terça-feira, dezembro 21, 2021

Segredos do Apocalipse - Os Sete Castiçais de Ouro


12 E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi sete castiçais de ouro;

E virei-me para ver quem falava comigo; foi dito anteriormente que a voz se fez ouvir detrás do médium; comentamos sobre isto, que trata-se da manifestação do Cristo em nossa vida no sentido inverso ao que é proposto pelo mundo.

João, como servo do Senhor, vivia uma vida voltada para as questões do Evangelho, seus interesses eram espirituais; mas aqui temos de ver a simbologia. Ele como elemento encarnado representa a humanidade que vive uma vida na ilusão do que pode ser visto pelos olhos.

Ao "virar-se", ele demonstra interesse, ele volta a frente para ver quem falava com ele.

Ele ouvia, para ouvir não era preciso virar, portanto, não bastava apenas ouvir a mensagem, era preciso ver de quem ela partia, verificar qual a sua origem, o que nos sugere discernimento.

O Apocalipse nos ensina a discernir, o próprio autor encarnado deste texto já nos dissera:

Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus1

Portanto, era preciso ver quem falava, de quem era aquela voz tão significativa; e ainda hoje ver quem fala. Se a mensagem vem da Esfera do Cristo, estejamos atentos, vivenciá-la é questão de bom senso, obra do homem prudente.

E a misericórdia divina é pródiga em nossa vida, se manifesta através das palavras de um pai, de um amigo, de um livro edificante, de um líder religioso…

Aprendamos com a Revelação, é preciso "virar-se" para quem tem para nós propostas reeducativas.

E, virando-me, vi sete castiçais de ouro; e virando-me, atitude obediente à consciência esclarecida.

Faz-se preciso não só conhecer a verdade, mas obedecê-la. Quantas vezes mesmo sabendo em nossa vida qual o melhor caminho seguimos por outro?

O Apocalipse é altamente simbólico, desvendar estes símbolos é o desafio de todos os que se propõem a estudar esta revelação. De nossa parte não temos a pretensão de compreender todos, pois não há em nós condições para tal. Retirar do texto uma proposta edificante para nossa vida, ou seja, aplicar a mensagem em nosso dia a dia é o objetivo maior. Mas para isso é preciso ir trabalhando estes símbolos e ver neles o que eles podem nos acrescentar em matéria de transformação moral.

A partir do quarto capítulo estes símbolos vão aumentar e exigir mais de nossa capacidade interpretativa, aqui, é apenas uma prefiguração do que vai acontecer mais adiante.

Sobre os sete castiçais de ouro, o próprio texto, no último versículo deste capítulo, nos esclarece: "são as sete igrejas"

Vamos comentar mais no desenvolvimento do texto, mas podemos ver neste castiçal, que é um suporte onde se coloca uma vela com o objetivo de iluminar, não apenas as igrejas; sim, toda comunidade que se reúne em torno de um princípio moral é um castiçal, todavia, nós também temos, individualmente, de sermos um castiçal através do qual a luz divina possa se irradiar.

Não é pretensão nenhuma de nossa parte dizer desta forma. O objetivo da luz é encerrar com a treva, e qual de nós diante de uma grande escuridão ainda não se serviu de um simples palito de fósforo para iluminar em volta? Portanto, qualquer um de nós tem esta prerrogativa. Não são palavras do próprio mestre que resplandecêssemos a nossa luz diante dos homens?2

O Evangelho por si só tem esta missão, iluminar as almas. Se o Antigo Testamento é uma grande trombeta a anunciar a existência de Deus e de Sua Lei, o Novo é a voz suave e doce que diz da necessidade de através do combustível da fé operacionalizada fazermos luz em favor de todos.

13 …e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem, vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro.

e, no meio dos sete castiçais, um semelhante ao Filho do Homem; num plano mais coletivo vimos que os sete castiçais representam as igrejas, o sete pode dar a ideia que é a totalidade delas. Entendamos por igreja não a instituição religiosa em si, mas qualquer comunidade reunida a serviço do Cristo, independente de a que escola esteja ligada. Trata-se de um grupamento que, no plano físico, possa fazer manifestar o Pensamento Divino.

Importa ver que são sete igrejas onde não há destaque de nenhuma, todas têm o seu papel e devem ser respeitadas igualmente; o mais importante é que todas sejam fontes irradiadoras de luz.

A expressão seguinte, um semelhante ao Filho do homem, nos remete ao Cristo.

Filho do homem foi um dos títulos que Jesus usou para si mesmo. Etimologicamente, no contexto hebraico, esta palavra quer dizer simplesmente "ser humano", ou "homem". Todavia, em se referindo a Jesus, esta expressão tem um sentido diverso, ela quer dizer de um Ser que ultrapassa a condição humana; um Messias é o melhor entendimento.

O texto deixa uma dúvida, pois o médium relata que viu um semelhante, e não o próprio Filho do homem. Todavia a alusão é clara, evoca o Cristo.

Como dissemos, a linguagem apocalíptica é altamente simbólica, temos que ir aos poucos desvendando estes símbolos. O que mais importa aqui é que os castiçais, fontes irradiadoras de luz, estão sofrendo, por sua vez, irradiação direta do Messias, estão a Ele conectados, estão em plena harmonia. Harmonia esta que é de tal forma que o Cristo está no meio deles, é um deles.

Talvez esteja aí o segredo da expressão "semelhante ao Filho do homem". É que num plano mais elevado de irradiação, não é o título que mais importa, mas estar na mesma frequência, na Alta Frequência de Deus. Pois como nos orienta o Espírito São Luis em mensagem publicada na Revista Espírita em fevereiro de 18683, não devemos dar importância se aqui é à personalidade de Jesus de Nazaré que esta expressão se refere, o que importa é que este Espírito está animado do mesmo pensamento superior.

Se quisermos, individualmente, ou coletivamente [nossa comunidade cristã], estarmos cumprindo bem o nosso papel irradiador de luz, produzindo valores de ordens reeducativas, é preciso estarmos na frequência do Cristo, esta é a essência do versículo.

vestido até aos pés de uma veste comprida; vamos ter a partir daqui e nos próximos versículos citações a respeito de algumas funções messiânicas, têm elas suporte na literatura veterotestamentária.

A veste comprida define a sua função sacerdotal, referindo-se a uma ampla conexão com Deus.

cingido pelo peito com um cinto de ouro. O cinto de ouro nos diz da realeza do Messias, o ouro era um metal nobre, o cinto de ouro era uma das insígnias dos reis. Porém vemos que aqui não se trata de um poder temporal apenas, pois o cinto cingido pelo peito diz de uma realeza fundamentada também pelo sentimento, que por estar associado à razão dá plena autoridade, uma capacidade de refletir com maior fidelidade o sentimento divino.



1 I João, 4: 1

2 Cf. Mateus, 5: 16

3 (KARDEC, Os Messias do Espiritismo Fevereiro de 1868)





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quarta-feira, dezembro 08, 2021

Maria de Nazaré, Paulo de Tarso: Mulher e Homem em Cristo

@claudiofajardoautor



Este livro é dividido em três partes distintas;

Na primeira, os textos de Paulo que dizem respeito à posição da mulher e do homem em Cristo.
Ao contrário do que habitualmente fazemos não nos preocupamos em fazer uma análise pormenorizada dos versículos (estudo miudinho do Evangelho), mas apenas de trechos que  nos auxiliam no esclarecimento destes pontos polêmicos que têm desafiado os estudiosos de todos os tempos.
É preciso tirar o espírito da letra, pois conforme orientação do próprio apóstolo, a letra mata, e o Espírito vivifica. Realizando desta forma, nada mais fazemos do que tentar corrigir o que a nosso ver é uma injustiça, tachar o venerável discípulo de Gamaliel  de machista.

Na segunda parte, com o título de "Maria a Educadora de Jesus" realizamos um breve estudo sobre o Puríssimo Espírito Maria de Nazaré.
 Falar de Maria, a mãe de Jesus, não é fácil devido a falta de informações que temos dela, e entre as que temos poucas são confiáveis, isentas e imparciais do ponto de vista religioso.
Estão no Novo Testamento, apesar de raros, os melhores esclarecimentos que temos da Mãe de nosso Senhor Jesus.
Nós, os espíritas, ainda temos o privilégio de termos algumas anotações vindas do Plano Espiritual que nos ajudam a esclarecer sobre a grande evolução e a missão deste nobre Espírito.
Não temos informação de como foi sua infância, nem de sua adolescência; a tradição cristã nos informa que Maria era filha de Joaquim e Ana. Seus pais eram judeus e pelo que podemos depreender dos textos do Evangelho formavam uma família simples e praticantes fieis de seus princípios religiosos.
Provavelmente nasceu entre os anos 18 e 20 a.C., e como era habitual àquele tempo, deve ter casado por volta de seus 14 anos, às vezes até antes.
Os historiadores do cristianismo apontam como data provável do nascimento de Jesus o ano 6 a.C., o Espírito Humberto de Campos através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier define o ano 5 a. C. como sendo o correto para a vinda do Cristo à carne3. O casamento de Maria deve ter acontecido de seis meses a um ano do nascimento de seu primogênito.

Na terceira e última parte do livro fizemos um estudo "miudinho" da "Carta aos Tessalonicenses "
Por volta do ano 50 de nossa era, já em franca atividade apostólica, Paulo, o fiel amigo dos gentios, se vê diante da seguinte dificuldade: a expansão das comunidades por ele fundadas crescia e com o crescimento surgiam dificuldades para o bom andamento da divulgação do Evangelho. Sua presença era sempre solicitada entre os novos seguidores do Cristo, e ele já não dava conta de atender à solicitação de todos como gostaria.
Após uma sentida oração percebeu-se envolvido pela presença espiritual do próprio Jesus que buscando tranquilizá-lo inspira-o a mudar a forma de assistência aos queridos seguidores.
Conforme anotações de Emmanuel, o Senhor o orienta com brandura:

"Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome… (…) doravante Estevão permanecerá mais aconchegado a ti transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo." (do livro Paulo e Estevão)

Deste modo, o Apóstolo convidou Timóteo e Silas, aqui chamado de Silvano, para juntos redigirem a primeira de suas importantes epístolas.
Paulo escreve esta sua primeira epístola em Corinto, por volta do ano 50 ou 51 de nossa era. Esta carta tem importância histórica, pois provavelmente é o primeiro documento escrito do Novo Testamento.

Este livro está disponível completo, em EBOOK,  na Amazon.com.br na link abaixo:




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terça-feira, novembro 23, 2021

Segredos do Apocalipse - Dia do Senhor






Eu fui arrebatado em espírito; podemos ver aí a atuação mediúnica. João foi arrebatado, isto é, foi projetado a uma situação, a um lugar, na dimensão espiritual.


Acontece o mesmo com muitos médiuns, seja numa reunião mediúnica ou mesmo fora dela. É o que comumente se chama de "desdobramento"; alguns estudiosos não espíritas têm nominado como "projeção da consciência". Este vai ser o modo de ação do médium revelador do Apocalipse, ele se desdobra, vê, e narra o que foi a ele mostrado.


Fora do campo mediúnico, e mesmo até nesta área de atuação, podemos ver aí, neste arrebatamento, a necessidade de nos desvincularmos das situações corriqueiras, dos interesses em que estamos imersos, se quisermos receber uma revelação espiritual de maior alcance. Entendendo assim, também, a necessidade de nos projetarmos além dos interesses puramente transitórios para efetivarmos nossa evolução espiritual.

João se capacitou a receber o Apocalipse no final de sua vida física. Alguns fatores colaboraram para isto. Seu amadurecimento espiritual pelo trabalho incessante na área do Evangelho e no atendimento aos necessitados; os sofrimentos naturais por que passou fortaleceram-no espiritualmente, deram a ele embasamento moral; sua fraqueza física, seja pela idade, seja pelos sacrifícios que teve de fazer, se desvinculando do comodismo e do imediatismo humano, também o auxiliaram neste processo de desligamento do mundo da ilusão para uma efetiva penetração no mundo da realidade.


São lições valiosas para todos nós que almejamos uma maior projeção na vida espiritual. Os desafios, as dores, os limites, e as contrariedades, são situações de bastante incômodo, mas na realidade realizam importante tarefa em nossa contabilidade íntima, nos preparam para estarmos em melhor forma no dia do Senhor.


No dia do Senhor; historicamente os estudiosos cristãos situam este dia como sendo o domingo, o primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de Jesus. Dia este que à maneira judaica de contar iniciava no sábado à noite. Porém, os cristãos sabatistas entendem que este dia do Senhor se refere ao sábado.


No Judaísmo era o "dia de IHWH", o dia do julgamento. Podemos ver aí o Yom Kippur. Talvez seja isto que o Apóstolo quisesse dizer, o dia do Yom Kippur


No entendimento dos primeiros cristãos era o dia da volta de Jesus. Irineu, escritor cristão do segundo século, menciona uma tradição da igreja de que o Messias retornaria durante a Páscoa, e que o dia do Senhor não se refere ao domingo, mas ao primeiro dia da Páscoa1.

No campo íntimo é aquele momento de ajuste ao Plano do Criador, é nossa assimilação e adequação ao pensamento superior. Dissemos anteriormente, é entrar no "tempo de Deus".

Neste instante é que nos é outorgada a capacidade da revelação, que literalmente é "tirar o véu"; desvendar algo desconhecido, uma nova realidade, por exemplo.


e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta; a trombeta, "shophar", era um instrumento feito habitualmente de chifre de carneiro ou de boi; vamos ter também trombetas de prata que serviam só aos sacerdotes. Emitiam um som muito forte capaz de fazer a criatura despertar.

Aqui o que importa é a intensidade do som ouvido e que tinha justamente este objetivo despertar o médium para o que era visto. É bom lembrarmos que muitas vezes vemos algo, mas não nos despertamos para a realidade; quando a audição é sensibilizada este despertamento se faz mais fácil.


É habitual para nos falar do despertamento espiritual a expressão, "tocar a acústica da alma".

A codificação espírita que é uma grande revelação espiritual foi antecedida por pancadas que, através de barulhos estranhos, despertaram a população para novos fatos de grande poder revelador.

Esta trombeta representa para nós a possibilidade deste despertamento que soa como um grito em nossa consciência chamando-nos a uma nova realidade.


Neste passo é importante percebermos que ele não ouviu um som de trombeta, mas uma grande voz, a trombeta é usada só como comparação para expressar a intensidade com que a voz lhe falava.


No plano em que vivemos a voz tem um poder mais objetivo de comunicação, o que define que ele ouviu num plano mais concreto, a voz dizia algo que ele compreendia. A revelação só tem objetivo se ela se adequar ao plano mental daqueles que vão recebê-la, se não for assim, não haverá entendimento e ela perde a função.


Como era uma revelação vinda da Esfera de Deus e de Seu Cristo, ela não era falha, era adequada, vinha através de uma grande voz que o revelador ouviu detrás, e não de frente. Por quê?


Detrás é no lado oposto à nossa frente. Sendo a frente o sinalizador de nossos interesses, pois é para onde estamos voltados, a Mensagem do Cristo vem detrás, pois vem contrariando os interesses comuns do mundo, vem numa dimensão a que não estamos habituados. Por isso o som como que de uma trombeta, para despertar a criatura e ela voltar-se com determinação dando a frente para o Cristo e as costas para o mundo.


1 STERN, David H. Comentário Judaico do Novo Testamento, 1ª Ed. Belo Horizonte: Editora Atos, 2007. Pág. 865


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sexta-feira, novembro 12, 2021

Jesus Terapeuta





E PERGUNTOU-LHE JESUS, DIZENDO: "QUAL É O TEU NOME?" E ELE DISSE: "LEGIÃO"; PORQUE TINHAM ENTRADO NELE MUITOS DEMÔNIOS.

E perguntou-lhe Jesus, dizendo: Qual é o teu nome?..
. — A abordagem terapêutica é preocupação, não só dos seguidores de Hipócrates, mas também de todos nós, trabalhadores de boa vontade, interessados no bem-estar alheio.
Por isso, a todo momento, devemos aprender com o divino Mensageiro das Ciências
Médicas, buscando analisar todas as Suas atitudes.
Após repreendê-lo inicialmente, como a demonstrá-lo a autoridade de que era portador, Jesus pergunta ao espírito qual o seu nome, dando-lhe oportunidade de se identificar, mostrando ao Senhor sua posição espiritual. É que, no "plano da verdade", não somos reconhecidos pelo substantivo que nos nomeia, e sim através da vibração determinada pelas aspirações esposadas e pelo que realizamos. Ao fazer esse questionamento, o Sublime Terapeuta sabia que o enfermo espiritual se retrataria — como realmente fez — por inteiro.
Outro ensinamento a observar na atitude do Cristo é a consideração do enfermo como criatura divina. É muito comum, mesmo entre nós espíritas, considerar todos esses infelizes desencarnados simplesmente como obsessores, perseguidores, malfeitores, etc., esquecendo que todos somos filhos de Deus. O desequilibrado de hoje é simplesmente alguém que ferimos ontem que ainda não encontrou o caminho. Dessa forma, ao interessar pela criatura, perguntando-lhe o nome, demonstrando carinho para com ela valorizamo-la, colocando-a em posição receptiva para melhor apreender o que temos a lhe observar.
Outro fator importante a considerar é o poder do amor neutralizando todo tipo de sentimento inferior. Em qualquer ambiente, mesmo num clima de intolerância, de agressão, quando surge alguém com esse excelso sentimento, a mudança no clima se faz visível.
Imaginemos portanto, qual a repercussão no imo da alma de quem quer que seja, se Ele, o
Amor feito visível, vem a perguntar: "qual é o teu nome?"
E ele disse: "Legião"; porque tinham entrado nele muitos demônios. — Legião
é um corpo ou divisão do antigo exército romano, constituído de infantaria e cavalaria.
Figuradamente, podemos entender também como multidão de pessoas, ou de seres . Ao manifestar-se desse modo, o obsessor de Gadara revela, como já dissemos, que esse processo obsessivo não é dos mais simples, pois são muitos os espíritos envolvidos no caso.

A sentença porque tinham entrado neles muitos demônios, como já relatado , não expressa bem o modo como transcorre o processo. O evangelista, ao narrar dessa maneira, não retratou as palavras do obsessor, mas interpretou o que este disse, conforme os conhecimentos da  época. A frase se acha melhor colocada segundo a narrativa de Marcos: "Legião é o meu nome, porque somos muitos;" ou seja, muitos são os que vampirizam o infeliz encarnado.
O importante a observarmos nesta análise não é o processo obsessivo em si, pelo motivo
de que este não é um estudo especializado no assunto, mas não podemos deixar de alertar para
a necessidade de todos nós, principalmente os que nos dizemos cristãos, estarmos atenciosos quanto à vigilância, pois a obsessão, por mais grave que seja, inicia de forma simples e sutil, vindo, com o tempo, se não saneada, a se agravar a tal ponto que passamos a ser dirigidos pelas entidades desequilibradas.
Outra interpretação que podemos fazer do texto evangélico é que, devido à somatória das viciações adquiridas com o nosso mal proceder, durante as experiências reencarnatórias, já não é mais o nosso "eu divino" que nos dirige, e sim a legião formada pelas nossas tendências e hábitos infelizes; cabendo, dessa forma, fortalecermos o Cristo interior, para que este de posse de suas plenas condições, possa expulsar de nosso íntimo todos os males — demônios — gerados pela imperfeição moral.

(Extraído do Livro Jesus Terapeuta, agora também disponível em Ebook, disponível no Google Livros: https://bityli.com/lBwynf)

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terça-feira, outubro 26, 2021

Segredos do Apocalipse

                                                                                


Revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer; e pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, seu servo (Apocalipse, 1: 1)



Deste primeiro versículo do Apocalipse, podemos depreender pelo menos dois ensinamentos:

Trata-se de um livro mediúnico, e o seu autor (médium) é João, o evangelista.

Quanto ao primeiro o texto é claro, a revelação (apocalipse) é de Jesus Cristo, um Messias de Alta Hierarquia (desencarnado) que através de um anjo (Espírito desencarnado) notifica o médium João (encarnado).

Quanto ao segundo ensinamento, mesmo apesar de alguma polêmica gerada pelos estudiosos, o texto também é claro, o autor encarnado é João.

Nossos irmãos cristãos de igrejas tradicionais, têm dito que a Bíblia proíbe a mediunidade, se isso fosse verdade eles teriam que censurar o Apocalipse; aliás, toda a Bíblia, pois toda Bíblia é na realidade um livro mediúnico por ser um livro inspirado.

As igrejas protestantes e católica dizem ser inspiradas pelo Espírito Santo, nós espíritas sabemos ser inspiradas pelo próprio Jesus conforme informação de Emmanuel, no livro "O Consolador"

***

Ainda neste versículo temos: " Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que brevemente devem acontecer"

Lembramos novamente as palavras de Emmanuel:

Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que frequentemente a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse para a história da Humanidade... [F. C. XAVIER / Emmanuel (Espírito), A Caminho da Luz, 1980, cap. 14]

Brevemente não deve ser visto como um período de tempo fechado, demarcado, esta tem sido uma das dificuldades de todos os estudiosos deste tipo de literatura; é preciso compreendermos que é uma revelação espiritual, vinda de Deus, e que o tempo de Deus é diverso do nosso. Para um Cristo, Espírito que está integrado em Deus, alguns milênios podem significar segundos. Temos de levar isto em conta.

...pelo seu anjo as enviou e as notificou a João, ainda podemos depreender outro ensinamento neste versículo.

A revelação veio de Deus para Jesus, este usou um anjo para que notificasse João.

Assim, temos:

Jesus, Médium de Deus.

Um anjo ou Espírito como médium de Jesus.

João, um médium Encarnado.

Deste modo, aprendemos que, na espiritualidade, entre os Espíritos desencarnados também existem médiuns que podem ser usados por uma Espiritualidade hierarquicamente superior.

Nós que também somos médiuns precisamos fazer uma reflexão importante, estamos sendo médiuns de quem?





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sábado, outubro 23, 2021

Segredos do Apocalipse





 

 

     

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Apocalipse é um gênero de literatura revelatória com uma estrutura narrativa, na qual a revelação é mediada por um ser do outro mundo a um receptor humano, revelando uma realidade transcendente que é simultaneamente temporal, na medida em que busca salvação escatológica, e também espacial, na medida em que envolve outro mundo (John J. Collins. Daniel, with an Introduction to Apocalyptic Literature. Grand Rapids: William B. Eerdmans, 1984. P.4.)

O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica do invisível.

Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra, e o velho Apóstolo de Patmos transmite aos seus discípulos as advertências extraordinárias do Apocalipse.

Todos os fatos posteriores à existência de João estão ali previstos. É verdade que frequentemente a descrição apostólica penetra o terreno mais obscuro; vê-se que a sua expressão humana não pôde copiar fielmente a expressão divina das suas visões de palpitante interesse para a história da Humanidade…(XAVIER, Francisco C., / Emmanuel (Espírito). A Caminho da Luz, 10ª Ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980, cap. 14)

 

 

 

A Editora Itapuã esta lançando neste próximo mês de Novembro, o livro SEGREDOS DO APOCALIPSE.

O Apocalipse atribuído a João, o Apóstolo, o último livro da Bíblia, é um dos mais lidos e pesquisados ao longo da história, entretanto, sua linguagem altamente simbólica e suas descrições consideradas catastróficas, tem dificultado a alguns leitores a compreensão de sua mensagem essencial.

Neste livro "Segredos do Apocalipse", Cláudio Fajardo usando a técnica do Estudo Miudinho do Evangelho, aprendido no Grupo Espírita Emmanuel de Belo Horizonte, mais especificamente com o saudoso Honório Abreu, torna acessível a todos os leitores a importante mensagem do Apocalipse, analisando os 22 capítulos do Apocalipse, versículo por versículo à luz da Doutrina Espírita; evidenciando não seus eventos exteriores, mas seu conteúdo reeducativo, ou como costumava dizer nosso querido Honório, o Apocalipse de Dentro.

Lembramos ainda palavras ditas por ele mesmo:

"O Apocalipse tem em si uma mensagem que caracteriza um processo educacional e evolutivo; definindo ao lado do chamamento para a nossa integração no bem e no amor, a adoção da verdade como componente de libertação. É também, uma soma muito grande de sugestões à nossa vida pessoal. Ainda que dentro dos acontecimentos que estão aí circulando, dentro das apreensões vigentes na atualidade deste mundo em transição, mesmo que tudo que se fala nele acontecesse, o espírito na sua imortalidade continuaria, para sequenciar a sua evolução! Porque em momento algum o mecanismo evolutivo vai ter cerceado as suas manifestações..." (Honório Abreu)

 

Para adquirir: vendas@itapuaeditora.com.br

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O Cavalo Branco do Apocalipse


Vi então o céu aberto: eis que apareceu um cavalo branco, cujo montador se chama "Fiel" e "Verdadeiro" ele julga e combate com justiça. (Apocalipse, 19: 11)

Como temos dito este décimo nono capítulo é muito significativo para este momento em que estamos vivendo. Ele narra eventos que estão ocorrendo e ainda vão se dar neste instante que é o fechamento de um ciclo de evolução planetária.
São ocorrências que têm o objetivo de preparar o orbe e a humanidade de um modo geral para o Advento do Messias que é popularmente conhecido no meio cristão como a Segunda Vinda de Jesus.
É preciso compreender que este advento significa o momento em que os ensinamentos de Jesus serão coletivamente vivenciados, em que o Sermão do Monte será a constituição única do planeta. Como dizia nosso saudoso amigo Honório Abreu, a volta de Jesus não será física no sentido de Ele encarnar, será operacional.
Ele mesmo, Jesus, foi sutil, porém claro:

Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.1 ( grifo nosso)

Portanto, a segunda vinda de Jesus, como é chamada, não é um evento que se dará em um dia, “será um processo gradual composto de várias fazes”2
Com segurança afirmamos que este processo já está acontecendo, a cada dia que passa ele se abre ainda mais para nossa percepção.
Vi então o céu aberto; momento claro de relacionamento entre o mundo físico e o espiritual, sendo este um dos principais objetos do estudo da doutrina espírita.
Esta expressão céu aberto indica um momento de uma comunicação mais ampla dos Espíritos com os encarnados e isso inicia nos meados do século XIX com os eventos que, estudados por Kardec, deram origem à Codificação Espírita.
...eis que apareceu um cavalo branco; este “aparecimento” não se deu ao acaso, a humanidade foi preparada para este momento. Revolução industrial, iluminismo, avanço da ciência, tudo isto e muito mais foram acontecimentos carinhosamente preparado pela Espiritualidade superior sob a direção do Cristo, para que no momento ideal pudesse aparecer.
Um cavalo branco; o cavalo é um instrumento de transporte, de trabalho. Nele temos força. Era um animal militar. Temos aí o símbolo de uma ação militar.
Todavia, esta ação militar sugerida não se trata de uma guerra armada conforme conhecemos, mas de uma luta, guerra mesmo, importante, contra a impiedade e todas as forças do mal. Trata-se de um combate espiritual.

Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé3

Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.4

Podemos ver neste cavalo como instrumento deste combate espiritual, o médium espírita evangelizado que transporta o Cristo com a força da verdade.
Nosso querido Chico Xavier, que é um destes, dizia não ser cavalo; mas em sua humildade sincera, apenas um burrico, sugerindo que o cavalo era Kardec.
Muitos espíritas podem ver aí uma contradição, pois Kardec não era médium. É preciso corrigir este entendimento. Não era médium ativo no sentido no sentido de receber comunicações em reuniões mediúnicas, entretanto foi um médium sensacional na organização e codificação da doutrina dos espíritos, trabalhando amplamente com os recursos da intuição que também é mediunidade.
Só assim, pôde formatar a Terceira Revelação.
Portanto, com toda segurança podemos ver no símbolo do cavalo branco a figura do codificador do espiritismo.
Branco sugerindo pureza, união, paz e muitas outras virtudes conquistadas nos milênios de experiências reencarnatórias.
Podemos ainda como sutileza trabalhar com o seu nome de registro: Hipolyte.
Hipo é um elemento de formação de palavras que exprime a ideia de cavalo, Do grego híppos, «cavalo».
Lite é um elemento de formação pospositivo, de origem grega e carácter nominal, que exprime a ideia de pedra e ocorre em nomes de minerais (picrolite).5
Portanto temos “cavalo” e “pedra”. Pedra é um dos símbolos da própria revelação:

Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja...”6

...cujo montador se chama "Fiel" e "Verdadeiro"; dissemos, o “cavalo” é o instrumento, ele transporta. O autor do Apocalipse nos ajuda falando sobre o quê este cavalo transporta e aqui podemos dizer também, como pergunta, quem?
Fiel e verdadeiro é o nome do cavaleiro. Lembremos, qual era o nome do guia espiritual de Kardec? Verdade era o nome que ele se dava por conhecer. Concluímos assim, que este “montador” era o Espírito de Verdade, que na direção de todos os trabalhos, era o próprio Cristo, que tinha como maiores instrumentos, a fidelidade, a obediência e o amor, verdade por excelência, a Deus acima de todas as coisas. Portanto, fiel e verdadeiro.
...ele julga e combate com justiça. No antigo Testamento justiça era viver de acordo com a Torah. A Torah era Palavra de Deus e obedecê-la era tido como justiça.
O Papa Bento XVI diz que “O Sermão da Montanha” é a Torah de Jesus, ou Torah do Messias.7
É uma ideia que este combate e justiça aqui tenha por base "O Sermão da Montanha" de Jesus, que é a síntese de toda a Mensagem Cristã.
O combate já dissemos, é espiritual. A justiça de Jesus, por ser um Cristo, um Espírito em comunhão perfeita e indescritível com Deus, que é amor, está por assim dizer absorvida pelo amor que é maior.
Temos deste modo, conforme expressa a Codificação Espírita, a Lei de Justiça, Amor e Caridade como Lei única.
Daí depreendemos que este “julgamento” não é como o de um juiz de nosso plano que sentencia uma pena. Podemos entender este “julgamento” como uma seleção em que os ajustados ao sentimento de bondade serão promovidos a mundos felizes, e os recalcitrantes no mal condenados a novo ciclo expiatório em mundos mais afins com seu estado de maldade.
Aí temos a Lei completa aplicada: Justiça, Amor e Caridade.

Extraído do Livro: Segredos do Apocalipse (a publicar)


1João 14: 23
2Champlin 6º Vol. Pág. 624
32 Timóteo, 4: 7
4Efésios, 6: 12
5Consulta feita no Site: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa, em 16/07/2019
6Mateus, 16: 18
7Jesus de Nazaré, cap 4 Ed. Planeta SP 2007

segunda-feira, abril 26, 2021

Parousia - A Segunda Vinda de Cristo

                                                                                             
 
 

Parousia é uma palavra grega antiga que significa presença, chegada ou visita oficial1. Em termos religiosos habitualmente se refere à volta de Jesus no fim dos tempos, para o Juízo Final.

Este é um dos temas mais constantes da Escrituras Bíblicas; inclusive encontramos referências a este evento, também no Antigo Testamento que foi escrito antes da primeira vinda de Jesus.

Desta forma, nós espíritas que temos o Antigo Testamento como obra da Primeira Revelação e o Novo como obra da Segunda, não podemos deixar avaliar o que as Escrituras querem dizer se as interpretarmos à luz da Doutrina Espírita, que temos como Terceira Revelação.

Deste modo, pretendemos comentar alguns textos dos autores bíblicos que tratam do assunto.

Em Mateus, nas anotações do Sermão Profético temos:

Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo. (Mateus, 24: 1 a 3)

Como podemos ver, a expectativa da segunda vinda de Jesus iria demarcar o fim de um ciclo. Fim do Mundo aqui não era o que podemos entender hoje como fim do mundo, ou seja, a destruição de tudo. Tratava-se, como dissemos, do fim de um ciclo, como fica claro em outras traduções:

E qual será o sinal da tua vinda e do fim dos tempos" (NVI)
Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século. (ARA)

Portanto, compreendemos que a expressão se refere ao fim de um mundo de sofrimento e dores que seria marcado pelo restabelecimento do Reino de Israel em que o Rei seria o Messias. Dentro da classificação dos mundos conforme ensina a doutrina espírita, seria o fim do Mundo de Provas e Expiações e a entrada no Mundo de Regeneração, o que os Judeus chama de Mundo Vindouro ou Era Messiânica.

Espiritualmente falando, podemos entender Israel como símbolo de toda humanidade (Emmanuel). De modo mais restrito, seriam aqueles que fazem sua evolução de forma consciente, em oposição a gentios que seriam os que evoluem pelos impactos da vida.

Assim, reestabelecimento do Reino de Israel seria exatamente o que escrevemos acima, seria um Reino regido pelo Evangelho de Jesus, portanto, Ele, o Messias, como Rei.

O texto mais antigo do Novo Testamento que trata deste assunto é a Primeira Carta aos Tessalonicenses, assunto que o autor comenta também na segunda carta dirigida aos cristãos de Tessalônica, sendo este o segundo texto do Novo Testamento que trata do assunto.

Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.
Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre.
Consolem-se uns aos outros com estas palavras.
(I Tessalonicenses, 4: 16 a 18)

Não pretendemos nestes comentários fazer um estudo minucioso do Evangelho, como habitualmente fazemos, mas apenas comentar os textos no que diz respeito ao tema abordado que é o da Parousia, ou segunda vinda do Cristo.

Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro.

Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus; o texto é simbólico. A expressão dada a ordem demonstra que se trata de um evento que depende de uma autorização do Alto. Voz de arcanjo, ou seja, de um Espírito Superior. Ressoar da trombeta de Deus, definindo que a ordem vem do próprio Criador, isto é, os Espíritos envolvidos estão diretamente ligados a Deus e ao Cristo.

Para que este evento se dê é necessário o amadurecimento da humanidade planetária. Isto ocorrendo a própria Lei de Deus que rege os Universos proporciona o acontecimento. Os Espíritos superiores apenas administrarão os eventos como servidores que são do Criador.

...o próprio Senhor descerá dos céus; em uma leitura apressada podemos entender como sendo o próprio Jesus a descer. Isto pode acontecer. Jesus é um Messias Divino e o Governador espiritual do Orbe, assim, quando ele quiser e as condições favorecerem Ele pode vir, entretanto não é necessário. Esta "descida dos céus" podemos compreender como a Descida dos Ideais Superiores, que se dá, como já comentamos, pelo amadurecimento espiritual da humanidade, e pela manifestação de Espíritos superiores que trabalham e estão ajustados ao próprio Cristo.

No Advento da Doutrina Espírita estes Espíritos superiores manifestaram em grande escala trazendo estes ideais de que falamos.

...e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. A doutrina da ressurreição é de origem judaica, mais especificamente dos fariseus. Paulo de Tarso antes de ser cristão já era defensor desta ideia, pois pertencia ao farisaísmo. Após converter-se ao Cristo fortaleceu-se nesta crença, pois teve a prova através do encontro com Jesus na estrada de Damasco.

Esta doutrina é diferente da doutrina da reencarnação, porém, as duas são plenamente conciliáveis.

A reencarnação como o próprio nome sugere é a volta do Espírito em outro corpo físico. Já a ressurreição dentro da ideia comum dá a entender a volta do Espírito, mas no mesmo corpo.

O espiritismo não aceita a ideia da volta do Espírito no mesmo corpo, mas nem por isso rechaça a ideia da ressurreição.

No Evangelho é falado de ressurreição do último dia, e isto é plenamente conciliável com a ideia da reencarnação. O Espírito reencarna, entre outros motivos, para realizar uma evolução mais ampla. Quando ele atinge o fim dos ciclos palingenésicos e não tem mais a necessidade de reencarnar, ele torna-se um Espírito redimido. Podemos dizer assim, que ele teve uma ressurreição espiritual. É o que entendemos por ressurreição do último dia, ou seja, é a volta do Espírito ao seu estado natural que é o de pureza, sem máculas.

Deste modo entendemos a expressão dita pelo apóstolo, pois estes, os Espíritos redimidos, são os mortos em Cristo. "Morte" aqui representando a morte para o mundo, para os interesses concernentes às questões materiais.

Em um plano temporal podemos dizer que ressuscitaram primeiro, pois se redimiram de todo mal.

Depois nós, os que estivermos vivos, seremos arrebatados com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre.

Depois nós, os que estivermos vivos... se os "mortos em Cristo" são os redimidos, os que não precisam mais encarnar no Orbe, os vivos neste contexto entendemos como os que de alguma forma ainda estão ligados às necessidades da vida material, estejam eles encarnados ou não.

O apóstolo diz que depois, nós, ou seja, os que nos achamos nesta condição, seremos do mesmo modo ressurretos. Importante aqui compreender que estes "vivos" devem estar ajustados ao Cristo através de Seu Evangelho operacional para que isto se dê.

...seremos arrebatados com eles nas nuvens... Na Bíblia o termo nuvens é muitas vezes utilizado para falar da presença ou da manifestação de Deus.

Então o Senhor apareceu na tenda, na coluna de nuvem; e a coluna de nuvem estava sobre a porta da tenda. (Deuteronômio, 31: 15)

E a nuvem do Senhor ia sobre eles de dia, quando partiam do arraial. (Números, 10: 34)

Na coluna de nuvem lhes falava; eles guardaram os seus testemunhos, e os estatutos que lhes dera. (Salmos, 99: 7)

E o Senhor desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do Senhor. (Êxodo, 34: 5)

Podemos assim, ver nesta expressão um símbolo para a região superior no Mundo Espiritual em que se encontram os Espíritos que realizaram sua redenção.

Desta feita, seremos arrebatados com eles nas nuvens, sendo "eles" os já "mortos em Cristo". O texto diz-nos da inserção destes últimos, "os vivos" que vivem em Cristo, neste Mundo Espiritual Superior.

...para o encontro com o Senhor nos ares. O Senhor, que em nosso planeta, é Jesus, o Cristo de nosso Orbe, reina neste mundo superior simbolizado pelas expressões "nuvens" e nos "ares". E o arrebatamento destes Espíritos superiores para o Seu Reino se dá de forma natural como aplicação da Lei de Deus. "ares" aqui representando um mundo que é espiritual e superior em oposição ao nosso que é material.

E assim estaremos com o Senhor para sempre. Os que atingem esta condição não a perdem mais, adquiriram a Vida em abundância a que se referiu Jesus segundo as anotações de João.

"Estar com o Senhor" não é ser participante de um mundo ocioso, muito pelo contrário é estar a Serviço de Deus para sempre, sem as adversidades do mundo material por isto mesmo inconstante.

Segundo compreendemos, a segundo vinda de Jesus não será como a primeira, ou seja, física; mas sim operacional, isto é, se dará em cada um através da aplicação daquilo que Jesus ensinou.
Deste modo, Sua volta será a implantação do Reino de Deus na Terra e para que isto se dê, é preciso que a Constituição do Reino seja respeitada e vivida pelos habitantes do planeta. Constituição esta que está claramente expressa no Evangelho, tendo sua síntese no Sermão do Monte.

Segundo este entendimento Espíritos como Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Madre Tereza de Calcutá, Chico Xavier, entre muitos outros já estão experimentando a Parousia e esta de modo coletivo se dará quando no final do ciclo de provas e expiações, os Espíritos rebeldes que não se ajustaram ao plano de Deus forem exilados para outros mundos inferiores e os que implementaram o Evangelho em si tornarem-se Cidadãos do Reino.

Ouçamos portanto, mais uma vez o apóstolo dos gentios: Consolem-se uns aos outros com essas palavras. Pois só de nós depende estar ou não entre os "escolhidos" quando chegar o momento de manifestar a Nova Jerusalém como consumação deste maravilhoso projeto de Deus.

Jesus respondeu: Se alguém me ama, guardará a minha palavra; e o meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada. (João, 14: 23)


1Wikipédia acessado em 14 de Abril de 2021