segunda-feira, julho 30, 2012

Mediunidade e Evangelho (1Coríntios, 12: 11)


Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.
Já comentamos a respeito da afirmativa que diz que um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas. Que fique claro que vários são os Espíritos que podem se comunicar, todos os livros sagrados dão prova disso e nos dias de hoje, até a ciência pode comprovar a comunicação entre os dois planos.
A própria igreja católica já aceita essa comunicação, em 2 de Novembro de 1983 perante mais de vinte mil pessoas na Basílica de São Pedro o Papa João Paulo II afirmou:
"O diálogo com os mortos não deve ser interrompido, pois, na realidade, a vida não está limitada pelos horizontes do mundo".
Em entrevista concedida à repórter Ilze Scamparini, o Padre Gino Concetti, um dos Teólogos mais competentes do Vaticano também afirma a mesma possibilidade de comunicação:
Ilze Scamparini : "Existe Comunicação entre os Vivos e os Mortos ?"
Gino Concetti : "Eu creio que sim. Eu acredito e me baseio num fundamento teológico que é o seguinte : Todos nós formamos em Cristo, um Corpo místico, no qual Cristo é o Soberano. De Cristo emanam muitas graças, muitos dons, e se estamos todos unidos, formamos uma comunhão. E onde há comunhão, existe também comunicação."
Ilze Scamparini : "O que o Senhor pensa do Espiritismo ?"
Gino Concetti : "O Espiritismo existe. Há sinais na Bíblia, na Sagrada Escritura, no Antigo Testamento. Mas, não é do modo fácil como as pessoas acreditam. Nós não podemos chamar o Espírito de Michelangelo ou de Raphael. Mas como existem provas nas Sagradas Escrituras, não se pode negar que existe essa possibilidade de comunicação".[1]
Não temos, portanto, nenhuma dúvida de que em breve esta possibilidade natural de comunicação será certeza em toda a humanidade.
Entretanto para isso é preciso humildade para reconhecermos que de planos mais altos, de rara espiritualidade, o mesmo Espírito opera todas essas coisas, isto é, o Espírito do Cristo, repartindo particularmente a cada um como quer, ou seja, dando a cada um de acordo com a sua adesão à Lei de Deus que, invisível aos olhos humanos, coordena e dirige todos acontecimentos universais.


[1]  http://www.geocities.com/jeffersonhpbr/textos.html

segunda-feira, julho 16, 2012

Batismo, Um Desafio Cristão






Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. (Isaías, 1: 16)
O tema do batismo tem nos desafiado a compreensão no que diz respeito ao entendimento evangélico sobre o assunto.
As religiões cristãs tradicionais batizam seus seguidores, cada uma a seu modo. O espiritismo que é também de origem cristã não prega a necessidade do batismo. Com quem está a razão?
João Batista que era um Espírito de alta evolução, que tinha a missão de ser o precursor de Jesus, batizava. E mais, disse que Jesus também batizaria. Apesar disso, João, o evangelista, afirma que Jesus mesmo não batizava, e sim os seus discípulos1.
Polêmicas à parte, se Jesus batizava ou não, o certo é que segundo as anotações de Mateus, uma das últimas orientações do Rabi antes de subir definitivamente aos Mundos Superiores, foi exatamente para que seus seguidores fizessem discípulos batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo2.
Isto está nas Escrituras, e conforme diz o próprio Senhor, a Escritura não pode ser anulada3.
Portanto, sendo Jesus o Guia e o Modelo para a humanidade conforme nos orientam os próprios Espíritos codificadores, e sendo Seu Evangelho roteiro imprescindível para nossas vidas, não estaria o espiritismo em erro, e nós espíritas não deveríamos também batizar e sermos batizados?
Fundamentados nestes pensamentos resolvemos estudar mais minuciosamente o assunto já que bem poucas são as referências espíritas sobre o tema e muito raro é nos Centros Espíritas abordarem tal questão.
A origem da palavra batismo é o grego baptizo que quer dizer mergulhar, imergir, que por sua vez deriva de bapto que tem basicamente o mesmo significado. Entretanto em um dicionário bíblico encontramos uma anotação que faz ligeira distinção entre os termos:
O exemplo mais claro que mostra o sentido de “baptizo” é um texto do poeta e médico grego Nicander, que viveu aproximadamente em 200 A.C. É uma receita para fazer picles. É de grande ajuda porque nela o autor usa as duas palavras. Nicander diz que para preparar picles, o vegetal deveria ser primeiro ‘mergulhado’ (“bapto”) em água fervente e então ‘batizado’ (“baptizo”) na solução de vinagre. Ambos os verbos descrevem a imersão dos vegetais em uma solução. Mas o primeiro descreve uma ação temporária. O segundo, o ato de batizar o vegetal, produz uma mudança permanente.4
Segundo alguns estudiosos, a origem de se batizar vem da Caldeia. Cairbar Schutel, espírita e estudioso do Evangelho, nos diz de forma diversa:
Esta prática, que assinala períodos milenários, parece ter nascido na Grécia Antiga, logo após a constituição de uma seita que cultuava a deusa da torpeza, a quem denominavam Cotito e a quem os atenienses rendiam os seus louvores. Esta seita, constituída de sacerdotes que tinham recebido o nome de baptas, porque se banhavam e purificavam com perfumes antes da celebração das cerimônias, deixou saliente nas páginas da História esse ato como símbolo de purificação.
Segundo o professor Paulo Dias, historiador e espírita de origem judaica, os judeus, no Ano Novo, na Páscoa, no Shabat, costumam fazer a MIKVA, o banho de lavagem total ou da casa, ou dos vasilhames, ou do corpo conforme o caso.
No judaísmo mesmo anterior a João Batista este banho de imersão era usado quando algum gentio se convertia, batismo dos prosélitos; ou como ritual de purificação. Por exemplo, as mulheres judias praticantes deveriam se purificar a cada período menstrual. Segundo a Torah antes de entrar no Templo a pessoa necessitava se purificar através de alguns rituais.
Segundo os textos do Novo Testamento o batismo de João, que foi um divisor de águas, era para o arrependimento. Os batizados entravam no rio Jordão e confessavam seus pecados. Podemos pensar que esta imersão na água simboliza a imersão do Espírito na nova doutrina a que ele deve se converter.
Temos assim, no batismo de João um grande diferencial em relação aos mergulhos anteriores; seu batismo não tinha sentido ritual, mas moral, ele não se repetia, o batizado não precisava de ficar se purificando sempre, já que ele se convertia e não se contaminava mais, esta era a ideia. Fazendo uma relação com a citação do poeta e médico grego Nicander, a imersão de João não deveria ter ação temporária, mas permanente.
Mesmo assim, o Batista dizia que seu ato iria ser superado pelo de Jesus, este não batizaria com água, mas com fogo e com o Espírito.
Temos aprendido em nossos estudos que o batismo com água, que é o batismo do arrependimento, que pode muito bem lembrar a própria reencarnação do Espírito, simboliza a justiça. Aliás, este é o símbolo do Precursor, é a justiça humana em seu grau máximo antes da chegada do amor que é o próprio Cristo em nossos corações.
Por isso o batismo de Jesus supera o de João, já que o amor é maior do que a justiça, esta está contida naquele.
Assim, chegamos a uma primeira conclusão. O batismo de João simboliza a reencarnação. O Espírito reencarnante também mergulha na água do líquido amniótico para iniciar sua vida física, e seu corpo nada mais é do que expressão deste líquido divino sendo ele quase todo de componente aquoso.
A reencarnação também é para o arrependimento, purificação e conversão do Espírito; sem ela não há progresso legítimo e nem mesmo podemos falar em justiça divina. Ela é a maior expressão da Justiça do Criador.
Dentro desta ótica podemos dar uma primeira resposta à nossa questão. O espírita deve se batizar? Sim, não só os espíritas, mas todos os cristãos. Não só os cristãos, mas todos os filhos de Deus.
Resta-nos apenas resolver uma pendência para seguirmos adiante. Dissemos que o batismo de João não se repetia. Daí podem nos perguntar: mas como ele representa a reencarnação já que esta se repete várias vezes?
Deixamos a palavra com Kardec e com os Espíritos codificadores:
Todos os Espíritos tendem para a perfeição e Deus lhes faculta os meios de alcançá-la, proporcionando-lhes as provações da vida corporal. Sua justiça, porém, lhes concede realizar, em novas existências, o que não puderam fazer ou concluir numa primeira prova.5
A cada nova existência, o Espírito dá um passo para diante na senda do progresso. Desde que se ache limpo de todas as impurezas, não tem mais necessidade das provas da vida corporal.6
Deste modo, o objetivo da encarnação do Espírito, como do batismo, é o de fazer o Espírito atingir a perfeição7. Todavia como este não a alcança numa só experiência física, ele tem oportunidade de outras. O mesmo se dá muitas vezes nas próprias igrejas cristãs, é comum um adepto se batizar e não se converter totalmente tendo a necessidade de confirmar posteriormente o batismo. Por isso o próprio Batista disse que o batismo de Jesus seria mais poderoso do que o dele, pois ao ser batizado com o fogo e o Espírito a criatura não mais necessitaria reencarnar, se daria a queima de todas as impurezas e o aperfeiçoamento pleno pela vivência do amor.
Destarte, como compreendermos o batismo de Jesus? O que é ser batizado com o fogo e com o Espírito Santo? Qual o real sentido destas palavras?
Continuemos analisando alguns textos:
Vendo ele, porém, que muitos fariseus e saduceus vinham ao batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.
Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo.8
Os fariseus e saduceus somos nós mesmos que, pecadores necessitamos reencarnar e assim conhecermos Jesus9 e sermos por Ele batizados.
Entretanto, por nos identificarmos mais com as questões exteriores, queremos logo receber o batismo por meio de rituais como fazem as igrejas tradicionalmente. João os alertou:
quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.
A ira futura representa o retorno de nossas ações no campo da irreflexão. Queremos o perdão de fora para dentro sem construí-lo no dia a dia. É nesse sentido que aguardamos o Messias poderoso e salvador, o que vai nos livrar da escravidão. É preciso produzirmos frutos dignos de arrependimento, e isto se dá quando, como nos ensina o Codificador do Espiritismo10, nos arrependermos, expiarmos e repararmos o mal feito.
Quando isto não se dá, não produzimos bons frutos e somos assim, lançados ao fogo, fogo este que simboliza os desafios a que somos submetidos com o objetivo de purificação de nossas imperfeições no cadinho da vida.
Deste modo, o batismo do fogo é a queima destes resíduos inúteis e perniciosos que produzimos com nossas imperfeições. Do mesmo modo que o ouro ou os metais se purificam em altas temperaturas, nos estamos sujeitos a todo tipo de dores, contrariedades, e dificuldades com objetivos redentores na temperatura elevada das lutas reencarnatórias. Entretanto, para que este seja o autêntico batismo do Cristo é preciso que tudo isto se dê de forma consciente, e possamos no plano aplicativo das lições do Mestre assim fazer com alegria.
Ainda exemplificando sobre como seria este batismo o próprio Jesus nos disse ter vindo trazer não a paz, mas a espada11, em se referindo à luta íntima que teríamos de empreender durante nosso processo reeducativo.
Só depois deste batismo, o do fogo, é que podemos nos candidatar a sermos batizados com o do Espírito Santo, que é justamente aquele em que redimidos nos tornamos santificados pela implementação em nós das virtudes evangélicas como conquista definitiva do Espírito. Ser batizado com o Espírito Santo é, portanto, ser promovido e passar a fazer parte do grupo dos Espíritos do Senhor que não só são ajudados, mas que efetivamente ajudam o próprio Criador e Seu Cristo no encaminhamento das almas ainda desajustadas.
Dito isto, podemos pensar em concluir este nosso estudo, cuidando apenas de comentarmos sobre a orientação de Jesus para que fizéssemos discípulos em todas as nações batizando-os em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo12.
Este versículo contido nas anotações de Mateus simboliza todo o plano de nossa colaboração com o Pai no que diz respeito à implantação de Seu Evangelho - porque em última instância o Evangelho é de Deus -, no coração de Seus filhos. Só assim tomamos posse de nossa salvação. Compreendendo isto, o salmista assim se expressou:
Devolve-me o júbilo da tua salvação
E que um espírito generoso me sustente.
Vou ensinar teus caminhos aos transgressores,
Para que os pecadores voltem a ti.13
Deus Pai é a Fonte Irradiadora de Todo Bem, de Todo Amor. O Filho, que simboliza Jesus, o Cristo, é o plano operacional deste Bem, do Amor. O Espírito Santo são todos os Espíritos agregados a Deus em Plena Comunhão Harmônica, pela dinamização do próprio amor. São aqueles que em uníssono com o Pai trabalham em favor de Seus filhos.
Deste modo, batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo sintetiza todo trabalho do apóstolo induzindo as criaturas a realizarem o processo de evolução consciente ajustada aos três níveis da Trindade Universal: recebendo a irradiação superior do Alto, operando na faixa de responsabilidade individual como filho obediente, tornando-se assim um Espírito redimido pela recomposição de sua consciência.
É a marcha da evolução. Saímos do Pai que é Deus nos tornando filhos, e sendo filhos ajustados ao Pai voltamos a Ele como Espíritos Santos plenamente realizados dentro do plano de aperfeiçoamento possível de ser realizado.
Conclusão
Ou não sabeis que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, é na sua morte que fomos batizados? Portanto pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova.14
O verdadeiro batismo não se trata de um ritual, mas de disposição moral de conversão, por isso é mudança permanente, vida nova.
Devemos ser batizados? Sim, mas é preciso conscientizarmos que ninguém poderá fazer isto por nós. Nós é que temos que realizar este processo individualmente, de dentro para fora.
O apóstolo Paulo nestes belíssimos versos da Carta aos Romanos nos mostra como realizar este batismo em Cristo Jesus. A proposta dele é que assim façamos em três níveis.
Morte, sepultamento e ressurreição.
Se os dois primeiros lances dizem respeito ao homem velho, aos anseios humanos que nos dirigem, o terceiro marca o nascimento da Nova Criatura, nosso destino final em Deus.
O batismo assim, significa morte, e por mais que isto possa nos assustar, pois não é prazeroso pensar em morrer, trata-se de algo imperativo, morrer para as necessidades antigas, para os velhos hábitos, para as companhias que não nos ajudam na promoção espiritual. Este é o primeiro passo, matarmos todas as ilusões da transitoriedade. Todavia, quando esta morte acontece, ainda fica um resquício, muitas vezes ficamos ligados a estes sentimentos passados por um fio fluídico que por mais fino que seja ainda nos atrai para a retaguarda. É preciso dar o segundo passo e sepultar todas estas formas negativas de vida.
O sepultamento representa assim, o rompimento dos laços fluídicos que nos ligam ao passado, é o corte na onda mental do atraso, a desvinculação definitiva com os laços escravizantes da matéria.
Só após este segundo passo definitivamente dado nasce a Nova Criatura, ressurge o Espírito que faliu, recompõe-se a consciência denegrida. Só após a sexta feira da crucificação dos interesses pessoais atingimos a Ressurreição no primeiro dia santo de uma nova vida santa.
Portanto, não nos entristeçamos, o batismo é morte, mas morte para que obtenhamos a Vida, e Vida Abundante, Vida Eterna.
Este é o verdadeiro sentido do batismo a que temos de nos submeter, o rompimento total com a velha criatura, com o príncipe deste mundo, para que possamos Nascer de Novo, tornando-nos senhores de nós mesmos, e príncipes do Reino, Filhos de Deus, Herdeiros do Eterno.

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Ed. Paulinas, 1992.
BibleWorks For Windows, Versão 7.0.012g. BibleWorks, 2006.
Dicionário Bíblico Strong . Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Rio de Janeiro: FEB, 1944.
. O Livro dos Espíritos. 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980.



1 Cf. João, 4: 2
2 Mateus, 28: 19
3 João, 10: 35
4 Dicionário Bíblico Strong . Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2002
5 KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 50ª ed. Rio de Janeiro: FEB, 1980. Comentário da questão 171
6 Idem, Q 168
7 Id., ib. Q. 132
8 Mateus, 3: 7,8 e 10
9 João, 1: 31
10 KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. Rio de Janeiro: FEB, 1944. I Parte, cap. VII
11 Cf. Mateus, 10: 34
12 Cf. Mateus, 28: 19
13 Salmo, 51: 14 e 15
14 Romanos, 6: 3 e 4

domingo, julho 08, 2012

1ª Tessalonicenses, 1: 1 – Seria este o primeiro versículo escrito de O Novo Testamento?






O prefácio do livro Paulo e Estevão está fazendo aniversário. Ele é datado de 08 de Julho de 1941.
Sabemos que este é um dos livros mais importantes da literatura mediúnica de Francisco Candido Xavier sob a orientação de Emmanuel sendo este o autor espiritual desta monumental obra.
Pretendemos no mês de setembro próximo iniciar a publicação em nosso Blog de um estudo da Carta de Paulo aos Tessalonicenses, que segundo alguns estudiosos é o primeiro texto escrito do Novo Testamento como temos hoje.
Para não passar em branco esta data de grande importância para o movimento espírita-evangélico, publicamos neste dia os comentários do primeiro versículo desta carta histórica. Este é, portanto, talvez, o primeiro versículo escrito do Novo Testamento.
Aguardamos, assim, para o mês de setembro próximo, se for da Vontade de Deus, a sequência do estudo destes valiosos primeiros textos do Apóstolo Paulo, que foi, segundo palavras de Huberto Rohden, o maior Bandeirante do Evangelho.
Paulo, e Silvano, e Timóteo, à igreja dos tessalonicenses, em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo: graça e paz tenhais de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo. (1ª Tessalonicenses, 1: 1)
Por volta do ano 50 de nossa era, já em franca atividade apostólica, Paulo, o fiel amigo dos gentios, se vê diante da seguinte dificuldade: a expansão das comunidades por ele fundadas crescia e com o crescimento surgiam dificuldades para o bom andamento da divulgação do Evangelho. Sua presença era sempre solicitada entre os novos seguidores do Cristo, e ele já não dava conta de atender à solicitação de todos como gostaria.
Após uma sentida oração percebeu-se envolvido pela presença espiritual do próprio Jesus que buscando tranquilizá-lo inspira-o a mudar a forma de assistência aos queridos seguidores.
Conforme anotações de Emmanuel, o Senhor o orienta com brandura:
Poderás resolver o problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome… (…) doravante Estevão permanecerá mais aconchegado a ti transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo.1
Deste modo, o Apóstolo convidou Timóteo e Silas, aqui chamado de Silvano, para juntos redigirem a primeira de suas importantes epístolas.
Paulo escreve esta sua primeira epístola em Corinto, por volta do ano 50 ou 51 de nossa era. Esta carta tem importância histórica, pois provavelmente é o primeiro documento escrito do Novo Testamento.
Emmanuel2 relata que por volta do ano 34 ou 35 d.C. os seguidores do Cristo tinham um manuscrito de Mateus onde consultavam os ensinamentos de Jesus. Porém os historiadores informam-nos que o Evangelho de Mateus conforme temos hoje, em sua forma narrativa, é de composição mais tardia. O texto a que Emmanuel se refere deve ser um primeiro Evangelho escrito por Mateus em aramaico (ou hebraico); o atual foi escrito em grego. Mais tarde Mateus teria composto um novo texto, inclusive com influência do Evangelho de Marcos que segundo os estudiosos é anterior.
Estas cartas, escritas por Paulo, foram produzidas por um método que alguns autores denominam de círculos de profecia, que consistia em uma meditação por parte do apóstolo e de seus companheiros, em que Paulo, concentrado, recebia por inspiração as palavras e estas vinham naturalmente e eram faladas em voz alta e anotadas. Há desde aqui, e mesmo bem antes, pois alguns estudiosos informam-nos que desde Samuel os textos sagrados eram produzidos desta forma, uma identidade com o que hoje nós espíritas chamamos de produção mediúnica; um medianeiro recebe o texto dos espíritos – que aqui era o de Estevão representando o próprio Jesus -, e o transmite aos assistentes pela palavra oral (psicofonia) ou escrita (psicografia).
Estes eram os dons espirituais que o apóstolo iria aprofundar e tornar claro mais adiante em outras epístolas.
Importa-nos ainda nesta saudação vermos como o fiel divulgador do Evangelho diferencia Deus, o Pai, do Senhor Jesus Cristo. Para Paulo é clara a distinção, Deus e Jesus são figuras distintas, um é o Criador, conforme Atos, 17: 24, o outro, Jesus, era o Cristo, ou Messias, o Filho enviado por Deus para remir a humanidade que se encontrava em erro e sob o jugo do mundo, conforme Gálatas, 4: 3 a 5.
1 Paulo e Estevão, pág. 529
2 Paulo e Estevão, Op. cit.

terça-feira, julho 03, 2012

Evangelho Miudinho: A Segunda Trombeta do Apocalipse






8E o segundo Anjo tocou... Algo como uma grande montanha incandescente foi lançado no mar: uma terça parte do mar se transformou em sangue, 9pereceu um terço das criaturas que viviam no mar e um terço dos navios foi destruído.1
8E o segundo Anjo tocou... Algo como uma grande montanha incandescente foi lançado no mar: uma terça parte do mar se transformou em sangue…
E o segundo Anjo tocou...; novo lance da evolução, nova voluta da espiral que se abre…
Algo como uma grande montanha incandescente foi lançado no mar; os comentaristas deste texto têm visto aqui mais algumas tragédias. Este algo como uma montanha incandescente lançado no mar seriam cometas, meteoritos, até mesmo estrelas que desabariam sobre o planeta gerando mortes coletivas e todo tipo de sofrimentos. Muitos veem as águas poluídas de nossas fontes, rios, e até mesmo o mar sendo contaminado.
Não podemos duvidar que muita coisa disto possa mesmo acontecer nestes dias finais de transição pelos quais o nosso Orbe está passando, todavia, como temos feito, nos importa perceber qual a nossa posição íntima em relação a tudo isto.
Como comentamos anteriormente se para muitos o sangue pode ser visto com pavor e até mesmo significando morte, pode também ser visto como vida depende do ângulo pelo qual analisarmos.
Assim, vemos no símbolo desta grande montanha incandescente toda uma somatória de recursos que o Plano Superior disponibiliza para nós a fim de podermos enfrentar todas estas vicissitudes, instrumentalizados para realizar nosso processo evolucional de forma consciente e amparado pela Misericórdia do Alto que nunca falta.
Podemos aí ver os conhecimentos não só da ciência e do avanço de tecnologia que nos proporcionam conforto, bem estar, e até mesmo vitória sobre certas enfermidades até então fatais, mas principalmente as informações que nos descortinam o Mundo Espiritual e as revelações que nos consolam e nos preparam adequadamente para enfrentarmos a transição, devidamente capacitados a conquistar nossa definitiva libertação.
A montanha é sempre vista nos textos bíblicos como elevação espiritual; foi numa montanha que Moisés recebeu os Dez Mandamentos, em outra que o Cristo nos revelou as Leis Universais através de Seu Iluminado Sermão.
Deste modo esta montanha incandescente, pode significar toda esta soma de recursos lançados a nós, como também a reencarnação de vários Espíritos superiores com o objetivo transformar a face do planeta e nos auxiliar nestes dias difíceis de juízo coletivo e transição mais acentuada. É incandescente, pois além de iluminação é também uma brasa na nossa consciência realisando a queima de resíduos e transformando-nos de dentro para fora.
O mar não é outro senão o “mar da vida”, mar em que devemos lançar nossas redes em busca da pesca maravilhosa das verdades do Evangelho e assim transformar toda realidade. É o mar aonde devemos aplicar as lições de nosso Mestre nos desafios do dia a dia.
uma terça parte do mar se transformou em sangue…; não se trata de sangue no que diz respeito à morte, mas a uma vida nova marcada pelo testemunho novo com fundamentação evangélica. É sacrifício sim, mas de interesses pessoais, de tudo que é mundano e nos rebaixa a condições inferiores. Não deixa de ser morte, pois para nascer o novo o antigo deve transformar-se. É o sangue da Nova Aliança que nos induz ao processo reeducativo, o único capaz de nos libertar definitivamente das ilusões e armadilhas deste mundo.
Na terça parte; mesmo que em forma fracionária temos o “três” que é um número pertinente indicando evolução. É uma parte apenas, uma menor parte, mas como o fermento capaz de levedar a massa toda.
9…pereceu um terço das criaturas que viviam no mar e um terço dos navios foi destruído.
Trata-se da continuidade das ocorrências do versículo anterior. Muitos ao contrário do que comentamos têm visto na “montanha incandescente lançada ao mar” a encarnação de vários Espíritos mais ligados às regiões das trevas e estes acontecimentos trágicos narrados aqui seriam a consequência da desordem que eles implementariam no planeta apoiados pela invigilância do homem comum que insiste em malbaratar tanto os recursos da natureza quanto os espirituais oferecidos pelo Alto.
A interpretação faz sentido. É importante sabermos que nestes momentos de transição planetária pelos quais passamos a Misericórdia de Deus permite que Espíritos arraigados ao mal tenham oportunidade de reencarnar em nosso mundo físico na esperança de que estes tendo uma última oportunidade aqui, antes do degredo a outros planetas inferiores onde continuariam sua evolução, possam fazer uma correção de rota.
Todavia o que acontece é que grande parte deles trazem consigo um estado psíquico bastante negativo e conseguem contaminar outros desavisados que invigilantes aprofundam-se também nestes terrenos escuros da queda.
Tudo isso é comum nestes dias em que vivemos, inclusive as várias filosofias que surgem nestes momentos em nome de uma “nova era” têm aí sua gênese. Quando estas filosofias são mesmo reeducativas acolhendo seguidores de acordo com sua posição na evolução, tudo bem; entretanto surgem outras comodistas, liberais, e sem o menor compromisso com a transformação moral de seus seguidores, e é quanto a estas que devemos ter cautela, porque nem todos os de Israel são, de fato, israelitas2.
Se optamos assim, pela interpretação de que esta “montanha incandescente” representaria os valores e os recursos nobres que estão à nossa disposição, inclusive a encarnação de Benfeitores Espirituais, é porque sabemos que Deus jamais desampara os Seus filhos, e se há mesmo grandes dissabores nestes tempos, e grande disseminação da maldade, há também concorrendo paralelo, as oportunidades de ajuste do Espírito e de implementação de uma nova proposta reeducativa em bases cristãs. Optamos por valorizar o Bem que como sabemos, sendo expressão maior do próprio Criador, é o que domina e subsiste.
Deste modo, pereceu um terço das criaturas que viviam no mar; não se trata de morte definitiva de seres e nem mesmo a representação da queda definitiva do Espírito, e sim de uma morte indicadora de ressurreição, que é a morte de nossas conquistas e ilusões no campo da negatividade alcançada pelo afastamento do Espírito em relação a Deus, através das transgressões à Sua Lei.
São estes valores que fizemos crescer em nós num psiquismo comprometedor que devem perecer, são eles que ainda vivem em nosso mar íntimo nas águas de nossa vivência em amplos conflitos conscienciais.
e um terço dos navios foi destruído. O navio é a embarcação. Representa nossos recursos de encaminhamento de nosso progresso. Podemos ver também como a nossa posição no “mar da vida” que é a própria evolução.
Estes recursos antigos formados a partir das experiências de transgressão à Lei devem mesmo e serão ao seu tempo destruídos. Teremos com o aporte de novos valores e de um encaminhamento consciencial mais seguro uma nova posição diante da vida. Somos um antes de Cristo operar em nós e outro, após. Não há quem não sofra modificações ao conhecer de forma sincera o Evangelho e sentir a presença de Jesus em si. Mesmo os que O condenaram sentiram o peso de Sua presença e jamais foram os mesmos.
A destruição destes navios significa assim a transformação do velho homem na Nova Criatura da qual falou o apóstolo dos gentios, que na estrada de Damasco fez destruir a embarcação de Saulo em favor da de Paulo, o homem renovado em Cristo que nascia.

1 Apocalipse, 8: 8 e 9
2 Romanos, 9: 6