terça-feira, junho 18, 2024

Sermão do Monte - Eu Porém Vos Digo...

#Pública






Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente.
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa...
(Mateus, 5: 38 a 40)
Ouvistes que foi dito: Olho por olho e dente por dente.
Ouvistes que foi dito - A formação da personalidade é feita por etapas. Ouvimos o que é dito. Elaboramos novos conceitos a partir do que ouvimos, selecionamos o que convém, desfazemo-nos daquilo que não encontra apoio em nossa consciência. Agimos, fixando os novos valores.
O Cristo, a manifestar-se em nossa intimidade, constantemente nos impulsiona a rever o que já foi dito e assimilado, indicando um novo caminho mais seguro a seguir.
É preciso conhecermo-nos, ouvir o que grita em nosso interior; analisar e gravar para sempre os valores libertadores do Amor.
Olho por olho e dente por dente – É a lei de talião. Segundo entendimento dos Escribas e Fariseus, era a lei da vingança.
Olho  por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, assim está escrito no Êxodo 21:24. Em Levítico 24:20 está ainda mais explícito: quebradura por quebradura, olho por olho, dente por dente; como ele tiver desfigurado a algum homem, assim se lhe fará
Nenhum texto das escrituras pode ser analisado somente em seu sentido literal. Este foi o erro dos antigos, e é ainda o de muitos dos novos fariseus.
Para analisar este trecho, temos que observar dois aspectos. Primeiro, que o olho por olho realmente é uma realidade como aplicação da Lei de Causa e Efeito.

…porque todos os que lançarem mão da espada à espada morrerão[1].
Falando desta forma, Jesus nos alerta para a necessidade de buscarmos as causas de nossos sofrimentos atuais em nossa própria conduta..
Assim se lhe fará, diz o texto bíblico, ou seja, não fomos designados pelo Criador para fazer justiça; isto é função da Lei e não do homem. Este entendimento antigo é deficiência de interpretação dos textos sagrados. Ademais, se a justiça é um dos componentes da Lei Maior da Vida, não podemos esquecer que a Misericórdia também o é. Se o próprio Cristo disse: Misericórdia quero e não sacrifício[2], como a mostrar a necessidade de vivenciarmos o sentimento do perdão, o que não dizer de Deus que é Todo Amor e Infinito em Perfeição?
Não temos jamais, devido às nossas deficiências, condições para avaliar o processo em que o nosso semelhante está envolvido. Isto fica explícito na afirmativa de Jesus: Não julgueis… Portanto, se não nos é lícito julgar, como condenar?
O segundo aspecto a ser visto é como era o comportamento da sociedade no tempo de Moisés. Não existia lei regulando a convivência; era a força que determinava o direito. Então, quem tinha mais poder e condições ditava as regras. Implantando assim a lei de justiça, Moisés dava um passo enorme como preparação para o advento do amor, que teve no Cristo a sua personificação.
Pensando desta forma, o olho por olho, dente por dente era um avanço para a humanidade daquele tempo. Mas hoje não é mais assim, já temos os ensinamentos de Jesus e a Revelação Espírita a nortearem a nossa conduta.
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra…
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal – Resistais é o verbo "resistir" no presente do subjuntivo; que em seu significado natural quer dizer "oferecer resistência". Mal é aquilo que traz prejuízo; o que é nocivo. Genericamente, podemos dizer que mal é tudo aquilo que contraria às sábias Leis do Criador; é tudo que é contrário ao bem.
A princípio, a afirmativa de Jesus – não resistais ao mal - parece contrária aos Seus ensinamentos. Mas notamos que o Eu ,porém, vos digo, vem afirmar que é Ele, o Governador Espiritual da Terra; Espírito Puro incapaz de errar, quem diz. Desta forma não há erro, é preciso retirar destas palavras o ensinamento devido.
Quando analisamos a questão da resistência, vemos que para opor resistência a alguma coisa é preciso fazer uma força igual em sentido contrário. Aqui, trata-se de resistir ao mal. E, raciocinando desta maneira, para oferecer tal resistência, é preciso fazer a mesma força ,ou seja, o mal, em direção contrária, isto é, àquele que nos fez. Esta fórmula induz à vingança, a alimentar o ódio em suas origens. É por isso que Jesus condena a resistência ao mal; não que não devamos lutar contra ele, mas a forma é que deve ser diferente, segundo observação do convertido de Damasco:

Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.[3]

…mas… - O mas é uma conjunção que neste caso contrapõe a ideia que vai ser exposta, à anterior. Assim Jesus explica o que Ele quer dizer, e como fazer para que o não resistais ao mal, seja uma atitude positiva.
…se qualquer… isto é, quem assim o fizer; indistintamente.
…te bater na face direita… - a expressão bater na face direita nos leva a pensar em uma ação agressiva. Sempre que esta ação ocorre contra a nossa pessoa ou às pessoas de nossa relação ou ainda a quem achamos ter sofrido alguma injustiça, a nossa primeira reação é contra-atacarmos no mínimo com outra agressão no mesmo nível. O que nos leva a tal procedimento senão posições de orgulho, vaidade, ou presunção de nossa parte? Quando realizamos esta autoanálise a que o Cristianismo Redivivo nos remete, é importante notar que se a agressão for desferida sem fundamento, pouco ou nenhum valor damos a ela, e que quando há reação de nossa parte, é porque a consciência nos acusa de alguma forma.
Assim, antes de reagirmos contra aqueles a quem nos achamos com o direito de tal procedimento, observemos se não é o melindre, o orgulho ferido ou ainda a vergonha de ter sido descoberto em erro que nos induz a tal posicionamento. Se for, a proposta do Cristo é a de autocorrigenda, conforme expressam as palavras do Apóstolo Paulo:

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.[4]

…oferece-lhe também a outra… - Oferecer a outra face, longe está de satisfazer-se em ser agredido. O Evangelho não apoia posturas de baixa estima.
A proposta do Cristo, com relação à agressão, é mostrar o outro lado da questão. Se somos vítimas da incompreensão, atendamos à necessidade de compreender; se a ira alheia nos atinge, exemplifiquemos a paz dissolvente do ódio; se prejudicados pelo egoísmo, lembremos que só o amor nos liberta do sofrimento.
Novamente nos socorremos das sábias palavras do Apóstolo das Gentes:

Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.[5]
No instante em que realmente conquistamos a condição de pacificadores, nosso agressor sente seu erro; e a sua atitude negativa leva-o a um necessário remorso – indutor de transformações - muito bem definido pelas palavras brasas de fogo sobre sua cabeça.
…e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa…
…e ao que quiser … - …e ao que quiser, exprime uma ação em favor do seu querer, do objeto de seu desejo. É comum discutirmos com as pessoas sobre como se movimentam em busca do que querem, e até com referência ao próprio objeto de cobiça. Se é lícito ou não, ou se não seria melhor buscar alternativas. Isto tudo é muito natural, principalmente após adotarmos uma conduta renovadora como a prática cristã. Se foi bom para nós, logo queremos que os amigos, parentes e afins adotem o mesmo comportamento. Mas daí a exigir-lhes que assim o façam é outra história. Cada um elege para si, comportamento conforme o seu grau evolutivo; a nossa hora é agora, todos terão a sua.
É importante esta observação do Cristo: ao que quiser. Tem de haver o querer; a vontade é fator decisivo para todas as conquistas, só de posse dela passaremos com segurança pelas provas inerentes ao próprio aperfeiçoamento. Nós já conhecemos; como temos encaminhado o nosso querer?
…pleitear contigo … - A ação definida pelo verbo pleitear inspira disputa, luta, discussão. O verdadeiro cristão não é afeito a estas contendas. Sabe ele quais são os valores verdadeiros, e que estes não são motivo de disputa, pois tais conquistas são individuais, intransferíveis. Entende ele com muita naturalidade, o a César o que é de César; a Deus o que é de Deus.
O pronome contigo define a pessoa com quem se fala. Neste caso, somos nós que já estamos escutando as palavras do Mestre. A partir deste instante em que o nosso sentimento já consegue captar a Verdade proferida por Ele, nova criatura somos, portadora de mais responsabilidades, digna de novas atitudes.
…e tirar-te a vestimenta… - tirar-te, arrancar-te, tomar-te.
A vestimenta é algo necessário, sem a qual não podemos nos manifestar diante das pessoas. Desta forma, o seu significado no contexto é o das coisas necessárias para nos apresentarmos tais quais somos. O verdadeiro discípulo do Evangelho sabe o objetivo de sua existência. Conhecedor das Leis Universais, têm a certeza de que nada lhe faltará para o cumprimento de sua tarefa.
Assim, mesmo sendo de caráter necessário, a vestimenta não é sua preocupação maior. Se lhe tirarem esta, a Vida lhe encaminhará outra. Afinal, não é o corpo mais importante que o vestido? E o Criador, quando se fez necessário não lhe deu um novo, objetivando a reencarnação?
…larga-lhe também a capa… - o larga-lhe a que se refere o Cristo tem no desapego uma de suas características.
É comum aos Espíritos situados em nossa faixa de evolução deixar determinadas coisas em favor daqueles que dizem amar. Acontece que constantemente estão reclamando a falta do objeto ou da exigência do ser amado em possuí-lo. É que ainda presos às conquistas mundanas, cultivamos o apego a tudo e a todos. Não nos esqueçamos de que o Cristo, Libertador de Almas por Excelência, ao dizer para o Jovem Rico quais as condições necessárias para segui-lo, colocou o desapego como primordial:

…vai, vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; e vem e segue-me.[6]

Assim mostra o Senhor que é preciso não só largar os bens, mas acima de tudo desvincular deles.
O advérbio também designa que já foi deixado a vestimenta, é preciso dar mais, largar também a capa.
A capa, ao contrário da vestimenta, é acessório. Encobre-nos de uma forma ou de outra, nos fazendo parecer o que não somos. Se a proposta da renovação cristã por nós adotada nos faz despreocupados com a vestimenta básica, o que não dirá dos acessórios. Logo, é preciso abandonar este mundo de coisas que vamos acumulando com o decorrer do tempo, em favor de outros que mais necessitam.
A roupa em nossos aposentos que há meses não usamos, pode aquecer a muitos de nossos irmãos.
O pão que alimenta a nossa gula; sustentará quem nada tem.
A louça que se empoeira em nossos armários; pode ser vasilha necessária a muitos…
Assim, meditemos nas palavras Daquele que é todo Sabedoria:

…e ao que quiser pleitear contigo e tirar-te a vestimenta, larga-lhe também a capa…


[1] Mateus, 26: 52
[2] Mateus, 12: 7
[3] Romanos, 12: 21
[4] Romanos, 12: 2
[5] Romanos, 12: 20
[6] Mateus, 19: 21


Texto extraído do livro:

                                                  

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terça-feira, junho 11, 2024

Sermão do Monte - Bem-Aventurado os Pobres de Espírito

 


 

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos e abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo... (Mateus, 5: 1)[i]

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte - Nos mínimos detalhes o Evangelho nos traz grandes ensinamentos. Narra o evangelista que Jesus, para ensinar, subiu ao monte. A expressão subir ao monte nos dá a entender, elevar a vibração, se quisermos transmitir os valores cristãos, temos que estar acima das nossas imperfeições, representadas pela multidão ali presente. A multidão se deixa levar por qualquer novidade, mesmo que seja falsa, isso devido à instabilidade de seus sentimentos calcados em valores puramente transitórios. O próprio Jesus, após ser reverenciado quando de sua entrada triunfal em Jerusalém, foi logo depois condenado por aqueles que o aplaudiram.

Kardec, ao se referir à capacidade premonitória, nos faz entender que esta possibilidade é fruto da experiência do Espírito em termos evolutivos. Explica o Codificador, que é como o elemento que estando em uma montanha consegue enxergar à frente do que caminha no plano inferior, sabendo o que acontecerá a este antes mesmo que ele passe pela situação. O Cristo nos dá todos os recursos para estarmos em cima do monte e, consequentemente, traçarmos nosso destino em bases de maior segurança.

Depreendemos ainda destes versículos, a presença de três faixas distintas em matéria de evolução, presente ali, naquele instante. A primeira representada por Jesus em cima do monte, como o Grande Doador por excelência; a segunda por seus discípulos, um pouco mais abaixo, como aqueles em que a mensagem da Boa Nova já poderia dar frutos mais imediatos; e por fim, a multidão, representando aqueles que mesmo ouvindo, ainda não conseguem assimilar e se acham bem distante da vivência. De acordo com este entendimento, podemos perguntar: e nós, onde nos situamos?

E assentando-se… - A palavra “assentando”, em alguns instantes, pode dar a ideia de comodismo, mas em se tratando de Jesus, é impossível fazer esta análise. Ele mesmo afirma: O meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Portanto, o assentando-se aqui nos mostra uma ação tranquila, segura. Nós mesmos quando nos sentimos seguros em determinado assunto, agimos com tranquilidade, com calma. A aflição é por nós externada, somente nos momentos de instabilidade, devido à falta de um piso seguro.

Aproximaram-se dele os seus discípulos… - A Doutrina dos Espíritos como instrumento a nos capacitar para reverenciarmos o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, oferece a oportunidade de nos tornarmos seus discípulos. Mas, para isso, é preciso nos aproximarmos do Mestre, conforme Ele mesmo nos disse, permanecendo nas Suas palavras. Portanto ao nos vermos envolvidos em uma faixa negativa, aproximemo-nos de Jesus, sejamos um com Ele, como Ele é um com o Pai.

E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo - Jesus, como Guia e Modelo para a Humanidade, não podia em momento algum se fazer ocioso, os Espíritos mais evoluídos são os que mais trabalham. Ele não perdia tempo, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo. Sua palavra era, e continua sendo sempre consolo e ensinamento. Portadora de imenso magnetismo, curava, porque conduzia os necessitados à prática do bem, trabalhando o processo de autocura. O Cristo a agir em nossa intimidade deve nos fazer sempre dinâmicos, trabalhando sempre para o bem de todos, fazendo de nossa palavra, não um falatório, mas lição constante.

Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus. (Mateus, 5: 2)

Bem-aventurados… - Bem-aventurado é sinônimo de feliz. E a felicidade promovida pelo Cristo, não é a felicidade que conhecemos, fugaz, momentânea porque embasada em valores temporários. A felicidade a que se refere o Mestre é definitiva, porque é conquistada pelos valores do espírito. Seus ensinamentos são baseados na verdadeira moral, aquela que nos conduz à faixa vibratória do Criador, nos fazendo retornar para o seio amoroso do Pai.

Os pobres de espírito …- A expressão pobre de espírito é usada no mundo se referindo à pessoas sempre fracassadas. “Fulano é um pobre de espírito” indica que este não passa de uma pessoa qualquer, incapaz de realizar algo de bom.

A conotação dada por Jesus é bem diferente. A palavra pobre nos leva a pensar em necessidade. O pobre é o que verdadeiramente não tem, por isso tem necessidade, e consequentemente vai atrás, vai em busca do que lhe falta.

O pobre de espírito, a que se refere Jesus, é o que tem consciência da sua pequenez em relação à grandeza do Universo. Diante da Sabedoria Divina, reconhece que nada sabe, ou sabe muito pouco. Cônscio de seus parcos recursos espirituais, trabalha sabedor de suas necessidades e busca em tudo mais aprender, para melhor entender a vida, e dela recolher os preciosos frutos. Em outras palavras o pobre de espírito destacado pelo Meigo Rabi da Galileia é o humilde. E esta virtude é tão importante, que foi o primeiro grande ensinamento de nosso Mestre, que, como Governador Espiritual da Terra, podia encarnar como bem quisesse. E assim o fez, vindo entre nós no seio de uma família pobre, tendo como primeiro leito uma manjedoura, e, como narra o evangelista, sua mãe o envolveu em panos.[1]

Porque deles é o Reino do Céus - O conceito de céu dado pela Doutrina Espírita é bem diferente da que fora, até então dada pelas outras religiões. Céu não é uma região física, mas um estado do Espírito que se encontra harmonizado com as Leis Divinas. Esta ideia não é nova, Jesus já divulgara este pensamento, quando nos falava sobre o reino de Deus:

O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós.[2]

 

A afirmativa de Jesus está no presente: deles é o reino dos céus. É que a humildade nos conduz sempre a este estado de espírito. Não importa onde esteja ou como esteja, o humilde está sempre bem, pois vê em tudo a manifestação do Criador gerenciando todas as manifestações. Se agredido, vê no agressor não um adversário, mas um doente que precisa ser tratado, se a situação lhe é adversa, sabe compreender e se situar de acordo com a realidade, sabedor ele, de que os bens definitivos são os do espírito e não o estado transitório das coisas. Este é o motivo por que Jesus nos afirmou ser deles o Reino dos céus. Deles, porque qualquer um que atingir este estado d’alma, se capacita a ser habitante do Reino.

Texto extraído do Livro:


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 Leia também (Clicando nos Links): Jesus - Governador Espiritual da Terra

                       Maria de Nazaré, Paulo de Tarso; Mulher e Homem em Cristo

 

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[1] Lucas, 2: 7

[2] Lucas, 17: 20 e 21



[i] André Chouraqui, grande estudioso e tradutor dos textos sagrados propõe uma tradução diversa para este texto. Ao invés de Bem-aventurados... ele propõe Em marcha... Segundo ele, bem-aventurado é fruto da tradução do original grego “Makarioi”, porém o Sermão original foi proferido em hebraico, e a palavra usada por Jesus foi ashréy, primeira palavra dos salmos 1 e 119. Ashréy (plural) tem como radical ashar, que não evoca uma vaga felicidade de essência hedonista, mas implica uma retidão (yashar) do homem marchando na estrada sem obstáculos que leva a IHWH... (A Bíblia Matyah – o Evangelho segundo Mateus, página 84). Ainda segundo este autor todos os dicionários etimológicos do hebraico bíblico dão como primeiro sentido do radical “ashar” o de marchar; ser feliz é um sentido secundário e tardio. (Idem) Depreende-se daí que a Bem-Aventurança, fruto da dinâmica da salvação, não vem antes do fim da estrada, e que é preciso caminhar com retidão dentro das propostas que serão trazidas por Jesus no decorrer do Sermão para obter a felicidade final. A nossa interpretação deste texto de Mateus levou em conta a versão tradicional da Bíblia feita por João Ferreira de Almeida, revista e corrigida, editada pela Imprensa Bíblica Brasileira; porém, entendemos que são tão grandes as lições da Grande Mensagem do Monte, que as duas interpretações são, não só possíveis, como até mesmo coerentes, pois o Evangelho mostra-nos sempre um dinamismo construtivo como base de sua mensagem de amor. Seu seguidor deste modo está sempre em marcha, sendo ao mesmo tempo bem-aventurado, pois a Lei atua sempre em favor daquele que com Ela comunga.