terça-feira, julho 26, 2022

Segredos Do Apocalipse - Anjos e Trombetas

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Os sete Anjos munidos com as sete trombetas se prepararam então para tocar. (Apocalipse, 8: 6)


Neste versículo é importante relembrar que os Anjos são enviados de Deus, são Espíritos de grande evolução, por isso representam o Poder Divino, eles são portadores de uma mensagem vinda diretamente do Criador.

Depreendemos assim, que na ocorrência há uma determinação superior, uma Providência gerenciando os fatos e que estes têm um propósito no encaminhamento dos acontecimentos gerais que virão. Como dizia nosso querido e saudoso companheiro o senhor Leão Zálio, a circunstância é a vontade do Criador em favor da criatura, e nós não estamos à mercê delas de uma forma desordenada, tudo tem a sua razão de ser dentro de um plano mais amplo, e o gestor de tudo neste nosso planeta é o Cristo e em última instância o próprio Deus.

Aprendemos assim, que estas trombetas, que têm uma importância considerável em toda literatura judaica, e em especial neste livro que encerra os registros da Nova Aliança, vão nos trazer grandes revelações e para isso é necessário que haja preparo, nada acontece ao acaso, sem um planejamento superior. Se desejamos ser também portadores de revelação, instrumentos de Deus através de nossas realizações, nos preparemos, não esqueçamos que cada minuto é importante para a economia universal e para as conquistas que temos que realizar; cada ocorrência por mínima que seja é instrutiva e traz em si informações que se bem aproveitadas muito podem nos ajudar, não desprezemos as pequenas coisas, eles estão ajudando a construir em nós o psiquismo do Ser Renovado, da Nova Criatura portadora da Mensagem de Deus onde quer que nos manifestemos.

É preciso que estejamos preparados para tocarsempre em nome de Deus e de Seu Cristo.

E o primeiro tocou... Caiu então sobre a terra granizo e fogo, misturados com sangue: uma terça parte da terra se queimou, um terço das árvores se queimou e toda vegetação verde se queimou. (Apocalipse, 8: 7)


E o primeiro tocou...; trata-se do primeiro de uma série, uma série de "sete", não podemos perder isto de vista, que são sete ciclos reveladores que acontecerão e que no livro serão descritos nos próximos capítulos.


Caiu então sobre a terra granizo e fogo, misturados com sangue; a princípio uma manifestação terrível, vejamos só: granizo que são pedras de gelo, trazem muitas vezes, destruição. Fogo é um elemento incendiário, oposto ao gelo que é formado a partir da água, entretanto não é menos destruidor; e sangue que pode ser símbolo de dor, de desastres e até mesmo de morte, é sempre visto com um grande pavor. Temos uma chuva em que estes três elementos estão misturados.

Percebamos as expressões. Tudo isto caiu sobre a terra, "terra" esta que podemos considerar como sendo o terreno íntimo onde são germinadas as sementes de nossos sentimentos. Portanto, como temos dito, todas estas ocorrências têm um sentido plenamente reeducativo para o Espírito.

Nas anotações de Mateus, no terceiro capítulo, nos é dito sobre o batismo de João:

Eu vos batizo com a água para o arrependimento, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu (…). Ele vos batizará com o Espírito Santo e com o fogo.1

O que temos aqui neste texto do Apocalipse é um desdobramento das palavras de João, o Batista, uma profecia ocorrendo.

O granizo é a água que representa para nós a justiça. A destruição que ele traz não é para extinção, mas como o Codificador nos orienta quando analisa a Lei de Destruição, para transformação. Construímos algo errado em nossa vida? Isto precisa ser destruído, ou melhor, transformado. O batismo de João era para o arrependimento, o "arrependei-vos" dito por ele é uma trombeta que soa na acústica de nossa alma. Arrependimento para conversão, conversão que é transformação mental, do homem interior; um novo padrão de vida é o desejado.

O Batista disse que "aquele que vem", que é o Cristo, nos batizaria com o fogo… é a mesma palavra que temos aqui. É o batismo do processo evolucional consciente quando adotamos a mensagem do Evangelho em nossa vida.

O fogo tem um sentido eficaz de purificação, no antigo Testamento ele simboliza a intervenção de Deus purificando as consciências.

Temos um texto no Eclesiástico que nos ajuda na compreensão:

pois o ouro se prova no fogo, e os eleitos, no cadinho da humilhação.2

Granizo e fogo misturados com sangue, é como se tudo estivesse junto no mesmo processo. Na simbologia do batismo de João temos o Espírito Santo, que é o Espírito redimido pela purificação realizada na vida em seus encaminhamentos ao testemunho. Portanto este batismo é processo antes mesmo de resultado, é através do processo que chegamos lá. Comparamos assim, este batismo do Espírito Santo com o sangue deste texto revelador.

Como dissemos, se muitos vêm o sangue como pavor, sangue também é vida. O próprio Jesus simbolizou a Nova Aliança com o sangue, o Seu sangue que seria derramado em favor de muitos. Trata-se do plano aplicativo do Evangelho, é o operacional do dia a dia, o exemplo vivo de Jesus circulando em nós através de nossas atitudes renovadas.

Portanto, nesta primeira trombeta o que temos é um batismo do Espírito promovendo nele novos lances em favor de sua evolução.

Não esqueçamos, mesmo aqueles que estão provisoriamente no mal, todos são filhos de Deus, estes acontecimentos escatológicos jamais vêm para perda destes ou de quem quer que seja, mas para cumprir um papel transformador de suas almas objetivando a salvação plena. Pois se um pai humano que tem um amor imperfeito sempre perdoa seu filho amado, e quer estar junto dele para sempre, o que não podemos dizer de Deus, que é Pleno em todas as Perfeições, em relação aos Seus filhos, mesmo os ainda pecadores?


uma terça parte da terra se queimou, um terço das árvores se queimou e toda vegetação verde se queimou. Quando estudamos a gênese mosaica a partir do primeiro livro do Antigo Testamento vamos ver que a primeira produção da terra foi a vegetação verde, "ervas que deem semente"3.

Assim, nos colocando no centro da revelação, e como objetivo maior de nossos estudos buscando o aperfeiçoamento do Ser perfectível que somos, vamos ver que esta terra somos nós mesmos e que esta vegetação verde são nossas criações mentais, que como sementes produzirão árvores, frutos, novas sementes, e assim por diante.

Esta queima de terça parte da terra e das árvores, representam a queima de nossas construções no terreno das ilusões e da transitoriedade. São aqueles componentes de natureza inferior que criamos baseados na mentalidade antiga que é aquela que nos faz o centro do Universo. Estas criações devem ser destruídas por esta chuva de granizo misturada com fogo e sangue para que o novo possa ser estabelecido em nós e a partir daí gerenciarmos melhor nossa evolução.

Notemos que só uma terça parte será destruída, não tudo, por quê? Porque não podemos destruir o nosso ser por inteiro, isso seria voltar a estados anteriores e inferiores de nossa evolução o que não é possível já que o Espírito não retrograda. Não há como mexer no nosso subconsciente, deste faz parte aquilo que já vivenciamos; é o passado, criações já realizadas. Deste modo só podemos interferir no presente que são nossas construções atuais, é no plano das realizações do hoje que temos que realizar a queima, daí nossas provas e expiações, nossos desafios no campo do testemunho.

Mas pode-se perguntar, o texto diz que toda vegetação verde se queimou; é que esta vegetação simbolizando nossas primeiras criações, representam nosso plano mental, nossa forma de agir, nossos interesses e anseios, trata-se de nossa participação dinâmica na criação, e isto tudo tem que ser transformado na base. A Nova Criatura tem que realizar completamente diferente da antiga, seus interesses e anseios devem ser outros, nossas criações na negatividade devem ser mesmo purificadas, queimadas. Só assim, preservando as lições anteriores, mantendo o foco e os objetivos superiores que são determinísticos em Deus, mas mudando nossa vida hoje, criaremos a nova mentalidade que é a base do Ser renovado que devemos ser segundo a Vontade de Deus através do plano aplicativo do Cristo.



1 Mateus, 3: 11

2 Eclesiástico, 2: 5

3 Gênesis, 1: 11 e 12



(Texto Extraído do Livro Segredos do Apocalipse)

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sexta-feira, julho 15, 2022

Evangelho de Paulo - A Lei de Cristo

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Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta, vós, os espirituais, corrigi esse tal com espírito de mansidão, cuidando de ti mesmo, para que também tu não sejas tentado. (gÁLATAS, 6: 1)

Temos Paulo no início deste novo capítulo se manifestando de forma mais calma e tranquila. Se anteriormente ele buscou advertir e até repreender, aqui ele aconselha ensinando como deve se comportar aquele que tem Jesus por Senhor e Mestre, e quer edificar o Filho do homem em si mesmo.

Muitas vezes temos dúvidas de como agir, desta forma, o apóstolo da gentilidade nos orienta:

Irmãos, caso alguém seja apanhado em falta; encontra-se nesta onda mental de irmandade todo aquele que se faz filho de Deus. Aqui ele se refere carinhosamente à comunidade cristã; se ontem os da Galácia, hoje todos os que buscam a Deus, conscientes de que se faz necessário que esta busca se dê através de uma transformação íntima em bases de uma moral edificante fundamentada no Evangelho.

Caso alguém; isto é, seja quem for, mesmo que desafeto nosso no campo das ideias.

Seja apanhado em falta; ser apanhado em falta é ser de uma forma ou de outra, notado em um momento infeliz. Qual de nós não tem seus instantes de infelicidade ou de queda diante dos princípios que já esposamos? E se nós que temos tanto conhecimento ainda erramos, o que não deverá se dar com aqueles que ainda não possuem os mesmos recursos?

Quando somos apanhados em falta, que é quando nos distanciamos de Deus e de Sua Sintonia Superior, é quando mais nos achamos tristes, carentes, e por isso mesmo necessitados de compreensão e apoio para nos reerguermos, não foi por outro motivo que o Cristo orientou:

Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes.1

Se assim queremos que os outros ajam para conosco, que eles reconheçam nossas necessidades de Espíritos imperfeitos, pois quem não é o doente senão aquele se opõe ao Pai Supremo? Por que também assim não agimos com nossos semelhantes quando estes se encontram nestas situações difíceis?

Temos muitas vezes em nosso movimento espírita o costume de estigmatizar de obsediado todo aquele que divirja de nosso modo de pensar. Pode até mesmo ser que o irmão esteja sobre a influência de Espíritos infelizes e por isso necessitados de amor, porém, a terapêutica do Cristo jamais é a de inferiorizar o outro, muito pelo contrário é a de elevá-lo para Deus. Quando diante de um Espírito que sabia estar em complicação, Ele não acusou, antes perguntou o seu nome, dando a oportunidade para que este se colocasse, sendo assim valorizado, pois muito importante é ter um nome, é ser reconhecido.2 Mostrando-nos desta feita, que não é só atender ao que necessita, mas promovê-lo.

Paulo nos chama à responsabilidade: vós, os espirituais… É preciso conscientizarmos que a nossa condição já não é mais a mesma de antes de conhecermos a Doutrina e o Evangelho. Queremos divulgar o Bem como adultos espirituais, mas insistimos em nos permitir agir como crianças mimadas no campo da alma.

Não, não nos subestimemo-nos, nós já podemos e devemos dar mais. Esta carta era para os gálatas de ontem, hoje ela é para todos nós, e Paulo confirma, somos espirituais, e por isso mais responsáveis por tudo o que fazemos, por tudo que emitimos.

Corrigi esse tal com espírito de mansidão; isto é, corrigi este irmão com espírito de mansidão.

O que é ter espírito de mansidão? Paulo anteriormente já escrevera aos tessalonicenses:

Não o considereis, todavia, como um inimigo, mas procurai corrigi-lo como irmão.3

Jesus também já havia orientado:

Se teu irmão pecar, vai corrigi-lo a sós.4

Ou seja, sem alarde, não humilhando-o; nosso dever como cristão é o de elevar o irmão, e não de infelicitá-lo por um simples desvio de conduta.

O manso não gera conflitos, não polemiza, ao contrário trabalha pela harmonização, pois vê em todos, filhos de Deus iguais a ele mesmo, transitando do erro para o acerto, da treva para a luz, do homem para o Cristo.

Cuidando de ti mesmo; isto é, buscando interiorizar a lição, conhecer a si mesmo. Pois quando fazemos uma avaliação sincera de nós mesmos, buscando ver como nos comportaríamos se fôssemos nós o infeliz que erra, reconhecemos nossas imperfeições e assim nos fortalecemos evitando cometer o mesmo erro, pois não é preciso faltar com a verdade para aprendermos, podemos isto fazer a partir da lição deixada pelo erro do outro. A tentação só se dá pela nossa concupiscência, deste modo, fortalecendo-nos moralmente através de um comportamento fraterno criamos em nós um campo onde a tentação não penetra.

Só há progresso efetivo e evolução se dinamizarmos o que já conhecemos, deste modo, estejamos alertas, nós, os espirituais, já conhecemos muito, e se quisermos adquirir o equilíbrio e a felicidade é preciso agir em coerência com o que já conhecemos.

Este é, em outras palavras, o alerta e o conselho do autor da Carta aos Gálatas, e o princípio daquilo que denominamos Religião Espírita.

Suportai o fardo um do outro; assim cumprireis a Lei de Cristo. (gÁLATAS, 6: 2)

O fardo é a carga que cada um tem que suportar no encaminhamento de sua vida. São as dores e dificuldades inerentes ao processo evolucional e mais aquelas que criamos pelo comportamento indevido ou em desajuste com a Lei Maior.

Cada um tem o seu fardo, ou como já dizia uma velha amiga, "cada um no seu cantinho sofre o seu tantinho".

A vida comum, principalmente dentro do quadro da modernidade materialista, nos leva ao isolacionismo, é cada um para si.

Essa, porém, não é a orientação dos Sábios espirituais. Suportai o fardo uns dos outros convoca o apóstolo, é que por sabedoria ele sabia que a nossa segurança está não só no compartilhar, mas no ajudar o outro em suas necessidades. É da Lei que o mal ou o Bem fique com quem faz, desta forma, quando algo fazemos por alguém é a nós mesmos que fazemos.

Falamos na análise do versículo anterior sobre a base da religião espírita. Dissemos daquele modo, porque normalmente escrevemos para os espíritas, são estes que nos leem. Porém, numa forma mais ampla podemos dizer que a fraternidade é a base da religião cristã, pois esta é a síntese do ensinamento do Cristo.

Aliás, o próprio Paulo numa comunicação espiritual contida na Codificação Kardequiana nos afirma:

verdadeiro espírita e verdadeiro cristão são uma só e a mesma coisa, dado que todos quantos praticam a caridade são discípulos de Jesus, sem embargo da seita a que pertençam.5

Paulo informa-nos aqui que vivenciando a fraternidade, suportando o fardo um do outro nós assim cumpriremos a Lei de Cristo.

E neste ponto podemos perguntar, mas o que é a Lei de Cristo?

Se pudéssemos sintetizar todo o Evangelho, que é um mar inesgotável de bênçãos, em uma só palavra, com segurança diríamos que esta palavra é Amor.

Portanto, a Lei de Cristo é a Lei de Amor.

Se quisermos nos qualificar de cristãos temos então de amar acima de todas as coisas, caso contrário seremos cristãos sem o Cristo.

Amar por sua vez é exteriorizar, é atuar em favor do outro.

É, deste modo, muito simples ser cristão, basta esquecer de si mesmo e tudo fazer pelo outro. Esta é a senha para sermos reconhecidos como cristãos, aliás, o próprio Jesus  disse que os Seus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem.

Por isso queridos amigos, esta é a base da religião espírita e da religião cristã: imitar a Jesus, fazer o que Ele fez.

Não é à toa que os Espíritos nos disseram ser Ele o Guia e o Modelo que tinha a Humanidade para a sua ascensão a Deus. E o que devemos fazer com um guia, e com um modelo, senão imitá-lo?

Portanto, quando tivermos em dúvida do que fazermos, ou de como nos comportar, ou ainda, de como nos mantermos na Lei de Cristo, façamos simplesmente uma questão:

" - Como Jesus se comportaria diante desta situação?"

A resposta não será difícil de ser dada, no entanto o mesmo não podemos dizer de comportarmos do mesmo modo.

Como dizia uma inscrição que vimos em uma camiseta de um de nossos amigos evangélicos, "é fácil andar com Jesus no peito, o difícil é ter peito para andar com Jesus."


Texto Retirado do Livro O Evangelho de Paulo


Disponível em :


 
  




1 Mateus, 9: 12

2 Cf. Marcos, 5: 9

3 2Tessalonicenses, 3: 15

4 Mateus, 18: 15

5 O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV item, 10