#claudiofajardoautor
No capítulo XX, item 230 de O Livro dos Médiuns, o Espírito Erasto nos oferece uma advertência de profundo discernimento:
"Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade."
"Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade."
Essa afirmação, embora aparentemente radical, revela um princípio essencial para o progresso espiritual e intelectual da humanidade. A verdade, mesmo quando rejeitada, permanece intacta e retorna com força quando o tempo é propício. Já a falsidade, uma vez acolhida, pode se enraizar profundamente, contaminando consciências, doutrinas e tradições por séculos — ou até milênios — antes de ser finalmente extirpada.
Se Erasto, um espírito elevado, nos alerta sobre os perigos da falsidade, o que dizer de Jesus, o Plenipotenciário Divino? Em toda a narrativa evangélica, não há um único momento em que Jesus tenha tolerado ou relativizado a mentira. Pelo contrário, sua postura diante da falsidade foi sempre firme, direta e, por vezes, contundente.
Jesus e a Verdade: Um Compromisso Inabalável
Ao confrontar os líderes religiosos de sua época, Jesus não hesitou em usar palavras duras:
"Serpentes, raça de víboras!" (Mateus 23:33)
"Vós tendes por pai o diabo." (João 8:44)
"Serpentes, raça de víboras!" (Mateus 23:33)
"Vós tendes por pai o diabo." (João 8:44)
Essas expressões não foram ditas por impulso, mas como parte de um esforço consciente para desmascarar a hipocrisia e restaurar a verdade. Em outra ocasião, ao ser criticado por um fariseu por não lavar as mãos segundo a tradição, Jesus respondeu com uma lição sobre a verdadeira pureza:
"Vós, fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades." (Lucas 11:39)
"Vós, fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades." (Lucas 11:39)
Nem mesmo Simão Pedro, que viria a ser uma das principais lideranças da comunidade cristã nascente, escapou da repreensão direta. Ao tentar dissuadir Jesus de seu caminho, ouviu:
"Vai-te, Satanás!" (Mateus 16:23)
"Vai-te, Satanás!" (Mateus 16:23)
Esses episódios ilustram que Jesus jamais foi conivente com ideias falsas, por mais bem-intencionadas que fossem. Sua missão incluía, acima de tudo, o estabelecimento da verdade divina.
A Reencarnação no Evangelho: Uma Leitura Espiritual
Um dos trechos mais debatidos sobre a reencarnação encontra-se em João 9:1-3:
"Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: 'Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?' Jesus respondeu: 'Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.'"
"Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: 'Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?' Jesus respondeu: 'Nem ele nem seus pais pecaram, mas isso aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.'"
Alguns intérpretes afirmam que essa passagem refuta a reencarnação. No entanto, uma análise mais cuidadosa revela o oposto. A pergunta dos discípulos pressupõe a possibilidade de pecado anterior à vida atual — uma ideia compatível com a reencarnação, que era conhecida no judaísmo da época. Se a doutrina fosse falsa, Jesus teria corrigido imediatamente seus discípulos, como fez em tantas outras situações. Mas não o fez.
Sua resposta indica que, naquele caso específico, a cegueira não era consequência de vidas passadas, mas sim uma oportunidade para a manifestação da obra divina. Assim como no episódio do jovem rico, em que Jesus diz:
"Vai, vende tudo o que tens e segue-me" (Mateus 19:21)
O convite é radical, mas direcionado àquela alma em particular. O problema não era a riqueza, mas o apego a ela.
"Vai, vende tudo o que tens e segue-me" (Mateus 19:21)
O convite é radical, mas direcionado àquela alma em particular. O problema não era a riqueza, mas o apego a ela.
Portanto, a ausência de uma condenação explícita à reencarnação é, na verdade, uma confirmação silenciosa de sua validade.
E por que Jesus não a afirmou de forma direta? Pode ser perguntado. Ele mesmo responde:
"Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade." (João 16:12-13)
"Tenho ainda muitas coisas a vos dizer, mas vós não as podeis suportar agora. Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade." (João 16:12-13)
Conclusão
A fidelidade à verdade é um dos pilares do ensinamento cristão e espírita. Jesus, em sua missão divina, jamais tolerou a falsidade, e sua postura diante da reencarnação revela respeito por uma lei espiritual que transcende o tempo. Cabe a nós, como buscadores da verdade, cultivar o discernimento e a coragem para rejeitar o erro, mesmo que isso signifique, por um tempo, repelir verdades ainda não compreendidas.
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