E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.E, estando assentado no monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo? Mateus, 24: 1 a 3
E, quando Jesus ia saindo do
templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a
estrutura do templo.
Estar no templo,
orar, meditar, sintonizar com as questões espirituais é uma
necessidade para todos nós. Entretanto, necessário também é sair
do templo buscando vivenciar todos ensinamentos ali recolhidos. Jesus
nos dá o exemplo, cabe a cada um segui-Lo de acordo o entendimento
particular.
A julgar pela narrativa
de Lucas, este acontecimento se deu após o excelente ensinamento
dado por Jesus, quando da oferta da viúva pobre. Interessante
observar a invigilância dos discípulos, que mesmo após o Mestre
ter mostrado a eles que o importante não era o aspecto exterior das
coisas, ou mesmo os valores amoedados, eles fizeram questão de
chamar a atenção de Jesus justamente para a estrutura física do
templo.
É o mesmo que ocorre
conosco quando diante da oportunidade de uma lição edificante,
valorizamos mais o instrumento que a veicula, do que a própria lição
a ser apreendida.
…porque a letra mata, e o
Espírito vivifica, já dizia o apóstolo.1
Jesus, porém, lhes disse: Não
vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra
sobre pedra que não seja derribada.
Jesus, porém, lhes
disse… - Jesus consegue sabiamente conduzir a lição. Seus
amigos chamaram atenção para um aspecto, Ele, porém, lhes
disse…, isto é, mudou a direção da conversa fazendo-a mais
instrutiva.
Parece simples, porém
temos em nosso dia a dia de aprender a fazer isto, pois não somos
obrigados a nos envolver em questões desinteressantes ao nosso
processo evolutivo, nem podemos agir de modo deseducado quando tal
acontece. O Evangelho nos ensina a ser sutil, porém sem abrir mão
do que já conquistamos.
…Não vedes tudo
isto? – O bom mestre ensina partindo daquilo que o educando
consegue entender. Deste modo, Jesus salienta o exterior – tudo
isto – porque é o que conseguimos ver, assim faz Ele, com o
objetivo de mostrar o que está para lá de nossa pouca visão. Pois,
ao ver tudo isto que se nos apresenta de forma imediata, ainda
mesmo assim, estamos vendo muito pouco do que existe para mais além.
Em verdade vos digo…
- Já dissemos em estudos anteriores, que tudo o que é dito por
Jesus é verdade, porém, quando Ele faz este destaque, …em
verdade vos digo…, é porque há de nossa parte uma necessidade
maior de prestarmos atenção no ensinamento que vem após.
…que não ficará
aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. – Todos os
estudiosos do texto evangélico têm visto nestas palavras de Jesus
uma alusão à destruição de Jerusalém ocorrida no ano 70 de nossa
era. E a profecia realmente se cumpriu à risca.
Porém, não podemos
deixar de ver nestas sábias palavras, muito mais do que isso, ou
seja, um ensinamento que transcende a questão tempo-espaço, como
veremos no prosseguimento deste estudo.
E, estando assentado no monte
das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos, em particular,
dizendo: Dize-nos quando serão essas coisas e que sinal haverá da
tua vinda e do fim do mundo?
E, estando assentado
no monte das Oliveiras… - Aqui também, como no Sermão do
Monte, Jesus dá-nos valioso ensinamento assentado no monte.
Assentado mostrando-nos segurança, tranqüilidade; e monte
significando elevação espiritual, sintonia com as Leis Supremas da
Criação. Ou seja, Jesus nos mostra que para ensinar necessário se
faz estarmos assentados em bases sólidas.
…chegaram-se a ele
os seus discípulos, em particular, dizendo… - Jesus é o Sábio
por Excelência, ao conscientizarmo-nos disto, é preciso
chegarmo-nos a Ele, isto é, aproximarmos Dele com o intuito
de mais aprender. Em particular, é na intimidade Dele. Nós,
nos fazendo íntimo com o Cristo podemos realizar maravilhas.
…porém tudo declarava em
particular aos seus discípulos.2
Marcos, que é sempre
mais detalhista, nos diz que, os que aproximaram-se Dele, eram Pedro
e André (irmãos), Tiago e João (irmãos). A particularidade
daquele momento (em família), nos faz ver, que é justamente na
intimidade que o Cristo tende a manifestar-se com mais naturalidade.
Mas tu, quando orares, entra
no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai, que vê o que
está oculto; e teu Pai, que vê o que está oculto, te
recompensará.3
Dize-nos quando
serão essas coisas… - A previsão da destruição do templo
tinha assustado mesmo os mais íntimos. É o mesmo que hoje
aconteceria se fosse previsto a queda de uma sólida construção
moderna, de um império poderoso como o da Microsoft ou do próprio
EUA.
Desde modo, os
discípulos querem logo saber: quando serão essas coisas…
Essas coisas, nesse tom de dificuldade de
aceitação, vem nos mostrar justamente como é difícil para
qualquer um de nós, conformar com a perda ou destruição do que
ainda é para nós importante, mesmo que de um valor passageiro ou
transitório.
…e que sinal
haverá da tua vinda e do fim do mundo? - Estes acontecimentos
eram o prenúncio da parusia, palavra grega, que quer dizer
“presença”. Designava no mundo greco-romano, a visita oficial
e solene de um príncipe a um lugar qualquer. Os cristãos
adotaram-na como termo técnico para designar a vinda do Cristo.4
Segundo o professor
Carlos Torres Pastorino, a expressão fim do mundo, é um
equívoco de tradução. Diz Pastorino: “… no original não está
escrito télos toú kósmou (fim do mundo), mas synteleia
toú aiónos (término do eon ou ciclo).” 5
A Bíblia de Jerusalém, traduz como “consumação dos tempos”,
dando também a entender, final de um ciclo, e não do mundo.
O evangelista dá-nos a
entender, em sua crença, que a volta de Jesus era o que marcaria o
final deste ciclo. Nós particularmente entendemos a segunda vinda do
Cristo, como a manifestação Dele em nós, ou seja, aquele momento
em que assimilamos Sua mensagem e a colocamos em prática. É o que
nos dá a entender o próprio Evangelho:
Jesus respondeu e disse-lhe:
Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e
viremos para ele e faremos nele morada.6
Ou seja, a volta de
Jesus é uma questão íntima, particular de cada um; para aqueles
que realizaram em si a reforma necessária, Ele já veio; para muitos
virá breve; para outros demorará um pouco mais.
Assim, este momento
glorioso de “Cristificação” íntima, marca o fim de um ciclo,
ou, eon, como nos diz o professor Pastorino. É o fim do ciclo
das dores em favor do Amor Pleno. Quando chegar este dia, dos templos
físicos não restarão pedra sobre pedra, pois o Pai será adorado
em espírito7;
e mesmo o templo divino do nosso corpo já não terá mais
razão de ser, pois por conquista não precisaremos mais reencarnar,
vivendo uma vida, plenamente espiritual.
Texto extraído do Livro "O Sermão Profético"
1
2 Coríntios, 3: 6
2
Marcos, 4: 34
3
Mateus, 6: 6
4
Bíblia de Jerusalém, pág. 1884.
5
Sabedoria do Evangelho, 7° Volume, pág. 93
6
João, 14: 23
7
Conforme João, 4:24: “Deus é Espírito, e importa que os que o
adoram o adorem em espírito e em verdade.”
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