Mateus, 8:14-17
E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre.15 E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se e serviu-os. 16 E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, 17 para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.
E Jesus, entrando na casa de Pedro, viu a sogra deste jazendo com febre.
E Jesus, entrando na casa de Pedro… - A casa de cada um é caracterizada pela seleção de valores e objetos, conforme o estado evolutivo conquistado por seu dono. Se fora dela, convivemos com a heterogeneidade, em relação a pessoas, afazeres e até lazer; para a intimidade do lar, só trazemos aquilo que realmente está vinculado à nossa individualidade.
No que diz respeito às exterioridades, procuramos, em casa, o cultivo daquilo que mais nos dá prazer; assim, é lá que ouvimos a música do nosso agrado, usamos vestimenta mais a vontade, realizamos tarefas mais adequadas ao nosso modo de ser.
Entretanto, em relação à convivência com os familiares, a coisa nem sempre acontece ao nosso agrado, visto encontrarmos na parentela, o reflexo daquilo que somos e realizamos no decorrer do tempo. Assim, muitas vezes, onde buscamos prazer, somos defrontados com o serviço necessário em bases de justiça; ao aguardar lealdade, somos traídos por aquele de quem mais esperávamos fidelidade; e no que diz respeito à afinidade, encontramos, nos de nosso sangue, a maior divergência de gostos.
Esta situação, quando defrontada por criaturas despreocupadas com o porquê de sermos ou estarmos, deste ou daquele modo, ou ainda, por pessoas que veem a vida somente pelos olhos do prazer e da satisfação dos sentidos, torna-se bastante aflitiva, senão até impossível de ser vivida.
Neste instante, quando vencidos pelo cansaço, damos guarida aos males relacionados com os nomes de depressão, stress, ou insatisfação, é que se faz urgente abrirmos a porta para que Ele - que nos prometeu alívio - adentre a nossa casa íntima, depois de aguardar tanto tempo lá fora.
Pois foi Ele mesmo, que pacientemente, assim se expressou:
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a sua porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
…viu a sogra deste… - No mundo em que vivemos, a sogra é personagem de muitos conflitos, deste modo, esta expressão nos serve por precioso instrumento didático.
Sendo a razão simbolizada no elemento masculino, e o sentimento no feminino, temos a sogra como mãe da mulher, representando assim, a geradora do sentimento.
Se uma geração se aperfeiçoa na subsequente, a sogra é a representação dos valores do sentimento ainda não equilibrado, ou mais especificamente, seria o sentimento com alguns lances de paixão.
Entrando o homem – "razão" – em um novo ambiente – "nova família" -, encontra na sogra – "sentimento ligado aos valores da retaguarda" – o empecilho às suas realizações, originando aí os conflitos, que se bem administrados trazem imenso benefício à criatura; pois será o sentimento velho, sendo trabalhado pela razão, gerando o sentimento novo, que será por sua vez aperfeiçoado até se completar no Amor Divino, que é a perfeita comunhão dos valores da moral e da ciência.
Jesus viu a sogra de Pedro, como percebe todos os nossos desequilíbrios; mas por ser a expressão da Misericórdia Plena, não condena, e sim auxilia, para que nos burilemos intimamente, através do Seu exemplo.
…jazendo com febre. – Sobre o verbo "jazer" já falamos no estudo anterior, mas repetindo, temos como significado deste, estar deitado no chão ou numa cama.
A febre, que já foi um terror para muitos enfermos, é hoje, pela medicina atual, melhor estudada, e, portanto, se avaliada de forma satisfatória, pode auxiliar no próprio tratamento.
Ela não é uma doença, e sim consequência desta; funciona como um alarme nos avisando que algo não vai bem, merecendo assim, melhores cuidados.
Quando tomamos um antitérmico, realizamos um tratamento supressivo, não debelando a doença, ao contrário agravando-a às vezes. Mais tarde volta a febre, nos informando que o mal persiste.
Desta forma, se quisermos eliminar a febre, é preciso trabalhar a causa, que é a enfermidade propriamente dita.
Ao ver a sogra de Pedro jazendo com febre, o Médico Divino, percebeu que algo de mais profundo necessitava ser feito.
E tocou-lhe na mão, e a febre a deixou; e levantou-se e serviu-os.
E tocou-lhe na mão… - Ao narrar a Parábola do Bom Samaritano, Jesus nos chama atenção para a atitude do personagem da história, que é o exemplo clássico da caridade cristã. Nos informa o Mestre que ele – o Samaritano – se moveu de
íntima compaixão, por isso se comoveu com o sofrimento daquele que havia sido vítima dos salteadores e o ajudou.
O que é se mover de íntima compaixão, senão ser tocado pelo sentimento puro do amor?
Jesus esteve entre nós há dois mil anos, Seu Evangelho tem sido o livro mais discutido do mundo ocidental; mas raros são os que têm sido tocados pela essência do Seu ensinamento, preferindo a maioria contentar-se com as aparências.
O Senhor tocou-lhe na mão… diz a narrativa evangélica, foi através desta parte do corpo que ela sentiu o toque do Cristo.
A mão, é o instrumento maior do trabalho. De que vale um excelente projeto, se não houver mãos dedicadas que o coloquem em prática?
A sogra de Simão estava deitada com febre, o Excelente Terapeuta, detectou o mal: toucou-lhe na mão, convidou-a ao trabalho, retirou-a da ociosidade.
…e a febre a deixou… - Eliminada a causa, cessa o efeito. Jesus curou-a; como cura a todos que se dispõe a trabalhar, a servir em Seu nome.
Como dissemos anteriormente, a febre é consequência; o Senhor atacou o mal pela raiz.
Excelente exemplo a ser seguido por todos nós. Quantos males poderíamos evitar, se ao invés de nos deixarmos levar pelas reclamações, e pela preguiça, nos dispuséssemos a trabalhar desinteressadamente?
O Evangelho é lição a ser seguida a todo instante. Não nos esqueçamos; quando a temperatura se elevar dentro de nós, o toque do Cristo é capaz de fazê-la baixar instantaneamente.
…e levantou-se e serviu-os. – Levantou-se, ergueu-se, apresentou-se para o serviço.
Importante observar a colocação do pronome junto do verbo: levantou-se…, isto é, não pediu a ninguém que fizesse por sua pessoa, ela mesmo se dispôs a ir e realizar. …e serviu-os; tão importante quanto o fazer, é a qualidade do que se faz. Não basta o movimento, em levantando, usou a atitude para servir. E servir a quem? Mais uma vez o pronome junto do verbo deve ser analisado: serviu-os…, ou seja, a todos que lá estavam.
Concluindo temos, o trabalho cabe a nós: levantou-se; o benefício é para o outro: serviu-os. Está é a base da Doutrina Cristã, a condição essencial para a Saúde, a Lei que rege todos os destinos.
E, chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos
E, chegada a tarde … - O tempo não para, é essencialmente dinâmico; após um acontecimento, aguarde outro.
Dentro da sucessão normal das coisas a tarde vem depois do dia. Sendo este dedicado ao trabalho, às realizações do Espírito, e significando também momento de claridade interior; a tarde, seria a oportunidade de avaliação do trabalho, um final de ciclo, ou ainda, o instante de cessar as provações.
Chegado este tempo, amadurecidos pela experiência de mais uma realização, Jesus pode operar maravilhas em nós, desde que continuemos sintonizados com Ele, e tenhamos humildade para reconhecer que de nós mesmos nada podemos, mas que tudo é possível se feito em harmonia com a Vontade do Criador.
…trouxeram-lhe … - O uso do verbo desta forma, trouxeram-lhe, denota uma interferência externa no processo de tratamento destes enfermos. Há momentos que o mal se arraiga de tal modo, que torna-se impossível que o próprio enfermo busque a cura por si só; necessitando assim, a participação daqueles que movidos por misericórdia o auxiliem a erguerem-se novamente.
Quando isto acontece, o doente já passou por momentos de muito sofrimento e até mesmo de grande humilhação, fazendo-se necessário por parte de quem auxilia, compreensão do fato, de tal modo que ajude sem humilhar.
Levar aqueles que vêm até nos, cansados e oprimidos, à presença do Divino Amigo, é indício de maturidade espiritual, pois Ele é o verdadeiro Médico em quem podemos confiar.
…muitos endemoninhados… - A palavra endemoninhado, quer dizer tomado pelo demônio. Este termo, largamente usado nas Escrituras, vem nos mostrar, que a questão da influência dos Espíritos em nossa vida, não é coisa nova, e que também não foi inventada por Kardec; mas mostra-se na historia da Humanidade desde todos os tempos.
Entretanto, se não foi o Ilustre Codificador do Espiritismo quem criou tal situação, foi ele quem pela primeira vez estudou-a de uma forma correta, dando ao acontecimento um tratamento realmente sério e merecido. Assim, temos em toda a Codificação, um estudo seguro sobre o processo obsessivo, suas consequências, profilaxia e tratamento.
Como não é o objetivo desde estudo, o aprofundamento necessário neste tema, remetemos os interessados a obras especializadas como O
Livro dos Médiuns, os livros de André Luiz, Manoel Philomeno de Miranda, entre outras; afirmando simplesmente, que a imperfeição moral acha-se na base de toda esta problemática, cabendo desta forma, a todos nós que diariamente estamos envolvidos nesta questão, a oportuna meditação sobre o fato, pois o Evangelho é claro: trouxeram-lhe "muitos" endemoninhados…
…e ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos… - Voltando a tema já falado em nosso estudo, não podemos deixar de citar novamente o problema da influenciação espiritual, pois a expressão usada pelo Evangelista é clara e não deixa dúvidas: expulsou deles os espíritos…, nos mostrando que entre eles – os discípulos e o Cristo – tal fato era corriqueiro, e que todos sabiam da existência desta influenciação e da necessidade de combatê-la; e que os demônios, não são nada mais nem nada menos do que espíritos desencarnados que estão provisoriamente afastados do Bem, buscando por suas próprias mãos exercer a justiça que só ao Criador cabe realizar. Esta influência pode levar aquele que a sofre às mais variadas enfermidades do corpo físico, trazendo portanto, enorme sofrimento a todos vinculados ao processo.
…e curou todos os que estavam enfermos… - Sobre o poder curador da palavra do Cristo já tivemos a oportunidade de falar; mas torna-se útil observar que, em se tratando da cura pela palavra, é imprescindível observar dois requisitos básicos para que esta se dê, são eles: o Amor com que se fala e a autoridade daquele que fala. Se no plano em que nos movemos é fácil de enganar àqueles com quem convivemos, o mesmo não se dá em relação aos Espíritos; portanto, este amor e a autoridade a que nos referimos, são baseados nas conquistas verdadeiras do Espírito, porque na espiritualidade fácil é sermos reconhecidos como realmente somos, e segundo nossas mais ocultas intenções.
Concluindo, podemos afirmar que, é buscando os valores que despertam a potencialidade do Espírito, que conquistaremos o poder de operar como o Cristo, e assim, como ele, também poder curar todos os enfermos.
Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.
Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz… - Esta forma de narrar, citando passagens do Velho Testamento, é típica de Mateus. Este evangelista escreveu estas anotações visando principalmente divulgar a Boa Nova entre o povo hebreu, por isso, cita várias vezes, trechos das profecias antigas já conhecidas deles.
É importante tirar de tudo no Evangelho ensinamentos que venham a nos auxiliar na nossa caminhada rumo ao progresso.
A dureza de nossos corações – fariseus modernos que somos -, e a dificuldade de assimilar o novo, quando este contraria interesses imediatos, nos faz rejeitar interessantes propostas de vida; é preciso assim, que a Providência permeie a ideia nova, com os valores ligados à retaguarda, de modo que, possamos por interesse vivenciar a atitude nobre, até que cresça em nós a conscientização da necessidade de mudança por assimilação da virtude propriamente dita.
Portanto, ao citar o profeta Isaías, o evangelista mostra aos seus irmãos de raça, que Jesus é o Cristo aguardado e previsto segundo as escrituras, e que Sua aceitação não contraria as normas divinas, muito antes pelo contrário.
Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças. – Muito se tem discutido sobre o poder de Jesus em Suas magníficas realizações; teria realmente o Senhor poder para realizar curas e fatos extraordinários, ou seria simplesmente obra da ingênua credulidade dos homens.
Como já deixamos claro no início deste trabalho, Jesus é o Arquiteto deste Orbe, o Enviado Divino que tomou para Si a responsabilidade de condução da Terra. Espírito de altíssima evolução, conhece o mecanismo de Leis que nós, seres ainda bastante atrasados, longe estamos de saber; portanto, não é de graça, mas pela Graça de ter atingido a meta da evolução, e se tornado Espírito Puro, pôde Ele unir o hidrogênio e o oxigênio e fazer a água; trabalhar a camada de ozônio que protege a Terra; curar doentes quando muitos não acreditavam mais em sua recuperação.
Isto tudo já estava previsto nos Planos de Desenvolvimento do Criador, o que o profeta fez foi sintonizar com o Divino, e assim poder adiantar para os homens sobre a vinda do Messias; conscientizando a todos de que Ele era realmente o que tinha em Si o Poder de reconduzir todos ao estado de saúde plena.
Mas apesar de toda esta capacidade, não pode o Cristo derrogar a Lei Suprema. Lei que determina, como Ele mesmo disse, a cada um segundo as suas obras; assim, quando o Evangelho nos fala que pode Jesus tomar sobre si as nossas enfermidades e levar as nossas doenças, quer dizer que, se quisermos curar-nos definitivamente, é preciso vivenciar os Seus ensinos; aprender com Ele a amar como Ele nos amou; pois o Amor quando dinamizado pode transportar montanhas, criar Mundos, realizar Obras magníficas…
(Extraído do Livro Jesus Terapeuta editado pela Editora Itapuã.)
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