terça-feira, fevereiro 14, 2012

Evangelho Miudinho - Considerações sobre o Sermão Profético de Jesus


E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
E, estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? Mateus, 24: 1 a 3


E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
Estar no templo, orar, meditar, sintonizar com as questões espirituais é uma necessidade para todos nós. Entretanto, necessário também é sair do templo buscando vivenciar todos ensinamentos ali recolhidos. Jesus nos dá o exemplo, cabe a cada um segui-Lo de acordo o entendimento particular.
A julgar pela narrativa de Lucas, este acontecimento se deu após o excelente ensinamento dado por Jesus, quando da oferta da viúva pobre. Interessante observar a invigilância dos discípulos, que mesmo após o Mestre ter mostrado a eles que o importante não era o aspecto exterior das coisas, ou mesmo os valores amoedados, eles fizeram questão de chamar a atenção de Jesus justamente para a estrutura física do templo.
É o mesmo que ocorre conosco quando diante da oportunidade de uma lição edificante, valorizamos mais o instrumento que a veicula, do que a própria lição a ser apreendida.
porque a letra mata, e o Espírito vivifica, já dizia o apóstolo.1
Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
Jesus, porém, lhes disse… - Jesus consegue sabiamente conduzir a lição. Seus amigos chamaram atenção para um aspecto, Ele, porém, lhes disse…, isto é, mudou a direção da conversa fazendo-a mais instrutiva.
Parece simples, porém temos em nosso dia a dia de aprender a fazer isto, pois não somos obrigados a nos envolver em questões desinteressantes ao nosso processo evolutivo, nem podemos agir de modo deseducado quando tal acontece. O Evangelho nos ensina a ser sutil, porém sem abrir mão do que já conquistamos.
Não vedes tudo isto? – O bom mestre ensina partindo daquilo que o educando consegue entender. Deste modo, Jesus salienta o exterior – tudo isto – porque é o que conseguimos ver, assim faz Ele, com o objetivo de mostrar o que está para lá de nossa pouca visão. Pois, ao ver tudo isto que se nos apresenta de forma imediata, ainda mesmo assim, estamos vendo muito pouco do que existe para mais além.
Em verdade vos digo… - Já dissemos em estudos anteriores, que tudo o que é dito por Jesus é verdade, porém, quando Ele faz este destaque, …em verdade vos digo…, é porque há de nossa parte uma necessidade maior de prestarmos atenção no ensinamento que vem após.
que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. – Todos os estudiosos do texto evangélico têm visto nestas palavras de Jesus uma alusão à destruição de Jerusalém ocorrida no ano 70 de nossa era. E a profecia realmente se cumpriu à risca.
Porém, não podemos deixar de ver nestas sábias palavras, muito mais do que isso, ou seja, um ensinamento que transcende a questão tempo-espaço, como veremos no prosseguimento deste estudo.
E, estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?
E, estando assentado no monte das Oliveiras… - Aqui também, como no Sermão do Monte, Jesus dá-nos valioso ensinamento assentado no monte. Assentado mostrando-nos segurança, tranqüilidade; e monte significando elevação espiritual, sintonia com as Leis Supremas da Criação. Ou seja, Jesus nos mostra que para ensinar necessário se faz estarmos assentados em bases sólidas.
chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo… - Jesus é o Sábio por Excelência, ao conscientizarmo-nos disto, é preciso chegarmo-nos a Ele, isto é, aproximarmos Dele com o intuito de mais aprender. Em particular, é na intimidade Dele. Nós, nos fazendo íntimo com o Cristo podemos realizar maravilhas.
porém tudo declarava em particular aos seus discípulos.2
Marcos, que é sempre mais detalhista, nos diz que, os que aproximaram-se Dele, eram Pedro e André (irmãos), Tiago e João (irmãos). A particularidade daquele momento (em família), nos faz ver, que é justamente na intimidade que o Cristo tende a manifestar-se com mais naturalidade.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te recompensará.3
Dize-nos quando serão essas coisas… - A previsão da destruição do templo tinha assustado mesmo os mais íntimos. É o mesmo que hoje aconteceria se fosse previsto a queda de uma sólida construção moderna, de um império poderoso como o da Microsoft ou do próprio EUA.
Desde modo, os discípulos querem logo saber: quando serão essas coisas…
Essas coisas, nesse tom de dificuldade de aceitação, vem nos mostrar justamente como é difícil para qualquer um de nós, conformar com a perda ou destruição do que ainda é para nós importante, mesmo que de um valor passageiro ou transitório.
e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? - Estes acontecimentos eram o prenúncio da parusia, palavra grega, que quer dizer “presença”. Designava no mundo greco-romano, a visita oficial e solene de um príncipe a um lugar qualquer. Os cristãos adotaram-na como termo técnico para designar a vinda do Cristo.4
Segundo o professor Carlos Torres Pastorino, a expressão fim do mundo, é um equívoco de tradução. Diz Pastorino: “… no original não está escrito télos toú kósmou (fim do mundo), mas synteleia toú aiónos (término do eon ou ciclo).” 5 A Bíblia de Jerusalém, traduz como “consumação dos tempos”, dando também a entender, final de um ciclo, e não do mundo.
O evangelista dá-nos a entender, em sua crença, que a volta de Jesus era o que marcaria o final deste ciclo. Nós particularmente entendemos a segunda vinda do Cristo, como a manifestação Dele em nós, ou seja, aquele momento em que assimilamos Sua mensagem e a colocamos em prática. É o que nos dá a entender o próprio Evangelho:
Jesus respondeu e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele e faremos nele morada.6
Ou seja, a volta de Jesus é uma questão íntima, particular de cada um; para aqueles que realizaram em si a reforma necessária, Ele já veio; para muitos virá breve; para outros demorará um pouco mais.
Assim, este momento glorioso de “Cristificação” íntima, marca o fim de um ciclo, ou, eon, como nos diz o professor Pastorino. É o fim do ciclo das dores em favor do Amor Pleno. Quando chegar este dia, dos templos físicos não restarão pedra sobre pedra, pois o Pai será adorado em espírito7; e mesmo o templo divino do nosso corpo já não terá mais razão de ser, pois por conquista não precisaremos mais reencarnar, vivendo uma vida, plenamente espiritual.

Texto extraído do Livro "O Sermão Profético"
 
1 2 Coríntios, 3: 6
2 Marcos, 4: 34
3 Mateus, 6: 6
4 Bíblia de Jerusalém, pág. 1884.
5 Sabedoria do Evangelho, 7° Volume, pág. 93
6 João, 14: 23
7 Conforme João, 4:24: “Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.”

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