segunda-feira, agosto 27, 2012

Mediunidade e Evangelho - Todos Pertencemos a um Mesmo Corpo (1 Coríntios, 12: 16)


E, se a orelha disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; não será por isso do corpo?
A orelha como órgão facilitador da audição tem também importantíssima função, o mesmo acontecendo com o olho que proporciona a todos a possibilidade de enxergar as maravilhas pertinentes ao mundo físico. Os dois do mesmo modo pertencem ao corpo cada um com a sua característica que o torna essencial.
Se houvesse a possibilidade de um destes órgãos serem dotados de inveja e fazendo uso deste sentimento procederem de uma forma negativa, querendo cada qual ter a característica do outro, de nada adiantaria, muito antes pelo contrário, pois a harmonia do todo ficaria comprometida.
Do mesmo modo é o funcionamento da Casa Espírita. O atendimento fraterno é um ótimo trabalho, essencial mesmo no socorro aos necessitados que buscam aliviar suas dores; podemos dizer que este é o pronto socorro de nossas agremiações. Também o serviço de primeiro atendimento àqueles que chegam buscando em nossa Casa iniciar-se dentro uma nova proposta filosófica é de fundamental importância, pois avaliar a necessidade particular de cada um e direcioná-lo para o ambiente adequado é passo certeiro com vistas a um trabalho bem realizado.
O que acontecerá com o recepcionista da casa, para isso preparado, se ele invejar o trabalho do atendimento fraterno e para lá quiser se transferir imediatamente por achar que sua tarefa é menos importante? E o que acontecerá se todos quiserem deixar suas tarefas em favor de outras que não conhecem bem?
Trabalho é toda ocupação útil, conforme nos ensinam os sábios Espíritos codificadores, e Paulo vai mais além, todo trabalho é coordenado pelo Cristo, e tem sua preciosa função. Deste modo, alegremo-nos com a nossa utilidade, e façamos cada vez melhor e mais bem feito o que nos propusermos a fazer, pois esse é o diferencial que deverá caracterizar o trabalhador cristão, e por consequência .o servidor espírita.
Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.1
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor.2


1 João, 5: 17
2 I Coríntios, 15: 58

segunda-feira, agosto 20, 2012

Mediunidade e Evangelho - Corpo Vários Membros (1 Coríntios, 12: 14 e 15)


Porque também o corpo não é um só membro, mas muitos.
Toda doutrina tem os seus princípios que lhe dão sustentação. Estes são muito importantes, pois se assim não for a doutrina fica sem consistência e de fácil oposição. Todavia, todo conjunto de princípios tem um objetivo primordial, senão, qual o objetivo de sua existência?
Com a Doutrina Espírita não é diferente, todos temos no estudo de seus princípios fundamentais um dever, para que possamos ser coerentes em nosso modo de expressar. Assim, Deus, Espírito, perispírito, mediunidade, reencarnação entre outros são temas constantes de nossas meditações e pesquisas como sendo, no dizer de Paulo, os órgãos formadores do corpo doutrinário que o Codificador denominou Espiritismo.
Se é justo assim proceder, não podemos esquecer do objetivo primordial da doutrina que abraçamos que é a efetiva educação do Ser em sua integralidade; isto é, matéria e espírito, buscando desenvolver em cada um os potenciais latentes de moral superior fundamentada no Evangelho do Cristo. Isso que a nova psicologia espírita tem chamado de “autoiluminação” é de fundamental importância para todos conforme expressam os Espíritos codificadores na questão 132 de O Livro dos Espíritos: “Deus lhes impõe [aos Espíritos] a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição.”
Se tudo isso é essencial a nortear os estudos dos “discípulos de Kardec”, faz-se ainda mais imperioso a busca da vivência de toda essa proposta filosófica, pois somos sem dúvida os que hoje mais temos compromisso com o “ide e pregai o Evangelho...” a todas as criaturas. Tal ocorrência só terá verdadeira autoridade se fundamentada no exemplo edificante.
Portanto, se juntos devemos manter a harmonia dos princípios evangélicos, porque também o corpo não é um só membro, mas muitos, não esqueçamos a orientação do próprio discípulo de todas as gentes:
A cabeça de todo homem é Cristo… e a cabeça de Cristo é Deus. Todo homem que ore ou profetize com a cabeça coberta desonra a sua cabeça.1
Se o pé disser: Porque não sou mão, não sou do corpo; não será por isso do corpo?
O corpo é o veículo de manifestação do Espírito imortal. Cada membro dele tem a sua importância dentro da proposta reeducativa do ser.
O pé é um membro voltado à segurança na movimentação, ele dá direção ao caminhar. A mão por sua vez é importantíssima na realização de um trabalho mais produtivo. Um corpo sem mão pode movimentar-se para lá e para cá sem dificuldades, mas terá algum impedimento na operacionalização de certos serviços. Por sua vez, um corpo sem pé poderá muito produzir nos estado de quietude, todavia, muitas serão as complicações no serviço do deslocamento.
Assim, em um organismo perfeito tudo tem a sua finalidade visando a produtividade harmoniosa, todos pertencem ao mesmo organismo e nenhum tem maior mérito do que o outro.
O que será de um grupo de trabalhadores espíritas onde só houver médiuns voltados para a cura? E se em outro grupo só houver expositores da mensagem doutrinária?
Deste modo, dos elementos ligados à faxina (sem a qual não pode haver o recebimento dos necessitados), até o mais sábio tarefeiro das questões últimas da vida, ninguém pode abrir mão de sua função e todos devemos trabalhar com alegria e reconhecimento, pois juntos formamos um só corpo e a dirigir esse corpo um só Espírito: O Espírito Verdade.
1 I Coríntios, 11: 3 e 4

segunda-feira, agosto 13, 2012

Mediunidade e Evangelho - Fomos Batizados em Um Espírito (1 Coríntios, 12: 13)


Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito.

Batismo, do grego báptó: mergulhar, imergir1. No hebraico tabal e tebila, significando a imersão de um corpo ou de um objeto num líquido.2
Na antiguidade o batismo fazia parte dos rituais de iniciação e purificação. Na tradição hebraica, esta imersão era objeto de uma legislação rigorosa, pois dela dependia o estado de pureza ritual e o bom funcionamento da aliança com Deus.
Os portadores de sarna e todos os que eram considerados impuros deveriam se submeter a esta prática. Ainda hoje os hebreus continuam a praticar este rito, a mulher depois das regras e o casal depois do ato sexual.
Vê-se assim, que a imersão para o hebreu é diferente do batismo cristão, enquanto este é recebido uma só vez quando da conversão ao cristianismo, aquela é uma prática constante que faz o homem cada vez que quer purificar-se ou limpar-se de suas faltas.
Na igreja primitiva o batismo já diferia um pouco destes ritos conforme podemos depreender das anotações do livro de Atos nos primeiros movimentos do capítulo 19. Paulo simplesmente impunha as mãos sobre os discípulos que seriam batizados, e estes se sensibilizavam através de uma percepção espiritual que hoje podemos chamar de mediúnica.
Deste modo, aquele que era o “vaso escolhido” do Cristo segundo as anotações do autor de Atos, dizia aos Coríntios, com desdobramento aos cristãos de outras eras, que todos fomos batizados ou iniciados na doutrina do Evangelho, e tenha sido qualquer que seja a nossa origem ou a nossa filosofia anterior, agora somos adeptos do Cristo e assim temos o dever de com Ele servir, formando um só ser coletivo harmonizando todos os corações necessitados:

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.3

Para nós espíritas os rituais não têm utilidade, o símbolo do batismo que é a imersão do corpo em água para se purificar, pode representar a necessidade reencarnatória - nascer da água - e através desta purificar o nosso Espírito pela vivência do bem – nascer do Espírito.

1 Dicionário Eletrônico Houaiss
2 A Bíblia Matyah (O Evangelho Segundo Mateus), Pág. 64
3 João, 13:35

segunda-feira, agosto 06, 2012

Mediunidade e Evangelho - Uma Reunião é um Ser Coletivo (1 Coríntios, 12: 12


Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.
O filósofo italiano Pietro Ubaldi nos afirma em sua obra de maior expressão, A Grande Síntese, que “todos os Seres tendem a reagrupar-se, à proporção que evoluem, em unidades coletivas, em colônias, em sistemas sempre mais abrangentes.”[1]
Se tal acontecimento é uma verdade científica ainda não podemos precisar, há mistérios na Lei Diretora do Cosmos que para nós ainda é um grande desafio. Porém, o Espiritismo nos deixa transparecer que pode ser desta forma, pois o Espírito Paulo, o apóstolo, segundo as anotações de Kardec na questão 1009 de O Livro dos Espíritos nos diz que:  “Gravitar para a unidade divina, eis o fim da Humanidade”
Jesus também nos asseverou que Ele e o Pai eram um[2], querendo com isso dizer não a mesma pessoa, mas que Ele já havia se unificado com Deus através da vivência plena de Sua Lei.
O preclaro filho de Tarso neste versículo aponta-nos por analogia, que, se os membros sendo muitos formam um só corpo, do mesmo modo é Cristo. Ou seja, que todos os cristãos, sendo muitos, mas em comunhão em Deus, formam um só corpo, o corpo de Cristo. Indo mais além em outro momento:
Porque assim como em um corpo temos muitos membros, e nem todos os membros têm a mesma operação, assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.[3]
Ou seja, esta comunhão com o Pai se dá através do perfeito ajuste uns dos outros, ou melhor, da perfeita harmonia reinante entre os próprios seguidores do Nazareno.
Jamais seremos plenamente idênticos, mas poderemos formar, se em harmonia, um organismo sem falhas onde hierarquia deixe de ser disputa entre superiores e inferiores, para se tornar comunhão por um objetivo maior que é o perfeito funcionamento do universo.
Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Em matéria de mediunidade podemos também afirmar o mesmo. A orientação de Kardec é clara:
Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. (…) Toda reunião espírita deve, pois, tender para a maior homogeneidade possível. Está entendido que falamos das em que se deseja chegar a resultados sérios e verdadeiramente úteis. Se o que se quer é apenas obter comunicações sejam estas quais forem, sem nenhuma atenção à qualidade dos que as deem, evidentemente desnecessárias se tornam todas essas precauções; mas, então, ninguém tem que se queixar da qualidade do produto.[4]
É imprescindível que toda prática mediúnica esteja vinculada à proposta reeducativa do Evangelho, pois o intercâmbio entre os dois planos da vida não tem como único objetivo a comprovação da imortalidade, mas também ampliar os potenciais do Espírito em bases de um amor adimensional.
Deste modo, médiuns ostensivos ou de sustentação, dirigentes e outros participantes de reuniões, devem comungar sentimentos nobres e superiores, cultivando sincera humildade, pois formarão, se assim acontecer, um só corpo, e corpo de Cristo.


[1] A Grande Síntese, cap. 29
[2] João. 10: 30
[3] Romanos, 12: 4 e 5
[4] O Livro dos Médiuns, Item 331