sexta-feira, setembro 22, 2023

Carta aos Hebreus, 10: 1 a 3

 




Possuindo apenas a sombra dos bens futuros, e não a expressão própria das realidades, a Lei é totalmente incapaz, apesar dos mesmos sacrifícios sempre repetidos, oferecidos sem fim a cada ano, de levar à perfeição aqueles que deles participam. (Hebreus, 10: 1)

A lei aqui não representa a Lei de Deus, mas a lei que dava sustentação ao sacerdócio antigo.

O inspirado missivista a trata como sombra dos bens futuros.

A sombra é uma imagem de qualidade inferior. Não que a lei mosaica fosse ruim, mas que ela era menos elevada que a Lei do Evangelho. Era ainda uma cópia imperfeita.

Por bens futuros entendemos a herança do Evangelho e tudo que ele é em matéria de aperfeiçoamento do Espírito e redenção deste. A qualidade de vida está inclusa em todas as suas nuances; é a vida em abundância (Cf. João, 10:10)

Ela, a lei citada no versículo em comento, não é segundo o apóstolo evangelista, expressão própria das realidades. Quer dizer que ela não expressa com perfeição e exatidão a realidade, que é a vida espiritual superior. O vocábulo grego eikon tem por significado imagem verdadeira (as coisas celestiais), era usado para expressar a semelhança moral dos homens renovados com Deus.[1]

Destarte, a lei não era ruim, era ineficaz (devido aos mesmos sacrifícios sempre repetidos a cada ano) apesar de seus recursos, para aperfeiçoar o Espírito.

A lei tem a função de regular as relações. Ela mostra-nos o erro, isto é bom, mas por si só não aperfeiçoa, não transforma o ser intimamente.

Por exemplo, a lei dizia da necessidade de santificação, porém, não ensinava como obtê-la.

Ela é uma imposição de fora para dentro, de cima para baixo; o Evangelho espontâneo, único capaz de aperfeiçoar em termos de moral, leva à transformação de dentro para fora. A lei é boa para evitar o mal, o Evangelho é melhor por ensinar-nos a praticar o bem.

Em síntese, nosso autor deseja mostrar  a seus leitores a diferença entre a antiga aliança (lei) e a nova (Evangelho) que é a imagem perfeita que leva-nos à Vida proporcionada por Deus.

 Se não fosse assim, não se teria deixado de oferecê-los, se os que prestam culto, uma vez por todas purificados, já não tivessem nenhuma consciência dos pecados? Mas, ao contrário, é por meio destes sacrifícios que, anualmente, se renova a lembrança dos pecados. Além do mais, é impossível que o sangue de touros e bodes elimine os pecados. (Hebreus, 10: 2 a 4)

O autor deste admirável tratado tem se esforçado ao máximo para mostrar a seus leitores originais e a todos nós a questão essencial da vida.

O problema da dor, do sofrimento e do destino humano,  é antigo e ainda não resolvido.

Por intuição, ou mesmo revelação, todos os movimentos religiosos têm atribuído ao pecado – transgressão das leis universais – a causa de todos os males que nos acometem.

A questão é então livrar-nos dos pecados, nos purificar deles.

O texto desta Carta aos Hebreus tem mostrado a ineficácia dos sacrifícios feitos pelo antigo sistema sacerdotal.

Se estes que prestam o culto fossem uma vez por todas, purificados, não seria preciso oferecer sacrifícios repetidamente a cada ano é o que afirma este segundo versículo em estudo.

No próximo ele continua esclarecendo:

Mas, ao contrário, é por meio destes sacrifícios que, anualmente, se renova a lembrança dos pecados; ou seja, o que a lei antiga faz é trazer à memória nossas transgressões; ela renova a lembrança dos pecados. Como disse nas Carta aos Romanos a lei tem o poder apenas de mostrar ao homem sua condição de pecador nada podendo fazer quanto à eliminação definitiva do mal.

A lei é santa… diz a Carta citada acima (Romanos, 7: 12), pois já é um avanço para a inconsciência humana. Entretanto o que é necessário é fazer-se “Nova Criatura”, e este poder o autor não vê no antigo sistema de ofertas.

Ele continua a explicar:

Além do mais, é impossível que o sangue de touros e bodes elimine os pecados.

Por que esta impossibilidade? Simplesmente porque o problema é moral.

Todas as crises pelas quais passamos no fundo tratam-se de crises morais. É uma conclusão a que chega o autor desta Carta, conclusão esta que é plenamente atual em se tratando também das nossas dificuldades de hoje.

Enquanto não resolvermos estas questões mais enraizadas de nossa alma, não solucionaremos os problemas últimos de nossa existência.

...sangue de touros e bodes, regimes de esquerda ou de direita, não têm o poder de satisfazer nossos anseios, pois não podem eliminar nosso desajuste consciencial, nosso afastamento de Deus.

A saudade inexplicável que sentimos é a Dele – de Deus -, e isto só a nossa comunhão com a Lei Maior pode eliminar.

A recomposição de nosso Ser espiritual só se dará com este ajustamento. Esta será a glória da última casa (Ageu, 2: 9), a reconstrução definitiva de nosso Templo interior.

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[1] Dicionário Strongs


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