terça-feira, novembro 28, 2023

Apocalipse: A Volta de Jesus Nas Nuvens

 


 Em nosso post anterior, comentando sobre o Sermão Profético de Jesus comentamos sobre a vinda de Jesus nas nuvens (Mateus, 24: 30). 

Neste atual comentamos o mesmo evento com base no texto do Apocalipse para aprofundarmos nosso estudo.

Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém! (Apocalipse, 1: 7)

 Este versículo contém Daniel, 7: 13, Zacarias, 12: 10 e 14. Podemos dizer que de forma sintética este é o tema do Apocalipse, a segunda vinda de Jesus.

Ainda vamos comentar mais sobre esta segunda vinda, mas é preciso que se compreenda que ela não será uma vinda física do Senhor como a literalidade do Evangelho nos propõe. A volta de Jesus se dará no plano de redenção pessoal. Jesus veio e trouxe-nos os instrumentos de nossa libertação, ele voltará em nós pela utilização devida destes instrumentos. É lógico que quando isto acontecer no plano da individualidade nós vamos nos encontrar pessoalmente com ele, e será em grande estilo e glória este encontro, é o que depreendemos de vários encontros com ele que tiveram discípulos fiéis seus como vimos várias vezes na literatura espírita. A ressurreição definitiva será espiritual e nada nos faz crer que ela será coletiva num mesmo momento para todos.

Vários Espíritos já realizaram esta segunda vinda do Cristo em si, nós também a realizaremos, e todos realizarão; quando?

Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai.[1]

Interessante notar que ao responder a Simão Pedro num diálogo após sua ressurreição narrado no último capítulo do Evangelho de João, quando questionado sobre o discípulo amado que o seguia naquela ocasião, Jesus disse:

Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.[2]

João, que era este a quem Simão Pedro se referia é o autor do Apocalipse, ele foi o único dos apóstolos que sobreviveu até os últimos anos do primeiro século, e foi quem nos trouxe esta Revelação, que de certa forma podemos dizer, é Jesus voltando através de Sua mensagem, que é justamente essa, a da necessidade de vivenciarmos o Evangelho para assim desativarmos de nós a necessidade de sofrermos os impactos da Lei. O final deste texto nos fala sobre a Jerusalém Celestial e sobre o estabelecimento da ordem com a volta de Jesus.

Não será, de certa forma, o Apocalipse, ao invés de uma tragédia, como muitos têm visto, uma volta de Jesus? E quando João o recebeu? Após testemunhar o Evangelho por longos anos a ponto de ser exilado da ilha de Patmos por desafiar o mundo e seus valores transitórios. Patmos foi para João, como que sua crucificação, um coroamento de sua missão, pela qual Jesus pôde voltar através deste Apocalipse que ora estudamos.

Portanto, esta vinda é relativa, ela acontecerá, não temos dúvida, mas só será definitiva quando for em nossos corações renovados.

Eis que vem com as nuvens; nuvens definindo algo do Alto. Jesus se manifesta sempre num plano de ordem superior. Para muitos uma nuvem pode significar o frescor, o alívio de um sol muito quente; para outros uma chuva promissora para sua lavoura; outros, entretanto, a verão como uma tragédia, pois ela pode ser também prenunciadora de uma chuva que destrua seus bens e até mesmo suas conquistas de anos.

Todavia, a mensagem do Evangelho é esta mesmo, quem disse que ele é sempre alegria? Aliás, deveria ser, mesmo na tristeza transitória. Muitas vezes, é nas grandes perdas que nos encontramos com Deus e o realizamos em nossa vida.

Assim, amar, nem sempre é só perdoar, nem sempre é só fazer caridade. Como um juiz deve se manifestar, ou manifestar amor, diante de um réu culpado, que assassinou, por exemplo? Não é condenando-o? Amor também tem suas expressões de justiça.

Jesus virá sim com as nuvens, do Alto, mas às vezes tão rarefeito que nem o perceberemos. Estejamos atentos…

…e todo olho o verá; trata-se de um olho que tem capacidade de ver para além do físico, uma visão transcendente, uma compreensão superior.

Como é que Jesus se manifesta? Através daqueles que O vivem. Muitos podem falar de Jesus, lerem o Evangelho em voz alta, e não comunicarem a sublime mensagem da Boa Nova; não O veremos através destes. Entretanto, mesmo se desvinculado de qualquer escola religiosa alguém viver a mensagem do amor, ela é vista por todos.

…não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.[3]

Temos um exemplo claro disto através de nosso querido Chico Xavier. Ele foi sempre a manifestação viva do Evangelho, não o estamos endeusando, ele não era perfeito, mas fez sempre mais do que podia em favor do Cristo e de sua autoiluminação. Ele recebeu pessoas diversas, das mais variadas religiões, todos que com ele estiveram, independente de crença foram claros, “há nele algo especial”. Para aqueles que foram mais atentos, a vida nunca mais foi a mesma. Ele não é unanimidade, nem poderia ser em nosso mundo, todavia, todos os respeitam, ninguém há que consiga dele falar mal se estiver em seu juízo perfeito, mesmo que discorde de suas convicções religiosas.

Todo olho o viu, viu Jesus através do Chico. Muitos mudaram sua realidade mental.

Assim será com todos quando definitivamente vivermos a essência da mensagem cristã, mesmo se através de outras escolas religiosas, pois podemos dizer o mesmo de uma Madre Tereza de Calcutá, de um Gandhi, ou de outros discípulos do Senhor.

E todo olho o verá…

…até os mesmos que o traspassaram; diz respeito aos que não compreenderam a Mensagem da Cruz.

Mas sempre chega o momento de iluminação e da compreensão, mesmo que longe no tempo.

O testemunho é a melhor maneira de convencer alguém de uma realidade. Dissemos do Chico, quantos através de sua vida operante no Bem não se convenceram da necessidade evangélica?

Entretanto, existe um tempo de amadurecimento. Só quando há uma ressonância no íntimo a criatura vê e enxerga.

No primeiro momento somos acusadores, infringimos a ordem, não compreendemos a mensagem de amor. Entretanto, a vida através de seus processos dolorosos, das perdas, seja dos valores do mundo, ou entes queridos, despertam a nossa realidade espiritual.

Lembrando novamente do Chico, quantos o acusaram, entretanto, depois da perda de uma alma amada, puderam através justamente dele encontrar a paz e a harmonia interior. Falsidade? Não, despertamento espiritual. Isto é mais do que o olho físico pode ver.

Ele acontece, na maioria das vezes, quando de nossas fraquezas em relação às coisas do mundo. Nestes momentos, até os mesmos que trespassaram Jesus vão O reconhecer como definitivo libertador de suas consciências.

…e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim! Amém! Àquele tempo o povo hebreu era divido em tribos, eram as doze tribos de Israel. Estas tribos representavam a totalidade do que eles tinham como “povo de Deus”.

O número doze tem, dentro da simbologia, este caráter de universalidade, assim, devemos abrir este entendimento e ver aqui toda humanidade. Quando no sétimo capítulo surge o número dos assinalados, os cento e quarenta e quatro mil, trata-se de mais uma equação do doze projetando assim, ao infinito este número.

Portanto, toda tribo expressa toda humanidade cristã e não cristã, pois em verdade, somos todos cristãos já que somos governados pelo Cristo, basta aceitar esta direção.

Se lamentarão; expressa um pesar por uma perda, no contexto original esta palavra expressa um bater no peito com aflição, com tristeza, pela morte de alguém. Significa aquela perda de tempo por não ter aceitado o Cristo antes, pelo tanto que deixamos de fazer.

Percebemos através da literatura mediúnica que este é um sentimento comum dos Espíritos quando desencarnam e tomam consciência da realidade da vida essencial, sempre veem que perderam tempo, por mais que fizeram é pouco diante da Verdade Universal do Bem e da necessidade de colaborar.

 

Texto extraído do livro Segredos do Apocalipse

Disponível em papel e E-book:

https://www.institutodesperance.com.br/

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[1] Mateus, 24: 36

[2] João, 21: 22

[3] Mateus, 5: 14


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