falar em primos, usariam anepsios e não adelphos.
Outro argumento a favor de serem irmãos é que na maioria das vezes em que eles são citados no Evangelho estão acompanhados de Maria; por que, perguntam, eles estariam sempre acompanhados da tia?
Há uma terceira hipótese, menos comentada e menos provável, a de que José ao casar com Maria já teria outros filhos de casamento anterior, e estes é que seriam os irmãos de Jesus.
Como este não é o objetivo principal deste estudo, não vamos mais nos ocupar com este tema. No judaísmo era comum o casal ter muitos filhos, era uma benção de Deus, o que faz crer a alguns que José e Maria seriam pais de uma prole maior; todavia, não há esta necessidade, a família de Jesus era sem dúvida uma família especial, e poderia, portanto, ser diferente das demais sem nenhum desmerecimento para eles.
O certo, é que Maria era um Espírito de altíssima evolução, um dos mais puros que encarnou neste Orbe governado espiritualmente por Seu Filho Jesus.

Continua...
1 Cf. Mateus, 12: 46 e Mateus, 13: 55 e 56. Ver também Marcos, 6: 3

quarta-feira, agosto 03, 2011

Muitas Moradas na Casa do Pai


Na casa de meu Pai há muitas moradas, se assim não fosse eu vos teria dito, pois vou preparar-vos um lugar. (João, 14: 2)
Na casa de meu Pai há muitas moradas… – A casa do Pai é todo o Universo. As várias moradas são as infinitas possibilidades evolutivas em que se encontram todos os seres criados. Assim, há mundos onde a perfeição é estado natural, como há outros dando os primeiros passos na escala evolucional. Na casa do Pai há muitas moradas.
Quando Jesus diz meu Pai, Ele nos fala do Pai no Seu modo superior de entender. Como Ele, Jesus, tem maior alcance de compreensão, pode ver muito mais do que qualquer um de nós a infinidade dessas moradas, pois o que é maior pode mais do que o menor. É esta visão plena que Ele quer dar a Seus discípulos; como estes – ou nós mesmos – não têm a possibilidade de compreendê-Lo totalmente, Ele faz uma adequação chamando Deus de Pai e todos esses estados em que se pode encontrar um espírito de moradas.
Desse modo, Ele fala dos bilhões e bilhões de estrelas existentes no Cosmos, como dos vários planos extrafísicos de nosso pequenino globo, como também do estado íntimo em que cada um de nós se encontra. É o micro e o macro se fazendo um.
porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos, como também alguns dos vossos poetas disseram…1
se assim não fosse eu vos teria dito… – A missão maior de Jesus é a de educar. Ele é o Mestre por excelência, o Educador maior da humanidade.
Deste modo, Ele não pode, de maneira nenhuma, divulgar algo falso ou usar a palavra para ensinar inverdades. Se assim não fosse eu vos teria dito…, ou seja, “Eu tenho um compromisso com a verdade, e se fosse de outro modo é disto que eu estaria vos falando”.
Assim, é preciso compreender que Jesus jamais deixou de atender às expectativas daqueles que creem ou creram Nele no que diz respeito às revelações. Se ainda não vemos em Suas palavras toda a Verdade Universal, é porque nem sempre as compreendemos como deveríamos, isto é, falta-nos a envergadura espiritual para entendê-Lo em espírito e verdade. O próprio Kardec já dizia:
Se o Cristo não pôde desenvolver o seu ensino de maneira completa, é porque faltavam aos homens conhecimentos que eles só poderiam adquirir com o tempo, e sem os quais não o compreenderiam; há muitas coisas que teriam parecido absurdas no estado dos conhecimentos de então. Completar o seu ensino deve entender-se no sentido de explicar e desenvolver, não no de ajuntar-lhe verdades novas, porque tudo nele se encontra em estado de gérmen, faltando-lhe só a chave para se apreender o sentido das palavras.2 (Grifo nosso.)
Portanto, a lei da evolução, conforme ensinam os espíritos na Codificação Espírita em harmonia com o que ensinou Jesus em seu Evangelho, é um desdobramento da Lei Maior da Vida, se assim não fosse Ele nos teria dito.
pois vou preparar-vos um lugar. – Este dizer do Senhor é daqueles que, por terem sido mal compreendidos, gerou a ilusão de um Reino localizado geograficamente em algum lugar no espaço. É preciso aprofundar o ensinamento, tirar o sentido espiritual das palavras do Mestre. A verdade, na maioria das vezes, está no que não se vê.
Neste plano em que vivemos, onde existe uma desarmonia aparente, há lugares em que existe paz; outros em que vige a guerra; uns onde predomina o ódio; outros o amor. Assim, na atualidade de nosso entendimento, é possível situar o “Céu” em algum lugar do espaço, do mesmo modo que existem mundos felizes e outros infelizes. Porém, a conquista definitiva do “Céu” é conquista íntima, e cada um de nós a realizará por si mesmo. Quando tal conquista estiver efetivada em nós mesmos, onde quer que estejamos ela estará conosco. Para muitos, a Terra é um vale de sombras, para Jesus ela foi sempre um ambiente de Harmonia com o Criador, pois Ele está num estado maior de espiritualidade sempre equilibrado com a Verdade Universal.
Dizendo deste modo, pois vou preparar-vos um lugar, Jesus nos fala da importância de ir, deixando Seus discípulos no mundo, para que eles, fazendo uso do que aprenderam, pudessem por si mesmos conquistar efetivamente o Reino pela vivência do Evangelho. O Rabi nos fala de um lugar, e não de “o lugar”, confirmando o que dissemos que não existe um local fixo denominado Reino dos Céus, mas que, em qualquer lugar onde estejamos, se estivermos em conexão com as Leis Imutáveis, estaremos no lugar preparado que sempre foi nosso desde o princípio dos tempos.



1 Atos, 17:28.
2 A Gênese, cap. I, item 28.