sexta-feira, março 29, 2019

O Evangelho de Paulo - Prefácio


O autor deste livro, — Cláudio Fajardo — é desses pesquisadores incansáveis do evangelho, que tanto contribuem para aumentar o nosso conhecimento. Agora, traz-nos este O Evangelho de Paulo
comentando a Carta aos Gálatas, no que faz excelente obra.
Esta Carta foi o primeiro documento escrito do evangelho, em torno do ano 48; aquela De Tiago veio logo após. Precedeu os evangelhos narrativos. O que havia no ano 48 eram fragmentos de
Jo, Mc e Mt, as perícopes [passagens] um dia colecionadas nos lecionários [leituras] e hoje incorporadas aos evangelhos narrativos.
Os gálatas eram um remanescente de povo celta habitando a fronteira moderna entre Turquia e Síria, ao redor da cidade de Edessa. O primeiro povo a ser amplamente evangelizado; o rei
Abgar conheceu Jesus pessoalmente, parece, e se preocupou em divulgar a Boa Nova entre eles; assim diz a tradição.
Ali Paulo anunciou o evangelho da liberdade. Diz aqui o autor da presente obra, "a liberdade está na essência da Criação".
O Eterno age por amor, quer dizer, com liberdade. O judaísmo daquele tempo queria "obrigar" ao amor, pela lei. A normativa legal dizia, devemos amar ao próximo ainda que isso contrarie o nosso interesse. Mas era sempre uma obrigação, um constranger.
Em hebraico, a palavra mandamento é Mitzvah, quer dizer solidariedade. Literalmente, "repartir o pão". Este o espírito da lei mosaica. Mesmo no famoso "olho por olho", o mandamento diz assim, "se dois homens brigam, e por isso uma mulher grávida aborta, então olho por olho, dente por dente, vida por vida". Moisés não consagrou a vingança e sim a radicalidade do amor.
Paulo de Tarso alertou desde sempre, baseado em sua experiência pessoal, que o amor constrangido leva a desvios. Podemos dizer, em paradoxo, que ele condenou Estêvão à morte por amor; porque o interesse de muitos deve sobrepujar o de um só. Em prol do grupo, devemos renegar o nosso bem-estar. E no caso, na sua óptica, tratava-se de defender a comunidade contra aquilo que ele, Paulo, definia como um grave erro doutrinal, o ensino de Jesus.
Contudo, o juiz implacável reconheceu mais tarde que ninguém pode ser obrigado a amar e, se isto acontece, pode dar lugar a desvios ainda maiores do que aqueles que pretendemos combater, por exemplo, embora baseada na misericórdia para a grávida, ela não podia perdoar seus atacantes no mandamento do "olho por olho" quer dizer que acabava sofrendo duas vezes, pela luta e pela pena infligida aos homens.
O Fajardo entendeu com rara felicidade, Paulo queria o amor pelo consentimento da razão e sobretudo, do coração. Traduziu Mitzvah pelo grego Charis, quer dizer, "alegria", fazendo o moderno conceito de caridade.
Sobre Paulo em si, pouco sabemos, apesar disso é a mais conhecida das figuras da Antiguidade. Nasceu em Tarso mod. Turquia e circulava nas altas rodas do mundo grecorromano. Cursou a universidade grega e a judaica, inteirou-se dos dois mundos; aprendeu com Gamaliel, sucessor de Hilel, aquele que disse, "a misericórdia resume a lei inteira".
A parentela de Paulo caracteriza-se no Talmude, Berakot e outros livros: eram comerciantes. Eram chefes de sacerdotes, cargo equivalente a «primeiro ministro». Descritos como cultos e abastados, alta classe média. Escribas da escola hilelita. Comerciavam azeitonas. Estavam em Jerusalém na fome de 48 com remota origem na Caldeia. Eram sadoquitas. Da tribo de Benjamim. Eram «grandes», quer dizer «anciãos», quer dizer, senadores. Escribas prestigiados. Fariseus em sua maioria. Viviam «Kasher», i.e., respeitando os procedimentos de pureza, quer dizer, judeus ultradevotos. De alta casta. Eram juristas. Isso, no romance Paulo e Estêvão, aparece no início, na conversa entre Paulo e [seu parente] Sadoque, o mais bem documentado familiar.
Paulo era skenopoios, fazia tendas, quer dizer os Tabernáculos. Tinha sinagoga em Jerusalém (Talmude Meguila). Era escriba.
Era jurista. Descendia de Mardoqueu o herói do livro de Ester, num ramo colateral da Casa de Davi (mas esta era da tribo de Judá no seu ramo principal). Os chefes de sacerdotes eram «dotados de
prestígio e autoridade» e legislavam em direito civil e «recebem cartas do estrangeiro» como corregedores dos sacerdotes e dos outros tribunais [palavras da época].
Agora, com Vs. O Evangelho de Paulo.consorcio
consorcio"Espíritas, amai: o primeiro dever. Educai-vos, e educai: o segundo mandamento. No amor que vos anuncio encontrareis tudo o de que precisais para a vida de além-túmulo, a mais importante.
De que tipo de amor falo aqui? Aquele amor vivido com desinteresse, abnegação e renúncia. O amor da pessoa que, sem se renegar a si mesma, abdica de si a favor dos outros."
"Não é preciso diminuir-se ou rebaixar-se para viver a renúncia. E' preciso apenas pensar no futuro que vos espera mais além.
Muitos temem amar assim, pensam que vão perder, desentendem-se da palavra caridade. Mas não há como distinguir entre o bom interesse pessoal e o bem de todos. Aquele que pensa verdadeiramente em si mesmo, pensará nos outros acima de tudo sem dúvida; pois não é possível mesmo ser feliz sozinho.
Por isso, ainda uma vez, amai. Amai sem medo. Amai a todos sem distinção, sem preconceito. Nunca temais abnegar. Amar os outros é amar a si. E o amor, meus queridos, enche o universo de estrelas, nas montanhas estende a relva como um tapete. Faz levantarem-se as ondas do mar. Deus sobretudo ama!
O amor é esperançoso. E' cheio de bondade, misericórdia, paz. O amor não se exaspera. Confia apesar de tudo, e sempre espera. Mas o amor não é sem energia, não é pusilânime nem fraco.
Covardia seria ódio, e desejamos amar. O amor é o ponto certo entre a delicadeza e a valentia. E' a pureza da fé. A esperança em ação. Tende a certeza, quem busca amar nunca se engana.
E educai. Educai a vós mesmos. Desaprendido, ninguém é livre. A ignorância acorrenta. Sacudí os grilhões da treva, pelo estudo perseverante. Estudai tudo, a ciência do mundo, os seus saberes. Nunca receeis a descrença por motivo de estudo algum.
Recebestes do Alto uma doutrina consoladora, semente bendita que precisa do conhecimento para tornar-se árvore frondosa. O Apóstolo vos diz, ...eia! Fortalecei os joelhos vacilantes, erguei-vos,
de pé! Tende Jesus Cristo por vós, sede fiéis! Do além-túmulo, vozes vos clamam, mãos vos afagam, esperai! Orai! Amai-vos uns aos outros e instruí-vos, não há outro mandamento"

(Um Espírito Amigo, pelo médium M. em dezembro de 2004, recebido no Centro Cultural pela Paz Allan Kardec).

Paulo Dias
Rio de Janeiro, 16 de Maio de 2011

(Extraído do Livro "O Evangelho de Paulo" Lançamento Disponível em: www.institutodesperance.com.br)

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