quarta-feira, outubro 19, 2011

Maria de Nazaré, a Educadora de Jesus (continuação)


Como Maria encarava sua missão?
Seria a mãe de Jesus totalmente consciente de seu papel diante da vida?
Não há como saber ao certo esta resposta, tudo o que dissermos a respeito não passará de opinião e dedução pessoal a partir de alguns textos.
Maria era um Espírito de grande evolução, voltamos a dizer, e sabemos pela orientação da Codificação Espírita, que quanto mais o Espírito é evoluído mais tem consciência de sua tarefa. Assim, deduzimos que a consciência de Maria a respeito de sua missão era acima da média, porém não total. Todo Espírito ao encarnar perde parte de sua lucidez, de acordo com o estágio em que se encontra.
Apesar de Maria ser um Espírito com uma tarefa especial, e como dissemos, de alta hierarquia, esta perda se deu com ela também.
Depreendemos, assim, que ela tinha uma grande intuição, tanto de seu papel, quanto do de Jesus, e o texto do Evangelho nos mostra que ela foi informada a respeito, porém, não na totalidade dos acontecimentos.
Humberto de Campos, na obra citada, e no mesmo diálogo de Maria com Isabel, relata a fala da mãe de Jesus:
(…) constantemente, ando a cismar, em relação ao seu destino.
Apesar de todos os valores da crença murmurou Isabel, convicta —, nós, as mães, temos sempre o espírito abalado por injustificáveis receios.
Se Maria fosse plenamente consciente não teria esta cisma nem seria abalada por estes receios.
Mostra-nos ainda o mesmo autor espiritual em outra página, que a mãe de nosso Senhor ao saber de sua prisão, confiou em Deus, todavia, empreendeu esforços e orou ao Pai na esperança de que o pior não acontecesse e Jesus fosse solto. Quando seu filho foi entregue a Herodes, chegou a pensar:
Naturalmente, Deus modificaria os acontecimentos, tocando a alma de Ântipas.1
E mesmo quando já parecia consumado o assassinato, ao vê-lo vergado ao peso da cruz, lembra-se de Abraão quando este conduzira o filho ao sacrifício, e da ação de Deus salvando-o, e pensa:
Certamente o Deus compassivo escutava-lhe as súplicas e reservava-lhe [a Jesus] júbilo igual.2
Só depois, ao ver o filho morto, foi que recordou a visita do anjo no momento da anunciação. Devem ter passado em sua mente, com a rapidez de um relâmpago, todas as cenas de sua existência; rememorando percebeu o quanto sua vida e a do filho estavam ligadas numa missão maior em nome de Deus, ela sofria, mas os desígnios do Alto se cumpriram, a treva havia sido iludida, vencera a luz, suas preces foram ouvidas, não segundo seus anseios de mãe e sim de acordo com os planos divinos3. E em sua mente lembrou também de suas próprias palavras anteriormente ditas: Eis aqui a serva do Senhor4


1 Lázaro Redivivo, cap. 2
2 Idem, ibidem.
3 id., ib.
4 Lucas, 1: 38

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