#LutaInterior
Introdução
Poucos versículos da Bíblia expressam com tanta intensidade o drama da alma humana quanto Romanos 7:15. Nele, Paulo revela um conflito que transcende o tempo: a luta entre o querer e o fazer, entre a consciência moral e os impulsos condicionados. Longe de ser um momento de fraqueza, esse versículo é um retrato da condição humana em processo de evolução, e, na perspectiva espírita, uma evidência da continuidade da alma através das reencarnações.
"Pois o que faço, não compreendo; não faço o que quero, mas o que odeio, isso pratico."
Não é um desabafo de fraqueza, mas um testemunho de humanidade.
Na perspectiva espírita, esse dilema entre o querer e o fazer não é apenas psicológico, é espiritual e evolutivo. O espírito, ao reencarnar, traz consigo o lastro das experiências anteriores: tendências, automatismos, impulsos que ainda resistem à luz da consciência. Paulo, ao revelar esse embate, nos convida ao bom combate, não contra o mundo, mas contra o velho homem que habita em nós.
Psiquismo herdado e palingenesia
A ideia de que o espírito herda um psiquismo que ele mesmo construiu é central na doutrina espírita. Cada encarnação é uma oportunidade de reeducação da alma, mas ela não começa do zero. As tendências negativas — como o orgulho, o egoísmo, a vaidade, a violência — são como sulcos profundos na alma, que exigem esforço consciente para serem suavizados. Por isso, a transformação é árdua: o espírito quer o bem, mas ainda está preso a automatismos do passado.
"O espírito encarnado, mesmo com boa vontade, ainda sofre a influência dos reflexos do passado." — André Luiz
Paulo, ao dizer que pratica o mal que não quer, está revelando esse embate entre a consciência desperta e o psiquismo condicionado. A transformação não é mágica, é processo.
A Cisão entre Consciência e Conduta
O texto grego revela a profundidade do drama: katergázomai (realizar) e ginṓskō (compreender) estão ambos no presente, indicando uma ação contínua e uma consciência ainda em processo. Paulo não entende plenamente o que faz — há uma distância entre o ideal e a prática. O "ódio" que ele menciona não é emocional, mas ético: é o repúdio ao erro que, mesmo assim, se repete.
"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más." — O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XVII, item 4
Essa frase de Kardec ecoa diretamente o dilema de Paulo. A luta contra as inclinações não é sinal de hipocrisia, mas de progresso espiritual.
O Bom Combate: A Reforma Íntima
"Combati o bom combate, terminei a carreira, guardei a fé." — 2Tm 4:7
O "bom combate" é travado no íntimo. É a luta contra os automatismos herdados, contra os reflexos condicionados por séculos de ignorância. Paulo não se apresenta como alguém que já venceu, mas como alguém que persiste.
"A luta é o cadinho em que se purifica o espírito. Sem esforço, não há ascensão." — Emmanuel
Essa luta é sinal de maturidade espiritual. O espírito que reconhece o erro e deseja o bem está em ascensão. A dor do conflito é o sinal de que a alma já não se acomoda na sombra, ela busca a luz.
A Fé como Sustentação
"E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e o vosso espírito, alma e corpo sejam conservados íntegros…" — 1Ts 5:23
A fé, para Paulo, é mais do que crença, é força ativa que sustenta o espírito em meio às quedas e recomeços. Na visão espírita, essa fé se traduz em confiança na justiça divina, na misericórdia, e sobretudo na própria capacidade de transformação.
"A renovação íntima é obra de tempo, paciência e perseverança." — André Luiz,
Conclusão: O Espelho da Alma em Evolução
Romanos 7:15 é um convite à humildade. Reconhecer que não se faz o bem que se quer é o primeiro passo para buscar a força que vem do Espírito. O espírito que se vê nesse espelho não se condena, se compromete com a mudança.
"Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei." (Frase gravada no frontispício do túmulo de Allan Kardec)
A transformação espiritual é como o nascer do sol: a luz já chegou, mas a noite ainda não se foi por completo. E é nesse intervalo que se trava o bom combate, aquele que nos conduz, passo a passo, à verdadeira liberdade espiritual.
#BomCombate #Romanos715 #ReformaÍntima #EvangelhoSegundoOEspiritismo#PauloApóstolo
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Assim como Jesus ensinou: "Ao que te obrigar a caminhar uma milha, vá com ele duas" (Mateus 5:41), o samaritano demonstra uma caridade que transcende o mínimo necessário. Ele não apenas prestou socorro imediato ao homem ferido, mas garantiu que seu cuidado fosse sustentado ao longo do tempo, assumindo uma responsabilidade que ninguém lhe impôs. espiritismoeevangelho.blogspot.com |
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