terça-feira, novembro 23, 2021

Segredos do Apocalipse - Dia do Senhor






Eu fui arrebatado em espírito; podemos ver aí a atuação mediúnica. João foi arrebatado, isto é, foi projetado a uma situação, a um lugar, na dimensão espiritual.


Acontece o mesmo com muitos médiuns, seja numa reunião mediúnica ou mesmo fora dela. É o que comumente se chama de "desdobramento"; alguns estudiosos não espíritas têm nominado como "projeção da consciência". Este vai ser o modo de ação do médium revelador do Apocalipse, ele se desdobra, vê, e narra o que foi a ele mostrado.


Fora do campo mediúnico, e mesmo até nesta área de atuação, podemos ver aí, neste arrebatamento, a necessidade de nos desvincularmos das situações corriqueiras, dos interesses em que estamos imersos, se quisermos receber uma revelação espiritual de maior alcance. Entendendo assim, também, a necessidade de nos projetarmos além dos interesses puramente transitórios para efetivarmos nossa evolução espiritual.

João se capacitou a receber o Apocalipse no final de sua vida física. Alguns fatores colaboraram para isto. Seu amadurecimento espiritual pelo trabalho incessante na área do Evangelho e no atendimento aos necessitados; os sofrimentos naturais por que passou fortaleceram-no espiritualmente, deram a ele embasamento moral; sua fraqueza física, seja pela idade, seja pelos sacrifícios que teve de fazer, se desvinculando do comodismo e do imediatismo humano, também o auxiliaram neste processo de desligamento do mundo da ilusão para uma efetiva penetração no mundo da realidade.


São lições valiosas para todos nós que almejamos uma maior projeção na vida espiritual. Os desafios, as dores, os limites, e as contrariedades, são situações de bastante incômodo, mas na realidade realizam importante tarefa em nossa contabilidade íntima, nos preparam para estarmos em melhor forma no dia do Senhor.


No dia do Senhor; historicamente os estudiosos cristãos situam este dia como sendo o domingo, o primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de Jesus. Dia este que à maneira judaica de contar iniciava no sábado à noite. Porém, os cristãos sabatistas entendem que este dia do Senhor se refere ao sábado.


No Judaísmo era o "dia de IHWH", o dia do julgamento. Podemos ver aí o Yom Kippur. Talvez seja isto que o Apóstolo quisesse dizer, o dia do Yom Kippur


No entendimento dos primeiros cristãos era o dia da volta de Jesus. Irineu, escritor cristão do segundo século, menciona uma tradição da igreja de que o Messias retornaria durante a Páscoa, e que o dia do Senhor não se refere ao domingo, mas ao primeiro dia da Páscoa1.

No campo íntimo é aquele momento de ajuste ao Plano do Criador, é nossa assimilação e adequação ao pensamento superior. Dissemos anteriormente, é entrar no "tempo de Deus".

Neste instante é que nos é outorgada a capacidade da revelação, que literalmente é "tirar o véu"; desvendar algo desconhecido, uma nova realidade, por exemplo.


e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta; a trombeta, "shophar", era um instrumento feito habitualmente de chifre de carneiro ou de boi; vamos ter também trombetas de prata que serviam só aos sacerdotes. Emitiam um som muito forte capaz de fazer a criatura despertar.

Aqui o que importa é a intensidade do som ouvido e que tinha justamente este objetivo despertar o médium para o que era visto. É bom lembrarmos que muitas vezes vemos algo, mas não nos despertamos para a realidade; quando a audição é sensibilizada este despertamento se faz mais fácil.


É habitual para nos falar do despertamento espiritual a expressão, "tocar a acústica da alma".

A codificação espírita que é uma grande revelação espiritual foi antecedida por pancadas que, através de barulhos estranhos, despertaram a população para novos fatos de grande poder revelador.

Esta trombeta representa para nós a possibilidade deste despertamento que soa como um grito em nossa consciência chamando-nos a uma nova realidade.


Neste passo é importante percebermos que ele não ouviu um som de trombeta, mas uma grande voz, a trombeta é usada só como comparação para expressar a intensidade com que a voz lhe falava.


No plano em que vivemos a voz tem um poder mais objetivo de comunicação, o que define que ele ouviu num plano mais concreto, a voz dizia algo que ele compreendia. A revelação só tem objetivo se ela se adequar ao plano mental daqueles que vão recebê-la, se não for assim, não haverá entendimento e ela perde a função.


Como era uma revelação vinda da Esfera de Deus e de Seu Cristo, ela não era falha, era adequada, vinha através de uma grande voz que o revelador ouviu detrás, e não de frente. Por quê?


Detrás é no lado oposto à nossa frente. Sendo a frente o sinalizador de nossos interesses, pois é para onde estamos voltados, a Mensagem do Cristo vem detrás, pois vem contrariando os interesses comuns do mundo, vem numa dimensão a que não estamos habituados. Por isso o som como que de uma trombeta, para despertar a criatura e ela voltar-se com determinação dando a frente para o Cristo e as costas para o mundo.


1 STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento, 1ª Ed. Belo Horizonte: Editora Atos, 2007. Pág. 865


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"A operação mais simples da natureza revela o mecanismo sagrado que a fez surgir na vibração do poder criador da Divindade.  Mas são raros os homens que observam além da superfície." (Emmanuel)


sexta-feira, novembro 12, 2021

Jesus Terapeuta





E PERGUNTOU-LHE JESUS, DIZENDO: "QUAL É O TEU NOME?" E ELE DISSE: "LEGIÃO"; PORQUE TINHAM ENTRADO NELE MUITOS DEMÔNIOS.

E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome?..
. — A abordagem terapêutica é preocupação, não só dos seguidores de Hipócrates, mas também de todos nós, trabalhadores de boa vontade, interessados no bem-estar alheio.
Por isso, a todo momento, devemos aprender com o divino Mensageiro das Ciências
Médicas, buscando analisar todas as Suas atitudes.
Após repreendê-lo inicialmente, como a demonstrá-lo a autoridade de que era portador, Jesus pergunta ao espírito qual o seu nome, dando-lhe oportunidade de se identificar, mostrando ao Senhor sua posição espiritual. É que, no "plano da verdade", não somos reconhecidos pelo substantivo que nos nomeia, e sim através da vibração determinada pelas aspirações esposadas e pelo que realizamos. Ao fazer esse questionamento, o Sublime Terapeuta sabia que o enfermo espiritual se retrataria — como realmente fez — por inteiro.
Outro ensinamento a observar na atitude do Cristo é a consideração do enfermo como criatura divina. É muito comum, mesmo entre nós espíritas, considerar todos esses infelizes desencarnados simplesmente como obsessores, perseguidores, malfeitores, etc., esquecendo que todos somos filhos de Deus. O desequilibrado de hoje é simplesmente alguém que ferimos ontem que ainda não encontrou o caminho. Dessa forma, ao interessar pela criatura, perguntando-lhe o nome, demonstrando carinho para com ela valorizamo-la, colocando-a em posição receptiva para melhor apreender o que temos a lhe observar.
Outro fator importante a considerar é o poder do amor neutralizando todo tipo de sentimento inferior. Em qualquer ambiente, mesmo num clima de intolerância, de agressão, quando surge alguém com esse excelso sentimento, a mudança no clima se faz visível.
Imaginemos portanto, qual a repercussão no imo da alma de quem quer que seja, se Ele, o
Amor feito visível, vem a perguntar: "qual é o teu nome?"
E ele disse: "Legião"; porque tinham entrado nele muitos demônios. — Legião
é um corpo ou divisão do antigo exército romano, constituído de infantaria e cavalaria.
Figuradamente, podemos entender também como multidão de pessoas, ou de seres . Ao manifestar-se desse modo, o obsessor de Gadara revela, como já dissemos, que esse processo obsessivo não é dos mais simples, pois são muitos os espíritos envolvidos no caso.

A sentença porque tinham entrado neles muitos demônios, como já relatado , não expressa bem o modo como transcorre o processo. O evangelista, ao narrar dessa maneira, não retratou as palavras do obsessor, mas interpretou o que este disse, conforme os conhecimentos da  época. A frase se acha melhor colocada segundo a narrativa de Marcos: "Legião é o meu nome, porque somos muitos;" ou seja, muitos são os que vampirizam o infeliz encarnado.
O importante a observarmos nesta análise não é o processo obsessivo em si, pelo motivo
de que este não é um estudo especializado no assunto, mas não podemos deixar de alertar para
a necessidade de todos nós, principalmente os que nos dizemos cristãos, estarmos atenciosos quanto à vigilância, pois a obsessão, por mais grave que seja, inicia de forma simples e sutil, vindo, com o tempo, se não saneada, a se agravar a tal ponto que passamos a ser dirigidos pelas entidades desequilibradas.
Outra interpretação que podemos fazer do texto evangélico é que, devido à somatória das viciações adquiridas com o nosso mal proceder, durante as experiências reencarnatórias, já não é mais o nosso "eu divino" que nos dirige, e sim a legião formada pelas nossas tendências e hábitos infelizes; cabendo, dessa forma, fortalecermos o Cristo interior, para que este de posse de suas plenas condições, possa expulsar de nosso íntimo todos os males — demônios — gerados pela imperfeição moral.

(Extraído do Livro Jesus Terapeuta, agora também disponível em Ebook, disponível no Google Livros: https://bityli.com/lBwynf)

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